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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Historial da Freguesia de Nossa Senhora da Tourega

Tourega. Orago: N.ª Sr.ª da Assunção. Dista 13 Km da sede do conc., e está situada na margem esquerda da ribeira de Valverde.
A arqueologia já antigamente conhecida (por exemplo, no séc. XVI) do território desta Freguesia Não permite dúvidas sobre a antiguidade do povoamento local que remonta aos tempos pré-históricos.
A mais notável arqueologia local é a da época romana. Esta dispôs aqui de um notável centro balnear, a julgar da referida arqueologia. O facto não surpreende devido à grande proximidade da romanizada Ebora pré-romana.
Mas a pré-romanidade está também muito documentada, através das construções dolménicas da Mitra e de Valverde. Aquelas são as notáveis antas do Barrocal.
O pároco desta freguesia, de 1758, na sua notável memória original, refere que não afastadas da igreja paroquial existiam então ainda as ruínas de edifícios conhecidas pela designação de «as Martas», as quais «mostram – que foram antigamente lagos ou tanques de banhos que usavam os romanos, porquanto a sua forma é de tanques grandes e pequenos».
Outros restos da romanização local eram, ainda, nesse tempo, colunas e inscrições.
O manuscrito de 1736, faz notáveis referências também às antiguidades encorporadas na igreja ou cerca dela: «Defronte da porta principal da igreja, debaixo do alpendre, está uma pedra que dizem se desenterrou neste mesmo sítio: é de mármore, em forma de sepultura, e bem moldada, com a inscrição em letras romanas ou latinas, e dela faz menção o padre Mestre Resende», sendo essa inscrição, - a mesma já referida -, a seguinte: DMS (Consagração aos Deuses Manes) ao alto, e , à esquerda: Q. IVL. MAXIMO. C.V / QVESTORI. PROV. SICI / LIAE. TRIB. PELB. LEG / PROV. NARBONENS / GALLIAE. PRAET. DES / ANN. XLVI / CALPVRINA. SABI / NA. MARITO. OPTIMO; e à direita, com o «tramus lauri» de permeio: Q. IVL. CLARO. C. I. IIII. VIRO / VIARVM. 
CVRAN DARVIM /ANN. XXI / Q. IVL. NEPOTIANO. C. I / IIII. VIRO. VIARVM. CVRAN /ADRVM. ANN. XX / CALP. SABINA, FILIIS. Significa a primeira: «Calpúrnia Sabina (dedicou este monumento) ao seu óptimo marido Quinto Júlio Máximo, varão muito ilustre, questor da província da Sicília, tributo da plebe, governador da província da Narbonense, pretor eleito da Gálea, (falecido) de 46 anos»; e a segunda: «Calpúrnia Sabina (dedicou este monumento) aos seus filhos Quinto Júlio Claro e Quinto Júlio Nepociano, jovens muito ilustres, quartuórvirus intendentes das estradas (falecidos, um) de 21 (e o outro) de 20 anos».
A Tourega romana abrigou, pois, nos seus muros gente de grande importância social, prova da sua própria notabilidade.

Ermida de Santa Comba e Inonimata
A cerca de 300 metros, no montículo que domina a testeira da mesma igreja paroquial, para o lado nascente, existem as ruínas da capela de Santa Comba e Inonimata, mártires do hagiólogo lusitano, que a tradição sacrificou nestes sítios no ano 305 da era cristã, durante o governo pretor Dacinao. 
O abandono ao culto da ermidinha é já antigo. 
O pequeno edifício, voltado ao Ocidente, apresenta afinidades barrocas e deve remontar aos fins do séc. XVI ou primórdios do imediato. É todo de alvenaria, com alpendre de três arcos de volta inteira e apresenta, no frontispício, embebida na parede uma cruz, a caveira e duas tíbias: sobrepujante, apenas, uma face do campanário, em silhueta de profundo simbolismo. 
A notícia manuscrita da Freguesia, de 1736, descreve assim o velho templete: É a ermida não mui grande, tem porta para o Poente, e seu alpendre com três arcos, e sobre o frontispício seu sino, duas janelas com grades de ferro nas ilhargas, ou lado da porta, donde se vê o altar e a imagem da gloriosa Santa Comba, que é de glória estofada de ouro, com seu diadema de prata, está em um nicho com uma fina vidraça; o retábulo é de talha dourada, aos lados da Santa fica de bem feita e fina pintura; à parte direita o Beato S. Jordão, bispo que foi de Évora, e à esquerda Santa Anonimata, felicíssimas irmão de Anta Comba, tem os lados do altar dois armários de madeira que lhe servem de credências, e neles estão os ornamentos do altar, e os paramentos necessários para se dizer missa, aos romeiros e devotos que correm: em todos os tempos do ano foi frequentada esta romagem, hoje porém se acha muito diminuída.

