domingo, 29 de abril de 2018

Quinta do Palha ou das Glicínias


A situação da casa solarenga, construída na lombada de um dos suaves planaltos de S. Bento de Cástris, sobranceira ao extinto convento cisterciense deste nome, é muito bela e cómoda e o panorama que dos seus terraços se observa relativamente à cidade e campos vizinhos, não encontra igual em todo o aro suburbano de Évora. Foi de património dos morgados Palhas, descendentes de Rui Palha, Cuja filha, D. Bianca de Almeida e Atexue, teve residência solarenga intra-muros, no local onde o Cardeal-Rei D. Henrique fundou, em 1578, o Colégio de S. Paulo, da Congregação dos ermitães da Serra de Ossa. 

A habitação actual, da época de D. José, parece ter sido fundada pelo cónego prebendado da Catedral, António Pereira Palha, sacerdote de grande prestígio local. A primitiva entrada, do lado norte, sobranceira ao Aqueduto da Água da Prata, é constituída por portado de cantaria e frontão circular centrado por opulenta vieira de granito e de pilastras laterais terminadas em fachos estilizados. Está datado de 1766 e a sua grade, de ferro forjado, parece coetânea. Extenso e sombrio túnel de arvoredo com cedros, alfarrobeiras e loureiros, alguns centenários, ladeados de bancos de descanso, comunica ao pátio do palácio, calçado e murado, e tendo ao centro uma fonte marmórea com tanque de secção octogonal, taça de quatro mascarões e obelisco piramidal, proveniente de uma casa antiga, situada no Largo de S. Tiago, na cidade, propriedade que foi dos Soures, actuais possuidores do imóvel. 

Deste lugar, a fachada nobre do solar, de dois pisos altos, oferece interessante perspectiva pela sucessão de planos, alçados e terraços dos diferentes pavilhões e mansardas, cobertos de telhados de quatro águas. Atinge-se o piso habitacional subindo escadaria de dois lanços, em balaustrada e degraus de mármore regional e de guarnições de sóbrias ferragens do estilo setecentista, com pavimentos lajeados de ardósia. Nos topos deste recinto, subsistem discretos assentos de repouso, de alvenaria. Nas fachadas rasgam-se elegantes, embora simples aberturas e uma porta de vergas e padieiras em mármore branco de Estremoz, de perfis correctos, no desenho vulgar da época de D. João V e D. José I, protegidas por grades de ferro, do tipo rural alentejano. O corpo superior é traçado nas características de torreão, de planta quadrada, com varandim gradeado de três faces e balaústres, donde se domina a imensidade do horizonte nas bandas Norte e Oriente. 

Os materiais empregados na construção, cunhais, pilastras e tímpanos, são esculpidos no belo mármore regional, o que imprime ao conjunto grande dignidade e riqueza. Bom recheio de arte ornamental decora o interior da residência, com destaque para peças de cerâmica oriental, inglesa e portuguesa, prataria e vidraria antiga, e núcleo mobiliário do século XVIII. De mencionar, igualmente, o serviço de chá de cerâmica negra de Wedgood, comemorativo da Guerra Peninsular e dedicado ao Duque de Wellington, herói da Batalha do Buçaco. 

BIBL. Túlio Espanca, Património Artístico do Concelho de Évora, 1957, págs. 34-35. 

domingo, 22 de abril de 2018

Quinta de Valbom


Fica situada a c.ª de dois quilómetros da cidade e o seu acesso é feito pela Est. Nac. 370, com entrada comum à Portaria do Convento da Cartuxa. Era o antigo posto de repouso da Companhia de Jesus, patrimonial do Colégio do Espirito Santo de Évora, pelo qual foi adquirido em 1580 a instâncias do reitor padre Pedro da Silva. Na década de 1610-20, grandes obras de valorização se efectuaram na quinta, sob direcção dos reitores António de Abreu e João Álvares, que a cercaram de muros e lhe construíram capela, refeitório, casa de jogos e anexos válidos para tão vasta comunidade. Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, a propriedade foi integrada nos bens nacionais e posta em hasta pública, funcionando nela, já no ano de 1776, um importante lagar de vinho, que absorvia a produção vinícola da região limítrofe, boa produtora do líquido. 

