sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A partidarização do regime

Quando se falou da génese e desenvolvimento do Partido Republicano em Évora deixou-se perceber que estávamos em presença de uma formação que não possuía uma ideologia política consolidada nem assentava em estratos sociais muito bem definidos, que internamente lhe conferissem coesão e consistência. No seu seio coube uma amálgama de grandes proprietários, médicos, farmacêuticos, professores, comerciantes, industriais, artesãos, assalariados de origem diversa, rurais e soldados, à mistura com outros grupos aliados, entre os quais sociedades secretas, socialistas e anarco–sindicalistas que apoiavam temporariamente o republicanismo como meio de se obter uma mudança e derrubar a Monarquia, observou o professor americano Douglas L. Wheeler na sua “História Política de Portugal 1920-1926”.
As divergências e as clivagens começaram com as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), encarregada de proceder à elaboração da nova lei fundamental do país e eleger o primeiro presidente da nova república. Entretanto o Governo Provisório, presidido por Teófilo Braga e tendo como ministros António José de Almeida, no Interior; Afonso Costa, na Justiça; Basílio Telles, na Fazenda; Brito Camacho, no Fomento; António Luís Gomes, nas Obras Públicas; Bernardino Machado, nos Estrangeiros; Correia Barreto, na Guerra; e Azevedo Gomes, na Marinha, havia produzido abundante mas desconexa legislação oscilando entre a dureza de Afonso Costa e a moderação de António José de Almeida e Brito Camacho. Os mais radicais queriam a República só para os republicanos e o partido fechado sobre si mesmo, sendo intransigentes nesse desiderato. Os mais moderados entendiam que se deveria conceder preponderância à classe média, interessada na real modernização do país e por isso capaz de mobilizar novos apoiantes que partilhassem idêntico objectivo. Segundo o historiador Rui Ramos esta ideia inquietou os mais radicais, devido ao risco de pôr em causa o monopólio do Estado pelo PRP e de obstar à continuação da guerra religiosa.
Os dois campos extremaram-se na Assembleia Nacional Constituinte quando chegou a altura da eleição do Presidente da República. Os primeiros contactos entre os dois lados resultaram na impossibilidade de apresentação deum candidato único. Afonso Costa propusera Bernardino Machado enquanto Almeida e Camacho, momentaneamente aliados avançaram primeiro com o nome de Anselmo Braamcamp Freire, presidente da ANC, que recusou, e depois o de Manuel de Arriaga. A maioria de parlamentares afecta a ambos ditou a vitória de Arriaga.
Mas ainda no final desse mês de Outubro Afonso Costa, que preparara o Congresso Republicano e conseguira assegurar um número de delegados fiéis aos radicais, faz triunfar as suas teses, que ficarão a determinar a orientação no partido no futuro. A consequência imediata foi a já aguardada cisão, com António José de Almeida e Brito Camacho a abandonarem as fileiras do partido, e a separarem-se depois, sem no entanto renunciarem à causa, e a fundarem cada um o seu partido.
O espectro partidário ficou, então, assim definido: à esquerda, o Partido Republicano Português, radical, (conhecido também por Partido Democrático) de Afonso Costa; e à direita, os moderados e conservadores Partido Evolucionista Português, de António José de Almeida, e Partido da União Republicana, de Brito Camacho. Perguntar-se-á: e em Évora como se alinharam os republicanos locais? Bem, os chamados históricos, com algumas poucas excepções, aderiram quase todos ao Partido Evolucionista, que abriu o seu próprio espaço de reunião, debate e convívio (Centro Republicano Evolucionista) na Rua João de Deus, 61, antiga sede da Sociedade Operária Joaquim António d’Aguiar. As melhores cabeças republicanas, dizia-se, tinham ido engrossar as suas fileiras, entre as quais o primeiro presidente do município, o médico Júlio do Patrocínio Martins, que deixara estas funções ao também clínico Máximo Homem Rodrigues, por ter sido eleito deputado por Évora à Assembleia Nacional Constituinte.
Um dos que não se transferiu de imediato para o partido de Almeida embora a ele tenha aderido mais tarde já em Lisboa foi Estevão da Cunha Pimentel, o primeiro governador civil, que desgostoso, com a situação criada, largou a actividade política e foi viver para Paris durante uns tempos. Militante fiel continuou a ser o refundador do Partido Republicano no concelho, Evaristo Cutileiro, cujas crises de diabetes se tornavam cada vez mais graves e ameaçadoras. Contudo, se os evolucionistas eram uma força de grande expressão já o mesmo não se podia dizer da União Republicana que ainda assim conseguiu eleger como deputado pelo círculo até 1915 o irmão de Brito Camacho, Inocêncio Camacho Rodrigues, já então Governador do Banco de Portugal.
Para fazer face à sangria sofrida nas suas hostes pelas deserções evolucionistas, o Partido Democrático viu-se obrigado a praticar em Évora o que rejeitara a nível nacional – abrir as suas portas a novos aderentes. Alguns deles eram provenientes de antigos partidos monárquicos. Em 1912 a Comissão Municipal Republicana era presidida pelo grande proprietário de Portel, residente em Évora e republicano de longa data António Joaquim Potes do Amaral, mas Manuel Antunes Marques, o secretário; António Tibério Tojo de Sousa Franco, o tesoureiro; e os vogais Joaquim Leandro de S. João e António Joaquim Pires eram nomes que pouco diziam aos republicanos da urbe.
O PRP ou Partido Democrático encarava com grande receio as eleições de Dezembro de 1913 para a Câmara Municipal. Contudo, o infausto acontecimento que constituiu no dia 9 de Setembro o falecimento de Evaristo Cutileiro, em tratamento no Sanatório da Covilhã, poderá ter contribuído para a inversão da situação. O grande médico, que se notabilizou no combate à tuberculose e à asma criando um método próprio, era uma referência incontornável do republicanismo, ao qual sacrificou bens, saúde e vida pessoal, na cidade, no concelho e no distrito. No dia do seu funeral, que veio para Évora, mais de cinco mil pessoas, sem discriminação político-partidária, simples cidadãos ou meros doentes reconhecidos, todos aguardaram a chegada do féretro para lhe prestarem a última homenagem.
Três meses após e contra as expectativas gerais, o Partido Democrático ganhava as eleições com 500 votos em 843 entrados nas urnas. Em jornal que lhe era afecto escrevia-se: «desfez-se a lenda do invencível poderio do partido evolucionista em Évora». Este esboroar-se-ia rapidamente nos anos seguintes. No concelho os novos protagonistas concelhios passariam a ser o médico João Camarate Campos, o advogado Alberto Jordão Marques da Costa, o engenheiro José Eduardo de Calça e Pina da Câmara Manoel, o solicitador Florival Sanches de Miranda, o farmacêutico José Dordio Rebocho Pais e o funcionário público e administrador do concelho de Évora em 1913, Cláudio José Percheiro.