Fonte de Santa Comba


A 60 passos da ermida desta crismação, para a banda Norte e na vertente da encosta, existe, o antigo poço onde, segundo a crença popular tombaram as cabeças degoladas de Santa Comba e sua anónima irmã, brotando do local, milagrosamente, a Fonte Santa, e a sua água passou a ser considerada excelente para várias doenças, sobretudo as dos olhos. E assim se fixou, mas citações de André de Resende e Jorge Cardoso, a famigerada Cova dos Mártires. 
Sofreu diversas obras de preparação que muito a desfiguraram. No interior, onde há vestígios de uma barroca engrinaldada de filetes, trabalhada a estuque, viu ainda António Francisco Barata em 1880 esta inscrição: TEM ESTA AGVA TAL / VERTVDE / QVE MATANDO DA / SAVDE / 1780.


Ruínas Romanas

  
A duzentos passos da igreja paroquial, nas traseiras do Cemitério, em terrenos lavrados a que o povo chama as Martas, ficam os restos de três tanques de banhos, de planta rectangular, construídos por muros de argamassa e beton, tendo o mais largo 24,5 m de comprido sobre 4,6 m, e os dois mais estreitos 24,5 m de comprimento de 3,3 de largura cada. 
Nota histórica. Nos princípios do séc. XVI instituiu a Mitra de Évora nas tranquilas terras da ribeira de Valverde, uma Quinta e Paço para descanso e retiro espiritual da câmara episcopal. Ignoramos se a ideia partiu de D. Afonso de Portugal (1485-1522), filho do Marquês de Valença, se o último bispo, o ilustre infante-cardeal D. Afonso, irmão de D. João III, finado em Abril de 1540. É evidente que já em 1514 (?) o local era habitado, porque, com a mesma data existe na cerca da actual escola de Regentes Agrícolas, uma construção gótica, certamente coetânea, do maior interesse arquitectural.
Em 1538, o mestre de obras Álvaro Anes, executava no Paço certa empreitada, que lhe fora atribuída pelo mesmo prelado.
No ano de 1544 D. Henrique, cardeal-infante, primeiro arcebispo de Évora e irmão do antecessor, fundou nas terras da Quinta, com portas adentro o Convento da Ordem Capucha, a que deu o nome de BOM JESUS.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Historial da Freguesia da Sé e S.Pedro (Évora)

Resumo Histórico

A freguesia de Sé e S. Pedro está situada na zona urbana mais antiga de Évora, sendo seu orago Nossa Senhora do Carmo. Esta freguesia foi criada por Decreto-Lei de 12 de Julho de 1997 através da anexação das freguesias de Sé e de S. Pedro. Dadas as suas características urbanas, a história da freguesia de Sé e S. Pedro está intimamente relacionada com o desenvolvimento histórico da cidade de Évora, pelo que será necessário mencionar um pouco da história desta para se entender a evolução histórica da freguesia.

O território que corresponde à actual freguesia de Sé e S. Pedro foi habitado desde épocas bastante remotas, sendo vários os vestígios arqueológicos que comprovam a antiguidade do seu povoamento. A municipalização de Évora poderá ter-se verificado no último quartel do I século a.C., sendo que alguns investigadores defendem uma data anterior ao ano 27 a.C., durante a estadia de Augusto na Península Ibérica. Independentemente da data exacta, a construção de edifícios públicos foi a mais imediata forma de afirmação do poder político dos novos senhores e também o meio mais eficaz para aculturação dos indígenas. Na cidade de Évora, estas obras foram: um grande fórum com o seu templo, instalações termais, teatro (ainda por descobrir) e diversas obras na área da rede viária e do aprovisionamento de água. O templo romano é, sem dúvida, um dos mais importantes vestígios romanos da freguesia de Sé e S. Pedro. Trata-se de um exemplar de arquitectura romana religiosa que, durante muito tempo, se pensou ser dedicado à deusa da caça Diana. Sabe-se que terá sido construído na primeira metade do século I d.C. e que era dedicado ao culto do imperador. O seu bom estado de conservação deve-se à reutilização ao longo dos últimos dois milénios como torre militar e açougue municipal, entre outras funções. O seu aspecto actual data de há cerca de 130 anos, quando as autoridades locais, sob a direcção técnica do cenógrafo Cinatti, decidiram libertá-lo de todas as construções não romanas.