Secularizada no séc. XVIII, a habitação e sua cerca ajardinada, perderam pouco a pouco o carácter e as obras decorativas que as compunham, com várias esculturas de barro cozido dispersas em nichos e plintos. Apesar de completamente modificadas, subsistem vestígios de arquitectura nas capelas de S. Francisco Xavier, no rés-do-chão, fundada pelo Pe. Sebastião de Abreu e concluída pelo Pe. Bento de Lemos, grande benfeitor do Colégio de Évora, que a ornou por volta de 1660 com três altares de talha dourada, dedicados ao padroeiro, a N.ª S.ª da Conceição e a. S. Sebastião, e o oratório, no piso alto, consagrado a Santo Inácio de Loiola. Retábulos, esculturas e outras peças litúrgicas levaram descaminho em época bastante recuada, pois os possuidores do imóvel não têm a mais ligeira lembrança de tais objectos. Actualmente, depois da perda destes santuários, somente tem interesse arquitectónico o vasto Refeitório, de planta rectangular, composto de duas naves com nove tramos de arcadas de meio ponto, com abóbadas de berço recobertas de apainelados de caixotões geométricos, de estuque relevado, primitivamente policromos. 

Os pilares, grossos e frustes, de secção poligonal, de pedra trabalhada, com ábacos e capitéis de perfis lisos, concedem singular robustez à construção, que teve início em 1610 e constitui, embora adulterado, expressivo exemplar do estilo barroco português. Na fachada exterior, sul, deste pavilhão, iluminado por janelas seiscentistas, com padieiras de granito, existe em nicho recentemente aberto, uma grande imagem de S. Francisco Xavier, de terracota, proveniente de fonte artística da cerca monástica, em ruínas, que esteve revestida de curiosas pinturas murais ordenadas em 1677 no tempo do reitor Pe. Manuel Luís. Outros restos, de certo modo curiosos da fábrica religiosa primitiva, são visíveis no alçado lateral externo, do lado este, apoiado em gigantes de alvenaria, e na dependência oposta, de acesso ao Refeitório, de cunhal trabalhado, com cobertura de meio canhão, de dois tramos, sendo um deles iluminado por opulento resplendor pintado a fresco, com o emblema do Espírito Santo e uma data irreconhecível por ter sido modernamente coberta de cal. Em dependências contíguas, alguns arcos antigos ostentam molduras e painéis decorativos em obra de estuque. O aqueduto e nora, que abastecem o edifício de água potável são, presumivelmente, do séc. XVII. 

Da primitiva entrada principal da quinta, levantada no caminho, ou azinhaga da Horta da Sueira, vêem-se os restos do pórtico erguido no ano de 1620, sobrepujado por frontão de volutas de enrolamento. A face exterior, era coberta por alpendre de colunata, de tipo do da Portaria do Colégio, na cidade, sendo a parte dianteira composta de três arcos semicirculares apoiados em meias colunas de pilastras de alvenaria escaiolada e de esgrafitos. Era da arte barroca. A obra arruinou-se irreparavelmente por desabamento, esmagando, do mesmo modo, o rodapé de azulejos policromos, seiscentistas que o forravam. Nos anos de 1959-1961 o edifício sofreu importantes beneficiações para se adaptar a residência do proprietário, eng. Vasco Maria Eugénio de Almeida, Conde de Vilalva. 

