quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Évora Perdida no Tempo - Sala da antiga sede da SHE, ornamentada



Sala da antiga sede da SHE, ornamentada pelo Grupo Dramatico, por ocasião das Bodas de Ouro da Sociedade. " […] a ornamentação pertencia ao grupo Dramático. =[…] a maior parte dos objectos que alli se viam, eram todos pertencentes a theatro, posse do Grupo e tendo já servido exclusivamente nos seus espectáculos. […] Na parede do meio via-se um enorme quadro d'honra com os retratos de todos os cavalheiros que então faziam parte do Grupo scenico e que eram 34. Alguns d'esses retratos eram tirados em trajes de theatro. No cimo do quadro via-se um desenho a ornato, a claro-escuro, com o seguinte dístico: - Grupo Dramático - tendo cruzadas duas enormes palmas entrelaçadas por um grande laço de seda azul e vermelho […] " Acta Descriptiva das Bodas d'Ouro da SHE.

Autor Desconhecido/ não identificado
Data Fotografia 1899 -
Legenda Sala da antiga sede da SHE, ornamentada
Cota SHE87.2 - Propriedade Sociedade Harmonia Eborense

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Natal Clássico 2012




“NATAL CLÁSSICO”

Banda Filarmónica Liberalitas Julia
9 Dez. | 16h00 - Palácio D. Manuel | Maestro: António Manuel Alfaiate

Bonecos de Santo Aleixo, pelo Centro Dramático de Évora
11 a 16 Dez. | 18h30 - Teatro Municipal Garcia de Resende - Sala Estúdio | Actores/Manipuladores: Ana Meira, | Gil Salgueiro Nave | Isabel Bilou | José Russo | Vitor Zambujo

Coro Polifónico “Eborae Mvsica”
16 Dez. | 18h00 - Igreja do Convento dos Remédios | Maestro: Pedro Teixeira

Concerto de Natal, da Fundação Eugénio de Almeida
16 Dez. | 18h00 - Sé de Évora | Orquestra Sinfónica da Escola Superior de Música de Lisboa | Coro Sinfónico da Escola Superior de Música de Lisboa  | Coro do Conservatório Nacional de Lisboa | Coro Infantil da Universidade de Lisboa | Maestro Paulo Lourenço

Coral ARPIE
21 Dez. | 17h30 – Igreja de S. Vicente | Maestro: José Sargaço

Cante ao Menino
22 Dez. | 18h00 - Igreja de Santo Antão | Grupo Coral e Etnográfico do Ateneu Mourense | Grupo Coral e Etnográfico “Cantares de Évora”

Coral Évora
22 Dez. | 18h00 – Salão Nobre da Fundação Inatel | Maestro: Octávio Martins

Coral Évora
23 Dez. | 17h00 - Igreja de Santo Antão | Maestro: Octávio Martins


Descontos no Comércio Tradicional



A Associação Comercial do Distrito de Évora, à semelhança de anos anteriores, organizou para este ano mais uma campanha de Natal, intitulada "QUEM COMPRA NO COMÉRCIO TRADICIONAL TEM DESCONTO ADICIONAL". Esta campanha consiste na atribuição de vales de desconto por cada 10€ em compras que, posteriormente, podem ser descontados em qualquer outra compra nos
estabelecimentos aderentes.
A ACDE considera que a troca de vales entre os estabelecimentos contribui essencialmente para a fidelização de clientes e aumento das vendas, mas também para o espírito de cooperação e solidariedade entre as empresas, tão necessário nos nossos dias. Além disso, os estabelecimentos estarão abertos aos SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS do mês de Dezembro, e haverá animações de rua aos fins de semana pelo grupo FREYA e ainda um concerto de Natal pela Banda Filarmónica do Grupo União e Recreio Azarujense, em data a confirmar.
Para a concretização desta campanha, a ACDE contou com o apoio da Câmara Municipal  de Évora, Milideias, grupo FREYA e Banda Filarmónica do G.U.R.A, e com os patrocínios da Caixa de Crédito Agrícola, Delta Cafés, Divinus Gourmet, e J. Saragoça.
Estabelecimentos Aderentes:

