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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Convento de São Bento de Cástris


O Convento de São Bento de Cástris é um monumento nacional situado na freguesia da Malagueira, no concelho de Évora, a cerca de 2 km das Portas da Lagoa, na direcção de Arraiolos.

O Mosteiro de São Bento de Cástris, da Ordem de Cister, é o mais antigo mosteiro feminino a sul do Tejo, tendo sido fundado em 1274, por D.Urraca Ximenes. Esta vasta casa religiosa, erguida no sopé do Alto de São Bento (miradouro da cidade de Évora), ficou na história da crise dinástica de 1383-1385. À época era abadessa do Mosteiro D.Joana Peres Ferreirim, dama da família da Rainha Leonor Teles, a quem o povo chamava a Aleivosa. Segundo a crónica de Fernão Lopes, a pobre abadessa, que se escondera na Catedral, durante os tumultos da revolução do Mestre de Avis, foi depois arrastada pela multidão, sendo tristemente morta na Praça do Giraldo.

Do ponto de vista arquitectónico o convento é muito valioso, maracado pelo manuelino, especialmente nas abóbadas manuelinas da igreja, no vasto claustro, sala do capítulo e refeitório. No exterior, a sobreposição dos vários telhados, pavilhões e campanários dão ao conjunto um aspecto muito pitoresco.
Após seis séculos de existência, a vida monástica no convento terminou em 18 de Abril de 1890, com a morte da última freira, Soror Maria Joana Isabel Baptista. Entrando na posse do estado serviu de Escola Agrícola durante alguns anos. 

Entre a década de 1960 e 2005 albergou a secção masculina da Casa Pia de Évora. Presentemente encontra-se desocupado e devoluto, encontrando-se a sua integridade arquitectónica em perigo. Um dos sinos do Mosteiro foi roubado na madrugada de 6 de Março de 2011, tendo o imóvel, classificado Monumento Nacional, sido vandalizado.

O secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, anunciou em Beja, em maio de 2010, que o Museu Nacional da Música, a funcionar na estação do Alto dos Cucos do Metro de Lisboa, será transferido para o Mosteiro de São Bento de Cástris.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Convento de Santo António da Piedade

O Convento de Santo António da Piedade, erguido no Forte de Santo António, é um monumento da cidade de Évora, ficando situado na freguesia do Bacelo, estando classificado como Imóvel de Interesse Público.

A casa religiosa, da Ordem dos Capuchos, foi fundada no ano de 1576 pelo Cardeal Infante D.Henrique, mas apenas terminada já na época do seu sucessor na arquidiocese eborense, D.Teotónio de Bragança.

Durante a Guerra da Restauração, na década de 1650, decidiu D.João IV erguer na cerca deste convento um forte defensivo da Praça de Évora. O forte, do tipo Vauban, é composto por quatro baluartes, mantendo ainda várias guaritas e fossos.

Após a extinção de 1834, o convento capucho, cerca e forte serviram durante breves anos de cemitério público, até serem vendidos pelo estado a particulares que adulteraram bastante o convento, adaptando-o a residência.
Já no século XX, o convento foi adquirido pelo Seminário Maior de Évora. Nele funcionou durante largas décadas o Externato de Santo António.

Presentemente serve de Casa Sacerdotal da Arquidiocese de Évora.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Convento dos Lóios


O Convento dos Lóios, também conhecido como Convento de São João Evangelista, foi construído no século XV sobre o que restava de um castelo medieval, tendo ficado bastante danificado aquando do terramoto de 1755.

É um conjunto de planta rectangular que se desenvolve em torno de um claustro de dois pisos, sendo o piso inferior de estilo gótico-manuelino e o superior já com características renascença.
A igreja, de estilo manuelino, tem uma nave de cinco tramos rectangulares e é coberta por uma abóbada nervurada. As paredes estão revestidas com painéis azulejares do século XVIII.

A capela-mor, de planta poligonal, é coberta por uma abóbada de complicado desenho, com ogivas entrecruzadas, e as suas paredes estão revestidas de azulejos dos séculos XVII e XVIII.

A Casa do Capítulo, atribuída a Diogo de Arruda, é precedida por um portal mourisco do início do século XVI.

Após obras de restauro e recuperação que demoraram alguns anos foi inaugurada nas suas instalações a Pousada dos Lóios integrada nas Pousadas de Portugal.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Igreja da Graça


A Igreja da Graça ou Convento de Nossa Senhora da Graça (popularmente chamado Convento da Graça ou Meninos da Graça), é um importante monumento religiosa renascentista da cidade de Évora, situando-se no Largo da Graça, na freguesia da Sé e São Pedro. Este mosteiro, dos frades eremitas calçados de Santo Agostinho, foi fundado em 1511, tendo sido projectado pelo arquitecto da Casa Real Miguel de Arruda.

O edifício é um belo exemplar do mais puro estilo renascentista, tendo nos acrotérios da fachada as famosas figuras atlantes a quem o povo de Évora chama desde há séculos, os "Meninos da Graça". Sofrendo o golpe da extinção das ordens religiosas, no ano de 1834, o Convento da Graça foi nacionalizado e transformado em Quartel. Entrou então em grande ruína, perdendo-se grande parte dos seus valores sumptuários, o que constituiu uma enorme perda para o acervo artístico de Évora. Muitos dos altares, imagens e sinos da igreja foram transferidos para a Igreja do Convento de São Francisco, então já paroquial de São Pedro (em cuja freguesia se situava o arruinado Convento da Graça).

Está classificado pelo IGESPAR como Monumento Nacional desde 1910 e Património Mundial da UNESCO desde 2001.

A bela capela da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos da cidade de Évora, em mármores coloridos e embutidos, que situava no claustro, foi, em boa hora, transferida para a Igreja do Espírito Santo. O estado calamitoso de ruina atingiu o ponto máximo em 1884, com o desabamento da abóbada da igreja, perdendo-se os seus magníficos painés de azulejo (que representavam cenas da vida de Santo Agostinho). O edifício veio a ser restaurado só na segunda metade do século XX, conservando (o exterior e algumas dependências conventuais, como o claustro e o refeitório) as linhas da arte renascentista que o tornam num dos mais belos monumentos eborenses.