BIBL. Pe. António Franco, Évora Ilustrada, 1946, pág. 266; Túlio Espanca, Património Artístico do Concelho de Évora, 1957, págs. 29-31.

domingo, 15 de abril de 2018

Quinta da Malagueira


Antiga propriedade rural de António Luís Ribeiro, residente em Madrid nos meados do séc. XVII, foi por este fidalgo eborense doada aos padres de Santo Agostinho, fundadores do Mosteiro de N.ª S.ª das Mercês. Completamente transformada pelo 1.° Conde de Ervideira nas primeiras décadas deste século, perdeu, em absoluto, as características originais; todavia, o actual residente, D. Luís de Sousa Carvalho conserva no edifício bom recheio de artes ornamentais portuguesas, antigas, e fundou no ano de 1945 em recanto dos jardins uma capela dedicada a N.ª S.ª da Glória, em evocação da demolida ermidinha do mesmo nome, sita na encosta do cabeço fronteiro a S. Sebastião e próxima do local onde existiu a seiscentista forca da cidade. 

Na frontaria desta capela, metida em nicho axial, existe delicada escultura de pedra de Ançã, policroma, quatrocentista, dedicada a N.ª S.ª dos Remédios (Virgem com o Menino), proveniente da Igreja de Santa Clara, de Évora, que mede, de alt. 0,57 cm. Do recheio decorativo (da moradia), destacam-se duas peças estrangeiras: PIETÁ - Pintura a óleo sobre madeira de carvalho do norte, dos meados do séc. XVI e obra oficinal anónima, hispano-flamenga, está muito repintada. Pertenceu ao crítico de arte dr. José de Figueiredo e ao poeta Afonso Lopes Vieira, ascendente, por afinidade, da esposa do proprietário. Mede: alt. 1,65xlarg. 1,48 m. MEDALHÃO - de faiança policroma, com busto central, feminino, emoldurado por flores e frutos. Ornamentação de relevo. Arte da Renascença florentina, da escola de Giovani delia Robbia (1.ª metade do séc. XVI). Diâm. 80 cm. 

domingo, 8 de abril de 2018

Pousada Real dos Estáus


Célebre hospedaria que está hoje absorvida pelo grande edifício do bloco Nascente-Sul da Praça do Geraldo, ocupado por vários estabelecimentos de cultura e recreio, corporativos ou comerciais e industriais. Remonta, nas suas origens, ao reinado de D. Duarte e teve início logo após as Cortes de 1435-36, começadas nesta cidade e concluídas em Leiria. Expropriado um velho casebre foreiro à Ordem de Avis, da Comenda de Menda Marques, as obras preliminares foram entregues a mestre Pero, oficial de pedraria castelhano que anos mais tarde, em 1443, dirigia uma empreitada no Convento de S. Francisco. Os primeiros materiais aparelhados que serviram para o efeito foram extraídos da muralha romano-goda, pasto dos construtores civis desde o reinado de D. Fernando. Alguns nomes de mestres e oficiais nos conservaram os documentos coevos: Esteves Rodrigues, pedreiro, 1451; Estevão Lourenço, 1440, João Ledo, 1461, Lourenço Gonçalves, 1480, todos carpinteiros ou marceneiros. D. Afonso V, em 10-6-1452, concedeu carta de privilégio ao oficial de marcenaria, Lamberte, francês de nação e a mestre Gris, serralheiro alemão, ambos residentes em Évora e em cujos paços trabalhavam. Esta primeira casa absorveu, no ângulo meridional, uma capela dedicada à Virgem Maria, patrimonial do Senado, mas o corpo administrativo impetrou a sua restituição nas Cortes de Torres Vedras de 1441, realizadas sob auspícios do Regente D. Pedro, o que obteve pela justiça da petição e, assim, o vetusto templete passou, depois de 1506 a ministrar os ofícios divinos aos encarcerados do tronco municipal que el-rei D. Manuel havia erguido, de raiz, no topo sobranceiro da Praça Grande e à esquina da Rua da Cadeia. 

