quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Necrópole romana com quase dois mil anos encontrada na escola Gabriel Pereira

Uma necrópole romana com quase dois mil anos foi descoberta na escola secundária Gabriel Pereira, em Évora. As obras de requalificação do estabelecimento de ensino permitiram trazer ao luz do dia um achado inédito. “É um achado inédito, porque foi a primeira necrópole romana encontrada na cidade. Desconhecia-se até agora onde é que as necrópoles romanas estariam implementadas na envolvência da acrópole (zona histórica mais alta da cidade)”, disse hoje à agência Lusa a arqueóloga Conceição Maia. Os vestígios arqueológicos foram descobertos na Escola Secundária Gabriel Pereira, em Évora, durante as obras de requalificação, da responsabilidade da empresa pública Parque Escolar. Inicialmente, segundo a responsável pelo acompanhamento arqueológico das obras, foram detectados vestígios de materiais, como cerâmicas, datados do século segundo depois de Cristo (d.C.), e durante a fase de desmontagem das terras foi descoberto uma necrópole romana. “Trata-se de um cemitério de incineração, com uma série de sepulturas, do século segundo d.C., em plena época romana, contemporânea do fórum e de toda acrópole da cidade de Évora”, disse Conceição Maia, da empresa Arkeohabilis. De acordo com a arqueóloga, naquela altura, “os mortos eram cremados, as cinzas depositadas em pequenas urnas (vasos) e depois colocadas em sepulturas construídas com tijolos, juntamente com todo o espólio associado ao morto”. “Junto das urnas, foram encontradas taças, contas de colar em vidro e osso, moedas, algumas com cara do imperador, ganchos de cabelo trabalhados em marfim e lucernas (luzes alimentadas a azeite)”, revelou Conceição Maia. Quanto à necrópole, a coordenadora das escavações indicou que “foi feita uma destruição controlada para recolher todos os objectos encontrados, incluindo os tijolos das sepulturas”. Afirmando que se trata de “um conjunto de espólio muito interessante”, Conceição Maia disse esperar que os vários objectos encontrados “sejam tratados, marcados e colados para que possam ser conservados e mais tarde musealizados”. “O grande feito desta escavação era podermos mostrar aos alunos desta escola que o sítio que eles estão a usar foi há quase dois mil anos atrás um cemitério romano”, sustentou. Também em declarações Lusa, o presidente do conselho pedagógico da escola Gabriel Pereira, Ananias Quintano, garantiu que o estabelecimento de ensino já mostrou interesse em ficar com os vestígios encontrados. “O futuro dos objectos encontrados é ficarem na escola. Vamos ter um local próprio para os acolher”, disse.

Diana FM

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