Presentemente serve de Messe de Oficiais da guarnição de Évora, sendo a Igreja a Capelania da Região Militar Sul.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Convento do Carmo (Évora)


O Convento de Nossa Senhora do Carmo é um vasto monumento religioso da cidade de Évora, ficando situado no Largo das Portas de Moura e Rua D. Augusto Eduardo Nunes (antiga Rua da Mesquita), na freguesia da Sé e São Pedro.
Os frades carmelitas estabeleceram-se em Évora em 1531, no tempo do Bispo Cardeal D.Afonso, tendo o primitivo Mosteiro sido edificado extra-muros, na zona das Portas de Avis e Lagoa, junto à antiquíssima Capela de São Tomé. O edifício ficou praticamente destruído com o cerco de Évora durante a Guerra da Restauração (século XVII). Os frades carmelitas, delajodas, pediram ao Rei D. Afonso VI que os deixassem habitar o antigo Paço dos Duques de Bragança em Évora, situado junto às Portas de Moura. O monarca acedeu ao pedido, doando a antiga moradia dos Bragança aos Carmelitas, com a condição de manterem a célebre porta dos nós, símbolo da Sereníssima Casa de Bragança, o que os frades respeitaram. A igreja foi sagrada solenemente no ano de 1691.
O edifício conventual ergue-se ao longo da Rua da Mesquita, em linhas severas do barroco seiscentista, sendo a portaria aberta por alpendre de pedra de cúpula piramidal. A entrada para o adro da igreja faz-se por longa escadaria de granito, para onde se abre a monumental porta dos nós, que os frades aproveitaram para porta da igreja. O interior, de proporções monumentais, compreende uma só nave, de abóbada de berço, com seis capelas laterais, coro-alto e galerias altas, pelas quais se ilumina a nave. Sob o cruzeiro ergue-se a maior cúpula da cidade de Évora. Os três altares do cruzeiro são particularmente monumentais, devido às suas invulgares dimensões, sendo exemplares de épocas diferentes da arte da talha dourada portuguesa. O do lado esquerdo, chamado de Nossa Senhora da Piedade, é o mais antigo do templo, sendo ainda do reinado de D. Pedro II. O do lado direito, chamado do Santíssimo Sacramento (antigo altar privativo da Ordem Terceira do Carmo), é particularmente majestoso, já da época do barroco-rococó. Finalmente o Altar-Mor, de enormes dimensões, de talha dourada e marmoreada, marcado essencialmente pelo período joanino, destacando-se as ornamentações do trono da exposição solene do Santíssimo Sacramento e da imagem de Nossa Senhora do Carmo.
O mosteiro foi extinto em 1834, juntamente com todas as Ordens Religiosas em Portugal, voltando então à posse da Casa de Bragança. O convento ficara no entanto inacabado, faltaram construir dois lanços do grande claustro e as torres sineiras da igreja. A Rainha D. Maria II, a pedido do Arcebispo de Évora, D. Francisco da Mãe dos Homens Anes de Carvalho, cedeu-o para Seminário Maior da Arquidiocese, que poucos anos depois se mudou para o antigo Colégio da Purificação. Foi então vendido à família Margiochi, que o cedeu para Colégio das Irmãs Doroteias, que viriam a ser expulsas pela implantação da república. Em 1914, foi novamente cedido à Arquidiocese, para Paço Arquiepiscopal, uma vez que a República havia expropriado o Paço junto à Sé. Na década de 1990 o Arcebispo de Évora, mudou-se para um novo Paço Arquiepiscopal, devolvendo o edifício à família proprietária, que o arrendou à Universidade de Évora, que nele instalou o Departamento de Música e Teatro.
A igreja do Carmo (que permaneceu sempre em posse da Arquidiocese) é, desde 1934, por decisão do Arcebispo D. Manuel da Conceição Santos, a igreja paroquial da freguesia da Sé.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O Convento de Santa Helena do Monte Calvário


O Convento de Santa Helena do Monte Calvário, conhecido popularmente por Convento do Calvário, fica situado na Rua Cândido dos Reis (antiga Rua da Lagoa), junto à muralha da cerca nova, na freguesia de Santo Antão, na cidade de Évora.
Antiga casa religiosa da Ordem de Santa Clara, fundada em 29 de Maio de 1565, pela Infanta D.Maria, filha mais nova do Rei D.Manuel I.
Este convento caracteriza-se pelo seu aspecto pesado e severo, patente na longa fachada contrafortada, influenciado pelas directrizes emandas do Concílio de Trento. As freiras deste mosteiro viveram sempre em grande pobreza, nele se conservando ainda o célebre Sino da Fome, que as pobres freiras tocavam quando em momentos de grande penúria apelavam à caridade do povo eborense. Aqui vivieu enclausurada durante alguns anos, por ordem do Marquês de Pombal, D.Isabel Juliana de Sousa Coutinho (chamada de Bichinho de Conta), porque se recusara a casar com o filho do Marquês.
O convento encerrou, devido ao Decreto da Extinção lenta das Ordens Monásticas, em 7 de Setembro de 1889, devido à morte da última freira, a abadessa Maria José. Entrou na posse do Estado, que até 1910, que permitiu que nele se recolhessem mulheres, sem votos, para aprenderem a ler e diversos trabalhos domésticos. Foi depois um Lar de jovens em situação de risco dirigido por Religiosas da Congregação das Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade, que encerrou em 2007. Presentemente alberga serviços arquidiocesanos ligados ao Movimento dos Cursos de Cristandade e ao Corpo Nacional de Escutas.
Conserva praticamente intacta a sua arquitectura original, não tendo sofrido grandes alterações.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Convento de Santa Clara de Évora

O Convento de Santa Clara fica situado entre as Ruas de Serpa Pinto e de Santa Clara, na freguesia de Santo Antão, em Évora.
Esta antiga casa religiosa de freiras Clarissas foi fundada no século XVI, pelo então Bispo de Évora, D.Vasco Perdigão, apresentando algumas características que individualizaram, na época, as diversas casas religiosas alentejanas, como é o caso das pitorescas janelas rendilhadas das torres/mirantes. A igreja apresenta hoje um aspecto barroco (talha dourada e azulejaria do século XVIII), bem como belas pinturas murais, no alto da nave e nos dois coros. O claustro e outras dependências conventuais, como o refeitório e a Sala do Capítulo, mantêm-se mais ou menos intactos.
Devido à extinção das Ordens Religiosas, o convento encerrou em 9 de Maio de 1903, com a morte da última freira, Maria Ludovina do Carmo. Entrou então na posse do Estado, que nele instalou um Quartel de Infantaria (entre 1911 e 1936. A partir desta última data, passou a servir de Escola Industrial e depois Preparatória, tendo então sida alvo de várias campanhas de restauro, que têm mantido o sóbrio aspecto conventual desta vasta construção, albergando hoje a Escola EB 2,3 de Santa Clara.
Presentemente está instalado na Igreja de Santa Clara o núcleo provisório do Museu de Évora, devido às obras do edifício onde está instalado.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Igreja de Nossa Senhora da Boa Fé


Igreja de Nossa Senhora da Boa Fé é uma igreja situada em Nossa Senhora da Boa Fé, no concelho de Évora, em Portugal. Foi remodelada nos séculos XVII e XVIII. Possui um portal manuelino e é constituída por apenas uma nave, com as paredes forradas a azulejos do século XVIII. A fachada possui elementos decorativos regionais. Foi classificada Imóvel de Interesse Público pelo Decreto 1/86 do Ministério da Cultura.

A Igreja de Nossa Senhora da Boa Fé foi edificada no início do século XVI, tendo sofrido alterações posteriores ao longos dos séculos XVII e XVIII. De planta rectangular, com fachada voltada a norte, este templo conserva da construção original o portal manuelino, com um arco apontado emoldurado por um arco em cortina rematado por pinhas e coroado por uma cruz de Santiago. Lateralmente, as colunas que ladeiam o pórtico são coroadas por cogulhos.

