quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Edifício de S. Pedro (Antiga Igreja Paroquial e Antiga Direcção-Geral de Viação)


O “Edifício de S. Pedro”, actualmente propriedade da Câmara Municipal de Évora, situa-se na Rua Diogo Cão, junto ao Pátio do Salema, e foi até ao século XIX a Igreja de São Pedro – e este topónimo “S. Pedro” remonta ao século XII, mas passa a designar esta rua a partir do século XIV, e até ao século XIX, altura em que lhe é atribuída a denominação de Rua Diogo Cão.

Existe a tradição eclesiástica e erudita de que em 1186 esta era uma ermida de templários, os quais terão procedido à sua reedificação e ampliação. Gabriel Pereira defende que não há motivo para rejeitar esta tradição, pois nas obras de adaptação da igreja a Escola Normal, finais do século XIX, foram encontradas várias pedras tumulares e outros elementos de arquitectura e de escultura, como mísulas, que comprovam tratar-se de um edifício muito antigo. Este historiador noticia também o aparecimento de um forte muro correndo em direcção discordante das paredes do edifício e de outra qualquer próxima, o que, na sua opinião, seria pertença de um edifício considerável outrora ali existente, e refere ainda um fragmento com uma inscrição árabe numa parede. A combinação de todos estes elementos permitem-lhe admitir a existência de um templo moçárabe.

Algumas destas informações foram confirmadas por trabalhos arqueológicos recentes, que revelaram enterramentos correspondentes a períodos cronológicos distintos, desde o século VI ao XV.
Os Padres Manuel Fialho e António Franco, no século XVIII, referem que neste local estava localizada a primeira Sé, anterior à actual. Todavia, o Cónego Júlio César Baptista considera que há um desencontro cronológico que obriga a pôr de lado a igreja de S. Pedro como sede da primitiva catedral: o mais antigo documento conhecido sobre a igreja de S. Pedro é de 1280, e demonstra já então existir a paróquia de S. Pedro, organizada, com prior e raçoeiros. Se esta igreja tivesse sido a primeira Sé, só poderia ser paroquial depois de 1308, data da abertura ao culto da actual Sé, e não podia intitular-se de S. Pedro, mas de Santa Maria, nem podia ter colegiada, com prior e raçoeiros.

Em 1302 esta Igreja passou a integrar o padroado do Bispo de Évora e em 1312 foi elevada a sede de paróquia, possuindo rendas e proventos avultados e o seu primeiro prior foi Lourenço Anes de Oliveira. Aliás, até ao século XIX aqui se manteve a paróquia de S. Pedro , embora, consoante as várias obras realizadas na igreja, essa sede se fosse transferindo, ora para a Igreja de S. Vicente, ora para a de S. Francisco, onde se estabeleceu definitivamente em 1862.

Entretanto, a Igreja de S. Pedro sofreu obras de beneficiação em 1438, mas foi no século XVII que se registaram grandes transformações promovidas pelo Arcebispo D. Frei Luís da Silva Teles, por voto que fez a S. Pedro, se o livrasse duma perigosa doença. Este velho templo era então uma “egreja antiga e de indigesta symetria e fabrica” e “subterrânea, mal ornada e sem asseio”, pelo que lhe chamavam a “adega de João Baptista”.

Estas obras foram as seguintes: da velha igreja foi tudo derrubado, excepto as paredes-mestras, as quais foram levantadas para que a igreja ficasse com altura de pé direito proporcional à largura; foi feito um novo arco para a capela-mor; no corpo da igreja foram abertas duas janelas rasgadas para boa iluminação da igreja; todas as paredes foram cobertas com azulejos, com painéis da vida de S. Pedro; foi feito um novo coro fora da porta principal sobre um novo alpendre de pedraria; ao lado da parte da epístola, à entrada da porta principal, abriu-se outra porta para uma escada que serve para o coro e para um novo campanário, com dois sinos; foi aberta uma capela para a pia baptismal, entre outras alterações. Foram adquiridos objectos para o seu embelezamento e para o culto litúrgico, dos quais destacamos um painel representando “S. Pedro de joelhos recebendo as chaves da Igreja da mão de Cristo”, de autoria do pintor Bento Coelho da Silveira.

Além do altar-mor onde estavam as imagens de S. Pedro e de S. João Baptista, existiam dois altares colaterais: da parte do Evangelho o da Senhora da Glória e da parte da Epístola o de Cristo crucificado; e o altar de Santa Catarina.

