quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Mal me Queres no Espaço Celeiros


Há algum tempo atrás, em inquérito realizado aos espectadores da ‘a bruxa TEATRO’, foi sugerido a apresentação duma “peça de autor português, clássico ou contemporâneo”. Uma vez que um dos pilares da escolha de repertório é, exacta e principalmente, a dramaturgia contemporânea.
Integrado no tema para o biénio 2011-2012, ‘Paixão e Política’ surge, assim -- após ‘Émilie e Voltaire’ -- este texto de João Santos Lopes, ‘MAL ME QUERES’, 2º Prémio INATEL, 2000.
Um texto onde o desamor, a frieza de sentimentos, a fuga para comportamentos sociais perigosos, no seio duma família disfuncional são a pedra de toque desta teia de relações que, sem apego, revoltada, falsamente apaixonada e traída encontrará, no final um caminho menos penoso.
Ao abordar temas fracturantes da sociedade portuguesa (prostituição, droga, homossexualidade, abuso de menores…) e sem que sobre eles exerçamos qualquer juízo, contribui a ‘a bruxa TEATRO’ para a sua saudável e necessária discussão.

VIII Jornadas de Cardiologia em Évora



Em 2011, as VIII Jornadas de Cardiologia irão abordar os Síndromes Coronários Agudos e o projecto da Angioplastia Primária no Alentejo, a Prevenção da Morte Súbita, o Tratamento da Fibrilhação Auricular, a Insuficiência Cardíaca, a Hipertensão Arterial, a Diabetes e doenças cardiovasculares e as inovações sobre Anticoagulação e Antiagregação.

A prescrição de actividade física aos doentes cardíacos será um dos temas abordados na Mesa Redonda sobre Desporto e Coração. Simultaneamente, existe um programa de enfermagem e de cardiopneumologia.
As primeiras Jornadas de Cardiologia de Évora decorreram em 1990, no Palácio de D. Manuel, e contaram com a colaboração de especialistas provenientes de todo o país. Desde então, o Serviço de Cardiologia do Hospital do Espírito Santo, E.P.E. tem tido o prazer de dar continuidade a estas Jornadas, organizando-as de três em três anos.

As Jornadas de Cardiologia são dirigidas a todos os profissionais que lidam com a doença cardiovascular, não só a cardiologistas mas também a médicos de Medicina Interna e de Medicina Geral e Familiar, assim como a enfermeiros, técnicos de cardiopneumologia, nutricionistas e psicólogos. A partilha de conhecimentos e experiências resultante destas Jornadas irá certamente promover as boas práticas clínicas na abordagem do doente cardíaco.

Évora Perdida no Tempo - Interior da loja "Sequeira e Feio"


Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1960
Legenda Interior da loja "Sequeira e Feio"
Cota DFT5038 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A questão religiosa e o património


 A primeira grande ofensiva anti-clerical sistematizada no nosso país (as leis pombalinas de 1759-67 visavam apenas os jesuítas) foi desencadeada por Joaquim António de Aguiar, ministro dos Negócios Estrangeiros e da Justiça, durante a regência de D. Pedro nos Açores, em  nome de sua filha Maria da Glória, futura D. Maria I.

Foi este Doutor em Leis que promulgou a lei de 30 de Maio de 1834, que considerava extintos «todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e quaisquer outras casas das ordens religiosas regulares» sendo os respectivos bens expropriados e integrados na Fazenda Nacional. A medida valeu-lhe o epíteto de o Mata Frades. Em Évora, esta decisão caiu, segundo o cónego Fernando Marques, sobre os 22 conventos, 6 colégios e 3 reformatórios existentes no concelho. Os masculinos, em número de 13, foram imediatamente nacionalizados e colocados à venda em hasta pública, enquanto os femininos ficaram a agonizar à espera da morte da última religiosa. O confisco dos seus numerosos haveres (herdades e outros prédios rústicos, casas e grandes somas pecuniárias amealhadas) conveio ao reino, necessitado como estava de dinheiro para fazer face à caótica situação financeira resultante das pugnas civis que se arrastaram até 1849 e, depois, para apoiar o esforço gerado em torno do movimento de reorganização e regeneração do país.