Em 1165, e após disputas sucessivas entre mouros e cristãos, Évora foi conquistada aos mouros pelo exército do rei D. Afonso Henriques, comandado por Giraldo Geraldes, o “Sem Pavor”. Segundo a tradição, Giraldo Geraldes, disfarçado de trovador, rondou a cidade e traçou a sua estratégia de ataque à torre principal do castelo que era vigiado por um velho mouro e pela sua filha. Durante a noite, subiu sozinho à torre e matou os dois mouros, apoderando-se das chaves da cidade que atacou e tomou com o seu exército. No dia seguinte, D. Afonso Henriques, feliz com a notícia da tomada da cidade, devolveu a Geraldo Geraldes as chaves da cidade, bem como a espada que ganhara, nomeando-o alcaide perpétuo de Évora. D. Afonso Henriques mandou instalar em Évora a sede da Ordem Militar de São Bento de Calatrava e outorgou-lhe foral. Os cavaleiros dessa ordem, que se chamaram depois de Avis, por ter ido de Évora para aquela vila, a pedido de Fernando Anes, tiveram como primeiro mestre Fernão Rodrigues Metela e alojaram-se nas casas a que hoje chamam do conde de Basto, e nas demais que haviam nas ruas que ainda hoje conservam o nome de freirias. Os ofícios divinos eram rezados pelos freires na igreja de S. Miguel, junto ao palácio dos Basto.

Ainda nos inícios da Idade Média foi construída a catedral de Santa Maria, cuja fundação é atribuída ao Bispo D. Paio, em 1186, e a sua primeira consagração a D. Soeiro, em 1204. Dessa fase inicial chegaram até aos nossos dias poucos vestígios, devido à construção da actual Sé, que se deve ao bispo D. Durando Paes, conselheiro de D. Afonso III.

A 1 de Novembro de 1559 foi solenemente inaugurada pelo cardeal Infante D. Henrique a Universidade do Espírito Santo, situada nesta freguesia, sendo de grande importância no contexto histórico, sociocultural e artístico da região. Nesta Universidade existiam três cadeiras de Teologia e uma de Escrituras, além de Moral, Casuística e Línguas Orientais e Hebraica. Em 1579, aquando da expulsão dos jesuítas, as portas da Universidade foram fechadas. A partir de 1973, a Universidade voltou a funcionar, tornando-se um centro intelectual, artístico e cultural com bastante importância.

Esta freguesia é dotada de um património cultural e edificado vastíssimo, sendo de destacar, para além dos já mencionados monumentos: o arco romano de D. Isabel, a Casa de Garcia de Resende, o Chafariz da Porta de Moura, a Igreja da Misericórdia de Évora e a Torre de S. Manços, entre muitos outros.

Esta é uma freguesia urbana, estando a sua economia centrada sobretudo no comércio, indústria e serviços.

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Dados técnicos da freguesia

Orago: N. Srª do Carmo

População: 4 250 habitantes

Eleitores: 2 275 eleitores

Actividades Económicas: Comércio e indústria

Festas e Romarias: Festas da Cidade (29 de Junho)

Monumentos existentes na freguesia: Catedral, Templo Diana, Palácio Cadaval, Igreja de S. João Evangelista, Universidade, Sala dos Actos, Fonte Portas de Moura, Casa Cordovil, Igreja da Misericórdia, Torre de S. Manços, Capela dos Ossos, Igreja de S. Francisco

Artesanato: Miniaturas em cortiça e madeira e pintura de azulejos

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Heráldica da Freguesia de Sé e S.Pedro




ESCUDO
Campo de Vermelho

COROA MURAL
De prata de três torres

LISTEL
Branco, com a legenda a negro: “SÉ E S. PEDRO”

BANDEIRA
Amarela, cordão e borlas de ouro e vermelho. Haste e lança de ouro

MOTIVOS
Chaves e Rosa Heráldica; Templo; Livro



DESCRIÇÃO DOS MOTIVOS



Chaves e Rosa Heráldica

Representam respectivamente o segundo elemento topónimo S. Pedro bem como o Orago desta Freguesia, Nossa Senhora do Carmo.