Em Janeiro de 1881 procedeu-se a obras de transformação para adaptação desta igreja a Escola Normal, inaugurada solenemente em 16 de Outubro de 1884, quinta-feira e dia do aniversário da rainha D. Maria Pia. Foi a primeira Escola Normal de 2ª. classe no país e deveu-se à acção desenvolvida pela Junta Geral do Distrito de Évora e pelo Sr. Barjona de Freitas, ministro do reino.

As obras estiveram a cargo do engenheiro Pelouro, o primeiro a utilizar em Évora as vigas de ferro de “duplo T”, enchendo os vãos com pequenas abóbadas de tijolo. Os trabalhos foram depois dirigidos pelo engenheiro Pinho. E a propósito desta remodelação refere Gabriel Pereira: “Quem diria que a velha e arruinada igreja de S. Pedro se poderia transformar n’um bello salão com seu elegante vestibulo, n’um gabinete, em duas bellas salas escolares, e ainda a sala das collecções, todas com muita luz, e com um certo ar de elegância e distincção que a principio se não previa.” Tratava-se pois de um edifício de amplas janelas e espaçosas salas, uma delas com a área de 154 m2 destinada à aula de ensino elementar e complementar (escola primária anexa) e servida por um elegante vestíbulo.

A 12 de Janeiro de 1960, através de uma escritura de permuta, a Câmara Municipal de Évora entregou ao Estado o Convento de Santa Mónica e o Estado entregou à Câmara a antiga Igreja de S. Pedro. Neste edifício funcionou então, durante muitos anos, a Direcção-Geral de Viação e na década de noventa do século XX, e após novas e profundas obras, nele foram instalados alguns serviços da autarquia.

Subsistem assim poucos vestígios dos anteriores edifícios religiosos; destacam-se apenas o portal gótico e a porta de madeira do Brasil, almofadada e armoreada da época do Arcebispo D. Frei Luís Teles da Silva; a capela baptismal, do século XV; e a escadaria para o antigo coro, com azulejos monocromos, em lambris baixo, de padrão vegetalista, do século XVII.

M. Ludovina Grilo

Évora Perdida no Tempo - Largo Joaquim António de Aguiar


Edifício no largo Joaquim António de Aguiar.
Autor David Freitas
Data Fotografia 1949 c. -
Legenda Largo Joaquim António de Aguiar
Cota DFT2895 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Évora no lançamento do turismo em Portugal (1911)



Évora sempre foi uma cidade procurada pelos turistas, um termo que passou a designar, a partir do terceiro quartel do século XIX, todos os que, tendo possibilidades de o fazer, gostavam de viajar e conhecer mais mundo que aquele que ficava à sua beira. Este rasgar de novos horizontes, por razões culturais, lúdicas ou por vezes para mudar de ambiente gozando outros ares, foi indubitavelmente favorecido pela difusão do caminho-de-ferro e mais tarde do automóvel, meios de transporte que encurtaram o tempo da viagem e levaram à paulatina construção de infra-estruturas de suporte e apoio à actividade.


Curiosamente, em Portugal as viagens e estadias desta natureza faziam-se por razões de veraneio balnear (existência de praias, frutuoso contacto com o mar) ou por exigências de ordem terapêutica (frequência de estâncias termais). Em torno destes locais se foram erguendo hotéis, casinos e campos de jogos. Em 1906 era criada a Sociedade de Propaganda de Portugal, uma sociedade de iniciativa privada, que visava a promoção do turismo a nível interno e externo, sendo que o primeiro deveria estar assente nas estâncias termais e o internacional basear-se na Madeira e em Lisboa.


Em Évora, contudo, pensava-se e bem que os seus monumentos constituíam uma atracção que deveria ser valorizada. As ligações ferroviárias com Lisboa, Barreiro, Setúbal e Faro tinham-se intensificado e até o serviço de diligências funcionava muito razoavelmente sem atrasos de maior. A propaganda da cidade ia-se fazendo com assinalável sucesso. Em 1871 o Governo Civil fizera editar um “Roteiro da Cidade de Évora e breves notícias dos seus principais monumentos” e em 1900 Caetano da Câmara Manoel publicara em edição de autor, um opúsculo designado “A Cidade de Évora”, com apontamentos similares sobre o burgo e seus monumentos.