Texto: José Frota 



Igrejas de Évora


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Personalidades Eborenses - Júlio do Patrocínio Martins

O primeiro presidente republicano do município eborense, nasceu em 1878 na freguesia de Casa Branca, no concelho de Sousel. Depois de se ter formado em Medicina pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1907 veio para Évora onde abriu consultório e se inscreveu no Centro Republicano Democrático Liberdade. Pessoa muito afável, logo conquistou amigos e popularidade, tendo sido candidato republicano às eleições de 1908 e 1910. Foi redactor principal e director de “A Voz Pública”. Deputado eleito à Assembleia Nacional Constituinte em 1911, passou a residir em Lisboa, tendo aderido ao Partido Evolucionista. Depois de uma breve passagem pelo Partido Popular, que chegou a liderar, afastou-se da política desencantado com o desenrolar dos acontecimentos. Por razões de saúde foi viver para Vilar de Nantes (Chaves). Não se demorou por lá muito tempo mas foi o suficiente para deixar o seu nome ligado à criação da Escola Industrial de Chaves. Quando nada o fazia prever decidiu voltar à política, sendo sucessivamente Ministro do Comércio e Comunicações (23 de Fevereiro a 28 de Junho de 1919), Ministro do Comércio da Marinha e do Ultramar (1920-1921) e Ministro da Instrução Pública (de 2 de Março a 23 de Maio de 1921). Com a enfermidade de que padecia a agravar-se inexoravelmente regressou ao torrão natal, onde veio a falecer a 13 de Maio de 1922 apenas com 44 anos.