LIVRARIA DOM PEPE
MONTSOBRO E ARTEQUESTRE
DIVINUS GOURMET
EVORACOR
VIDALIA
J.SARAGOÇA
EBORINA
CASA FINITA
ELETROCAEIRO
EVORALFORGE
CASA VIEIRA BRANCO
J.M.CUNHA
FOR ME
RESTAURANTE MANUÉIS
BOA BOCA
DRAGÃO
TABACARIA PARIS
ZÉ DO BACALHAU
SAVAVIDROS
GRÁFICA EBORENSE
BOUTIQUE TIK
ÓPTICA HAVANEZA E HAVANEZA CLUB
MULTIÓPTICAS

domingo, 2 de dezembro de 2012

Consultor Imobiliário (M/F) CENTURY 21 Porta do Alentejo (Évora)


Perfil:
Habilitações mínimas de 9º Ano
Experiência na área Comercial/Vendas
Conhecimentos de informática na óptica do utilizador
Carta de Condução e viatura própria (preferencial)
Dinamismo; Capacidade relacional
Boa apresentação e disponibilidade de horários
Residir no concelho de Évora

A sua Missão:
Desenvolver a sua notoriedade pessoal bem como a da empresa e da marca
Criar e Gerir uma boa carteira de imóveis
Dominar as acções de promoção dos seus imóveis
Assegurar a negociação até à altura da venda e do financiamento
Participar activamente no trabalho da equipa
Contribuir para o aumento de facturação da agência
Zelar pela satisfação do cliente e pelo respeito das normas de qualidade
Ser especialista da zona onde opera

As suas competências:
Conhecimento assimilado das ferramentas, métodos e técnicas comerciais C21
Utilização de ferramentas de informática
Conhecimento das bases jurídicas, financeiras e fiscais
Domínio dos Processos de Qualidade
Conhecimento aprofundado da zona onde opera

As suas qualidades:
Vontade de aprender e evoluir
Tenacidade/ Persistência
Entusiasmo
Honestidade
Empatia
Empenho/Determinação/Auto-motivação
Capacidade de gerir o seu próprio tempo
Compreensão e disponibilidade
Empreendedorismo
Integridade

Oferecemos:
Formação inicial e contínua
Plano de remunerações atractivos
Prémios mensais e trimestrais

A marca CENTURY 21 não só tem crescido em facturação, mas também no número de agências e de Consultores.
A CENTURY 21 Porta do Alentejo ajuda a integrar colegas de outras mediadoras no SISTEMA C21.
A CENTURY 21 Porta do Alentejo em 2012 é a 2ª maior agência em volume de facturação do Alentejo, Algarve e Ilhas.

Envie-nos o seu currículo:
CENTURY 21 Porta do Alentejo
Évora

portadoalentejo@century21.pt



Telef: 266 733 333

Comercial Telecomunicações - Zona Évora (m/f)


A Kelly Services, empresa líder em Gestão de Recursos Humanos, oferece os seus serviços em todo o mundo e coloca mais de 530 000 pessoas a trabalhar anualmente. 

Estamos neste momento a recrutar um Comercial para o sector das Telecomunicações (m/f) , para a zona de Évora. 


Função: 
Prospecção e Angariação de Clientes para a venda de produtos e serviços na área das Telecomunicações. 


Requisitos: 
- Ter o 9º ano de escolaridade (requisito obrigatório) 

- Aptidão para o trabalho em equipa; 

- Gosto pelo contacto com o público; 

- Orientação para objectivos e resultados; 

- Boa capacidade de comunicação; 

- Apresentação cuidada e formal; 

- Disponibilidade imediata. 



Condições da Oferta: 
- Contrato de Formação remunerado; 

- Contrato de Trabalho; 

- Disponibilidade entre as 14h e as 22h, com folgas ao fim de semana; 

- Salário Base + Subsídios + Prémios de Produtividade + Comissões BASTANTE aliciantes; 

- Integração em Equipa Comercial com possibilidades de progressão de carreira. 



Se é ambicioso agarre esta oportunidade! 