A nave, de planta rectangular e cobertura em abóbada de berço, apresenta-se forrada por painéis de azulejos setecentistas com temas marianos, cuja execução é atribuída à oficina lisboeta dos Bernardes. Ladeando a capela-mor, foram abertas duas capelas laterais dedicadas a Cristo Morto e a Nossa Senhora do Rosário. A capela-mor, igualmente coberta por painéis de azulejos com temas da vida da Virgem, apresenta ao centro um retábulo de talha cujo trono é encimada por uma escultura quinhentista policromada de Nossa Senhora da Boa Fé (a Virgem com o Menino), numa alusão à invocação do templo. Anexa à igreja está a sacristia, dividida em duas dependências, sendo uma delas de traça original da campanha quinhentista, com cobertura de abóbada nervada.



sexta-feira, 18 de maio de 2012

Convento de São José (Évora)

O Convento de São José da Esperança, popularmente chamado Convento Novo (por ter sido a última casa religiosa da cidade), situa-se no Largo de Avis, freguesia de São Mamede, em Évora.

O Mosteiro, de freiras da Ordem das Carmelitas Descalças, foi fundado em 13 de Março de 1681 por duas senhoras eborenses: Feliciana e Eugénia da Silva, tendo depois o patrocínio do Arcebispo de Évora D.Frei Luís da Silva Teles.
O edifício, ao mesmo tempo severo e simples, é tipicamente barroco, sendo a igreja um belíssimo exemplar da arte da talha dourada eborense.

O convento encerrou as portas em 19 de Outubro de 1886, por morte da última professa (a Prioresa Maria Teresa de São José), uma vez que a Lei da Extinção das Ordens Religiosas proibia a admissão de noviças desde 1834).
O edifício (que conserva praticamente intacta e bem conservada a sua arquitectura conventual), teve várias utilizações, sendo hoje a Secção Feminina da Casa Pia de Évora.
Foi classificado como Monumento Nacional (MN) em 2008 por se encontrar inserido em conjunto inscrito na LPM.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Igreja do Espírito Santo em Évora


A Igreja do Espírito Santo é um monumento religioso da cidade de Évora, estando situado no Largo dos Colegiais, freguesia da Sé e São Pedro.

A construção desta igreja resultou da fundação do Colégio do Espírito Santo, da Companhia de Jesus, instituído na cidade de Évora, na segunda metade do século XVI. Os jesuítas desenvolveram um importante centro educativo no dito colégio, desempenhando um importante papel na evangelização do Alentejo. Sucede porém que, dado que a primitiva capela colegial se situava no Claustro (actual Sala dos Actos da Universidade de Évora) e portanto de acesso restrito, decidiu o Cardeal-Infante D.Henrique, ao tempo Arcebispo de Évora, construir uma nova igreja para o Colégio dos Jesuítas, onde toda a população poderia ouvir os famosos pregadores.

A construção da igreja iniciou-se em 4 de Outubro de 1566, sacrificando-se o primitivo Convento do Salvador (de freiras clarissas), que a rogo do Cardeal se mudaram para a Praça do Sertório. A sagração solene da nova igreja, presidida pelo fundador deu-se no Domingo de Páscoa de 1574. A Igreja segue o modelo da jesuíta da Igreja de Gesù, em Roma, tendo depois servido de modelo a muitas outras igrejas de colégios jesuítas de Portugal, Ilhas e Brasil.

O exterior, de aspecto pesado e imponente, tem alpendre de sete arcos graníticos, por onde se faz a entrada na igreja. O interior, de planta rectangular, bem iluminada por galerias altas (onde os estudantes da Universidade, criada em 1579, participavam nas cerimónias solenes. A decoração das dez capelas laterais revestiu-se de grande sumptuosidade, particularmente com a aplicação de talha dourada, nos dois séculos seguintes. 

Destacam-se as capelas de Santo Inácio de Loyola, do Senhor Jesus dos Queimados (onde se conserva o crucifixo dado a beijar aos condenados da Inquisição) e da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos da Cidade de Évora (transferida para esta Igreja em 1845, após a profanação do Convento da Graça, de belíssimos mármores coloridos e embutidos. No cruzeiro, à esquerda, está arca sepulcral destinada a receber as ossadas do Cardeal D.Henrique (que em vida a mandou preparar), vazia, porque o mesmo viria a morrer Rei de Portugal, após a morte de D.Sebastião, estando sepultado nos Jerónimos, em Lisboa.

Após a expulsão dos Jesuítas, por Pombal, em 1759, que ditou o encerramento da Universidade de Évora, a igreja foi entregue aos frades da Ordem Terceira Regular de São Francisco, até 1834 (expulsão das restantes ordens religiosas de Portugal). Esteve depois afecta à Casa Pia de Évora (então instalada na antiga Universidade), até meados do século XX, quando entrou na posse do Seminário Maior da Arquidiocese de Évora.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Igreja da Misericórdia de Évora



A Igreja da Misericórdia é um importante monumento religioso da cidade de Évora, situado no Largo da Misericórdia, freguesia da Sé e São Pedro.

A fundação da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Évora remonta a 7 de Dezembro de 1499, tendo sido instituida pelo próprio rei D.Manuel I, pela sua mulher a Rainha D.Maria e pela sua irmã, a rainha-viúva D.Leonor. Tendo tido a primeira sede na Capela de São Joãozinho (anexa ao Convento de São Francisco), veio transferida para este local já no reinado de D.João III. A primeira pedra da igreja foi lançada em 1554.

A igreja, de uma só nave e de sóbrias proporções, apresenta um majestoso conjunto de arte barroca dos séculos XVII e XVIII, sendo uma das mais belas igrejas da cidade de Évora. As paredes laterais encontram-se revestidas de belíssimos painés de azulejos azuis e brancos, encimados por telas a óleo, representando as Obras de Misericórdia espirituais e materiais, respectivamente. A parede fundeira é totalmente preenchida por um notável retábulo de talha dourada, encimado pela representação, a óleo, da Virgem da Misericórdia. O trono da exposição solene da Sagrada Reserva, em Quinta-Feira Santa, é ocultado durante o resto do ano por outra tela, representando a Visitação de Nossa Senhora a sua prima Isabel. Do lado direito, no corpo da igreja, levanta-se a galeria com os assentos onde tomam lugar os Mesários da Irmandade durante as cerimónias solenes.

É uma edificação de meados do século XVI, de nobre perfil clássico, cuja origem remonta a 1554, com traça que se atribui ao arquitecto Manuel Pires, mestre das obras do Cardeal D. Henrique e Arcebispo de Évora. A sua feição maneirista, de um classicismo sóbrio, mantém-se no essencial incólume, salvo a frontaria, reconstruída em 1775 por mãos do pedreiro de Vila Viçosa Gregório das Neves.