Muitos dos maiores contribuintes da cidade estiveram entre os compradores dos mosteiros, enquanto uma quantidade menor, na ausência de interessados na sua aquisição, se viu destinada à instalação de serviços públicos ou acabou mesmo por ficar vazia e sem qualquer aproveitamento. Nesta diversidade de situações deu-se o inevitável, entre desvios e apropriações ilegais dos respectivos recheios. Nos estudos que dedicou ao tema, o historiógrafo Túlio Espanca apurou que só em 1836 saíram dos Conventos de Évora, para Lisboa, 443 pinturas das quais 348 eram telas e 95 em madeira. No entanto, conforme sublinhou o historiador A. H. de Oliveira Marques na sua obra “A Primeira República Portuguesa – alguns aspectos estruturais” «o clero regualar mal foi afectado pela legislação de combate às ordens religiosas. Continuava a possuir bens de raiz nas cidades e nos campos. Participava em empreendimentos comerciais, industriais e financeiros. (...) A Igreja dispunha ainda dos seminários, um por bispado aproximadamente, que propagavam a doutrina e a influência clerical entre as massas, numa época em que a menor densidade de escolas oficiais e a maior pobreza do povo os tornavam popularíssimos nos meios rurais».

Alguns foram, entretanto, os conventos que depois de vendidos a particulares católicos voltaram a receber ordens religiosas que regressavam de forma encapotada ou a coberto de vários pretextos. Com o anti-clericalismo em crescendo, consubstanciado em manifestações e reuniões públicas realizadas com esse propósito, o governo de Hintze Ribeiro emitiu, em 12 de Março de 1901, um decreto reiterando a manutenção da legislação anterior e uma semana após determinou mesmo o encerramento de várias casas mantidas por institutos religiosos, nomeadamente confrarias fundadas por leigos.

Por essa altura já em Évora se tinha encetado a demolição dos imóveis monacais pelos quais ninguém manifestara interesse e que, desocupados durante algumas décadas, entraram em acelerada deterioração Assim aconteceu com os Conventos de S. Francisco, S. Domingos, do Paraíso e de Santa Catarina. Outros foram sendo adaptados a novas funções. Não foi por isso de estranhar que na primeira lista de património classificado sob protecção legal, publicada em meados de 1910, ainda em tempos de Monarquia Constitucional, não figurasse um só convento eborense.

Sucedeu porém que com o início do novo século o clero regular passou a estar igualmente debaixo de fogo. Não que a proliferação de doutrinas ateístas ou agnósticas como o livre pensamento, o cientismo, o positivismo ou o socialismo e o anarquismo, tivesse afectado por demasia o espírito religioso, mesmo católico, dos portugueses; antes o que se passou a contestar abertamente foi a interferência do clero na vida política e cultural portuguesa. Não faltava mesmo quem, aceitando a religião, fosse pela erradicação do clero. E Évora não ficou imune a esta nova atitude face aos eclesiásticos. Os republicanos locais, assim como as associações de class, incentivavam e cediam as suas instalações para nelas se realizarem conferências, debates, reuniões e encontros se tivessem por fim o anti-clericalismo. O Arcebispo de Évora, D. Augusto Eduardo Nunes, era o principal alvo da sanha contestatária, sendo falsamente acusado de jesuíta.

Logo que chegaram à cidade os primeiros rumores de que o novo regime havia sido implantado uma turba exaltada, tendo sabido que o prelado não havia desfraldado a bandeira verde-rubra, assaltou o paço com a intenção de o matar. Valeu-lhe na circunstância João José de Oliveira, o chefe local da Carbonária, que devido à sua grande ascendência no movimento revolucionário conseguiu impor-se aos manifestantes demovendo-os das suas intenções e fazendo-lhes ver quão inoportuna e precipitada era tal atitude, pois nem sequer a vitória estava ainda confirmada oficialmente e ademais os republicanos eborenses não queriam ser tomados por um bando de assassinos, mas eram, sim, gente de bem.