Templo

Representa o Templo de Diana, um dos monumentos mais importantes e melhor conservados do domínio romano, dedicado possivelmente ao culto imperial. Foi considerado monumento nacional por Decreto de Lei de 10 de Janeiro de 2007.



Livro

Representa a Universidade do Espírito Santo, situada nesta Freguesia.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Caracterização da freguesia de S.Manços

Orago: S. Manços
População: -/+ 1 300 habitantes

Actividades económicas: 
Agricultura, pecuária, cooperativas de produção agrícola, de consumo e serviços, indústria de carnes e enchidos, panificação, construção civil, serralharia civil, carpintaria e comércio.

Feiras: anual - franca (4.º domingo de Agosto)
Festas e romarias: S. Manços e N.º Sr.ª  da Ajuda (2.º fim-de-semana de setembro)
Património Cultural e edificado: Igreja matriz, cruzeiro, anta e estatueta em bronze com cerca de 2 mil anos.
Outros locais de interesse turístico: praça de touros e jardim.
Gastronomia: Sopa de tomate, gaspacho, açorda alentejana, migas gatas, pé de porco de coentrada e ensopado de borrego.
Colectividades: Associação Os amigos de S. Manços, casa do Povo, grupo Desportivo de S. Manços, Grupo Musical Alta Voltagem e grupo de Forcados Amadores de S. Manços.


Edifício da Sede da junta de Freguesia

Freguesia situada junto da margem direita da ribeira de Azambuja, afluente do rio Degebe, S. Manços dista cerca de 20 quilómetros da sede do conselho. S. Manços foi elevada à categoria de vila em 29 de Dezembro de 1923.
Está esta freguesia ligada à tradição de S. Manços, considerado o primeiro bispo de Évora. Este terá estado sepultado na sua igreja paroquial, de onde os cristãos o levaram em 714, durante a invasão árabe, para Vila Nueva de S. Mâncio, na diocese de Palência, onde existiam, já no fim do século VII, duas igrejas a ele dedicadas. Por doação de D. Telo Peres em 9 de Julho de 1195 se fundo o mosteiro beneditino naquela terra espanhola.
Conforme a "História das Antiguidades de Évora", de André de Resende, um Homem nobre deu sepultura ao nosso santo na herdade de S. Manços, e crescendo a fama e os milagres, o conde D. Julião e D. Júlia, matrona religiosa, a cujo domínio aquela herdade veio, lhe construíram uma famosa basília "que agora é destruída e edificaram aquela torre que ainda dura meio destruída já".
A referência mais antiga que se conhece da "entrega da herdade de Somanços ao Cabido", é de 26 de Abril de 1278, documento que faz parte do arquivo capitular. No códice 3 - II - fls. 3 do mesmo, feito em 1321, se diz que "há o Cabiso hum herdamento em Somanços que ouve de presoria".
A folhas 16,v, se encontra o testamento de Mem Soares cavaleiro e sua mulher Sancha Gonçalves, ambos sepultados na Sé, junto da porta Gótica do claustro, que no ano 1301 fizeram doação de herdamento que possuíam em S. Manços, ao Cabido, devendo este manter duas capelas de missas por suas almas. No "livro das Demarcações Antigas", feiro em 1424, ao descrever os limites do dito herdamento já se refere a igreja: "... seguinte per elle ao dito caminho que vai para a cidade voltando por elle ata ribeira sobredita de san mãços ante a porta principal da egreja". Igual referência de encontra noutro códice escrito em 26 de Maio de 1460: "as quais folhas jazem em par com herdade do cabido de Sam manços contra vandaval e chegam a ribeira que vai para a dita ermida de sam manços".
A actual igreja matriz, dos finais do século XVI, inícios do séc. XVII, foi construída pelo mestre de pedraria eborense, Diogo Martins, no local de outro mas antigo que a Sé fundara, no séc. XV. Em 1962 sofreu obras de beneficiação interior que a alteraram, sobretudo na nave, perdendo alguns elementos ornamentais sacros, tais como talha, azulejaria e escultura dos séculos XVII e XVIII. As obras foram da iniciativa do pároco de então, o Reverendo Henrique José Marques. Recentes escavações e o restauro da abside puseram a descoberto elementos arquitectónicos romanos.
A observação atenta da capela-mor leva a considerá-la da época visigótica. Vicente Lamperes inculca o plano da mesma tradição siríaca ou bizantina. A igreja tem uma fachada de duas torres com alpendre de três arcos de volta abatida. Os livros paroquiais mais antigos que existem datam do ano de 1591. Esta freguesia tinha, em 1758, 170 fogos e já vem referida no pergaminho 68 da Colegiada de S. Pedro.


