terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Francisco José

Com uma carreira maioritariamente construída no Brasil, o cantor Francisco José deparou-se com alguns contratempos quando, em 1964, se deslocou a território português e, num programa gravado em directo, acusou a RTP de pagar miseravelmente os artistas nacionais, ao contrário do que se passava lá fora.
O caso não ficou por aí, já que Fancisco José resolveu pedir uma quantia de cinco mil escudos pela actuação que iria realizar para a RTP, mesmo estando habituado a receber cinquenta contos por programa no Brasil. A resposta foi negativa, uma vez que o limite máximo pago aos artistas portugueses era de dois mil escudos, no entanto, no seu caso, resolveram abrir uma excepção e fizeram a contraproposta de três mil escudos, caso o cantor não divulgasse a situação. Francisco José aceitou, mas no fim da actuação revelou o escândalo em directo, e a transmissão foi imediatamente cortada. Levado para a sede da PIDE, o cantor foi interrogado, e obrigado a responder em tribunal por "injúria e difamação", depois de lhe ter sido movido um processo.
Francisco José Galopim de Carvalho nasceu em Évora no dia 16 de Agosto de 1924, tendo falecido em Julho de 1988, vítima de um acidente vascular cerebral. Foi na festa de finalistas do liceu que frequentou, que se deu a sua estreia, no Teatro Garcia de Resende, com a interpretação do tema "Trovador". Passou de amador a profissional aos 24 anos, vendo-se obrigado a interromper o 3º ano do curso de Engenharia que frequentava na altura, acabando por não o terminar.
Em 1948, compareceu no Centro de Preparação de Artistas da Rádio, acompanhado por uma carta de apresentação do professor Mota Pereira, tendo cantado, no teste, as canções "Marco do Correio" e "Marina Morena.
A partida para a internacionalização aconteceu em 1951, ano em que se deslocou a Madrid para gravar "Olhos Castanhos/Se", um 78 rpm que lhe valeu 500 escudos por cada face registada, tendo regressado à cidade, no ano seguinte, desta feita para gravar três discos, "Sou Doido Por Ti", "Deixa Falar O Mundo" e "Ana Paula".
Depois de ter pisado o palco em Évora numa revista regionalista de Vasconcelos Sá, intitulada "Palhas e Moinhas", o artista repetiu a experiência em 1952, numa peça que contou com a presença de Hermínia Silva.
Dois anos depois, partiu à descoberta do Brasil, acabando por se estabelecer em Copacabana. Foi lá que construiu uma carreira sólida e de sucesso invulgar para um artista português radicado em território brasileiro. Depois de seis anos de concertos realizados para plateias de emigrantes portugueses, Francisco José registou, em 1960, na editora Sinter, a canção "Olhos Castanhos", que se tornou, no ano seguinte, na canção mais popular do panorama musical brasileiro, depois de ter vendido cerca de um milhão de cópias. Para além de regulares edições discográficas, que somaram um total de 24 álbuns, dos quais apenas seis chegaram a Portugal, do currículo de Francisco José fazem parte inúmeras passagens pela televisão, tendo apresentado um programa aos sábados no Canal 9, em horário nobre.
De passagem por Portugal, a sua relação conflituosa com a PIDE terminou com uma interdição para sair do país, pelo que esteve dezasseis anos sem cantar na televisão portuguesa. No entanto, os discos continuaram a chegar ao mercado na década de 70, e a ser recebidos pelo público com grande satisfação. "Guitarra Toca Baixinho" e "Eu e Tu" são apenas dois dos 109 títulos que compõem a sua discografia, feita de registos em 33, 45 e 78 rpm. Depois de gravado o último single, "As Crianças Não Querem A Guerra", o cantor envolveu-se na política activa mas, em meados de 80, regressou à música. A sua última actividade profissional foi desempenhada no campo do ensino, na Universidade da Terceira Idade, depois de terminar o curso de Matemática.



Música:
Olhos Castanhos
Letra da Música:
Letra e musica: Alves Coelho

Teus olhos castanhos
de encantos tamanhos
são pecados meus,
são estrelas fulgentes,
brilhantes, luzentes,
caidas dos céus,
Teus olhos risonhos
são mundos, sao sonhos,
são a minha cruz,
teus olhos castanhos
de encantos tamanhos
são raios de luz.
Olhos azuis são ciume
e nada valem para mim,
Olhos negros sao queixume
de uma tristeza sem fim,
olhos verdes sao traição
sao crueis como punhais,
olhos bons com coracão
os teus, castanhos leais

Évora Perdida no Tempo - Orquestra Monumental


Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1959
Legenda Orquestra Monumental
Cota DFT7620 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

domingo, 15 de janeiro de 2012

Procuramos Médicos para o Distrito de Évora (M/F)

A MediPeople é uma empresa de Recursos Humanos que actua unicamente no sector da saúde. Tem como Clientes de referência Hospitais Públicos/Privados, Unidades Locais de Saúde, Centros de Saúde e Clínicas, proporcionando aos seus Parceiros a possibilidade de desenvolverem uma actividade complementar àquela que é a sua actividade principal, nomeadamente a nível de:
- Serviço de Urgência;
- Consulta Aberta;
- Projectos específicos de redução de listas de espera de utentes.