No dia seguinte, chegada a confirmação oficial, D. Augusto Eduardo Nunes manda hastear a bandeia republicana, reúne o cabido e faz a saudação à República, conforme relata o Padre Senra Coelho em recente tese de doutoramento que se debruça sobre a figura do prelado eborense no contexto da 1ª. República. Nessa alocução fez ainda um agradecimento público a João José de Oliveira dizendo de «quanto o estimava e desejava provar-lhe o seu reconhecimento». Tendo conseguido ultrapassar tempos difíceis durante a Monarquia Constitucional, o antístete eborense tinha algumas esperanças de que o retorno de uma certa acalmia poderia resultar num relacionamento diferente com a República. Entre as principais figuras do novo regime contavam-se Afonso Costa, Teófilo Braga e alguns outros que tinham sido seus antigos colegas em Coimbra nos tempos de estudante e com quem privara em atmosfera de respeito mútuo. E como fora o único bispo a não hostilizar directamente a República e os restantes bispos portugueses lhe reconheciam grande capacidade intelectual e tacto diplomático, D. Eduardo Augusto Nunes, com o assentimento do episcopado, entabulou conversações com o governo, através de Afonso Costa, para a elaboração de legislação que definisse claramente as relações entre o Estado e a Igreja.

Mas a Lei de Separação entre a Igreja e o Estado publicada em 20 de Abril de 1911 veio provocar o repúdio generalizado do clero nacional, designadamente nos aspectos patrimoniais que continha. Determinava-se o arrolamento dos Bens Cultuais (relativos ao culto), sendo criadas as Comissões Concelhias, constituídas por leigos, para proceder ao arrolamento de todas as «catedrais, igrejas e capelas, bens móveis e imobiliários que têm sido ou se destinavam a ser aplicados ao culto religioso e à sustentação dos ministros dessa religião e de outros serventuários dela. Incluindo as respectivas benfeitorias e até os edifícios novos que substituíram os antigos».

Surpreendentemente a realização dos arrolamentos não obrigava a uma avaliação de selos, considerandose suficiente que se entregassem os mobiliários de valor cujo extravio se receava, provisoriamente à guarda das juntas de paróquia ou enviados para os depósitos públicos. Pior, as comissões concelhias eram presididas pelos administradores de concelho, em geral incapazes de uma avaliação correcta dos mesmos, ou que, seduzidos pelos metais preciosos de que eram feitos ou tinham incrustações, deles se apoderavam sem o mínimo pudor. Em Évora evocava-se como antecedente o acontecido em 1886, quando, por denúncia pública, se soube da responsabilidade directa do administrador do concelho, António Joaquim Ramos, «no desaparecimento dos conventos extintos, de uma extensa gama de artigos religiosos de excepcional valor, entre os quais um relicário de ouro com pedras preciosas, uma vasta colecção de peças de louça da Índia e um berço de prata, perfeitamente cinzelado, com um menino Jesus chuchando um dedo».

Entretanto as igrejas seriam emprestadas ao clero para celebração do culto, não havendo quem se responsabilizasse pela sua limpeza e preservação, destituídas de qualquer protecção ou segurança, à mercê de assaltos, saques, pilhagens e vandalismos vários como era suposto acontecer, temor que o rolar dos dias veio a confirmar, sem que se tenha podido avaliar o volume de peças extremamente valiosas que levaram sumiço ou foram simplesmente subtraídas. Pela segunda vez, em cerca de 80 anos, a cidade era esbulhada, por meio de legislação absurda, de parte do seu vasto património cultural. Os seminários foram reduzidos a cinco, entre os quais o de Évora, e sujeitos ao pagamento de renda pela sua utilização. Perante isto e outros articulados com reais implicações sociais que noutro domínio serão referidos, o episcopado português reagiu violentamente, tendo sido D. Augusto o redactor do protesto colectivo enviado ao governo.