A fachada sul testemunha a campanha maneirista, patente no friso decorado de tríglifos e modilhões e enquadrado por fortes contrafortes. Já o portal, de sugestão rococó, foi sinuosamente talhado em mármore com frontão interrompido e brasão de armas. Ainda na fachada principal destaque para a janela do coro, de secção rectangular, harmoniosamente rasgada sobre o centro do frontão. O arco abatido do pórtico é ladeado por duas pilastras, com enrolamento vegetalista, finamente lavrado e que se estende até ao frontão. O cuidado no enriquecimento decorativo da igreja pode ser observado no portal, de fino lavor, profusamente talhado em secções almofadadas, pregueadas de bronze.

Contudo, é no interior do espaço sagrado que a linguagem decorativa barroca se concretiza em pleno, através do exuberante diálogo de luz e cor entre a talha dourada, a pintura de cavalete e a rica decoração azulejar. A igreja, com nave única, de forma rectangular e abobadamento de berço com caixotões, possui cinco tramos, subtilmente marcados pelos arcos torais que se desenham transversalmente à abóbada. Ao nível do primeiro registo, a nave encontra-se coberta de uma belíssima decoração azulejar de 1715, da.autoria da oficina lisboeta de António de Oliveira Bernardes. Esta série de azulejos historiados em esmalte branco com decoração a azul, é composto por sete paineis representando as Obras de Misericórdia e afirma-se como um dos mais importantes conjuntos azulejares produzidos pela oficina daquele mestre, tendo a sua colocação sido da responsabilidade do empreiteiro Manuel Borges, encontrando-se já terminado em 1716. 

Ao nível do segundo registo, a nave é percorrida por um grupo de sete telas barrocas da autoria do pintor eborense Francisco Xavier de Castro, artista de secundário merecimento. O altar-mor tem um retábulo do Estilo Nacional, de oficina eborense do início do século XVIII, de notável de lavor, que se prolonga aos colaterais. Ao centro, sobre uma duas colunas pseudo-salomónicas assentes em mísulas são sustentadas por atlantes.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Igrejas de Évora - Igreja de São Vicente


A igreja de São Vicente ou Igreja dos Mártires de Évora, é um edifício religioso situado na cidade de Évora, na freguesia da Sé e São Pedro. Esta pequena igreja deve-se ao culto dos três antigos santos padroeiros da cidade (os irmãos Vicente, Sabina e Cristeta), que a tradição diz terem morrido mártires por volta do ano 303.
A igreja foi construída no local de um antigo nicho que já existia na Idade Média. Foi depois remodelada nos séculos XVI e XVIII.
No interior conserva-se o altar da antiga irmandade de Nossa Senhora da Vitória, fundada no século XIV, após a vitória do Rei D.Afonso IV na Batalha do Salado.
Património do Município de Évora, presentemente serve de sala de exposições temporárias, estando defecta ao culto.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Igreja de São Mamede


A igreja paroquial de São Mamede é um monumento religioso dedicado a São Mamede na cidade de Évora, situado no Largo Evaristo Cutileiro, freguesia de São Mamede.
A igreja teve fundação gótica, na época de D.Dinis. Foi depois remodelada no século XVI, datando dessa época o seu aspecto actual. A galilé em mármore, assim como a abóbada nervurada da nave, imprimem a este monumento um forte carácter renascentista. Do século XVII datam os azulejos polícromos que cobrem as paredes da nave e da Capela da Confraria do Santíssimo Sacramento. O retábulo do altar-mor é de mármore, em estilo neoclássico, dos finais do século XVIII.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Igreja de São Tiago


A igreja de São Tiago fica situada no Largo Alexandre Herculano, freguesia de Santo Antão, em Évora. Foi sede de uma antiga freguesia da cidade, extinta em 1840.
Embora remontando a épocas mais recuadas, a igreja de São Tiago foi reconstruída no século XVII, conservando porém alguns vestígios da época manuelina, como são exemplo as ameias ainda visíveis na ala sul do templo. O interior, de uma só nave encontra-se profundamente decorado ao gosto da época barroca. A abóbada está revestida de pinturas a fresco, enquanto as paredes laterais se encontram revestidas de painéis de azulejos da autoria do célebre ceramista Gabriel del Barco, representando cenas bíblicas.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Capela dos Ossos


A Capela dos Ossos é um dos mais conhecidos monumentos de Évora, em Portugal. Está situada na Igreja de São Francisco. Foi construída no século XVII por iniciativa de três monges que, dentro do espírito da altura (contra-reforma religiosa, de acordo com as normativas do Concílio de Trento), pretendeu transmitir a mensagem da transitoriedade da vida, tal como se depreende do célebre aviso à entrada: "Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos". A capela, construída no local do primitivo dormitório fradesco é formada por 3 naves de 18,70m de comprimento e 11m de largura, entrando a luz por três pequenas frestas do lado esquerdo.
As suas paredes e os oito pilares estão "decorados" com ossos e caveiras ligados por cimento pardo. As abóbadas são de tijolo rebocado a branco, pintadas com motivos alegóricos à morte. É um monumento de uma arquitectura penitencial de arcarias ornamentadas com filas de caveiras, cornijas e naves brancas. Foi calculado à volta de 5000, provenientes dos cemitérios, situados em igrejas e conventos da cidade. A capela era dedicada ao Senhor dos Passos, imagem conhecida na cidade como Senhor Jesus da Casa dos Ossos, que impressiona pela expressividade com que representa o sofrimento de Cristo, na sua caminhada com a cruz até ao calvário.




Poemas existentes dentro da capela

Poema sobre as caveiras
Coluna de caveiras
As caveiras descarnadas
São a minha companhia,
Trago-as de noite e de dia
Na memória retratadas
Muitas foram respeitadas
No mundo por seus talentos,
E outros vãos ornamentos,
Que serviram à vaidade,
E talvez...na eternidade
Sejam causa de seus tormentos.


Poema sobre a existência
A imagem macabra dos esqueletos pretende lembrar a transitoriedade da vida
Aonde vais, caminhante, acelerado?
Pára...não prossigas mais avante;
Negócio, não tens mais importante,
Do que este, à tua vista apresentado.
Recorda quantos desta vida tem passado,
Reflecte em que terás fim semelhante,
Que para meditar causa é bastante
Terem todos mais nisto parado.
Pondera, que influído d'essa sorte,
Entre negociações do mundo tantas,
Tão pouco consideras na morte;
Porém, se os olhos aqui levantas,
Pára...porque em negócio deste porte,
Quanto mais tu parares, mais adiantas.