Neste momento, procuramos Médicos para o Distrito de Évora.

Informações sobre o Projecto:
- Local: Hospital de Espirito Santo, E.P.E;
- Objectivo: Realização de Consultas da Dor Crónica e Técnicas de Analgesia
- Horário: Uma vez por semana das 8h00 às 18h00, em função das disponibilidades do profissional;
- Regime de Prestação de Serviços.

Requisitos:
- Experiência em consulta da dor crónica e manuseamento de técnicas analgésicas;
- Experiência em dor oncológica;
- Competência em dor crónica.

Caso tenha interesse e disponibilidade para este projecto, contacte-nos através do email:


Pode ainda visitar-nos através do www.medipeople.pt 

Vista Parcial da Sé de Évora

sábado, 14 de janeiro de 2012

Monumentos de Évora - Igreja de S.Francisco

Professor da Universidade de Évora que se fazia passar por mulher condenado a quatro anos de cadeia efectiva

O professor universitário Mário Miguel Mendes, que se fazia passar na Internet por uma mulher “lindíssima” que aliciava homens na Internet, foi condenado hoje a quatro anos de prisão efectiva.

O tribunal não teve qualquer dúvida em como o professor cometeu os crimes de que vinha acusado, o que foi demonstrado pela "abundante" prova recolhida.

Dos dez arguidos que foram julgados, cinco foram absolvidos de todos os crimes e outros cinco condenados por vários crimes, entre os quais perturbação da vida privada, coacção e ameaça na forma continuada. Entre estes cinco, conta-se, além do professor, inspectores da Polícia Judiciária e detectives, que foram condenados a penas de multa. Entre os absolvidos contam-se agentes da PSP.

Utilizando a Internet e o telefone, Mário Miguel Mendes fazia-se passar por Sofia Sá Guimarães, uma mulher “lindíssima”, segundo a foto que enviava às vítimas, com “sotaque de Cascais”, passando posteriormente a infernizar a vida dos homens que “seduzia” com essa falsa identidade.

Para perseguir as suas vítimas, o professor contratou, a troco de dinheiro, detectives privados e inspectores da PJ para que vigiassem as suas vítimas.

O arguido estava acusado de crimes de denúncia caluniosa, gravações e fotografias ilícitas, ameaça, coacção e perturbação da vida privada, tendo o Ministério Público pedido, nas alegações finais, uma pena de cinco anos de prisão para quem infernizou a vida a dezenas de pessoas.

Durante o julgamento várias das vítimas da falsa mulher loura prestaram depoimento, bem como agentes policiais que fizeram vigilância junto da casa das vítimas para tentar localizar e deter o arguido.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Teatro - Ascensão e Queda da Cidade de São Cifrão

A Cidade de São Cifrão é uma cidade fábula, uma cidade fundada por gente que se apercebe que “é mais fácil tirar o ouro de quem trabalha do que dos rios ou das montanhas”, uma cidade onde tudo é permitido ao que tem dinheiro. Não ter dinheiro é o maior dos crimes.
Na Cidade de São Cifrão há combates de três em três dias com sangue e dentes partidos, na Cidade de São Cifrão há divertimentos vários, carne de cavalo e de mulher, whisky para beber, poker para jogar, e ninguém a querer mandar. À Cidade de São Cifrão os tufões não chegam. À Cidade de São Cifrão é a cidade-armadilha. Ainda ontem perguntaram lá por vocês! Versão e Encenação: Jorge Feliciano Actores / Técnicos: Andreia Egas, Cristina Cardoso, Jorge Feliciano, Luís Mouzinho, Vítor Alegria

Dias 14 e 15 de Janeiro
Palco do Teatro Garcia de Resende

Formação - A Criança e a Expressão Dramática

Évora Perdida no Tempo - Rua da República


Edifícios a demolir na Rua da República para construção da Caixa Geral de Depósitos.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1952 ant. -
Legenda Rua da República
Cota DFT7179 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

Academia aeronáutica despede 33 em Évora



Os aviões ainda se ouvem na cidade, mas dentro de 3 meses tudo será diferente. A CAE Global Academy despediu 33 trabalhadores da escola que tem em Évora.