O executivo não gostou de se ver contestado e, perante a resistência oferecida à concretização de vários aspectos da lei, puniu os bispos com a pena de banimento de dois anos dos distritos das suas dioceses. Uns foram penalizados ainda em 1911; os outros só no ano seguinte. O Arcebispo de Évora foi o último e escolheu Elvas para local de desterro, não sem antes dirigir dura missiva ao Presidente da República. Quando regressou em 1914 não tinha residência, dado que o Paço já estava destinado a alojar o Museu e o Seminário, vazio e preparado para se transformar em quartel como ainda chegou a ser. À pilhagem e desvio do seu recheio para mãos desconhecidas escapou o espólio. Para morada do prelado eborense, a Condessa de Margiocchi cedeu durante cinco arcebispados o Convento do Carmo, que era sua propriedade, situação resolvida nos derradeiros anos do século por D. Maurílio de Gouveia, precisamente o último com direito à sua ocupação.

Texto: José Frota 

Évora Perdida no Tempo - Acampamento de trabalhadores


Acampamento dos trabalhadores durante a construção da estrada Évora - Azaruja: local de reuniões.


Autor David Freitas
Data Fotografia 1967-06-30 -
Legenda Acampamento de trabalhadores
Cota DFT2624 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Reitor da Universidade de Évora admite "restrições"

A diminuição do financiamento das instituições de Ensino Superior, inscrita na proposta do Governo para o Orçamento do Estado (OE) para 2012, vai implicar "restrições" na Universidade de Évora, admitiu nesta terça-feira o reitor Carlos Braumann.
"Naturalmente, algumas restrições terá que haver, mas vamos procurar manter o essencial", afirmou.
O reitor da Universidade de Évora falava à agência Lusa à margem do Dia da Universidade, cujas comemorações decorrem hoje na academia alentejana.
Após a sessão solene que marca a abertura do ano académico e assinala a data da inauguração da universidade jesuítica em Évora (1559), Carlos Braumann foi questionado pela Lusa sobre as restrições orçamentais para 2012.
O reitor lembrou que a proposta do Governo prevê um corte de 8,5 por cento nas transferências para as universidades e que a Universidade de Évora não é excepção.
"Vamos ter que ter um empenho especial para resolver algumas dificuldades que isso [diminuição do financiamento] nos vai causar", reconheceu.
Contudo, Carlos Braumann disse estar convencido de que "vai ser possível" à universidade, "num quadro mais restritivo", conseguir "manter o ensino e a investigação de alta qualidade e até progredir".
Durante a sessão solene, com a presença também do secretário de Estado do Ensino Superior, João Queiró, o reitor alertou para a eventual adopção de "normas" que coloquem em causa a autonomia universitária.
"Só pedimos que, não tendo contribuído para o desequilíbrio das contas públicas e tendo até havido uma redução dos nossos recursos humanos, nos não dificultem o trabalho com normas que violam a autonomia universitária", disse, num "recado" ao Governo.
Carlos Braumann aludiu à "falada exigência de autorizações ministeriais inusitadas na substituição de pessoal", a qual "poria em risco o funcionamento dos ensinos e de certos projectos de investigação".
Questionado pela Lusa, Braumann limitou-se a revelar que este é um assunto em análise no Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), relacionado com "a perspectiva de que poderia haver um controlo sobre o processo de contratações".
"Iria causar muita perturbação, se não pudéssemos continuar a gozar da autonomia de que sempre gozámos", embora "com a parcimónia que os tempos exigem e com o esforço de contenção para cumprir o orçamento", alertou.
O presidente da Associação Académica da Universidade de Évora (AAUE), Luís Rodrigues, afirmou à Lusa que os estudantes estão "claramente preocupados" com a diminuição do financiamento para 2012, o que augura "mais um ano muito mau".

Reveillon "80`S e o Glamour do Vinil"


O Convento do Espinheiro prepara um extraordinário Reveillon em que se vive em pleno o verdadeiro espírito disco, ao som da inconfundível música dos anos oitenta que marcou toda uma geração.

Venha reviver o ambiente disco, com o revivalismo da magia do vinil e saboreie os melhores sabores, num menu de excepção concebido para este jantar tão especial que marca a última noite de 2011.