No ângulo oposto, com faceira para a Rua do Raimundo, levantou em 1503 o fidalgo conselheiro da coroa. Rui de Sande, uma residência nobre, a qual ficou separada dos Estáus pelo passadiço do curro dos touros que entravam na praça nos dias de corridas públicas pelo hoje chamado Beco do Chantre, situado no corpo posterior dos imóveis. Os vastos pousamentos estavam prontos no ano de 1463, data em que, por provisão real D. Afonso V, os entregou aos cuidados da Câmara, depois de lhe atribuir 15 000 reais brancos para obras finais. Temos notícia de nas casas se terem aboletado algumas notáveis personagens portuguesas e estrangeiras, além da Casa Real, a saber: D. Fernando, Duque de Vila Real, 1443; Infante D. João, sobrinho do monarca, 1462; Infante D. Fernando, Duque de Viseu, 1462-66. Nesta última data o palácio foi citado pelo cronista Tetrel, que fazia parte do séquito do Barão de Rosmital, embaixador do rei da Boémia, considerando-o, cumulativamente ao do Bispo da Diocese, como únicos de valor artístico da cidade de Évora. 

Outros aboletamentos ilustres: Missão diplomática do Senhorio de Venesa, 1486; enviados especiais às comemorações do casamento do príncipe D. Afonso, filho de D. João II, com D. Isabel de Espanha, 1490; Infanta D. Isabel, duquesa viúva do duque D. Fernando de Bragança, justiçado de Évora, 1501; Embaixador de Espanha, 1534; Delegados portugueses às cortes de reconhecimento do príncipe herdeiro D. Manuel, 1535; Grande parte da embaixada extraordinária do cardeal Alexandrino, 1571; Embaixadores da Corte de Inglaterra nos preliminares da Paz Geral com Espanha, após o triunfo de Montes Claros, 1666. Ignoramos o período exacto em que a coroa se alienou do património nacional a casa dos Estáus e quando ela, amalgamada num todo indiviso passou às mãos dos fidalgos Henriques, descendentes de Henrique II de Castela, o Trastâmara. No séc. XVII vivia nela o alcaide-mor de Palmela e, nos fins da centúria imediata, o 11.° Senhor das Alcáçovas de Évora, D. Caetano Alberto Henriques Pereira Faria Saldanha de Lencastre e sua esposa D. Maria Domingas de Castro, 7.ª filha dos primeiros Condes de Resende. Em 1827 entrou em posse do lavrador J. A. Sousa Matos que lhe introduziu reformas assas substanciais que modificaram, estruturalmente, a fisionomia ancestral do imóvel, depois de receber importante maquia em dinheiro, que lhe devia certo oficial da nossa marinha, julgado desaparecido no ultramar após longos anos, facto que o proprietário assinalou com uma simbólica âncora no balcão da grade central, de ferro forjado, do 1.° andar e sobrepujante à entrada nobre. A vultuosa obra foi acabada no ano de 1830, data que se assinalou, também, no topo meridional da fachada da capela de N.ª S.ª dos Reis. 

No piso térreo escaparam, apenas, dois portais de umbreiras e dintéis com cimalhetes de granito, do séc. XVI, sendo os restantes, embora monumentais, modernos. Todo o imenso prospecto exterior, de dois andares, com grande número de janelas ornamentadas por trabalho de estuque, com frontões triangulares, pilastras de misuletas e grinaldas, vastíssima e contínua grade de ferro, do tipo de barrinha, oferece significativo sentido de robustez e uma noção perfeita dos volumes de arquitectura no meio ambiente. O corpo superior da banda norte foi ultimado nos primeiros anos do século actual. Nos terraços preservaram-se algumas bandeiras de grelhas de tejolo, das mais originais, certamente, existentes em Évora, com realce para as da Sociedade Harmonia Eborense, de grande porte, encerradas em pilastras emolduradas e mantendo desenhos alentejanos vulgarizados nos célebres papéis picados da doçaria regional, com discos paralelos e octógonos encaixados em tabelas geométricas. O parapeito da varanda da 4.ª Circunscrição Industrial, por outro lado, é de padrão corrente, de cartelas losângicas e octogonais, mais antigas, talvez ainda do séc. XVI, de reminiscências árabes. Esta empena posterior, que deita para o Beco do Chantre, é de singular pitoresco pelo desencontro e assimetria dos arcobotantes e contrafortes, frestas, varandins e caixa cilíndrica do poço que servindo todos os pisos atinge o coroamento da grilhagem. O oratório familiar, construído no último andar, de prospecto para a Rua do Raimundo, é de planta rectangular com tecto de berço e caixotões simétricos, quadrados e losangulares, de mármore branco e azul ornamentados por rosetas nas cercaduras. A capelinha de N.ª S.ª dos Reis, com entrada independente no extremo facial nascente do Paço e destinada unicamente ao serviço cultual dos presos, não escapou aos restauros de novecentos e perdeu todo o carácter primitivo. 