Entrementes, no lapso decorrido entre 1880 e 1909 foram calcetadas diversas praças e ruas. Destes melhoramentos e benefícios usufruíram a Praça de Giraldo, Largo de D. Manuel (de S. Francisco), Rua do Raimundo, Rua Ancha, Rua de Machede, Rua do Paço, Rua dos Infantes, Rua dos Mercadores e Rua de Avis. No ano de 1904 fez-se igualmente o calcetamento da estrada que vinha da estação de caminho-de-ferro até ao Rossio, que viria a ser baptizada como Avenida de Barahona. Melhoravam-se desta forma a acessibilidade às zonas mais importantes da cidade e a circulação e mobilidade interiores e acabava-se com o ambiente poeirento dos dias de Verão ou os lamaçais provocados pelos longos dias de chuva.


No tocante a alojamentos Évora estava bem servida. Existiam três hotéis: “Hotel Eborense” de José Augusto Anes, situado no Largo da Misericórdia, actual Solar do Monfalim, que se apresentava – e era sem pinga de dúvida – «como o melhor da província do Alentejo, com estabelecimento de banhos, sala de visitas e bons aposentos para famílias»; o “Hotel Chiado”, no Largo de S. Domingos ou Praça de D. Pedro, que começara por pertencer a Antónia Tomásia Correia e passara em 1909 para a propriedade de Manuel Duarte d’Almeida, dispondo de «quartos muito elegantes, bons aposentos para famílias, sala de jantar, sala de Banho e serviço de cicerones para os senhores forasteiros»; e o “Hotel Central”, localizado na Praça de Sertório, 42, perto dos Paços do Concelho.


Uma dúzia de estalagens completava o leque dos serviços de oferta no ramo da hospedaria. As melhores e as mais demandadas ficavam estrategicamente situadas na Avenida de Barahona, junto à estação ferroviária e pertenciam a Alexandre Matias (que a venderia em meados dos anos 20 à Guarda Nacional Republicana para aí instalar definitivamente o seu quartel) e a Francisco José Cutileiro. No Largo de S.Francisco, onde funcionava o Mercado, estavam registadas três, e na Rua de Avis outras tantas, estando as restantes domiciliadas na Rua do Paço, Rua do Muro, Rua de Machede e Rua do Landim.


Em termos de serviço de transportes internos a situação era bastante boa, dado que existiam quatro empresas detentoras de diligências. No início de 1911 era no entanto o solicitador Florival Sanches de Miranda quem dominava esta área, tendo estabelecido em Évora, em sociedade com Brás Simões, a primeira empresa de Aluguer de Automóveis e mais tarde tomado de trespasse a Empresa de Transporte de Trens d’ Aluguer. Podia dizerse que Évora estava bem apetrechada para bem acolher quem a quisesse visitar.


Aconteceu que entre 12 e 19 de Maio desse ano decorreu na Sociedade de Geografia de Lisboa o IV Congresso Internacional de Turismo. Organizado pelo Ministério do Fomento, tutelado pelo alentejano Brito Camacho, esse evento marcou a institucionalização do Turismo em Portugal com a criação da Repartição do Turismo que ficou sob a dependência da Secretaria Geral do referido Ministério. Para o terceiro dia da reunião, a 14 de Maio, ficou agendada uma visita a Évora, para mostrar as potencialidades da cidade enquanto local de muito interesse do ponto de vista histórico-monumental e fora do tradicional binómio praia/termas.


Na data aprazada, logo pela manhã, cerca de 120 congressistas, entre portugueses, espanhóis, franceses e ingleses, chegaram à estação de caminho-de-ferro onde foram festivamente recebidos pelas autoridades citadinas. Foi em cortejo que toda a gente caminhou para a sede da Sociedade Operária Joaquim António de Aguiar, ainda situada na Rua João de Deus, em cujo salão nobre se realizou a sessão oficial de recepção e boas vindas à comitiva. Ainda na parte matutina os forasteiros apreciaram uma exposição de objectos de arte ornamental na Biblioteca Pública e visitaram com algum detalhe os principais monumentos da cidade.