Programa de Ano Novo:
Sinta o ritmo e a batida pop dos 80's e brinde da melhor forma a chegada de 2011! Let's dance!

Cocktail pelas 19h30 no Pulpitus Bar | Jantar de Fim-de-ano (salão D. Vasco), acompanhado com DJ | Ceia e animação pela noite dentro | Serviço de Babysitting | Brunch dia 1 de Janeiro.

Opte por uma estadia mínima de 2 noites e festeje o reveillon 2011 com:

Pequeno-Almoço Buffet
Bebida de Boas Vindas
Cocktail pelas 19h30 no Pulpitus Bar
Jantar de Fim-de-ano (salão D. Vasco), acompanhado com DJ
Ceia e animação pela noite dentro
Serviço de Babysitting
Brunch dia 1 de Janeiro
Reviva esta emblemática época com tarifas desde 400 Eur. por noite / quarto duplo.


Para mais informações e reservas:

Telefone: 266 788 200 Fax: 266 788 229 | E.: reservas@conventodoespinheiro.com

Évora Perdida no Tempo - Claustro do Convento de Santa Margarida


Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1970
Legenda Claustro do Convento de Santa Margarida
Cota DFT576 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Exposição: + x 10 Jovens Artistas Ibero-Americanos


Fórum Eugénio de Almeida

De 25 de Novembro de 2011 a 1 de Janeiro de 2012



Mostra de 50 obras de jovens artistas ibero-americanos incluídos no programa Jóvenes Creadores, promovido pela Fundación Antonio Gala, de Córdoba, Espanha, em parceria com a Fundação Eugénio de Almeida.



Múltipla em disciplinas e estilos - da pintura à escultura e à fotografia -, a exposição é o resultado do aprofundamento dos conhecimentos ou «fecundação cruzada», como refere o fundador e escritor Antonio Gala, dos jovens artistas durante os nove meses de duração da bolsa.



Comissário: Andrés Peláez



Entrada: 1,00€



Horário

Diariamente, das 09h30 às 19h00.



Visitas guiadas *

Todos os dias.

Mínimo 5 pessoas | Inscrição: 2,50€ por pessoa.



Programa para Escolas*

De 2ª a 6ª feira para alunos do ensino pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos e secundário.



Visitas guiadas com actividades | Inscrição:1,00€ por pessoa.

Ateliers didáticos | Inscrição:1,00€ por pessoa.



Programa para as famílias*

Sábados e Domingos | 11h00

Actividades para crianças dos 6 aos 10 anos, acompanhadas por um adulto.

Inscrição: 2,00€ por pessoa I Duração: 1h30.



*Mediante marcação prévia, através do Tel.: 266 748 350 ou e-mail: servicoeducativo@fea.pt

Évora Perdida no Tempo - Cave do Museu: futura sala de Arqueologia


Aspecto da cave do Museu de Évora, durante as obras de adaptação para a futura sala de Arqueologia

Autor David Freitas
Data Fotografia 1940 - 1950
Legenda Cave do Museu: futura sala de Arqueologia
Cota DFT125 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

sábado, 29 de outubro de 2011

Pedreiro (M/F) Évora

A Talenter™ promove o talento dos seus colaboradores de acordo com a natureza específica de cada área, proporcionando diferenciadas oportunidades de emprego e soluções na gestão e valorização das Pessoas.

Estamos actualmente em processo de recrutamento de Servente para empresa cliente situada em Évora.

Requisitos:
- Experiência em leitura de estacas;
- Conhecimentos de Cotas, especificamente cotas de fundo de caixa;
- Residência na zona de Évora ou arredores;
- Disponibilidade total e imediata.

Condições:
- Entrada imediata.

Caso reúna os requisitos exigidos, envie-nos o seu Curriculum Vitae, com indicação do NIF, para o seguinte endereço electrónico


mencionando no assunto da mensagem “Pedreiro - Évora” ou contacte-nos através do 912 530 149.