Este soneto é atribuído ao Padre António da Ascensão Teles, 
pároco da freguesia de São Pedro (na igreja de São Francisco) entre 1845 e 1848.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Igreja de S.Francisco

A Igreja de São Francisco em Évora é uma igreja de arquitetura gótico-manuelina. Construída entre 1480 e 1510 pelos mestres de pedraria Martim Lourenço e Pero de Trilho e decorada pelos pintores régios Francisco Henriques, Jorge Afonso e Garcia Fernandes, está intimamente ligada aos acontecimentos históricos que marcaram o período de expansão marítima de Portugal. Isso fica patente nos símbolos da monumental nave de abóboda ogival: a cruz da Ordem de Cristo e os emblemas dos reis fundadores, D. João II e D. Manuel I.
Segundo a tradição, nesta igreja foi sepultado Gil Vicente, em 1536.


Segundo a tradição, o Convento de São Francisco de Évora terá sido a primeira casa da Ordem Franciscana em Portugal, tendo sido fundada no século XII. Segundo os cânones da Regra de São Francisco, a primitiva igreja monástica tinha três naves, com capelas comunicantes entre si. Nestre primitivo edifício se realizaram várias cerimónias importantes, tais como o casamento de D.Pedro I com D.Constança Manuel. Desse período restam alguns vestígios, como atestam as frestas trilobadas que ladeiam o pórtico principal. A igreja seria remodelada no final do século XV, tendo-se construído o magnífico templo que hoje subsiste e que é uma das mais impressionantes igrejas portuguesas. Respeitando os limites originais, as três naves foram substituídas pela nave única subsistente, coberta pela arrojada abóbada gótico-manuelina que atinge vinte e quatro metros de altura. O Convento de São Francisco viveu então os seus momentos áureos, quando a corte do Rei D.Afonso V se começou a intalar no espaço conventual durante as suas estadias em Évora. Desta forma, a igreja de São Francisco foi elevada à categoria de Capela Real, daí os múltiplos emblemas régios de D.João II e D.Manuel I. Nesta época, recebeu o mosteiro o título de Convento de Ouro, tal a riqueza com que a Família Real o decorava.
A estes anos de esplendor (que de alguma forma contrariavam a espiritualidade franciscana (de pobreza e simplicidade), seguiu-se um período menos glorioso, acentuado pela perda da independência (em 1580). Neste período se construíu a curiosa Capela dos Ossos, para que a comunidade reflectisse a propósito da efemeridade da vida humana. No século XVIII construíram-se vários retábulos de talha dourada e de mármore (grande parte deles subsidiados pelos donatários das respectivas capelas, onde tinham sepultura privada). No século XIX uma nova crise se abateria sobre o Convento: a extinção das ordens religiosas, em 1834. Toda a parte monástica foi nacionalizada, tendo-se nela instalado o Tribunal da cidade, até cerca de 1895, data em que, sob grave ruína, se demoliu praticamente toda a parte conventual (dormitórios, parte do claustro, etc.). Salvou-se porém a magnífica igreja porque em 1840, para ali se transferiu a sede da freguesia de São Pedro.

Destacam-se em toda a igreja as características da arquitectura gótico-manuelina, particularmente nas ameias e torres das fachadas, no pórtico principal e na magnífica abóbada da nave.

Na extensa nave do templo, abrem-se dez capelas laterais, compostas por retábulos de talha dourada e policromada (século XVIII) e de estuques (século XIX). Alguns são provenientes da igreja do Convento da Graça, de onde foram salvos da ruína. No Baptistério está a pia baptismal da antiga igreja de São Pedro e uma curiosa representação do Baptismo de Cristo no Jordão, em cortiça, proveniente do antigo convento de Santa Mónica.

O retábulo da capela-mor substituíu um conjunto de pintura renascentista (presentemente disperso pelos Museus de Évora e da Arte Antiga. O retábulo actual é da segunda metade do século XVIII, em mármore, obra que contrasta com o ambiente manuelino do espaço. Nele se expõem as grandes imagens de São Francisco e São Domingos, como era hábito nas igrejas franciscanas. Nos alçados da capela estão duas belíssimas janelas marmóreas renascentistas, de onde a Família Real assistia aos ofícios religiosos (no século XVI) e um grande órgão de tubos setecentista (de Pascoal Caetano Oldovini). O cadeiral dos monges está decorado com representações de vários santos franciscanos. Os altares colaterais têm ainda várias pinturas do período renascentista.

Particularmente majestoso é o conjunto artístico da Capela da venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência (constituída por leigos), nela se conjugam harmoniosamente todo o esplendor da talha barroca do período joanino com os azulejos e telas representativos de temáticas franciscanas.

Pequena dependência renascentista, de abóbada nervurada, outrora independente do templo franciscano, erguida na face norte do transepto. Foi a primitiva sede da Santa Casa da Misericórdia de Évora e sob a sua portada está a escultura do anjo da Anunciação, em mármore do século XVI.

Da destruição da parte conventual salvou-se a antiga sala do capítulo, que no século XIX foi transformada em Capela do Senhor dos Passos da Casa dos Ossos (imagem de grande devoção local, representando o sofrimento de Cristo no caminho do calvário). O camarim onde se expõe a imagem é a maquete da capela-mor da Sé de Évora, tendo sido construída por ordem de J. F. Ludwig, mais conhecido por Ludovice, o arquitecto que a projectou no século XVIII.

A Capela dos Ossos é uma das curiosidades deste grande monumento, sendo um dos ex-libris da cidade de Évora. A capela foi construída nos séculos XVI e XVII, no lugar do primitivo dormitório dos frades. A sua construção partiu da iniciativa de três frades franciscanos que queriam proporcionar uma melhor reflexão acerca da brevidade da vida humana. A capela é constituída por ossadas provenientes das sepulturas da igreja do convento e de outras igrejas e cemitérios da cidade. As paredes e parte das abóbadas da capela estão revestidas de milhares de ossos humanos, que ilustram a ideia dos monges fundadores, expressa na frase que encima o pórtico da capela: Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Nicho do Senhor Jesus da Consolação


A referência mais antiga que conhecemos do nicho do Senhor Jesus da Consolação é de 1931. Localizava-se na Carreira do Menino Jesus, num alçado da cerca do destruído Convento do Salvador do Mundo e deu o nome ao terreiro que lhe ficava em frente, o Terreiro do Senhor da Consolação (actual Largo 13 de Outubro). No entanto, em 1849, Elerperk refere que na “Carreira do Menino Jesus está um nicho que fica fronteiro ao Terreirinho da Mouraria, dedicado ao Menino Jesus”.
Era constituído por uma imagem de Cristo crucificado, atrás da vidraça da maquineta apoiada na parede, alumiado pela humilde lanterna pendente e com uma caixa para esmolas. Há um desenho muito interessante deste nicho, feito em 1931, por Alberto de Souza.
Em 1936, este nicho foi alvo de reparação particular e em 1942, foi retirado por motivo da demolição das ruínas do Convento do Salvador, com o compromisso de que seria reposto no novo edifício dos CTT a construir naquele local. A imagem foi guardada na Igreja do Salvador, pela então Direcção Geral dos Monumentos Nacionais, a pedido do Senhor Arcebispo de Évora.
Porém, por ordem da edilidade eborense, em 1950, a referida imagem não foi colocada no seu antigo lugar, mas sim no murete moderno da Câmara Municipal, com face para a rua então aberta, a Rua de Olivença, o que levantou protestos da população.
O nicho antigo, com obra de talha dourada do estilo rococó, metido em lâminas de ardósia, perdeu-se durante a construção do actual edifício dos CTT, exceptuando a imagem de madeira populista, que é a existente, no novo lugar, onde permanece até à actualidade.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Igreja de Nossa Senhora da Boa-Fé