É de planta irregular, com arcos de estuque e uma divisória excêntrica de colunelos de mármore branco, frisos e capitéis concebidos ao gosto neoclássico do 1.° terço do séc. XIX: a cobertura está pintada a fresco, representada no eixo por anjo suportando medalhão ovóide, coroado e florido, com a insígnia de A. M. e a legenda latina sotoposta: SUB TUUM PRESIDIUM CONFUGIMUS SANTA DEI GENITRIX. O corpo térreo, onde funcionou o Terreiro do Trigo ou do Pão, Açougue de víveres e casa de carruagem da Hospedaria, embora perdesse a primitiva arcada pública por emparedamento, cujos restos são visíveis nos dois monumentais arcos graníticos do Posto de Turismo, conservou, todavia, elementos relativamente importantes de arquitectura civil do quinhentismo. Trata-se de salas térreas, quase subterrâneas, com abóbadas, nervuradas ou de berço, apoiadas em pilares de cunhais chanfrados. Numa empena, proveniente de local indeterminando do edifício e depois de estarem depositados no Museu Arqueológico, afixaram-se três modilhões de pedra cem máscaras esculpidas, antropomórficas e um leão rompente, com siglas do séc. XV, podendo representar, este último, uma peça heráldica dos donatários Henriques. Nesta mesma frontaria da Rua do Raimundo existiu, igualmente, lanço comprido e público de arcaria, obstruído em época recuada, sendo o tramo mais visível do gaveto ocidental, restaurado em 1961, composto de alçado volumoso e por dois arcos redondos de cantaria trabalhada, com dintéis de corda, picados. No espaço interior, de pesados e robustíssimos pilares graníticos, subsiste portado gótico da época de D. João II ou D. Manuel e que talvez pertencesse ao mencionado imóvel do conselheiro régio Rui de Sande. 

BIBL. Túlio Espanca, Palácios Reais de Évora, in A Cidade de Évora, n.° XI, págs. 21-45, 1946. 

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Dia Mundial da Consciencialização do Autismo assinalado em Évora


​Desde o ano 2008 que o dia 2 de Abril é oficialmente designado pela Assembleia Geral das Nações Unidas "Dia Mundial da Consciencialização do Autismo".

A partir desse ano, para além de outras ações, no âmbito da campanha mundial "Acendam a Luz Azul/Light it up blue", vários edifícios um pouco por todo o mundo se têm iluminado de azul nesta data.

Em Portugal, a Federação Portuguesa de Autismo (FPDA), parceira da Autism-Europe e da Autism Speaks (EUA), pediu a colaboração da Câmara Municipal de Évora para que esta, de forma simbólica, pudesse iluminar algum monumento da cidade de forma a chamar atenção para as problemáticas relacionadas com esta doença.

Neste sentido, tal como aconteceu nos anos anteriores, nas duas últimas noites o Templo Romano de Évora foi iluminado de azul.

