sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

As Concessões Régias ao Liceu Nacional de Évora


O uso do traje académico (capa e batina), em determinadas alturas do ano, é actualmente prática comum em diferentes Universidades do país. Trata-se da generalização de uma tradição que, tendo sido mercê concedida “ in illo tempore” aos estudantes universitários de Coimbra, apenas se veio a tornar extensiva, por concessão real de 27 de Outubro de 1860, aos alunos do Liceu Nacional de Évora, entretanto extinto no ano de 1977. O estabelecimento de ensino secundário eborense abriu portas no dia 14 de Outubro de 1841, cinco anos depois do ministro Manuel da Silva Passos, mais conhecido por Passos Manuel, ter determinado a criação de Liceus em todas as capitais de distrito. 

O mesmo veio a ser alojado no rés-do-chão do majestoso edifício da antiga Universidade dos Jesuítas, fundada em 1579 e encerrada exactamente dois séculos depois, em consequência da expulsão dos membros daquela ordem religiosa, a mando do Marquês de Pombal. No seu primeiro ano de funcionamento o Liceu registou a matrícula de 17 alunos em regime de internato. O número de estudantes foi subindo progressivamente, atingindo, em 1860, os 110. Ao fim de duas décadas o espírito académico consolidara-se e os estudantes haviam ganho consciência de que, bem vistas as coisas, o Liceu era até certo ponto o sucedâneo da antiga Universidade, e eles os herdeiros legítimos das suas tradições. 

Ainda nesse ano endereçaram um pedido ao reitor para que intercedesse junto do Rei no sentido de lhes ser concedido o uso do traje académico, historicamente descendente das roupas eclesiásticas. Recorde-se que na Ideia Média era quase só o clero que estudava e leccionava. Ora o reitor João Rafael de Lemos, que era igualmente administrador do concelho de Évora e muito conhecido como político e homem de acção, levou ao conhecimento de D. Pedro V a pretensão dos seus alunos. Poucos acreditaram que o seu desejo vingasse junto das instâncias superiores. Mas o mesmo veio a ser deferido, para gáudio de professores e estudantes. A 18 de Julho de 1861 a reitoria mandava publicar o seguinte:



EDITAL
João Rafael de Lemos, comissário dos estudos do distrito de Évora e reitor do Liceu Nacional desta cidade, por S. Magestade (sic) o Senhor D. PedroV, (...) faz saber que: Os alunos do Liceu Nacional desta cidade são obrigados a apresentarem-se em todos os actos escolares com o vestido talar académico, cujo uso lhes foi concedido pela Portaria do Ministério do Reino de 27 de Outubro de 1860, sob pena de serem riscados do livro de matrículas os contraventores. E para que chegue a notícia aos interessados (...) Évora, 18 de Julho de 1861

O comissário de estudos e reitor do Liceu João Rafael de Lemos 



Quase um ano mais tarde, a 14 de Julho de 1862, o reitor via-se compelido a emitir novo edital, que na prática mais não era que uma cópia do teor do primeiro, acrescida de esclarecedora especificação: «...bem como não é lícito a qualquer indivíduo, não matriculado neste liceu, o uso dentro da cidade de Évora, dum vestido talar que, por mercê especial, foi concedido aos alunos daquele liceu por Portaria do Ministério do Reino de 27 de Setembro de 1860; incorrendo na penalidade das leis do reino os que violarem esta proibição». 

A concessão do uso do traje académico arrastava consigo outra – a do direito à posse de hino próprio. Foi o insigne cidadão eborense Joaquim Sebastião Limpo Esquível que se encarregou de compor a música. Aproveitando a circunstância de estar por essa altura na cidade o poeta João de Deus, bacharel em Direito, alguns cavalheiros, como ao tempo soía dizer-se, apelaram junto dele para se dignar fazer e oferecer um hino para a melodia composta. Antes, porém, já os estudantes se haviam antecipado, fazendo idêntica solicitação ao lente do 2º. e 3º. anos de latim do Liceu, Manuel Martiniano Marrecas, gramático de notoriedade nacional, homem de grande probidade moral e intelectual, e conhecido popularmente pelo “Perna de Pau”, devido à mutilação de um membro inferior sofrida na guerra civil de 1832-1834. Foi a letra deste último a escolhida e sancionada, primeiro pela reitoria e posteriormente pelo Ministério. Estava constituído o Hino Académico do Liceu de Évora, que aqui se reproduz: 


Nesta quadra da vida, tão leda, É o saber que, dos lares paternos Nesta aurora dum belo porvir No sorrir da infância, inocentes, Quem já que não sofra contente Vem roubar-vos à mãe carinhosa Quando quer da ciência fruir? E votar-vos à pátria contentes.
É a ciência esse bem que só pode Quando à meta chegardes um dia Uma nova existência apurar Das fadigas que tendes sofrido, Um complexo de dotes e prendas Como filhos que a pátria prezais Que a riqueza não pode outorgar Tereis da pátria o prémio devido. 
Coro Nesta senda de espinhos e rosas Que não goza e não sofre um estudante! Sois alunos da casta minerva, Eia avante ! mancebos,avante! 