A Igreja de Nossa Senhora da Boa Fé é um dos mais interessantes templos existentes nas freguesias rurais do nosso concelho, a merecer visita oportuna e observação atenta. De uma forma geral, crêem os historiadores que no terreno que hoje ocupa terá existido primeiramente uma ermida erguida em honra de uma santa muito venerada pela população local. A sua construção remontará à livrança da população à temível peste que assolou o pequeno lugar e vizinhanças no reinado de D. Fernando, não havendo notícia de alguém ter sido afectado por tão terrível moléstia. Desse edifício primitivo nada resta, pelo que é de supor que a actual Igreja tenha sido erguida sob os seus antigos fundamentos em princípios do século XVI, a qual foi depois sujeita a diversas alterações e benfeitorias nas duas centúrias seguintes que lhe deram a feição que hoje exibe.

Classificada em 1986 como Imóvel de Interesse Público pelo Ministério da Cultura, a Igreja situa-se a cerca de 16 Km de Évora e chega-se até lá através de um desvio existente na EN 114 que estabelece a ligação com Montemor-o-Novo. Possui planta rectangular e fachada voltada a Norte, sobressaindo dos primórdios da sua construção o magnífico portal manuelino, com arco em cortina rematado por pinhas e coroado com uma cruz de Santiago, e a escultura quinhentista policromada de Nossa Senhora da Boa Fé (Virgem com o Menino), em honra de quem a Igreja foi construída e que se encontra em retábulo de talha existente na capela-mor. Imagem «mui milagrosa», revelou o padre Sebastião da Silva Correa (sic) na Memória Paroquial da freguesia escrita em 2 de Maio de 1758.

Esta imagem poderá ou não ser uma réplica da original que terá estado na primitiva ermida, local de grandes romarias, sendo por essa altura conhecida por Senhora das Nascenças. É que a sua datação parece difícil de estabelecer, dado que foi objecto de múltiplas repinturas, o que consente diversas interpretações. A existência de narrações antiquíssimas sobre a sua existência parece poder admiti-lo. Tem-se no entanto por certo que foi por virtude dos muitos benefícios colhidos por aqueles que invocavam o seu auxílio, denotando grande fé na sua intercessão junto do Deus, designadamente na protecção do gado, que a sua designação
veio a ser alterada para Senhora da Boa Fé.

O ícone da santa, em madeira estofada e que a apresenta, como atrás se refere, com o Menino Jesus ao colo roendo uma romã - símbolo da fertilidade – encontrase em trono especial junto à capela-mor. Ladeando esta, coberta de painéis de azulejos com passagens e motivos da vida da Virgem, foram abertas outras duas capelas de menor dimensão dedicadas ao Senhor Morto (Crucificado) e a Nossa Senhora do Rosário. Quanto à nave central, ela foi reparada numa das intervenções referidas e forrada igualmente a painéis de azulejos com temas marianos e dos evangelhos, para lá de frisos decorados com pássaros e sanefas. Em anexo à igreja e apartada em duas divisões localiza-se a sacristia, acontecendo que uma delas ainda ostenta a traça original quinhentista exibindo cobertura de abóbada nervada.
Na citada memória paroquial, o padre Correa descreveu-a como uma «igreja situada em hum alto e rodeada por todas as partes de mattos de estevas, murtas, carrascos e alecrins, e outros mais, em que fazem rossas para semearem trigos, senteos, e sevadas, que hé o mais que nesta freguesia se cultiva». Na sua avaliação
esta «terá que oitenta e quatros vizinhos e duzentas e vinte pessoas maiores e sincoenta menores, pouco mais ou menos». A população irá descer sucessivamente nas décadas seguintes mas em 1900 está de novo em alta, com o registo oficial de 1.028 almas radicadas. Com o advento da República é-lhe retirado o estatuto de freguesia e passa a ser integrada na de Nossa Senhora da Graça do Divor. Mas a Arquidiocese não a despromove e mantém-lhe a condição de paróquia. Em 1926 a ditadura militar restitui-lhe a autonomia administrativa perdida. O número irá sempre em crescendo até atingir os dois milhares nos tempos da Reforma Agrária. Com a supressão desta e os novos caminhos empreendidos pela agricultura nacional, a freguesia sofreu uma grande hemorragia de gente, que foi principalmente para a emigração.

No último censo a população residente era apenas de 376 habitantes, os quais, no entanto, todos os anos a 15 de Agosto mantêm viva, com denodo e galhardia, a tradicional festa em homenagem a Nossa Senhora da Boa Fé, padroeira da freguesia.


Texto: José Frota

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sé Catedral de Évora




A Sé de Évora é, paralelamente com o Templo Romano, um dos mais emblemáticos monumentos da Cidade de Évora. Localizados praticamente lado a lado, marcam duas épocas da história separadas no tempo, mas que seguramente ilustram a importância do local em cada um desses períodos (Costa e Rodrigues, 2000).

A data da sua construção é bastante discutida entre os historiadores; segundo a versão tradicional, o lançamento da primeira pedra foi no Séc. XII em 1186, aquando da nomeação de D. Paio como Bispo de Évora. Esta tese é baseada em registos existentes no Livro dos Aniversários do Arquivo Capitular da Sé de Évora, de 1470. No entanto, a historiadora Ana Rita Trindade (Trindade, 2003), que investigou os arquivos da Sé, coloca algumas dúvidas quanto à veracidade desta teoria, uma vez que o livro se encontra datado de 1470, duzentos anos após a suposta edificação da Sé. Ainda nesse documento, diz que D. Paio foi o primeiro Bispo de Évora, e segundo Trindade sabe-se que o primeiro Bispo eborense foi D. Sueiro.

Outros historiadores afirmam que a actual Sé foi apenas construída no Séc. XIII, no reinado de D. Afonso III, pelo então Bispo de Évora D. Durando, época em que a diocese de Évora estaria com condições económicas e políticas para a construção da Catedral. Esta hipótese é reforçada com a descoberta de uma lápide na Capela do Santíssimo alusiva à consagração do presbitério pelo Bispo D. Durando e de uma inscrição no túmulo deste. Trindade, completa a fundamentação desta hipótese com a descoberta de um documento, no Arquivo do Cabido da Sé de Évora, datado de 1288, onde o Bispo D. Jardo e o Cabido cedem rendimentos das propriedades para sustento financeiro das obras de edificação da Sé, não deixando dúvidas, assim, que em 1288 a Sé estava em construção. Desta forma, Trindade afirma que a Sé de Évora “começou a ser construída cerca de 1280, tendo anteriormente existido um outro edifício sede de diocese”.