"As Espingardas da Senhora Carrar" de Bertolt Brecht



Horário: 7 de Abril (21:30h)
Localização: SOIR Joaquim António de Aguiar
​​
O Grupo Cénico da SOIR Joaquim António d’Aguiar estreia no próximo dia 23 de Março pelas 21:30 a peça “As espingardas da senhora Carrar” de Bertolt Brecht com encenação de Luís Varela. 
Oitenta anos depois da Guerra Civil de Espanha, o teatro.
Não compete ao teatro transformar o mundo. Mas compete-lhe, muito particularmente em períodos de mais brutal opressão, abrir aos homens hipóteses de caminho para um mundo melhor, mais justo, pacífico e fraternal.
Oitenta anos depois, voltamos a este texto, à memória dessa guerra e à reflexão sobre o papel do teatro na sociedade. Acreditamos que, num tempo pós-moderno de um teatro pós-dramático, o teatro de amadores pode, prevalecendo-se da vantagem de contar com um universo de espectadores identificado e estável, contrariar a tendência para a desagregação da comunidade teatral e contribuir para a reflexão sobre o estado do mundo.
​"Não combater por nós, Teresa, não é só não combater, é combater pelos generais, diz o operário Pedro Jaqueras à sua irmã Teresa Carrar quase no fim da peça. Podia Teresa Carrar, em 1937, não tomar partido? Pode o homem, nos tempos que correm, não tomar partido?" ​
Informações Adicionais
Org: SOIR Joaquim​ António de Aguiar
Contactos: soir_jaa@hotmail.com
Apoios: Câmara Municipal de Évora | União de Freguesias de Évora | União dos Sindicatos de Évora | CENDREV

Zeca e o Fado - Tertúlia



Horário: 22h
Evento: 07 abril
Localização: Armazém 8

​Tertúlia sobre o Fado. Com musica à mistura como gostamos. Com a presença do Guitarrista Henrique Leitão​​

Informações Adicionais
Organização: Núcleo de Évora da Associação Zeca Afonso/ Associ' Arte
Contactos: 933326005 | associarte.aca@gmail.com | http://armazem8.associarte.pt/
Apoios: Câmara Municipal de Évora | União das juntas freguesia bacelo/ Srª da Saúde | União de freguesias Malagueira/ Horta das Figueiras | Diário​ do Sul | Radio Telefonia | Agenda Global | Viral Agenda 

Com quantos pontos se conta um conto?



Horário: 11h30
Evento: 07 abril
Localização: Associação "É Neste País"

​Com Susana Cecílio e Carlos Marques “Com quantos pontos se conta um conto?” é um projeto​ onde a leitura e/ou narração de histórias assumem um papel crucial na promoção da leitura e da valorização cultural da tradição oral. Os contadores são os mais diversos membros da comunidade: pais, avós, educadores, crianças, artistas e outros voluntários ou convidados. As histórias são lidas ou contadas ao jeito de quem as traz. São narrativas simples, lengalengas, poesias, pequenos contos ou histórias de vida que procuram despertar a imaginação, aguçar a lógica, ativar a memória e, sobretudo, divertir e dar prazer. As sessões iniciaram-se em Junho de 2010 e, desde então, acontecem todos os sábados às 11.30h. ​​

Informações Adicionais
Organização: É neste país - Associação Cultural
Contactos: 963267632 | nestepais@gmail.com | https://nestepais.wordpress.com
Apoio: Câmara Municipal de Évora
Entrada livre