Se considerar preencher todos os requisitos envie o seu cv para



Precisa-se Comercial para Évora


Procuramos comerciais M/F para o ramo imobiliário

Condições: 
*Pessoas ambiciosas, dinâmicas e com espirito de equipa;
* Carta de condução * Capacidade de argumentação

Oferecemos: 
*Formação inicial * Incentivos acima da média *Objetivos profissionais

Funções: 
* Prospeção do mercado imobiliário * Angariação e Venda de Imóveis


Envie-nos o seu curriculum para

  homelife.evora@gmail.com



sábado, 1 de dezembro de 2012

Lendas sobre Geraldo sem Pavor - Parte 5



LENDA DE GERALDO SEM PAVOR SEGUNDO LUIS DE CAMÕES
Geraldo sem Pavor ou a tomada de Évora.
Eis a nobre cidade, certo assento 
Do rebelde Sertório antigamente. 
Onde ora as águas nítidas de argênteo 
Vêm sustentar de longo a terra, e a gente 
Pelos arcos reais, que cento e cento 
Nos ares se levantam nobremente, 
Obedeceu por meio e ousadia 
De Geraldo, que medos não temia.
Camões

Fonte: marcoseborenses.no.comunidades.net

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Farmácia Motta - O último reduto dos monárquicos eborenses



No comércio local existem lojas com mais de um século de existência. Do passado de algumas constam episódios que foram relevantes na história recente da cidade, ainda que o rolar dos tempos os tenha remetido para o baú do esquecimento. Importa por isso recordá-los, contribuindo para um melhor conhecimento do passado próximo da cidade, e também para se entender e compreender o seu presente. Isto porque a história de uma loja não se reduz à actividade a que se dedica nem ao espaço físico que ocupa, mas passa igualmente pelo percurso de vida dos respectivos proprietários e dos caminhos que imprimiram aos seus estabelecimentos. 

 É o caso da Farmácia Motta, situada em plena Praça de Giraldo, a qual foi palco de acontecimentos de natureza política de que muitos dos actuais eborenses não suspeitam mas que se vieram a inscrever nos registos oficiais da cidade e do país. O grande responsável por tais factos foi o seu proprietário, Joaquim Lopes da Motta Capitão, monárquico convicto e posteriormente nacional-sindicalista, de carácter inflamado e sempre pronto a usar da palavra ou da pistola para defender os seus ideais. Nascido no Tramagal em 1885, Motta Capitão, que foi um dos principais protagonistas políticos da cidade entre os anos de 1910 e 1933, veio muito novo para Évora a fim de ajudar seu tio na Farmácia Motta, que este fundara e tornara a mais conceituada do distrito. Inteligente, tirou com bastante facilidade o curso de Farmácia. Apaixonado e temperamental, casou cedo com Ana Fernandes Soares, filha única do poderoso proprietário e banqueiro Conselheiro José António d’Oliveira Soares. 

Gozando de excelente situação financeira, Motta Capitão evitou o encerramento do jornal “Notícias d’ Évora” nos dias seguintes à implantação da República, dado que este, como folha apoiante do dissolvido Partido Regenerador–Liberal, não tinha condições para continuar. Foram os operários despedidos a encontrar na pessoa do boticário da Praça de Giraldo a pessoa e a bolsa certa para o que o jornal não morresse. E, logo que reapareceu, o diário, pela pena do seu administrador Carlos Pedrosa, entendeu esclarecer que «reconhecendo a nova forma de governo instituída agora em Portugal, não queremos com isto dizer que aderimos à República». 

Investido por si próprio na função de redactor-chefe, passou usar o jornal como tribuna de ataque ao regime republicano. Enquanto cidadão, envolveu-se na conjura monárquica de 1912, pela que veio a ser condenado a 20 meses de cadeia na prisão do Limoeiro. Foi já na qualidade de director do “Notícias d’Évora”, e debaixo de forte escolta policial, que saiu do calabouço para vir responder ao Tribunal de Évora por abuso de liberdade de imprensa, com o fundamento de ter ofendido a Colomissão Concelhia de Administração dos Bens do Estado. 

Durante a sua reclusão foi o redactor agrícola Santos Garcia que assegurou a continuidade do jornal. Amnistiado por um decreto de Fevereiro de 1914, de Bernardino Machado, que abrangeu cerca de 1200 monárquicos, Motta Capitão é libertado e exila-se em Espanha. A morte do tio, que lhe deixa em herança a farmácia, obriga-o a regressar para ficar à testa do negócio. E volta de novo à política e ao jornal, ao qual torna a imprimir um cunho fortemente anti-republicano, envolvendo-se em várias quezílias com as autoridades. É assim que, na sequência de nova insurreição monárquica, os republicanos eborenses saem à rua para festejarem o seu insucesso e aclamarem a República, mostrando a sua firme disposição de a defenderem intransigentemente.

