segunda-feira, 20 de abril de 2009

Um pouco de História ... 3

Pode, contudo, afirmar-se que as muralhas romanas e as suas portas (articuladas com os eixos regionais), influenciaram claramente a estrutura da futura cidade. 

Os períodos visigodo e árabe são bastante obscuros no que respeita a vestígios urbanos. Segundo Alexandre Herculano, talvez baseado em escritos do Geógrafo árabe Edresi, que viveu no Séc XII, Évora era a 2ª cidade árabe da província de Badajoz. Nos seus arredores cultivava-se trigo e todas as espécies de legumes e ainda se pastoreava gado. Um comércio intenso tornava-a rica. De facto, no vasto período entre 715 e 1165 conhece-se muito pouco da cidade de Évora.

No Séc. XII, com a conquista de Évora aos Mouros por Giraldo sem Pavor, iniciou-se uma nova fase de crescimento da cidade, até ao Séc. XVI.
Nesta época, a Corte fixou-se em Évora durante largos períodos. D. João I eleva Évora a 2ª cidade do Reino e o Rei Afonso V escolheu-a como quartel general das suas campanhas africanas.
A primeira obra notável construída pelos portugueses foi a Catedral, iniciada em 1204. 
Fora das antigas muralhas romanas construíram-se alguns Conventos, como o de S. Francisco, S. Bento de Cástris (Séc XIII) e S. Domingos (Séc. XIV).
Com a conquista cristã, as comunidades moura e judia instalaram-se for a das muralhas, a primeira a Norte da Igreja de S. Mamede e segunda entre as actuais ruas de Serpa Pinto e a do Raimundo.
No Séc. XVI, o tecido urbano de Évora estava praticamente definido e ocupado. Este é considerado o Século de ouro da cidade e caracteriza-se:
• Pela instalação do Palácio Real junto ao Convento de S. Francisco 
• Pela fundação da Universidade e de muitas instalações de apoio ao seu funcionamento 
• Pela construção de muitos palácios, alguns dos quais para a Corte 
• E, sobretudo, pela construção do Aqueduto da Água da Prata, que provocou várias mudanças na área urbana e abre 2 novas ruas 

Troços da antiga muralha foram eliminados, de forma a definir uma nova estrutura urbana que aproximou a cidade romana do resto da urbe. Esta nova estrutura define-se também pela imagem fortíssima do Aqueduto, pela importância da Praça do Giraldo, pelo eixo principal, prolongado agora até ao Paço Real.

O tecido definido pelos quarteirões góticos consolida-se.
Nos Séculos XVII e XVIII, as transformações da cidade caracterizaram-se pela substituição de antigas casas populares por outras construções de porte mais nobre. Algumas fortificações de tipo Vauban foram introduzidas neste período.
No Século XIX, foram operadas algumas grandes transformações que se prolongaram até aos nossos dias, algumas das quais destruíram peças do património de Évora:
• à Praça do Giraldo foi retirado o edifício dos Paços do Concelho, para a construção do Banco de Portugal 
• o Palácio real foi destruído por um incêndio, à excepção da Galeria das Damas. Deu lugar ao Mercado, ao Largo 1º de Maio e a um Quartel (agora edifício universitário) 
• ao lado do Palácio Barahona foram construídos os celeiros de trigo 
• o Convento de S. Domingos deu lugar ao Teatro Garcia de Resende e ao Jardim das Canas 
• o Convento do Salvador e o Palácio do Conde de Sortelha desapareceram para dar lugar aos CTT, aos Paços do Concelho, a um Banco e outros imóveis. 


A classificação do Centro Histórico de Évora como Património da Humanidade em 1986 foi o reconhecimento do seu valor histórico e patrimonial e do esforço feito no Séc. XX para a sua salvaguarda e valorização.

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