Texto: José Frota

Cartaz Antigo da Feira de S.João

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Programa Férias de Verão convida jovens para novos ateliês

A Câmara Municipal de Évora oferece ainda aos jovens do concelho, no âmbito do programa municipal Férias de Verão 2011, um conjunto de actividades de ocupação de tempos livres bastante diversificadas, que se prolongam até meados do mês de Setembro, devendo todos os interessados em participar, começar a efectuar já as suas inscrições.

Estas podem ser feitas on-line, por telefone e no Ponto Jovem - espaço municipal da juventude, na Rua do Menino Jesus, em Évora, estando à disposição dos jovens os seguintes contactos: o site do evento em www.cm-evora.pt, o e-mail: palavraj@cm-evora.pt e o telefone 266777100 (Ext. 2335).

Tais ateliês destinam-se a jovens entre os 14 e 30 anos a viver no concelho e as inscrições são gratuitas, tendo à escolha um apreciável conjunto de actividades, nomeadamente nas áreas da cultura e do desporto.

No mês de Setembro, a programação é a seguinte: logo no dia 1, entre as 18 e as 20 horas haverá um ateliê de Noções Básicas de Modelismo, no Ponto Jovem Espaço Municipal da Juventude (Rua do Menino Jesus), organizado pelo Modelismo Alentejo Clube.

Para o dia 2, está agendado o ateliê de Malas de Trapilho, entre as 17 e as 20 horas, no Ponto Jovem, que será orientado por Sara Santos.

A 5 de Setembro é a vez de Cadernos de Feltro, que decorrerá entre as 17:30 e as 20 horas, no Ponto Jovem e é organizado por Alexandra Cruz.

Entre 5 e 6 de Setembro, o Ponto Jovem receberá o ateliê Autocad 2D, entre as 17 e as 20 horas, ministrado por Miguel Gonçalves e de 5 a 8 será realizado o ateliê de Dança Jazz e Sevilhanas, entre as 17 e as 20 horas, no Espaço Juventude Sport Clube, pela Escola de Dança Companhia de Triana.

De 5 a 8 decorre também Teatro de Rua, entre as 18 e as 20 horas, no Ponto Jovem, dinamizado pela ExQuorum e no dia 6, entre as 17 e as 19 horas, tem lugar um ateliê de Kickboxing, no EvoraGym (Av. Combatentes da Grande Guerra), organizado pela referida instituição.

Danças do Mundo – Danças Portuguesas é a proposta para os dias 6, 7 e 8, entre as 18 e as 20 horas, no Ponto Jovem, da responsabilidade de Ana Silvestre.

Nos dias 7 e 8 está agendada a realização de Fotografia Nocturna – Desenho de Luz, entre as 21 e as 23 horas, no Ponto Jovem, organizado pela Comunidade de Artistas Livres.

A 8 de Setembro tem lugar, entre as 17 e as 19:30 horas, Expressão Corporal Livre – O Movimento e a Música, no Ponto Jovem, pela Comunidade de Artistas Livres; e entre as 18 e as 20 horas, o ateliê Cozinha do Mundo, dinamizado pela Carpe Diem. Ainda nesse dia, também no Ponto Jovem, realiza-se o de Hip Hop, entre as 19:30 e as 21 horas, organizado por Geny; e a Fotografia Digital, entre as 17 e as 20 horas, que será promovida por Mário Velez.