Entregue na terça-feira, a carta de despedimento coletivo informa que a ligação dos trabalhadores à empresa termina dentro de 90 dias. Fonte próxima do processo revelou ao SAPO que entre os dispensados estão pilotos, formadores, mecânicos e administrativos. Apenas 15 funcionários manterão os seus postos de trabalho, numa academia que deixará de lecionar grande parte dos cursos que oferece atualmente.

No futuro, a CAE Évora dedicar-se-á apenas à "aclimatização" de pilotos formados nos Estados Unidos da América ou seja ao upgrade de pilotos que pretendem voar no espaço aéreo europeu. Instalada no aeródromo de Évora desde 1999, esta academia aeronáutica passou a fazer parte do CAE Global Academy em 2001 tendo formado até agora mais de 500 pilotos, e foi sempre apresentada com símbolo das potencialidades que a região tem para o setor da aeronáutica.

Na história recente da CAE Évora está um acidente, em Castro Verde, com um bimotor ao serviço da escola e que provocou a morte de dois alunos e um instrutor. Ocorrido em Setembro de 2009, o acidente aconteceu depois de os alunos terem realizado treinos de voo noturno em Espanha, visto que na altura, ainda não era possível realizar este tipo de instrução em Évora. O investimento na iluminação da pista do aeródromo de Évora acabaria por ficar concluído em 2010, num investimento da autarquia.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Monumentos de Évora - Torre do Salvador

Grande e bela é a Torre do Salvador, reduto de 13,20 metros de altura, assente numa base quadrangular de 9,60 metros de lado e composta por muros bastante sólidos de granito, situada junto aos Paços do Concelho. A sua construção, inserida na cerca antiga da cidade, data de meados do século XIV e tem prováveis origens romano- visigodas, traduzindo um aproveitamento semelhante ao verificado na implantação de outras fortificações assentes no Castelo de Évora.

Possuindo acesso pelo interior, através de escadas apropriadas, a Torre ostenta um aspecto bélico medieval, que lhe é conferido pela presença bem vincada de ameias e seteiras, embora mitigado pela construção do Convento do Salvador do Mundo, que lhe ficou encostado e ao qual foi servindo de mirante, ornado pelas habituais janelas de tijoleira. O templo foi sagrado em 24 de Julho de 1610 e alojou a Ordem das Clarissas, que tinha sido obrigada a desocupar o seu anterior local de retiro para que, no mesmo espaço, fosse construída a Igreja do Colégio dos Jesuítas (actual Igreja do Espírito Santo).

Durante as invasões francesas, culminadas com a tomada de Évora no dia 29 de Julho de 1808, luta em que pereceu mais de um milhar de eborenses, seguiu-se o massacre da população, tendo sido executadas mais 5.000 pessoas, número médio estimado entre as avaliações por excesso e por defeito, efectuadas por historiadores antigos e mais recentes. Mas a selvajaria das tropas do general Loison, dito “O Maneta”, prosseguiria nos dias 30 e 31 com o saque e a pilhagem sistemática dos mosteiros e das casas mais ricas da cidade. Como é óbvio, o Convento do Salvador não ficou imune ao roubo, tendo sido espoliado do seu recheio mais valioso.

Casa de clausura feminina, suscitou, isso sim, a atenção da soldadesca gaulesa, desvairada na procura de mulheres. Como é lícito supor, as freiras clarissas não saíram incólumes da imparável horda masculina invasora, não oferecendo, por inútil, grande resistência à sua brutalidade.

A Torre, em termos de construção , acabou por não sofrer danos de monta. Apesar de tudo os franceses não conseguiram concretizar o seu grande objectivo, que era o da conquista de Lisboa, e decidiram-se por abandonar o país. Com a extinção das ordens monásticas, o Convento foi entregue 1906 a uma unidade do grupo de Artilharia de Montanha. Dissolvido este, passou a aquartelar o Regimento de Artilharia Ligeira nº1. Em 1922 a Torre sineira do Convento é considerada Imóvel de Interesse Público. Mas o estado geral do conjunto monástico é lastimoso, pelo que o Estado Novo decide transferi-lo para outro local, cessando a ocupação militar do Convento.