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

No Palácio de D. Manuel: Exposição de Escultura de João Concha


Foi inaugurada na última semana uma exposição de escultura do artista plástico João Concha.
As esculturas de João Concha são construídas com pedaços de metais usados, desperdícios e utensílios soldados entre si para formar, reformular e recriar objectos de características figurativas.
João Concha nasceu em Santiago Maior, no concelho de Alandroal, em 1959, mas reside actualmente na freguesia da Graça do Divor, no concelho de Évora. Fisioterapeuta de profissão, dedica grande parte dos seus tempos livres à escultura e sonha dedicar o seu tempo todo à sua arte. Como bom alentejano, na sua adolescência andava sempre com um canivete no bolso, que utilizava para esculpir pequenos pedaços de madeira que encontrava, deixando um rasto de raspas de madeira onde quer que estivesse. A sua agilidade para trabalhos manuais, o seu espírito criativo e o seu desejo por fazer coisas novas e diferentes, levou-o a começar a trabalhar o ferro. Experimentou a técnica da soldadura na construção de uma fonte de água no seu quintal, com ferros velhos por si guardados, e em 2008 criou a sua primeira obra desta nova fase - a “Dama de Ferro” -, que resultou de uma cadeira velha de ferro.
Esta exposição dos trabalhos de João Concha estará aberta ao público até ao dia 23 de Dezembro, podendo ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10:00 às 12:00 e das 14:00 às 18:00, e sábados só no período da tarde, encerrando ao domingo.

Aspecto interior (maquinaria) da Fábrica dos Leões


Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 dep. - 1970 ant.
Legenda Aspecto interior (maquinaria) da Fábrica dos Leões
Cota DFT5119.1 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Évora - ... do mundo romântico à ordem republicana ...

 


O Recenseamento Eleitoral de 1911 revelou que a população do concelho se cifrava nos 26.663 residentes. Nas quatro freguesias urbanas viviam 17.907 pessoas, enquanto nas rurais habitavam as outras 8.764. A freguesia da Sé era a mais populosa, com 7.542 almas. Toda esta sociedade era caracterizada por uma mentalidade feudal, conservadora, submetida a um estratificação social praticamente asfixiante e que poucas alterações conheceu com o advento do liberalismo, o qual na prática se limitou a substituir a nobreza pela burguesia enquanto classe dominante e dominadora.

No concelho, as grandes propriedades passaram para as mãos de poderosos médicos, militares, bacharéis, negociantes e comerciantes, enquanto o clero secular vai sendo afastado dos conventos, vendidos ou adaptados a outros fins. No resto do país sucede o mesmo. O historiador Oliveira Martins, na sua obra “Portugal Contemporâneo”, sublinha que «à ordem clerical-nobiliárquica, se segue a da oligarquia fundiária de mãos dadas com a também nova oligarquia bancária». A servir de exemplo entre nós veja-se, em espaço próprio, como foram constituídos e quem eram os principais accionistas do Banco do Alentejo e do Banco Eborense, ambos formados em 1875.

Em “Viagens na Minha Terra”, escrito em 1846, já Almeida Garrett afirmava com convicção: «A sociedade já não é o que foi, não pode tornar a ser o que era; mas muito menos ainda pode ser o que é» . Por essa altura a burguesia eborense, avessa à vivência nos asfixiantes espaços domésticos, procurava encontrar no exterior espaços onde reunir, conversar, trocar ideias e debater o que se passava no Parlamento, o fórum nacional e público. 

Assim nascem as sociedades de recreio ligadas aos partidos formados após a Regeneração, movimento que modernizou o país e trouxe para a vida comum a filosofia do romantismo, marcado pela idealização, pela evasão, pelo sonho e pelo escapismo. As festas burguesas eram assim marcadas pela futilidade, pelo aparato superficial das senhoras e pelo perfil rotundo e balofo dos respectivos maridos, de bolsos bem recheados mas quantas vezes prenhes de intensa ignorância. As sociedades organizavam bailes a qualquer pretexto, sessões de poesia a cargo de bardos que faziam do amor melancólico o seu único tema e no Passeio Público desfilavam vaidades masculinas e femininas. Em recantos escondidos nestes sítios elegantes jogava-se à batota mais reles e despudorada. 