Soam as Guitarras | António Chainho convida Rão Kyao



Horário: 21h30
Evento: 06 abril
Localização: Teatro Garcia de Resende

​​Se a guitarra portuguesa é um símbolo de um país, Mestre António Chainho é um dos seus mais notáveis embaixadores. Os mais de 50 anos de carreira recentemente celebrados, traduzem as múltiplas emoções deste instrumento único no mundo e o talento inigualável de um dos "50 músicos mais influentes da World Music", segundo a revista internacional Songlines.
Artista completo, guitarrista e compositor Mestre António Chainho, que reside no concelho da Amadora há mais de 50 anos, é o exemplo vivo de como a paixão, entrega, perseverança e solidariedade - em forma de cumplicidade - moldam a vida de um homem e, ao mesmo tempo, a história da musica popular. Partilhou o seu talento com Paco de Lucia, John Williams, José Carreras, KD Lang, Paulo de Carvalho, Pedro Abrunhosa, Rui Veloso, Ana Bacalhau, Teresa Salgueiro, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Caetano Veloso e muitos outros artistas de mundos muito diversos. Mas é na pureza do seu dedilhado e na cumplicidade que estabelece com o público, que se revela a gama de emoções para a qual nasceram e tornam inseparáveis a guitarra portuguesa e Mestre António Chainho.
http://www.antoniochainho.com/

RÃO KYAO tem-se distinguido pela sua persistente vontade em redescobrir o Oriente. Fazendo uso da flauta de bambu e do saxofone, ele foi encontrando inspiração na música indiana, árabe, africana e chinesa, restabelecendo assim o elo perdido entre a tradição musical portuguesa e o Oriente.
Os mais de 20 álbuns que editou até hoje indiciam, de uma forma muito clara, a intenção expressa de, a cada passo, redescobrir as raízes da música tradicional portuguesa, não temendo, antes pelo contrário, o confronto com as suas fontes primordiais: a música indiana e a música árabe.

Informações Adicionais
Produção: Ghude | Câmara Municipal de Évora 
Contacto: 266703112
Entradas: 12,50 €

Soam as Guitarras | Mafalda Veiga: "Crónicas da Intimidade de uma Guitarra Azul"


Horário: 21h30
Evento: 07 abril
Localização: Teatro Garcia de Resende

​​É no aconchego da sua intimidade e no de uma guitarra que a Mafalda Veiga compõe as suas canções, as quais ganham outra vida quando trabalhadas com outros instrumentos, arranjos, produção. Aliás, a Mafalda tem várias canções que, ao longo dos seus trinta anos de carreira, se “vestiram” de arranjos muito diferentes, tornando- se quase novas canções.
Mas um reportório tão vasto basta-se a si próprio e o desafio deste espetáculo, no qual a Mafalda se apresenta em solo absoluto, é transpor essa intimidade tão dela e da guitarra e mostrá-la ao público – só a Mafalda e as suas canções, as suas guitarras (entre elas a nova guitarra azul) e muitas das ideias e instrumentos que usa e que a convocam para escrever e compor. Para tal, é recriado em palco o ambiente da sala / estúdio da Mafalda e vários momentos vão ser construídos mesmo ali, de frente para o público, sem rede.
Neste espetáculo estão contempladas algumas das canções incontornáveis da Mafalda Veiga, bem como do mais recente disco “Praia”, como por exemplo o tema “Olha como a vida boa”, que integra a banda sonora da telenovela da TVI “Jogo duplo”, bem como outras que têm deixado saudade e que voltam agora a ganhar voz, tais como “Gente perdida”, “Fragilidade”, “Una Casa”, entre outras.
A Mafalda convidou também o Rui Reininho a adaptar para português algumas das suas canções preferidas, o que ele fez com a classe e o humor subtil que tanto o caracterizam, sendo um dos momentos surpreendentes deste “Crónicas da intimidade de uma guitarra azul”.
A Mafalda Veiga, na sua forma mais simples e direta ao coração; como só ela sabe.
http://www.mafaldaveiga.com/