Nos dias 12 e 13 haverá um ateliê de Sketchup 2D, entre as 17 e as 20 horas, no Ponto Jovem, dinamizado por Miguel Gonçalves

Uma Oficina de Desenho realiza-se de 12 a 14 de Setembro, das 18 às 20 horas, no Ponto Jovem, estando a cargo da Comunidade de Artistas Livres.

O ateliê de Primeiros Socorros decorre no dia 13, entre as 15 e as 17 horas, na Delegação de Évora da Cruz Vermelha, organizado por esta instituição; e nesse dia está também agendado um ateliê de Maquilhagem, que tem lugar entre as 17 e as 19 horas, na Carpe Diem (Praça do Giraldo, 81), produzido por esta associação.

Língua Gestual Portuguesa é a proposta para o dia 13, das 18 às 20 horas, na Associação de Surdos de Évora (Bairro da Casinha), ateliê que é organizado por Sónia Serras, da ASE.

De 14 a 16 de Setembro, decorre a Pós Produção de Vídeo, entre as 18 e as 20 horas, no Ponto Jovem, dinamizada pela Comunidade de Artistas Livres.

Um ateliê de Art Nails está previsto para o dia 15, das 18 às 20 horas, no Ponto Jovem, organizado pela Carpe Diem, associação que também dinamiza nesse mesmo dia as Tatuagens Temporárias na Praça do Giraldo, 81).

No dia 16, haverá Licores e Conservas, entre as 18 e as 20 horas, na Carpe Diem (Praça do Giraldo, 81), promovido pela referida instituição e, entre as 18 e as 21 horas, tem lugar o ateliê de DJ – Vinil, na Sociedade Harmonia Eborense, organizado por Rui Venda (R.V. - myspace.com/rvprofile).

Évora Perdida no Tempo - Sala de aula numa Escola Primária de Évora

Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1970
Legenda Sala de aula numa Escola Primária de Évora
Cota DFT1080.1 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Abertas candidaturas para Bolsas do Ensino Secundário

A Câmara Municipal de Évora informa que até ao próximo dia 31 estão abertas as candidaturas para a atribuição de Bolsas de Estudo aos estudantes do Ensino Secundário do concelho, pelo que os interessados podem ainda inscrever-se.

O júri responsável pelo processo de atribuição das Bolsas propôs que no ano lectivo de 2011/12 se mantenha o mesmo número de bolseiros (26), sendo o valor da bolsa de 1000 euros (para os alunos beneficiados pela primeira vez) e de 700 euros (para os alunos em processo de renovação da bolsa e a frequentarem cursos do ensino regular) e que as bolsas sejam atribuídas preferencialmente a alunos a frequentarem cursos não financiados.

A autarquia eborense procura minimizar o grave problema do abandono escolar, aliado, muitas vezes, a situações de carência socioeconómica, contribuindo para colmatar essa situação com a atribuição destas bolsas. Estas visam incentivar e apoiar a continuação dos estudos secundários, através da concessão de apoios económicos a jovens estudantes/munícipes, inseridos em agregados familiares comprovadamente carenciados.

Mais informações e apresentação de candidatura no site da Câmara de Évora http://www.cm-evora.pt/pt/conteudos/areas+tematicas/evora++cidade+educadora/Bolsas+de+Estudo+2011.htm ou no Ponto Jovem – Espaço Municipal da Juventude (Rua do Menino Jesus) - Telefone: 266777100 e E-mail: palavraj@cm-evora.pt

Évora Perdida no Tempo - Cruzeiro da Ermida de S. Sebastião


Cruzeiro da Ermida de São Sebastião, vendo-se em segundo plano a estrada para Lisboa e, do lado direito, o Alçude e Chafariz das Bravas.
Autor David Freitas
Data Fotografia 1966 -
Legenda Cruzeiro da Ermida de S. Sebastião
Cota DFT3176 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

domingo, 28 de agosto de 2011