A diminuição do financiamento das instituições de Ensino Superior, inscrita na proposta do Governo para o Orçamento do Estado (OE) para 2012, vai implicar "restrições" na Universidade de Évora, admitiu nesta terça-feira o reitor Carlos Braumann.
"Naturalmente, algumas restrições terá que haver, mas vamos procurar manter o essencial", afirmou.
O reitor da Universidade de Évora falava à agência Lusa à margem do Dia da Universidade, cujas comemorações decorrem hoje na academia alentejana.
Após a sessão solene que marca a abertura do ano académico e assinala a data da inauguração da universidade jesuítica em Évora (1559), Carlos Braumann foi questionado pela Lusa sobre as restrições orçamentais para 2012.
O reitor lembrou que a proposta do Governo prevê um corte de 8,5 por cento nas transferências para as universidades e que a Universidade de Évora não é excepção.
"Vamos ter que ter um empenho especial para resolver algumas dificuldades que isso [diminuição do financiamento] nos vai causar", reconheceu.
Contudo, Carlos Braumann disse estar convencido de que "vai ser possível" à universidade, "num quadro mais restritivo", conseguir "manter o ensino e a investigação de alta qualidade e até progredir".
Durante a sessão solene, com a presença também do secretário de Estado do Ensino Superior, João Queiró, o reitor alertou para a eventual adopção de "normas" que coloquem em causa a autonomia universitária.
"Só pedimos que, não tendo contribuído para o desequilíbrio das contas públicas e tendo até havido uma redução dos nossos recursos humanos, nos não dificultem o trabalho com normas que violam a autonomia universitária", disse, num "recado" ao Governo.
Carlos Braumann aludiu à "falada exigência de autorizações ministeriais inusitadas na substituição de pessoal", a qual "poria em risco o funcionamento dos ensinos e de certos projectos de investigação".
Questionado pela Lusa, Braumann limitou-se a revelar que este é um assunto em análise no Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), relacionado com "a perspectiva de que poderia haver um controlo sobre o processo de contratações".
"Iria causar muita perturbação, se não pudéssemos continuar a gozar da autonomia de que sempre gozámos", embora "com a parcimónia que os tempos exigem e com o esforço de contenção para cumprir o orçamento", alertou.
O presidente da Associação Académica da Universidade de Évora (AAUE), Luís Rodrigues, afirmou à Lusa que os estudantes estão "claramente preocupados" com a diminuição do financiamento para 2012, o que augura "mais um ano muito mau".
Sem comentários:
Enviar um comentário