O almoço para 200 talheres, como escreveu um repórter da cidade, teve lugar no Teatro Garcia de Resende, encontrando-se as frisas e os camarotes de 1ª. ordem apinhados de senhoras, tendo muitas delas participado no arranjo e decoração do cenário. Os homens ficaram numa grande mesa armada na plateia em forma de U. Para a posteridade e curiosidade geral aqui se reproduz fielmente a ementa apresentada
MENU
Sopa de purée – Pasteis de vitella
Mayoneze de pescada com alcaparras
Frangãos aux Champignons
Ervilhas com paio - Escalopes de vitella
Salada de alface – Neve de laranja
Pudding Flandres – Doces variados
Fructas variadas - Vinhos Madeira
Collares e Bucellas – Champagne
Porto – Café e Licores
Depois do repasto, que se prolongou por algumas horas, os congressistas deslocaram-se ao Armazém Geral Agrícola para observar uma exposição de cortiças manufacturadas. A jornada terminou com uma Grandiosa Parada Agrícola no Rossio de S. Brás a que assistiram milhares de pessoas. A esmagadora maioria dos congressistas regressou a Lisboa ainda nesse dia pois os trabalhos prosseguiam no dia seguinte. Outros que tendo estado em Évora acompanhados por familiares, decidiram demorar mais 24 horas, pernoitando na cidade. 

Para estes e para os habitantes houve iluminação pública geral e música interpretada pelas diversas filarmónicas da urbe. Na hora da abalada congratularam-se com as excelentes condições da cidade para apostar no seu desenvolvimento turístico. Com a instauração da República e por via da sensibilidade de Brito Camacho, um ministro alentejano de boa ascendência, Évora pôde assim marcar presença no IV Congresso Internacional de Turismo e participar no acto fundador da primeira organização oficial de Turismo em Portugal.

Texto: José Frota

Évora Perdida no Tempo - Torre de Sertório


Torre de Sertório. Desde 1869 que se encontra aqui instalado o posto de observação meteorológica.
Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1960
Legenda Torre de Sertório
Cota DFT7279 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

terça-feira, 5 de julho de 2011

Semana dos Palhaços começa hoje nos Jardins da Malagueira




17º Festival Évora Clássica começa hoje


«Rituais do Oriente e de África»

O rito, este espaço-tempo que se instala no nosso quotidiano como uma pontuação, permite a este corpo do Oriente e da África, envolver-se do ornamento dos deuses e dos espíritos e franquear a linha de um outro mundo de representação. Abandonar o nosso mental e convidar a nossa emoção a percorrer uma paisagem desenhada por um outro gesto.

As danças sagradas cultivam a ambiguidade de uma sensualidade simultaneamente carnal e espiritual, quer com os corpos africanos possuídos pela lua cheia, quer com os corpos indianos maquilhados e acrobáticos evocando o amor divino de Krishna e dos seus Gopis. «O homem indiano não aspira à divindade; é o deus que, na sucessão de encarnações, escolhe fazer-se homem. » (Lyne Bansat-Boudon, Introdução ao Teatro da Índia antiga – Pléiade)

O culto de uma beleza celeste e depurada torna-se num refúgio onírico, num chamamento para a eternidade, face às preocupações comezinhas dos nossos destinos efémeros e da actualidade alarmista dos tempos modernos.

As artes e as músicas tradicionais vêm de uma época em que a espiritualidade fazia parte integrante de todo o processo de criação. A arte indiana e a dança, elas mesmas, deixarão progressivamente o recinto secreto do templo para o aparato do ouro dos palácios. A beleza física quer-se assim a imagem celeste da eternidade.

A emoção desordenada e rápida do corpo que conduz ao transe anárquico, o de um sufismo ao mesmo tempo agreste na sua prática e extremamente sofisticado na sua poesia, como o da confraria Skallia de Fez, continua, ainda hoje, uma realidade, apesar das pressões de um islão ortodoxo.

Viver intensamente o efémero do momento presente é em si mesmo uma maneira de abordar o sentimento da eternidade e de apreender a ideia da morte. « Quando eu nasci toda a gente ria, mas eu chorava ; mas quando eu morrer, o mundo chorará à minha volta e eu rirei » dizia Kabîr, o grande poeta de Bénarès (1440 – 1518).

À imagem dos quadros vivos dos jovens gotipuas da Orissa, que flutuam, por magia, no ar alguns segundos, apenas para celebrar o poder de um deus criança, músico sedutor, as artes tradicionais apresentadas este ano em Évora são um convite para desafiar o tempo durante alguns dias.

Reviver esta sensação iniciadora dos rituais de África com as Máscaras da lua em que o homem procura ao mesmo tempo imitar e apropriar-se da natureza, é uma maneira de melhor apreender a arte humana e de ir, este ano, à procura de emoções ainda mais intensas.