Germinação entre S. Manços e a Villa Nueva de
San Macios na província de Lion, Norte de Espanha


Momento de celebração da geminação entre S. Manços
e Villa Nueva de san Mancios. Celebrada pelo Presidente
da J.F. de S. Manços e o Alcaide de Villa Nueva de San Mancios


Vista parcial da Vila de S. Manços
Espaços verdes, zona de lazer. Jardim Público de S. Manços
 
Igreja matriz erguinda sobre o templo visigótico e cruzeiro Medieval mandado erguer pelo Mestre D'Aviz (recentemente recuperado pela J.F. S. manços
Urna em prata contendo os restos mortais do santo Martir de S. Manços. Encontram-se guardadas estas reliquias na igreja de Villa Nueva de San Mancios, estando uma parte na Sé de Évora doada por Filipe I de Espanha II de Portugal.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Caracterização e Património da Freguesia de S.Mamede

Área da Freguesia
km2
0,2

Rede de Transportes
A freguesia de S. Mamede é servida pelo SITEE - Sistemas Integrado de Transportes e Estacionamento de Évora, e tem uma frequência regular para as restantes freguesias urbanas do concelho.

População
População Residente

1991
2001
Variação %
H
1217
915
-24,8%
M
1703
1255
-26,3%
Total
2920
2170
-25,7%

Densidade Populacional
2001
hab/km2
9434,8

População Activa Total
Valores absolutos

2001
H
539
M
692
Total
1231

População Activa segundo grau de instrução
valor absoluto
2001
H
M
Sem nível de ensino
13
21
Ensino Básico - 1º Ciclo
111
178
Ensino Básico - 2º Ciclo
52
57
Ensino Básico - 3º Ciclo
61
80
Ensino Secundário
181
172
Ensino Médio
10
9
Ensino Superior
111
175
Total
539
692

População Empregada Por Ramos de Actividade
Valor absoluto
2001
H
M
Agricultura/Pecuária
13
8
Industria
60
37
Construção
41
6
Comércio
109
99
Serviços
157
297
Total
380
447

População Desempregada
Valor absoluto
2001
H
M
<25 anos
3
8
25-44 anos
23
19
45-54 anos
3
1
≥ 55 anos
4
5
Total
33
33

Taxa de Desemprego
2001

Homens
Mulheres
Total
%
7,8
5,7
6,7

Economia e Cultura
Actividades Económicas de Relevo
Comércio
Restauração
Serviços
Indústria de Madeiras

Serviços de Proximidade Existentes
Serviço de Apoio Domiciliário
Serviço de Apoio a Idosos
Serviço de Lavandaria
Serviço de Engomadoria
Electricistas
Pedreiros
Canalizadores
Creche
Lar de Idosos
Centro de Convívio

Actividades Tradicionais
Trabalhos em Cortiça e Madeira

Actividades Culturais
Festa de Stº António
Festa de S. Mamede
Feira de Velharias (mensal)

Associações e Colectividades
Paróquia de S. Mamede
Grupo Desportivo de S. Mamede
Centro de Convívio para Idosos e Reformados
Centro de Apoio Social de Évora
Obra de S. José Operário
Associação de Dadores Benévolos de Sangue do Distrito de Évora
Casa Pia - Secção Feminina
Associação TRILHO
Associação de Freguesias do Concelho de Évora

Necessidades Sentidas
A população da Freguesia de São Mamede recorre a outras freguesias para usufruir de serviços vários. Destacam-se não só os serviços da área de saúde e serviços bancários como actividades culturais e infra-estruturas desportivas.
Ao nível dos serviços de proximidade, esta freguesia detém um leque de serviços bastante diversificado para dar resposta às necessidades da população. Apenas necessita de reforço dos serviços prestados ao nível da lavandaria e de lar de idosos e implementação de um centro ATL para a sua população juvenil.