Em ambiente de grande exaltação, a enorme massa de manifestantes passa junto da Farmácia Motta e  segundo o Jornal “Voz Pública” – depois de alguns gritos de «abaixo os traidores» ouviram-se tiros, sendo voz corrente que partiram da farmácia, onde se encontravam os empregados e o proprietário, Joaquim da Motta Capitão. Prossegue o periódico: «Os vidros da farmácia voaram à pedrada, havendo mais tiros, um dos quais deu morte instantânea ao ajudante Jacinto Parreira, de 18 anos, ex-aluno da Casa Pia, de nada lhe valendo os prontos socorros da Cruz Vermelha que sem demora o conduziram ao hospital, já cadáver. Motta Capitão fora também atingido por dois tiros, um dos quais nenhum mal lhe produzira, por dar em uma caneta de tinta permanente que tinha no bolso do colete, sendo ferido pelo outro na mão direita, sem gravidade.

Chegadas ao local, as autoridades evitaram que a multidão invadisse a farmácia e linchasse o Capitão, o que por mais de uma vez esteve iminente. Conquanto os ferimentos o não tornassem necessário, foi metido numa maca e conduzido, sob escolta, ao Hospital, onde ficou detido. Pouco depois o povo, refluindo para a Praça de Giraldo, assaltou o “Notícias de Évora”, inutilizando as máquinas e queimando o mobiliário na praça em fogueira ateada para efeito (...). Jornal e farmácia foram encerrados e selados. Motta Capitão foi depois liberto com a promessa de não voltar à política e ao jornalismo.» Mas em 1925, com o recrudescimento do nacionalismo, regressou como presidente das Juventudes Monárquicas de Évora. Com o triunfo do General Gomes da Costa, aderiu à Liga 28 de Maio, organização de apoio à Ditadura criada em finais de 1926 mas só apresentada em Janeiro de 1928. Dado, porém, que a União Nacional demorava a implantar- se no terreno, a Liga 28 de Maio decidiu tomar a dianteira e aparecer como sua concorrente. Em Évora a farmácia tornou-se o principal local de reunião do grupo.

Com Joaquim Silva Dias (advogado e antigo secretário de Gomes da Costa) e António Cary Potes Cordovil (grande proprietário), Motta Capitão refundou o jornal “Manuelinho de Évora” e transformou-o em órgão local do grupo. O caldo entornou-se em 13 de Dezembro de 1931, quando dirigentes nacionais da Liga vieram a Évora inaugurar a sede distrital. Já no regresso, a caminho da Estação de Caminho de Ferro, estes viram-se cercados por republicanos que os apuparam e invectivaram. Na Avenida de Dr. Barahona houve agressões graves, gritaria infernal e tiros, daí resultando vários feridos de maior ou menor gravidade e a morte do carpinteiro Manuel dos Santos, apoiante da República.

A retaliação aconteceu na manhã seguinte. Às onze horas, quando Rolão Preto, o chefe dos nacionalistas radicais, se encontrava perto da Farmácia Motta, dentro do seu automóvel, em conversa com Silva Dias, este foi baleado mortalmente à queima roupa por alguém que se conseguira aproximar de uma portinhola do carro. Desvairado com o atentado, Motta Capitão passou meses nas páginas do jornal clamando vingança e a prisão de elementos da Maçonaria local sobre quem fazia recair as suspeitas do crime. O inquérito veio a dar como autor do disparo José Joaquim Coelho, um antigo cabo de polícia, expulso por envolvimento no golpe republicano de 3 de Fevereiro de 1927. Entretanto a Liga 28 de Maio transforma-se no Partido Nacional/Sindicalista. Motta Capitão, que se tornara ferrenho adepto do fascismo e possuía em cima da secretária, no seu gabinete de trabalho, uma fotografia de Benito Mussolini, adere entusiasticamente. A 28 de Junho de 1932, só por um erro no seu reconhecimento, por parte de um carbonário que tencionava assassiná-lo, não foi abatido à porta da farmácia de que era dono. Foi porém a ilegalização do Partido Nacional/Sindicalista que acabou por afastá-lo do jornalismo e da política. Tinha então 47 anos e os dias de paz na Farmácia voltaram aos tempos do seu tio e fundador.