Durante algum tempo a Escola Industrial e Comercial de Évora obtém a sua cedência para instalar na cerca e dependências cobertas um campo de jogos e algumas salas de ginástica, que não possui. Sol de pouca dura. Em 1940 a Direcção de Serviços dos Monumentos Nacionais decide abrir a sua Secção Sul na parte mais antiga do edifício, que engloba a Torre, a Igreja, exemplar de arte barroca, e respectivos coros, um pórtico e parte do Claustro. Toda a restante área do Convento é então demolida para dar lugar à construção da Estação dos Correios, Telégrafos e Telefones e ao rasgar da Rua de Olivença.

Por exibir bastos sinais de degradação, a Direcção Regional da Cultura do Alentejo, a quem o edifício está patrimonialmente afecto, decidiu retirar do local os serviços de que ali dispunha e integrá-lo na parceria Acrópole XXI, projecto de reabilitação urbana confinado àquela área e candidato a financiamento comunitário através do QREN. Dotadas de um investimento de 75.000€, as obras em causa visavam a criação de condições, naquele espaço, para instalação da loja “Cultura-Alentejo”. Terminada a intervenção no edifício em meados do ano transacto, este continua encerrado e da loja “Cultura- Alentejo” não se percebem sinais. E é pena, porque tão bela e vetusta torre, localizada na envolvente da Praça do Sertório, não merece estar sem qualquer aproveitamento cultural, social ou turístico, depois da sua recuperação.  

Texto: José Frota 

Évora Perdida no Tempo - Palácio dos Condes de Basto


Fachada ocidental do Palácio dos Condes de Basto (Pátio de São Miguel) depois das obras de restauro. O edifício, em avançado estado de ruína, foi adquirido em 1957 pelo Conde de Vill'Alva, que no ano seguinte iniciou as obras de recuperação, com a colaboração do Arquitecto Ruy Couto. As obras de consolidação, recuperação e restauro duraram cerca de 15 anos.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1957 Dep. -
Legenda Palácio dos Condes de Basto
Cota DEFT4417 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Prémio de investigação em AVC vai para médica do Hospital de Évora

O prémio anual de investigação em Acidente Vascular Cerebral (AVC), promovido pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) através do seu Núcleo de Estudos de Doença Vascular Cerebral, foi conquistado pela Dra. Sílvia Lourenço, do Hospital do Espirito Santo de Évora (HESE).
O prémio foi atribuído após avaliação por um júri nacional ao estudo “perfil clínico e evolução de doentes com AVC isquémico em ritmo sinusal e sem doença cardíaca estrutural por trombo na aurícula esquerda - casuística de uma unidade de AVC”.

A seleção dos doentes para o estudo ocorreu na Unidade de AVC do HESE, com o apoio da equipa liderada pela Dra. Luísa Rebocho, em articulação com a equipa do Dr. João Vasconcelos, que realizou os estudos ecocardiográficos no Laboratório de Ultrassonografia do HESE (LUSCAN).

O trabalho consistiu na avaliação dos doentes com AVC isquémico de causa desconhecida, nalguns dos quais foram detetados trombos na aurícula esquerda. Na caracterização dos doentes, detetaram-se alterações pró-trombóticas nalguns e, noutros, doença oncológica associada.

A Dra. Sílvia Lourenço destaca que o estudo permitiu encontrar o tratamento mais adequado para os doentes selecionados, consistindo em terapêutica anticoagulante.

O trabalho de investigação valeu o prémio anual da SPMI, que atribui um estágio de três meses num hospital de Oxford, considerado um centro de referência europeu no estudo, prevenção e tratamento do AVC.

A Dra. Luísa Rebocho, responsável pela Unidade de AVC, foi quem propôs a apresentação deste trabalho ao núcleo de estudos de doença vascular cerebral: “Já ganhámos mais dois prémios”, conta com um sorriso, “da Sociedade Portuguesa de AVC e da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, por trabalhos sobre fibrilhação auricular e AVC”.

Aquela responsável salienta a vantagem de existir em Évora uma Unidade para estudar e tratar os doentes com AVC. Ao pertencer a um grupo reduzido de Hospitais com disponibilidade, mediante o LUSCAN, para realizar ecodoppler dos vasos do pescoço, ecocardiograma transtorácico e transesofágico, todos os doentes internados com AVC são estudados “em tempo real”. Estes procedimentos de diagnóstico conduzem a uma terapêutica precoce e eficaz.

A Dra. Sílvia Lourenço sente-se grata aos co-autores, cuja colaboração tornou possível a realização do estudo e irá agora desenvolver a sua investigação em Oxford, procurando estabelecer uma ponte entre aquele centro de referência da especialidade e o hospital central de Évora, para beneficiar os doentes de AVC, uma causa importante de mortalidade em Portugal.