Serviços que recorrem a outras Freguesias
Freguesias onde recorrem
Serviços de Saúde
Freguesias de Santo Antão, Sé e S. Pedro, Horta das Figueiras,Malagueira e Senhora da Saúde
Serviços Bancários
Desporto (não há infraestruturas desportivas)
Serviços Culturais (cinema, biblioteca)

Serviços de Proximidade Necessários
Serviço de Lavandaria
Lar de Idosos
Centro de ATL
 
Património

Igreja de S. Mamede

A igreja de S. Mamede é uma das igrejas paroquiais mais antigas de Évora, com existência comprovada documentalmente desde o início do século XIV.
Porém, no século XIII, há já referências documentais ao arrabalde de S. Mamede, sendo que esta foi a primeira paróquia fora dos antigos muros da cidade, apesar de muito próximo destes; situada a norte, numa zona simultaneamente cristã e muçulmana, já que era a zona da mouraria, demonstra o crescimento eborense ao longo da época medieval.

O primitivo templo medieval sofreu completa remodelação no reinado de D. João III, em meados do século XVI, perdendo a sua feição gótica. Esta igreja apresenta uma tipologia arquitectónica que alia elementos da arquitectura maneirista e da arquitectura chã, como aliás ocorre frequentemente na arquitectura portuguesa deste período.
Desconhecemos o autor do risco; porém pela erudição de alguns elementos e desde logo pela galilé que a antecede, de clara influência serliana, poderemos levantar a hipótese de Diogo de Torralva, o melhor leitor de Serlio, mestre das obras da comarca do Alentejo e paços de Évora, ter sido o autor do risco.
A igreja apresenta uma planta rectangular, de uma só nave e capela-mor; de ambos os lados da capela-mor, rasgam-se capelas, de feição quadrada, cobertas por cúpulas. A nave é coberta por abóbada polinervurada, característica do tardo-gótico e muito presente ainda ao longo do século XVI, na arquitectura alentejana.
Exteriormente, apresenta, como já referido, um nartex, de mármores coloridos, maneirista; a fachada é rematada, superiormente, por frontão triangular. Lateralmente, a nave é amparada por contrafortes rectangulares, apresentando da banda ocidental torre campanário modernizada.
Interiormente alberga um notável conjunto de azulejaria seiscentista, bem como intensa pintura mural barroca, a decorar a abóbada. O coro era também coberto por pintura mural, que lamentavelmente se perdeu.
Tapetes azulejares, de grande intensidade cromática e decorativa cobrem praticamente o interior do templo, do rodapé até à cimalha; são utilizadas composições de brutescos e de padrão, onde se destacam os de maçaroca, de grande originalidade e raridade, pois ao invés do que acontece frequentemente, utilizam o esmalte verde, bastante mais raro na azulejaria portuguesa do século XVII.
A decoração do templo completa-se com a pintura mural, decorativa de brutesco que reveste a abóbada, datada de 1691, provavelmente ligada à oficina do pintor eborense Lourenço Nunes Varela; muito ao gosto da época dominam laçarias, arabescos, serafins, aves, flores, frutos, máscaras que envolvem medalhões centrais ornamentados com o Cálice, a Hóstia Sagrada, emblemas alusivos a S. Mamede, de grande cenografia e cromatismo intenso.
O retábulo do altar-mor de mármores de vários tons é obra tardia, já do período neoclássico.
Nos anexos deste templo, a Sala da Confraria do Santíssimo Sacramento apresenta o conjunto talvez mais interessante da azulejaria do templo, da autoria de Gabriel del Barco, conforme confirmação de Paulo Valente. Revestindo totalmente as paredes da sala, vários painéis figurativos azuis e branco narram cenas bíblicas, destacando-se Moisés fazendo brotar a água da rocha, ou o Filho Pródigo e o Regresso do Filho Pródigo, de grande expressividade, rigor de desenho e variedade de tons de cobalto, resultando num conjunto de grande monumentalidade barroca.
Ana Maria Borges, 9/9/2008
 