Produção: Ghude | Câmara Municipal de Évora 
Contacto: 266703112
Entradas: 12,50 €

domingo, 1 de abril de 2018

Paço dos Morgados de Manedos


Está situado na banda meridional da Praça Joaquim António de Aguiar, ao lado do extinto beatério-reformatório de Santa Marta e a par da igreja da Confraria das Almas, do clero secular. Edifício dos meados do séc. XVII, na sua traça actual, sofreu importantes benefícios no ano de 1745 e obras de valorização artística interior e exteriormente na década de 1950. Naquele período era pertença do visconde de Trancoso Bartolomeu da Costa Geraldes Barba de Meneses; no ano de 1785 do licenciado Estevão Mendes da Silveira Sarria de Cobelos e em 1850 habitava nele D. Mariana de Macedo, senhora da família dos Macedo Sequeira Reimão, gente de algo da cidade. Foi, também, do Seminário de Évora e actualmente pertence ao Governador Civil do Distrito, José Félix Mira, como residência privativa. A fachada axial é desenhada no espírito barroco tradicional da região, com seis amplas janelas de sacada, graníticas, de cornijas bem proporcionadas, defendidas por grades de ferro de balaústres cilíndricos e esferas transfuradas. 

Sensivelmente, no eixo, balcão de quatro tramos de arcos redondos apoiados em pilares calcários, com terraço e escadaria de cómodo lançamento, forrada recentemente por azulejos polícromos do tipo de tapete. No primeiro tramo da frontaria, para a banda ocidental, ao nível do cornijamento, vê-se escudo esquartelado, de mármore, dos morgados de Manedos, fundadores do paço, réplica do primitivo existente no Museu Regional de Évora. No centro da construção rasga-se um passadiço público sobre a Travessa de André Cavalo, ficando encravada sobre o extradorço, ao nível do andar nobre, uma janela geminada, de arcos de ferradura com jambas de granito, antigas, e coluneis de mármore, modernos, que veio do transformado Palácio de Francisco de Mendanha, da fachada ocidental, que deitava para o arco dos Penedos. A mudança não foi das mais felizes porquanto, além do imóvel ser de uma época posterior e de arquitectura diferente, os volumes do balcão destinado a empena mais alta, atraiçoaram o conjunto seiscentista. Do recheio interior, que é interessante em objectos mobiliários e decorativos portugueses, destacam-se os seguintes: Apresentação de Jesus no Templo e S. Tiago combatendo os moiros, pinturas a óleo sobre tábua, do último terço do séc. XVI e do ciclo oficinal eborense do estilo maneirista, procedentes da Igreja de N.ª S.ª da Purificação, sita na Herdade da Repreza (termo de Montemor-o-Novo). 

Foram beneficiadas na oficina de restauro do Museu Nacional de Arte Antiga, de Lisboa, pelo mestre Fernando Mardel. Medem, cada: alt. 1,80 x larg. 0,37 m. Cómoda, de pau-santo, com alçado e avental esculpidos, ornados de palmetas e vieiras estilizadas. Linhas recurvas e tampo de mármore escuro, com ângulos boleados. Pés de garra recobertos de plumagem entalhada. Belo trabalho de marcenaria artística do estilo D. João V. Alt. 0,90 m.; larg. 0,70 m.; comp. 1,30 m. Ucha, de espinheiro e pau-santo, lisa, com gavetas e rebordo muito saliente. Séc. XVII. Alt. 0,72 m.; comp. 1,37 m.; fundo 0,70 m. Dois leitos, de pau-santo, com bilros, colunelos torsos e cabeceiras de talha ornamental, naturalista. Peças dos meados do séc. XVII - Época de D. Afonso VI ou D. Pedro II. O menor, de pessoa-só, tem ornatos faciais flordelizados. Dimensões do maior: comp. 1,90 x larg. 1,25 m. Par de cadeiras, de nogueira, com braços e espaldar forrados de couro liso, guarnecidos por pregaria miúda. Tabelas axiais, esculpidas, com ornatos de volutas e vieiras estilizadas. 2a metade do séc. XVII. Espelho, com alçado de madeira dourada e esverdeada, esculpido no estilo rocócó. De grandes dimensões pertenceu, seguramente, a um tremó da época de D. José. Meados do séc. XVIII.