Autor: José Frota

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Okupa.te - Jogar no Natal


Évora Perdida no Tempo - Copa da antiga sede da SHE



Sala da copa das antigas instalações da SHE, ornamentada por ocasião das Bodas d'Ouro da Sociedade. " Logo a seguir encontrava-se a casa da copa […]. Admirava-se alli de tudo […] Um escudo enorme com os emblemas da sociedade, representando um bilhar feito em bolacha, tendo por bolas pequenas batatas. As tabellas, egualmente de bolacha, tinham por marca passas de Alicante. No mesmo escudo, via-se o emblema do Grupo Cyclista e que era representado por uma bycicleta feita de linguiça delgadinha sendo os respectivos raios formados por espargos finissimos […]." Acta Descriptiva das Bodas d'Ouro da SHE.

Autor Desconhecido/ não identificado
Data Fotografia 1899 -
Legenda Copa da antiga sede da SHE
Cota SHE89.3 - Propriedade Sociedade Harmonia Eborense

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Jardim Público - o “pulmão verde” da cidade


Lamentavelmente, poucos são os eborenses que se apercebem da beleza calma e tranquila do Jardim Público da sua cidade. Quase só o procuram turistas, estudantes e velhos à espera do passaporte para o outro mundo. É verdade que muitos outros, a maioria, naturais ou habitantes do burgo, o cruzam em passada acelerada para encurtar distâncias entre oblíquos destinos já definidos. Atravessam- no absortos, alheados e indiferentes à presença do grande pulmão verde da urbe, herdeiro do Passeio Público que, como raros outros no país, marcou arquitectónica e paisagisticamente o romantismo do fim do século XIX. O Passeio Público foi um elemento caracterizador da sociedade portuguesa do tempo, altura em que a burguesia urbana, principalmente a feminina, se atreveu a sair do enclausuramento medieval para conviver e saber novidades, enquanto ouvia tocar música, tomava o seu sorvete, assistia a representações teatrais e, em datas festivas, ao lançamento de fogo de artifício.

O Passeio ou Jardim Público surgiu em Portugal a partir do conhecimento do denominado Jardim à Inglesa, que começara a ser implantado em Londres quase uma centúria antes. Obedecia à ideia romântica de valorização da paisagem associada ao pitoresco (jardins com falsas ruínas, pavilhões, pontes, lagos, coretos e quiosques) e à utilização do ferro fundido como novo material de construção. Foi sob estes pressupostos estéticos que foram concebidos estes espaços de devaneio e diversão. O planeamento do Passeio Público de Évora coube ao arquitecto e cenógrafo italiano José Cinatti (1808-1879), que, tendo estudado em Milão, fugiu para Portugal em 1839 devido a razões de natureza política. Acolhido e protegido em Lisboa, onde existia um importante colónia de conterrâneos seus, que o apresentaram aos influentes pares do reino e burgueses endinheirados, depressa ganhou notoriedade pública graças à qualidade dos seus trabalhos, passando a ser o arquitecto e cenógrafo da moda.

Foi na capital que o abastado lavrador José Maria Ramalho Perdigão (1830-1884) o descobriu e contratou para projectar, em espaço que lhe pertencia, e se situava numa das modernas portas da cidade, um palácio sumptuoso digno da sua opulência e fortuna que viria a ser conhecido pelo nome de Palácio Barahona. Entretanto, Ramalho Perdigão tinha doado ao município os terrenos que haviam constituído a antiga horta real do palácio de D. Manuel (apenas restou a Galeria das Damas) e do Convento de S. Francisco e outros, à época afectos ao exército, numa extensão de 3,3 hectares. E foi a expensas suas que José Cinatti dirigiu, entre 1863 e 1867, os trabalhos de arqueologia e jardinagem do Passeio Público. Curiosamente, foi por alturas da Feira de S. João de 1867 que o escritor Eça de Queiroz abandonou Évora. Pouco antes, escrevera nas páginas do “Distrito de Évora”, pouco entusiasmado com o que vira: «uns minguapasseio dos tapetinhos de verdura, as árvores raras e despidas das galas da folhagem, as placas nuas, sem elegância».