A historiadora Trindade e o engenheiro Leo Wevers (Wevers, 2004) basearam-se na tese de doutoramento do Prof. Virgolino Jorge, onde este autor estabelece as fases de construção das várias partes do templo através de uma análise métrica, estabelecendo assim a construção da Sé no período de 1280-1340 (Trindade, 2003; Tavares et al, 2005).

Do ponto de vista arquitectónico, a Catedral de Évora é uma das mais importantes manifestações da arquitectura gótica no Sul de Portugal. Nenhuma outra catedral portuguesa a iguala na elegância da combinação dos volumes, é perfeita e harmónica apesar do acabamento das três torres não datar da mesma época e, em nenhuma outra também incluindo as que foram construídas posteriormente, se conjugam com tanta originalidade elementos estruturais e decorativos românicos e góticos, de tão diferentes proveniências (Chicó, 1946).

A Sé de Évora é considerada um edifício de estilo Românico-Gótico, ou ainda de estilo Gótico Nacional com influência cistercense e mendicante. A sua construção foi inspirada no modelo da Sé de Lisboa e em Catedrais estrangeiras, nomeadamente espanholas e francesas, revelando-se de grande importância, não apenas como ponto terminal de Românico e inicial do Gótico, mas sobretudo pela variedade de soluções de transição empregues. Teve como principais arquitectos ou mestres-de-obras Domingos Pires, entre 1280 e 1303, e Martim Domingues, responsável pelo término da construção, entre 1304 e 1334, época da construção do claustro e do pórtico da entrada principal. Este último é considerado um dos mais impressionantes portais góticos portugueses, com seis arquivoltas e um apostulado em escultura talhada em mármore de autoria desconhecida. É levantada a hipótese de se tratar de Telo Garcia, suposto autor do apostulado da arca tumular de D. Gonçalo Pereira, Bispo de Braga, obra com a qual estabelece afinidades (Trindade, 2003).

A discussão das datas do início dos trabalhos pode ser um elemento importante para a compreensão da evolução artística na transição entre os estilos românico e gótico, e das soluções e influências encontradas nessa transição. Este é um dos aspectos que confere singularidade à Sé de Évora, pelo significado no tempo em que foi construída e no conjunto de monumento que representou um investimento de um país então em fase de organização.

Do conjunto arquitectónico denominado como “Sé de Évora” fazem parte a igreja propriamente dita e o claustro que a ladeia. Na vista de sul do conjunto do monumento pode observar-se a “torre-zimbório”, as duas torres sobre a fachada principal – “torre dos azulejos” e “torre lanterna ou do relógio” -, a rosácea do braço sul do transepto ou, ainda, a parte mais recente da velha construção, construída em materiais distintos – a “capela-mor”.

Excluindo a capela-mor, todo o conjunto monumental foi construído com materiais de composição granítica, ainda que apresentem diversas litologias. No interior da igreja é difícil avaliar a natureza litológica dos materiais utilizados, uma vez que a revesti-los existem rebocos espessos (Costa e Rodrigues, 2000).

O corpo da igreja desenvolve-se em forma de cruz latina; o interior é, assim, composto por três naves (uma central e duas laterais), com comprimento de 41 m. A nave central tem 6 m de largura com sete tramos rectangulares, de dois andares, sendo cada tramo dividido por pilares, de onde levantam os arcos torais sobre os quais repousa a abóbada de berço, com 19 m de altura (Guerreiro, 1975).

A nave central é separada das laterais por pilares cruciformes com oito colunas, com bases semelhantes às bases do gótico primitivo (Chicó, 1946). As naves laterais são mais estreitas, com cerca de 4 m de largura, com sete tramos e são cobertas por uma abóbada de aresta com 9,40 m de altura no topo e arcos torais descarregando nos pilares centrais e em colunelos embebidos nas empenas laterais; estas são rasgadas por amplas e profundas frestas de arco redondo.

As três naves são cortadas pelo transepto de cerca de 32 m de comprimento e 6,70 m de largura. No andar superior, ao longo dos dois lados da nave central e pelo transepto, corre o trifório (galeria estreita aberta sobre o andar das arcadas ou sobre o andar das tribunas nas igrejas medievais), composto por cinco arcos em cada tramo, assentes em pequenas colunas com capitéis de decoração toscana. Todo este espaço é coberto por um reboco fingindo pedra (Guerreiro, 1975).

A Sé de Évora sofreu grandes transformações ao longo dos anos, umas por motivos de gosto, outras por razões de conservação. Nos Séc. XIX e XX várias construções monumentais, nomeadamente igrejas e castelos, na Europa foram alvo de um certo número de restauros. Muitas vezes procurou-se restaurar uma construção trazendo-a de volta à “situação original”. Por este motivo ficou a autenticidade do edifício muitas vezes fortemente reduzida. Apenas as partes não restauradas possuem ainda grande valor como fonte de informação e estas deveriam ser tanto quanto possível identificadas. No período de 1936-1950, segundo um plano de intervenção elaborado pela DGEMN, a Sé foi submetida a um restauro de grande amplitude através do qual diversas partes do Séc. XVIII foram eliminadas a favor do trabalho de restauro. As obras realizadas posteriormente a esta data, embora algumas de importância para o monumento, em pouco modificaram as suas características gerais e assumiram fundamentalmente, o carácter de manutenção.

A Sé de Évora tem vindo a ser restaurada desde o início de 2003. O IPPAR, através da Direcção Regional de Évora - Divisão de Obras, Conservação e Restauro, deu início à primeira fase, que visa a conservação da pedra do zimbório, tendo estes trabalhos sido concluídos no ano de 2005.

Referências

Costa, D., Rodrigues, J.D., 2000, Estado de conservação e alteração da pedra da Sé Catedral de Évora, LNEC. Relatório nº 67/00 – DG/GERO

Tavares, M.L., Veiga, M.R., Magalhães, A.C., Aguiar, J., 2005, Conservação dos revestimentos interiores da Sé de Évora, LNEC: Relatório 272/05 – NRI

Trindade, A.R., 2003, Sé de Évora, da sua construção à actualidade, investigação realizada para o IPPAR de Évora, a incluir em monografia a publicar brevemente

Wevers, L.B., 2004, Levantamento no âmbito da arqueologia da arquitectura – estudo piloto, Investigação realizada para o IPPAR de Évora (a incluir em monografia a publicar brevemente), Évora

Chicó, M.T., 1946, A Catedral de Évora na Idade Média, Ed. Nazareth, Évora

Guerreiro, A., 1975, A Catedral de Évora – Arte e História, Ed. Sé de Évora, 2.ª ed.

