sábado, 16 de outubro de 2010

Évora não vai ter iluminações de Natal

 
O Natal vai ser menos brilhante em Évora. Este ano as ruas não vão ter iluminações no período natalício. É uma decisão da autarquia que vem na senda da contenção de despesas. Para a Associação Comercial de Évora, a falta de luzinhas não traz mal ao mundo. Antes fosse… O centro histórico de Évora não vai ter iluminações durante o Natal. Todos os anos, mais ou menos a meio de novembro, começa a montagem dos adornos que ajudam à festa natalícia iluminando as principais artérias comerciais da cidade. Um frenesim que não vai acontecer neste Natal. Embora não tenha conseguido confirmação oficial junto da autarquia a tempo do fecho desta edição,  sabe-se que a decisão está tomada e se enquadra no plano de austeridade delineado pela Câmara de Évora, à semelhança do que acontece na maioria dos municípios portugueses.
Mesmo antes de o governo anunciar novas medidas de austeridade, já a Câmara de Évora havia decidido poupar 10 milhões de euros no próximo ano. O corte das despesas far-seá na admissão de novos funcionários, combustíveis, comunicações e obras que não tenham financiamento comunitário. Não se tratando claramente de uma despesa prioritária, as iluminações de Natal ficam, assim, suspensas, devendo apenas a Praça do Giraldo receber uma iluminação para assinalar a quadra.
Puxar pela imaginação apesar de o presidente da Associação Comercial de Évora ter nos últimos dias reunido com o presidente da Câmara de Évora, a direcção não tem ainda conhecimento da suspensão das iluminações de Natal.
Mariana Calado, secretária geral da Associação Comercial confirma isso mesmo, não se mostrando abalada com o facto. “O presidente pode até já ter sido informado dessa decisão, mas ainda não houve reunião de direcção, pelo que desconheço a decisão”. Para a secretária geral era “importante haver alguma coisa, principalmente neste ano difícil”, mas “não será por falta da iluminação que o negócio se irá ressentir”, diz quando confrontada com a notícia.
De resto, Mariana Calado garante que a Associação Comercial de Évora “não dispõe” de quaisquer dados que indiquem que a iluminação traga mais clientes ao chamado comércio tradicional. “Sabemos, por exemplo, que muita gente foi ver a grande árvore de Natal em Lisboa, mas isso é algo especial. Em relação às iluminações de Évora, são normais, não creio que as pessoas venham de propósito para as ver”. Aliás, Mariana Calado até vê nesta medida algo de positivo: “pode ser que em vez de gastarem tanto dinheiro nas luzinhas, possam pensar noutro tipo de iniciativas que cativem as pessoas para o centro histórico e para o comércio tradicional”. A secretária geral da Associação confessa ter tentado junto de várias associações culturais uma dinamização da cidade durante o período natalício, mas não encontrou resposta. “Podia ser interessante ter um dia com dança, outro com música ou teatro que desse cor às ruas e chamasse as pessoas, mas não conseguimos”. Mariana Calado desvaloriza por completo a ausência das iluminações de Natal e preconiza outro tipo de soluções que podem passar pela envolvência de várias instituições, entre os quais os próprios órgãos de informação da cidade. “Imaginação, boa vontade e cooperação entre todos seria muito melhor que luzinhas”, conclui Mariana Calado.
Menos despesa Em relação ao corte das despesas da autarquia, José Ernesto Oliveira, afirmou à Lusa que o plano de poupança estabelece a não admissão de novos funcionários e a redução de despesas com novas obras, garantindo apenas a execução de projectos com garantia de cofinanciamento comunitário. “Não vamos adquirir qualquer viatura ou máquina e vamos procurar reduzir as rendas pagas
pelo município, prescindindo dalguns espaços”, afirmou, adiantando que os gastos em combustível e telecomunicações também “vão ter um corte significativo”.
À poupança, a autarquia quer juntar o aumento da receita, pelo que José Ernesto Oliveira pretende uma maior eficácia na cobrança de taxas e licenças e na facturação do consumo de água e da venda de alguns terrenos municipais e assim “reduzir em 10 milhões de euros a despesa e aumentar a receita na mesma importância”.
A oposição espera para ver. Eduardo Luciano, da CDU, antevê que as medidas sejam “insuficientes para o reequilíbrio das contas da autarquia”. António Dieb, do PSD espera pela proposta de orçamento da gestão PS “para ver se de facto há um sinal de começar a inverter a tendência dos últimos anos, de desequilíbrio das contas”. 

Paulo Nobre/Registo

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