A verdade é que só meses depois vieram a ser colocados os lagos com cisnes e terminada a instalação das Ruínas Fingidas, de estilo gótico, compostas por ameias de inspiração árabe, janelas geminadas com arcos em ferradura, pórticos e torre, retiradas de vários monumentos civis e religiosos da cidade, nomeadamente do Palácio do Vimioso. Enquanto isto as árvores exóticas, de crescimento rápido, rompiam em todo o seu esplendor. Magnólias, cedros, plátanos, begónias, castanheiros da Índia e outras espalhavam não apenas o seu perfume pela vasta área como igualmente projectavam a sombra refrigerante que os calmosos dias de Verão reclamavam. Cinatti morreu em 1879, e uma comissão de eborenses ilustres decidiu homenageá-lo, perpetuando-lhe a memória no espaço que tão habilmente pensara e gizara.

Um busto seu, da autoria do escultor Simões de Almeida, ali veio a ser colocado em 4 de Maio de 1884. Mas o embelezamento do Passeio Público prosseguiria com a inauguração do coreto, em 20 de Maio de 1888. À beleza naturalista do espaço acrescentava-se agora uma nova funcionalidade de ordem cultural. Criava-se desta forma um local especialmente destinado à realização de Fotografias de Carlos Neves passeio Jardim Público o “pulmão verde” da cidade concertos e outros espectáculos de matriz similar, muito apetecidos entre as elites e classes em ascensão, onde era fino ser melómano. Por seu turno, actuar no coreto «diante de gente tão selecta e distinta» constituía uma honra para as bandas filarmónicas. A sua frequência não era acessível a todos, dado que a entrada no recinto era paga.

O Passeio Público de Évora ganhou então fama em todo o país. As ditas melhores famílias da cidade, ou de fora mas cumprindo vilegiaturas em casa de parentes e amigos, acorriam à sua fruição com assiduidade inesperada, deleitando-se com a beleza e a civilidade do local. Até que, em 1910, o movimento republicano democratizou o espaço e mudoulhe o nome para Jardim Público. O escol social citadino passou a desprezá- lo gradualmente e “o charme discreto da burguesia” deixou de se sentir por ali. Mas continuou a ser frequentado, especialmente aos domingos e dias de festas, agora por pessoal menos snobe e afectado. No dia 14 de Julho de 1919 recebeu uma Oliveira da Paz, comemorando o final da I Guerra Mundial.

A instalação, nas imediações, das estações rodoviárias, a partir dos anos 40, fez do Jardim Público um bom lugar de espera para os forasteiros que tinham de aguardar pelo transporte de regresso. Com a oposição da Igreja, acolheu em 1949 o busto de Florbela Espanca, que tanto o frequentou e por ali namorou e poetou. Entre os anos 50 e meados dos anos 60 foi literalmente invadido, três a quatro vezes por temporada, por milhares e milhares de adeptos de futebol, nos domingos em que milhares e milhares de adeptos de futebol se deslocavam a Évora para aplaudirem os clubes da sua predilecção, em compita com o Lusitano, nos tempos áureos da permanência deste na I Divisão Nacional.

Noutro âmbito, a presença dos pavões, aliada à dos cisnes nos lagos, ou a cantoria desenfreada de pássaros faziam dele o encanto da criançada que pais e avós ali levavam a passear. Depois, com a Revolução de Abril, muita coisa se alterou. Perante a passividade das autoridades, o Jardim passou a dar guarida a toda a casta de marginais, que conspurcavam o ambiente e cujo comportamento atemorizava os mais afoitos. A permissão da montagem de um quiosque, servido por uma esplanada, a maior utilização da Galeria das Damas como cenário de eventos culturais e a aquisição do antigo Regimento de Artilharia 3 pela Universidade de Évora, que ali instalou o seu Departamento de Ciências Exactas, acabaram por banir dali os indesejáveis. Hoje transita-se no Jardim como a mesma tranquilidade de outrora. Voltou a ser um excelente espaço para passear, correr, descansar, ler, estudar, reflectir ou apenas oxigenar os pulmões, ainda que necessite, como é óbvio, de passar por um urgente programa de recuperação e requalificação.

Textos: José Frota