 
Inaugurado a 28 de Março de 1537, o Aqueduto da Prata de Évora é uma das mais marcantes obras efectuadas na cidade na primeira metade do século XVI. Foi construído em escassos seis anos, sob direcção do arquitecto régio Francisco de Arruda, e prolonga-se por cerca de 18Km, até à Herdade do Divor, onde vai abastecer.
Muito provavelmente sobreposto ao antigo aqueduto romano, o carácter civil da construção foi enobrecido por alguns troços de inegável impacto artístico e urbanístico. Por exemplo, junto à igreja de São Francisco, existiu até 1873 o Fecho Real do Aqueduto, um pórtico renascentista composto por "um torreão de planta octogonal decorado por meias colunas toscanas e nichos emoldurados, de vieiras nos arcos de meio ponto, tendo um corpo superior com lanternim de aberturas do mesmo estilo, envolvido, na base, por umas piriformes" (ESPANCA, 1966). Também na Praça do Geraldo, onde o aqueduto terminava, existiu uma fonte "adornada por leões de mármore" e associada a um arco de triunfo romano, ambos posteriormente sacrificados aquando da remodelação henriquina da principal praça da cidade e a fonte substituída pela actual fonte da Praça do Geraldo (ESPANCA, 1993, p.66).
Na Rua Nova de Santiago, precisamente no local onde a cerca velha foi cortada, Francisco de Arruda construíu uma Caixa de Água renascentista, de planta quadrangular e actualmente com dois lados visíveis, com doze colunas toscanas e amplo entablamento, obra que caracteriza o maior empenhamento artístico em algumas zonas do aqueduto e que contrasta drasticamente com outras partes do traçado em que o utilitarismo da construção sobrepôs-se a eventuais intenções mais eruditas.
Ao longo dos séculos o aqueduto da Prata sofreu algumas alterações entre acrescentos e demolições. De maior visibilidade foram os vários chafarizes e fontes que se implantaram ao longo do percurso citadino. Para além da terminação emblemática na Praça do Geraldo junto ao antigo arco romano, é de realçar a Fonte do Chão das Covas, obra datada de 1701. Do período de renovação urbanística patrocinada pelo cardeal D. Henrique, subsiste também o Chafariz das Portas de Moura. Ainda do século XVI, outros dois chafarizes foram construídos, respectivamente no Largo da Porta Nova, uma obra que apresenta nítidas semelhanças para com os desenhos de Afonso Álvares (arquitecto que construíu as fontes da Praça do Geraldo e das Portas de Moura), e no antigo Rossio de São Brás, uma campanha que data já de época filipina e que abrangeu ainda a edificação de uma ampla alameda.
Parcialmente restaurado no século XVII, em consequência das guerras da Restauração, o aqueduto foi objecto de sucessivas beneficiações durante os séculos XIX e XX, não se alterando, contudo, a fisionomia geral inicial.
PAF
 
Fonte do Largo de Avis ou Fonte da Porta de Avis
 
A Fonte da Porta de Avis originalmente situada no Largo da Porta Nova, terá sido construída pela vontade do cardeal-infante D. Henrique, em data posterior a 1573, durante o reinado de D. Sebastião. Esta fonte é tradicionalmente atribuída ao arquitecto Afonso Álvares, então conservador do cano da Água da Prata e autor do Chafariz da Praça do Giraldo. No entanto, não será de afastar a possibilidade de intervenção, ou mesmo de desenho, do seu assistente e mestre de pedraria, Mateus Neto.
A construção desta fonte insere-se na rede distribuidora do Aqueduto da Prata, tendo sido edificada no âmbito no plano de D. Henrique, que visava modernizar as estruturas de bastecimento de água à cidade, construídas no reinado de D. João III.
Em 1886 o Município alterou a sua localização original, o que voltou a acontecer em 1920, época em que foi transferida para o Terreiro da Porta de Avis, onde actualmente se encontra. No entanto, estas sucessivas deslocações provocaram alguns estragos, principalmente ao nível das proporções, agora mais diminuídas (ESPANCA, Túlio, 1966). Assim, a taça apoia-se numa base quadrangular de três degraus, a partir da qual se desenvolve a fonte em forma de pirâmide, com remate ovalóide. Em 1965 a Câmara beneficiou a fonte, pelo que esta recuperou então a distribuição da água através das gárgulas antropomórficas originais, em bronze.
(Rosário Carvalho)
 