Alain Weber
Director artístico



Programação

Terça Feira 5 Julho de 2011 - Noite Africana
22h - Palácio Cadaval
As Mascaras da Lua - O Sagrado revisitado, Burkina Faso
As máscaras dos contadores são a incarnação da divindade Do. A partir do momento em que veste o hábito branco, o iniciado deixa de ser um homem...

Quarta Feira 6 de Julho de 2011 - Noite Indiana
22h - Palácio Cadaval
Gotipuas - Os jovens bailarinos, herança da Aldeia Raghurajput
A beleza incandescente e divina de Krishna e Radha encarna-se nestes quadros vivos em que o bailarino se transforma em motivo pictórico.

Quinta Feira 7 de Julho de 2011 - Noite Marroquina
22h- Palácio Cadaval
Marouane Hajji e o conjunto Akhawane El Fane - Cânticos Sufis da Confraria Skallia de Fez, Marrocos
Foi dito «Se o Oriente é a terra dos profetas, o Ocidente (Magrebe) é a terra dos santos (Awliya)»

Évora Perdida no Tempo - Sala de depósito da Biblioteca Pública de Évora


Aspecto de uma das salas de depósito da Biblioteca Pública de Évora.
 Autor David Freitas
Data Fotografia 1969 Março -
Legenda Sala de depósito da Biblioteca Pública de Évora
Cota DFT5070 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Beckett? na Antiga Fábrica dos Leões

Rotary inaugura monumento dos irmãos Charneca em Évora

Trata-se de uma escultura da autoria dos irmãos António José e Francisco Charneca que simboliza o meritório trabalho que, desde há muito, os rotários realizam em prol da melhoria da sociedade, integrando três esculturas (dois homens e uma mulher) que transportam o símbolo rotário, com determinação e optimismo, na direcção do Centro Histórico de Évora, o coração da cidade.

“É um excelente contributo para o embelezamento da cidade, que vem acrescentar património a Évora e representa o movimento rotário no que este tem de mais nobre - o esforço colectivo do bem-fazer”, considerou o autarca eborense, deixando um agradecimento aos autores e aos rotários pela iniciativa e concluindo que “este dia ficará como um marco e outros se lhe seguirão no sentido do bem-fazer”.

Na cerimónia, que contou com a presença dos sócios do Rotary Clube de Évora e das principais autoridades locais, interveio também o Presidente do Rotary Club de Évora, Luís Oliveira Rodrigues; o Governador do Distrito 1960, Joaquim Esperança, e o escultor António José Charneca.

O Presidente do Rotary Club de Évora sublinhou o simbolismo deste monumento que mostra a energia dos rotários, movimento benemérito com mais de um milhão e duzentos mil sócios a nível mundial, os quais, na sua acção, “são também fornecedores de paz, concórdia e boa vontade a todos os povos” e realçou o trabalho dos escultores na elaboração desta peça, a que se aliam também um conjunto de pedras “ pois simbolizam que, por vezes é com muitas dificuldades que os rotários levam a cabo a sua acção”.

Frisou ainda a forma com que o Presidente da Câmara acarinhou este projecto e a união de vontade por parte dos sócios para concretizar esta obra, disponibilizando materiais, máquinas, espaço para a sua concretização e o transporte da peça.

António José Charneca agradeceu a oportunidade que lhe foi oferecida de concretizar esta obra na sua própria terra e a importância que isso representa, mostrando a sua disponibilidade para continuar a sua colaboração com os rotários.

O Governador do Distrito 1960 expressou a sua satisfação pela forma como o movimento rotário é recebido em qualquer parte do mundo e enalteceu o trabalho realizado pelos irmãos Charneca que foi premiado por parte dos rotários, agradecendo-lhes também o seu contributo.

Évora Perdida no Tempo - Gradaria da capela-mor da Ig. S. Mamede


Gradaria da capela-mor da Igreja de São Mamede. Esta imagem foi publicada no Inventário Artístico de Portugal de Túlio Espanca, Concelho de Évora, vol.II, est.482.
Autor David Freitas
Data Fotografia 1966 ant. -
Legenda Gradaria da capela-mor da Ig. S. Mamede
Cota DFT4211 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

sábado, 2 de julho de 2011

Comercial (m/f) - Évora

Tem gosto pela área comercial?