Publicações relacionadas

Adriano, P.; Cruz, T.; Santos Silva, A.; Veiga, R.; Candeias, A.; Mirão, J., "Mineralogical comparison study of old mortars from Southern Portugal Cathedrals (Évora and Elvas)", Materials Science Forum, submetido | pdf

Adriano, P.; Santos Silva, A.; Veiga, R.; Mirão, J.; Candeias, A.E., "Microscopic characterisation of old mortars from the Santa Maria Church in Évora", 11th Euroseminar on Microscopy Applied to Building Materials, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Junho de 2007 |

Adriano, P.; Santos Silva, A., Caracterização de argamassas antigas da Igreja de Santa Maria de Évora – Sé Catedral de Évora, Relatório LNEC 59/06-NMM, 2006, 86 pp. |

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Curiosidades Históricas - O Edifício de S. Pedro, Antiga Igreja Paroquial

O EDIFÍCIO DE SÃO PEDRO
ANTIGA IGREJA PAROQUIAL

O “Edifício de S. Pedro”, actualmente propriedade da Câmara Municipal de Évora, situa-se na Rua Diogo Cão, junto ao Pátio do Salema, e foi até ao século XIX a Igreja de São Pedro – e este topónimo “S. Pedro” remonta ao século XII, mas passa a designar esta rua a partir do século XIV, e até ao século XIX, altura em que lhe é atribuída a denominação de Rua Diogo Cão.
Existe a tradição eclesiástica e erudita de que em 1186 esta era uma ermida de templários, os quais terão procedido à sua reedificação e ampliação. Gabriel Pereira defende que não há motivo para rejeitar esta tradição, pois nas obras de adaptação da igreja a Escola Normal, finais do século XIX, foram encontradas várias pedras tumulares e outros elementos de arquitectura e de escultura, como mísulas, que comprovam tratar-se de um edifício muito antigo. Este historiador noticia também o aparecimento de um forte muro correndo em direcção discordante das paredes do edifício e de outra qualquer próxima, o que, na sua opinião, seria pertença de um edifício considerável outrora ali existente, e refere ainda um fragmento com uma inscrição árabe numa parede. A combinação de todos estes elementos permitem-lhe admitir a existência de um templo moçárabe.
Algumas destas informações foram confirmadas por trabalhos arqueológicos recentes, que revelaram enterramentos correspondentes a períodos cronológicos distintos, desde o século VI ao XV.
Os Padres Manuel Fialho e António Franco, no século XVIII, referem que neste local estava localizada a primeira Sé, anterior à actual. Todavia, o Cónego Júlio César Baptista considera que há um desencontro cronológico que obriga a pôr de lado a igreja de S. Pedro como sede da primitiva catedral: o mais antigo documento conhecido sobre a igreja de S. Pedro é de 1280, e demonstra já então existir a paróquia de S. Pedro, organizada, com prior e raçoeiros. Se esta igreja tivesse sido a primeira Sé, só poderia ser paroquial depois de 1308, data da abertura ao culto da actual Sé, e não podia intitular-se de S. Pedro, mas de Santa Maria, nem podia ter colegiada, com prior e raçoeiros.
Em 1302 esta Igreja passou a integrar o padroado do Bispo de Évora e em 1312 foi elevada a sede de paróquia, possuindo rendas e proventos avultados e o seu primeiro prior foi Lourenço Anes de Oliveira. Aliás, até ao século XIX aqui se manteve a paróquia de S. Pedro , embora, consoante as várias obras realizadas na igreja, essa sede se fosse transferindo, ora para a Igreja de S. Vicente, ora para a de S. Francisco, onde se estabeleceu definitivamente em 1862.
Entretanto, a Igreja de S. Pedro sofreu obras de beneficiação em 1438, mas foi no século XVII que se registaram grandes transformações promovidas pelo Arcebispo D. Frei Luís da Silva Teles, por voto que fez a S. Pedro, se o livrasse duma perigosa doença. Este velho templo era então uma “egreja antiga e de indigesta symetria e fabrica” e “subterrânea, mal ornada e sem asseio”, pelo que lhe chamavam a “adega de João Baptista”.
Estas obras foram as seguintes: da velha igreja foi tudo derrubado, excepto as paredes-mestras, as quais foram levantadas para que a igreja ficasse com altura de pé direito proporcional à largura; foi feito um novo arco para a capela-mor; no corpo da igreja foram abertas duas janelas rasgadas para boa iluminação da igreja; todas as paredes foram cobertas com azulejos, com painéis da vida de S. Pedro; foi feito um novo coro fora da porta principal sobre um novo alpendre de pedraria; ao lado da parte da epístola, à entrada da porta principal, abriu-se outra porta para uma escada que serve para o coro e para um novo campanário, com dois sinos; foi aberta uma capela para a pia baptismal, entre outras alterações. Foram adquiridos objectos para o seu embelezamento e para o culto litúrgico, dos quais destacamos um painel representando “S. Pedro de joelhos recebendo as chaves da Igreja da mão de Cristo”, de autoria do pintor Bento Coelho da Silveira.
Além do altar-mor onde estavam as imagens de S. Pedro e de S. João Baptista, existiam dois altares colaterais: da parte do Evangelho o da Senhora da Glória e da parte da Epístola o de Cristo crucificado; e o altar de Santa Catarina.
Em Janeiro de 1881 procedeu-se a obras de transformação para adaptação desta igreja a Escola Normal, inaugurada solenemente em 16 de Outubro de 1884, quinta-feira e dia do aniversário da rainha D. Maria Pia. Foi a primeira Escola Normal de 2ª. classe no país e deveu-se à acção desenvolvida pela Junta Geral do Distrito de Évora e pelo Sr. Barjona de Freitas, ministro do reino.
As obras estiveram a cargo do engenheiro Pelouro, o primeiro a utilizar em Évora as vigas de ferro de “duplo T”, enchendo os vãos com pequenas abóbadas de tijolo. Os trabalhos foram depois dirigidos pelo engenheiro Pinho. E a propósito desta remodelação refere Gabriel Pereira: “Quem diria que a velha e arruinada igreja de S. Pedro se poderia transformar n’um bello salão com seu elegante vestibulo, n’um gabinete, em duas bellas salas escolares, e ainda a sala das collecções, todas com muita luz, e com um certo ar de elegância e distincção que a principio se não previa.” Tratava-se pois de um edifício de amplas janelas e espaçosas salas, uma delas com a área de 154 m2 destinada à aula de ensino elementar e complementar (escola primária anexa) e servida por um elegante vestíbulo.
A 12 de Janeiro de 1960, através de uma escritura de permuta, a Câmara Municipal de Évora entregou ao Estado o Convento de Santa Mónica e o Estado entregou à Câmara a antiga Igreja de S. Pedro. Neste edifício funcionou então, durante muitos anos, a Direcção-Geral de Viação e na década de noventa do século XX, e após novas e profundas obras, nele foram instalados alguns serviços da autarquia.
Subsistem assim poucos vestígios dos anteriores edifícios religiosos; destacam-se apenas o portal gótico e a porta de madeira do Brasil, almofadada e armoreada da época do Arcebispo D. Frei Luís Teles da Silva; a capela baptismal, do século XV; e a escadaria para o antigo coro, com azulejos monocromos, em lambris baixo, de padrão vegetalista, do século XVII.

M. Ludovina Grilo