Palácio dos Sepúlvedas
 
No início do século XVI, o fidalgo castelhano Diogo de Sepúlveda mandou erguer numa das artérias principais de Évora, constituindo um acesso privilegiado à vila, um palácio para residência da sua família, cujos descendentes habitaram até finais do século. A estadia desta família em Évora, bem como o tipo de construção, nobre e de grandes dimensões, do imóvel, são testemunho de um período marcado por grande desenvolvimento económico e cultural da zona, quando naturalmente se registou um surto construtivo marcante - acompanhando, por exemplo, as estadias do rei D. Manuel na cidade. Da construção original restam as janelas manuelinas da frontaria, voltada para a antiga Rua da Lagoa e para o fronteiro Convento do Monte Calvário, bem como as salas abobadadas do piso térreo e da sacristia da igreja, provavelmente antigas adegas ou cocheiras.
Das três janelas, hoje entaipadas, apenas uma conserva a molduração intacta, em arco trilobado no intradorso e contracurvado no extradorso, decorado com imaginária vegetalista, mas sem peitoril. A segunda janela conserva a verga, formada por dois arcos ultrapassados ou em ferradura, geminados, certamente assentes sobre mainel, do qual não restam vestígios; ficaram no entanto os elegantes capiteis, os remates e parte das ombreiras, e a terminação do extradorso, em arco contracurvado terminando num cogulho. A terceira exibe apenas uma ombreira e cerca de metade da verga, sugerindo troncos podados entrelaçados.
O conjunto sofreu sucessivas alterações ao longo do tempo, principalmente maneiristas e barrocas, uma vez que o edifício foi adaptado a colégio a partir de 1625, quando o arcebispo D. José de Melo aí instala o Colégio de São Manços, instituído em 1592 e destinado a albergar donzelas desamparadas oriundas de famílias nobres - motivo pelo qual o palácio foi também conhecido por Colégio das Donzelas. Deste período subsiste a estrutura da igreja então erguida, templo de nave única, de linhas muito sóbrias. Foram então adaptadas muitas salas, sendo as do piso térreo transformadas em dormitórios.
O imóvel foi vendido a um particular no século XIX, passando para a posse da família Braancamp Reynolds; seguiu-se a sua ruína parcial, embora tenha logo em meados do século começado a funcionar como fábrica, albergando uma máquina a vapor que produziria sabão e aguardente, para além de funcionar como moagem de cereais e azeitona. A esta primeira utilização industrial seguiram-se outras, como o fabrico de pranchas e rolhas de cortiça, e - já nos anos 50 do século XX - a actividade têxtil, ficando o edifício conhecido principalmente como "Fábrica da Melka". Estas ocupações sucessivas desvirtuaram evidentemente as características da maior parte do palácio, causando a destruição de valiosos elementos estruturais e decorativos. Presentemente, o edifício encontra-se devoluto, embora se considere a sua adaptação a unidade hoteleira.
SML
 
Porta de Aviz
 
As primeiras referências à Porta de Avis, rasgada num pano das muralhas de Évora, remontam a 1381, data da fundação da Ermida de Nossa Senhora do Ó, conforme referido por Túlio Espanca em 1966. Aquando da entrada triunfal de D. Catarina da Aústria na cidade, em 1525, a porta foi parcialmente reconstruída e remodelada. Trata-se de um elemento arquitectónico maneirista, de tipologia militar, que se estrutura numa dupla arcaria de volta perfeita, sem apontamentos decorativos, ladeada por duas pilastras de sustentação da arquitrave, e rematada por frontão em gablete ornado de florões. O monumento é ladeado por um torreão de planta rectangular, e pela já citada Ermida de Nossa Senhora do Ó, inscrita na estrutura amuralhada.
Em 1804, a Porta de Avis sofreu uma intervenção de restauro e consolidação, registada em lápide comemorativa no friso:
NOVA PORTA DE AVIZ/ ABERTA NO ANNO DA ESTERILIDADE DE 1804/ SENDO REGENTE DO REINO O PRÍNCIPE D. JOÃO / PAI DESTES SEVS VASSALLOS PIEDOSO FILHO DE D. MARIA I / OS CIDADAOS PVZERAO AQVI/ AOS VINDOVROS ESTA MEMORIA.
SML
 
Convento de São José
Convento de São José da Esperança, popularmente chamado Convento Novo (por ter sido a última casa religiosa da cidade), situa-se no Largo de Avis, freguesia de São Mamede, em Évora.
O Mosteiro, de freiras da Ordem das Carmelitas Descalças, foi fundado em 13 de Março de 1681 por duas senhoras eborenses: Feliciana e Eugénia da Silva, tendo depois o patrocínio do Arcebispo de Évora D.Frei Luís da Silva Teles.
O edifício, ao mesmo tempo severo e simples, é tipicamente barroco, sendo a igreja um belíssimo exemplar da arte da talha dourada eborense.
O convento encerrou as portas em 19 de Outubro de 1886, por morte da última professa (a Prioresa Maria Teresa de São José), uma vez que a Lei da Extinção das Ordens Religiosas proibia a admissão de noviças desde 1834).
O edifício (que conserva praticamente intacta e bem conservada a sua arquitectura conventual), teve várias utilizações, sendo hoje a Secção Feminina da Casa Pia de Évora.