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Função:
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Kelly Services, mais do que um nome!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

"Improviso o Jazz" hoje em Évora

A Tuna do Liceu de Évora


Aos 19 anos de idade, a jovem eborense Inês Amaro há já sete anos que integra a Tuna Académica do Liceu de Évora, e é com enorme orgulho que se refere a essa experiência: “Sinto-me muito especial por fazer parte desta tuna. Esta tuna é única! Única é a palavra que melhor a define. Não há outra igual! É única, por ser uma das mais velhas do país, por ser uma tuna de liceu, pela diferença de idades dos seus membros, por ser instrumental, entre outras características únicas!”.
Depois do habitual descanso estival, Inês Amaro encara ansiosa a entrada do mês de Setembro, pois no início das aulas a Tuna Académica do Liceu de Évora realiza uma actuação para os novos alunos da Escola Secundária André de Gouveia (sucessora do Liceu); ocorrem também eleições para uma nova direcção da tuna; encetam-se os preparativos da Semana Académica, que é anualmente organizada em Novembro, e começam a surgir os convites para os festivais de tunas e outros eventos, um pouco por todo o país, em que Inês, sempre acompanhada do seu bandolim, gosta de participar.
Fruto, e testemunho vivo, da história recente da cidade e símbolo maior das suas mais fortes tradições, a Tuna Académica do Liceu de Évora é ainda hoje motivo de grande admiração e entusiasmo gerais e um dos seus ex-líbris culturais.
Com cerca de 25 membros, cujas idades vão dos 13 aos 23 anos, e presidida por Diogo Raminhos, em 2009 esta tuna comemora 106 anos, no dia 1 de Dezembro, estando previsto um requintado programa de celebrações.
Mas, não só a actividade actual da tuna a distingue e a dignifica, como também o seu passado contribui para a sua magnitude. A sua génese remonta ao emblemático Liceu Nacional de Évora, instituição de ensino que abre as suas portas a 18 de Outubro de 1841 e que funciona no Colégio do Espírito Santo até 1978, altura em que assume a designação de Escola Secundária André de Gouveia e se muda para novas instalações. Porém, logo em 1860 recebe o Liceu, por concessão régia, permissão para uso de traje académico - hoje apenas privilégio dos membros da tuna - e em 1890 um grupo de estudantes cria a Associação Filantrópica Académica Eborense, com o objectivo de ajudar os mais necessitados no pagamento das propinas e na compra de livros, e no seio desta surge então a Tuna Académica, fundada pelos alunos do Liceu Artur Matias e Júlio Santos.
De forma amadora, e apenas com o intuito de angariar fundos para a Associação Filantrópica Eborense, a tuna começa por dar alguns espectáculos aqui e acolá, mas rapidamente se afirma no meio estudantil, social e cultural da cidade. A sua estreia pública ocorre no 1.º de Dezembro de 1900, quando um efusivo grupo de 26 tunos desfila pelas ruas de Évora e acorda a população com o Hino da Restauração. Mas é em 1902 que é eleita uma direcção e que fica cimentada a Tuna Académica do Liceu de Évora, que se mantém bastante fervorosa até ao final da década de 40 do século passado, enfrentando alguma acalmia por essa altura, mas logo ressurgindo revigorada em 1951, com 58 elementos, pela primeira masculinos e femininos. Desde então, até aos nossos dias, o seu percurso foi de um amadurecimento e de uma vivacidade ímpares.
A bandeira de seda, verde e branca, com uma lira de prata pintada, que a representa continua a brandir energicamente, em nome do convívio, do espírito académico e da tradição eborense.

Bibliografia
- Catálogo da Exposição “Tuna Académica do Liceu de Évora - 100 Anos Histórias e Tradições - Comemorações do 100.º Aniversário da Tuna Académica do Liceu de Évora”. Évora: Tuna Académica do Liceu de Évora, 2002.
- PINHEIRO, J. M Monarca - Memória do Liceu 1841-1991. Évora: Comissão Executiva das Comemorações do 150.º Aniversário do Liceu Nacional de Évora/Escola Secundária André de Gouveia, 1991.
- “1.º de Dezembro – O Liceu de Évora e a Mística Académica”, in Revista Grande Alentejo, N.º 2, 27 de Novembro de 1998, suplemento do jornal Diário do Sul N.º 8115.
- Tuna Académica do Liceu de Évora, in www.palcoprincipal.sapo.pt/tunadoliceu