Com este património adquirido o Liceu Nacional de Évora ganhou um carisma muito especial entre os estabelecimentos de ensino médio do país. Este viria a fortalecer-se ainda mais em 1902, com a formação da mais antiga Tuna Académica liceal, apresentando-se os seus elementos sempre impecavelmente trajados e dando invariavelmente início às suas actuações com a execução do glorioso Hino Académico. Para que conste e a memória colectiva não olvide as primícias do velho e saudoso Liceu, que tanto marcou a vida da cidade e a adolescência daqueles que tiveram o orgulho e a felicidade de o frequentar.

Évora Mosaico
José Frota

domingo, 25 de dezembro de 2016

Passagem de Ano 2016/2017 em Évora


Horário: 22:30 - 2:30
Evento: 31 dezembro
Localização: Praça do Giraldo

Programa
31 Dez. | Praça do Giraldo | PASSAGEM DE ANO
22h30 - Concerto dos PEÑA KALIMOTXO
00h00 - FOGO-DE-ARTIFÍCIO
00h15/02h30 - DJ SUNLIZE

Passagem de Ano na Praça do Giraldo 
​Após alguns anos de interregno, a cidade volta a realizar festa de passagem de ano na Praça do Giraldo. A noite de dia 31 começa a ser animada, às 22h30, com um concerto dos PEÑA KALIMOTXO, um grupo oriundo de Lavre. Depois do sempre aguardado fogo-de-artifício, à meia-noite, a entrada em 2017 é celebrada com a música de DJ Sunlize.​

Informações Adicionais
​Org: Câmara Municipal de Évora

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Gala ajuDAR'16


Horário: 21h30
Evento: 10 dezembro
Localização: Arena D'Évora

​Espetáculo de angariação de fundos, apresentado por José Carlos Malato, padrinho da APPACDM de Évora, e a participação de Zanguizarra, Duarte, Los Chupitos, José Mendes & Raquel e Micaela.

Informações Adicionais
Org: APPACDM de Évora
Contactos: 266731320 | geral@appacdm-evora.org.pt​ | www.appacdm-evora.org.pt​
Apoios: Câmara Municipal de Évora | Spautores | Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Évora | Diário do Sul | Rádio Telefonia | Hangar Criativo
PREÇO: 5€

Informação retirada daqui

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Concerto Señoritas


Horário: 22h
Evento: 09 dezembro
Localização: Teatro Garcia de Resende

​"Acho que é meu dever não gostar", é o nome do disco de estreia das Señoritas, um dos novíssimos projetos da nova música portuguesa. Señoritas é o novo projeto de Mitó Mendes (A NAIFA) e Sandra Baptista (A NAIFA / SITIADOS). Em 2015, as Señoritas criam uma nova identidade, partilhando o gosto comum de ensaiar, compor e tocar juntas. Desta vontade, nasceram um conjunto de canções que querem partilhar com o público. São doze canções que, giram em torno de um universo feminino, tendencialmente urbano. Com uma atmosfera densa, feminina e bem portuguesa, numa abordagem singular, canta-se a vida, mas de uma forma crua e direta. As músicas, todas originais, são da autoria da própria banda, e as exceções estão enquadradas no mesmo imaginário. Uma voz, uma guitarra, um baixo e um acordeão, este novo projeto, minimalista, é suportado por sets de programações que realçam a crueza e nudez da linguagem musical.​

Informações Adicionais
Produção: Produtores Associados Ldª.
Contactos: Site: http://www.produtoresassociados.com/​
Apoios: Câmara Municipal de Évora | Cendrev
Duração: 60min | Classificação Etária: m/6 | Preço: 10€

Informação retirada daqui

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Exposição «A minha escola, Arquivo de 1910 a 1974»


Horário: Das 09h às 17h
Evento: até 09 dezembro
Localização: DGEstE - Évora - R. Ferragial do Poço Novo
«A minha escola, Arquivo de 1910 a 1974» é o título de uma exposição composta com elementos dos acervos da Dgest-Direção de Serviços da Região Alentejo do Arquivo Distrital de Évora e do Município Eborense.
Esta exposição é composta por cerca de trinta documentos, através dos quais é possível compreender parte da História da Educação no Alentejo. Trata-se de um conjunto de elementos de forte relevância, quer no respetivo valor intrínseco, quer no contributo que podem ter nos novos caminhos da investigação, dando a conhecer os fenómenos educativos no processo de socialização das gerações mais jovens ao longo do período em referência.
Estes documentos são peças incontornáveis para a construção da memória coletiva respeitante à História da Educação no Alentejo, designadamente, na recuperação das memórias das então Direções Escolares e das escolas. 
Figuram aqui exemplares originais que, enriquecendo todo o conjunto, facilitam a compreensão da cultura escolar da época, bem como dos comportamentos dos entes envolvidos.

Informações Adicionais
Org: Dgest-Direção de Serviços da Região Alentejo | Arquivo Distrital de Évora | CME
Contactos: Telef.266757900 | 
Entrada livre

Informação retirada daqui