sábado, 12 de abril de 2014

Vestígios de Évora Romana


Nas cidades da Lusitânia e, especialmente, naquelas que passaram a dispor do estatuto jurídico-político de municipium, notou-se grande desenvolvimento através do lançamento de obras públicas orientadas para a vida religiosa, uso colectivo e utilidade prática.
A municipalização de Évora poderá ter-se verificado no último quarto do I séc. a.C.. Alguns investigadores defendem uma data anterior ao ano 27 a.C., durante a estadia de Augusto na Península Ibérica.
Independentemente da data exacta, a construção de edifícios públicos foi a mais imediata forma de afirmação do poder político dos novos senhores e também o meio mais eficaz para aculturação dos inlígenas. Na cidade de Évora, estas obras foram: um grande Forum com o seu templo; instalações termais - recentemente descobertas; teatro (ainda por descobrir) e diversas obras na área da rede viária e do aprovisionamento de água.

Villa da Tourega
O conjunto arqueológico da Tourega é composto pelas termas da Villa romana, várias vezes remodeladas, e que na sua fase final, no século IV, ocupavam uma área de cerca de 500 metros quadrados.
    Eram constituídas por um edifício com salas e tanques de banhos frios e quentes, com as respectivas fornalhas e sistemas de aquecimento, e por um grande tanque que serviria de reservatório de água. A existência de duas zonas aquecidas, em utilização ao mesmo tempo, indica que se trata de umas termas duplas com partes separadas para homens e mulheres.
    Os materiais arqueológicos recolhidos nas recentes escavações incluem cerâmicas regionais e de importação, moedas, objectos metálicos, mármores e estuques decorados e sugerem que a Villa foi ocupada desde meados do século I até aos finais de Século IV d.C.

Termas
A área descoberta da Thermae ou Balnea é, até ao momento, de 250m2, presumindo-se que este complexo balnear esteja orientado no sentido Norte/Sul.
Foram já pesquisados os seguintes compartimentos das instalações termais:

Laconicum - É assim denominada uma sala circular de nove metros de diâmetro e quatro absidae, destinada a banhos quentes e de vapor. Sala com a mais alta temperatura, cuja planta obedece aos cânones vitruvianos. No centro da sala encontra-se um grande tanque circular com três degraus, embutido no solo, com cinco metros de diâmetro, rodeado do sistema de aquecimento - hipocaustum. A atribuição cronológica desta construção situa-se entre I - II séc. d.C., e sua utilização estender-se-ia até ao V séc. d.C..

Praefurnium - Trata-se de um espaço escavado parcialmente (por enquanto não acessível ao público) com estruturas relacionadas com um compartimento subsidiário - a fornalha. Dada a limitação da área escavada, por enquanto não está claro se se trata do praefurnium da sala adjacente ou se era um sistema central que servia várias salas aquecidas - laconicum, caldarium e tepidarium.

Natatio: Trata-se de uma piscina ao ar livre, certamente porticada. Estes espaços são normalmente rectangulares e encontram-se perto do frigidarium e/ou da palaestra. A sua largura é de 14.40m e calculamos ser o seu comprimento de 43.20m. Parece-nos que do lado Este da piscina se lançavam as águas do complexo termal, águas que eram certamente trazidas por um aqueduto construído com esse fim.

Templo Romano
Trata-se de um exemplar de arquitectura romana religiosa, de planta rectangular (25 x 5m) do tipo hexástilo1 - períptero2.
A plataforma do podium tem quatro metros de altura, sendo o seu perímetro formado por silhares nos cantos, no perfil da base e moldura; o restante é o opus caementicium. Sobre ela levanta-se a colunata de fustes greco-romanos, rematados por capitéis de estilo coríntio, sobre os quais ainda se conserva parte da arquitrave e do friso. O material empregue é o granito local, excepto nos capitéis e nas bases, que são de mármore de Estremoz. Sabemos hoje, graças às investigações arqueológicas promovidas nas últimas décadas, que a sua atribuição cronológica se situa na primeira metade do século I d.C. e que era dedicado ao culto do imperador e não à tão conhecida deusa da caça, Diana.
O monumento religioso fazia parte duma grande praça - o forum, centro da cidade romana - envolvida por um pórtico. Nesta praça o elemento água deverá ter tido grande importância, dada a presença de um tanque/espelho de água que envolvia o pódio do templo, redescoberto já em meados do século XIX.
O seu bom estado de conservação deve-se à reutilização ao longo dos últimos dois milénios como torre militar e açougue municipal, entre outras funções. O seu aspecto actual data de há cerca  de 130 anos, quando as autoridades locais, sob a direcção técnica do cenógrafo Cinatti, decidiram libertá-lo de todas as construções não romanas.

Notícia retirada daqui

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