Apenas a paixão pelo teatro, que nesta cidade rebentou com grande autenticidade, e a formação de bandas filarmónicas subsistiam enquanto manifestações culturais de qualidade. Na edição nº.11 de 14 de Fevereiro de 1867 do Jornal “Districto d’Évora”, dirigido por Eça de Queiroz, o futuro escritor, com a acuidade que lhe era peculiar, denunciava esta estrepitosa forma de existência em que «nos esplêndidos salões das camarilhas, nos espaçosos vestíbulos, nos átrios de mármore, o ruído dos trens, o perpassar contínuo dos escudeiros e das escovas dos lacaios, que limpam o verniz das botas, abafam as vozes da multidão que se roja na miséria, que mendiga, que se desmoraliza cada vez mais». 

Diversas referências a este tipo de vida na cidade deixou-as Eça, umas vezes expressas, outras apenas afloradas, igualmente em “O Primo Bazílio” e o “Crime do Padre Amaro”. Tudo isto ocorria com a cumplicidade dos clérigos, que, passado o primeiro impacto da expulsão fradesca, tinham voltado a viver em alegre conúbio com os poderosos. O abastardamento das suas funções e deveres agravou-se a partir de 1870 com a nomeação para Arcebispo de D. José António Pereira Bilhano, um homem já com 69 anos e bastante debilitado, acumulando achaques e mazelas de toda a sorte. Pouco tempo permaneceu em Évora, tendo recolhido a Ílhavo para ali viver o resto dos seus dias.

 Durante cerca de década e meia depois o clero diocesano, com raras excepções, andou à rédea solta sem um superior que lhe fosse à palma. Quando D. Augusto Eduardo Nunes foi nomeado coadjutor do velho prelado ausente, já era tarde para pôr cobro ao vendaval anti-clerical que varria o distrito e o concelho. O ateísmo e o agnosticismo, filhos do cientismo, do positivismo e do relativismo haviam ganho adeptos entre os mais letrados, ao passo que entre o povo crescia a animosidade contra a venalidade dos padres. Reclamava- se o fim da submissão à tutela eclesiástica nos momentos mais significativos da vida de cada um. Neste contexto, fácil se tornou a difusão das ideias socialistas, anarquistas e republicanas que campeavam por todo o lado propondo o fim da ilusória sociedade romântica. A laicização do Estado e o cumprimento dos ambicionados ideais de liberdade, fraternidade e igualdade eram desígnios comuns.


O ano de 1875 foi decisivo para o arranque das primeiras instituições de carácter sindical no concelho, que desde logo entraram em acção. Curtidores de solas e cabedais deram início a uma greve que se prolongou por quatro meses. Outras manifestações de protesto se seguiram e até as costureiras, fartas de tanta exploração, encetaram encontros para fundarem uma organização de classe que não chegaram a concretizar. Nos campos trabalhava-se de sol a sol, o mesmo acontecendo nas lojas e nas fábricas, não havendo direito ao descanso semanal.

Por trás do brilho decadente e fin de siècle das sociedades recreativas e dos clubes de lazer que faziam de Évora uma cidade apetecida, a situação social do concelho era alarmante. Em comunicação apresentada a um colóquio sobre “O Século XIX em Portugal”, organizado em 1979 pelo Gabinete de Investigações Sociais, José Pacheco Pereira, (na altura ainda é só professor de História num liceu de Coimbra) escrevia  que «a criminalidade e o banditismo assumiam as formas características de uma revolta social latente e mesmo nalguns casos, entroncam enquanto movimento social arcaico, em modernas formas de agitação e acção social e política».


Na ordenação por cidades Évora aparece mesmo num pouco lisonjeiro terceiro lugar, apenas atrás de Lisboa e do Porto, num tipo de ilícitos que abrangiam o roubo, a violência contra a propriedade (fogo posto em particular), a vadiagem e a violência contra pessoas (agressões e homicídios). Mas Évora ocupava igualmente lugar de destaque a nível nacional nas estatísticas da prostituição. Em 1900 havia na cidade 57 prostitutas registadas, distribuídas por 7 bordéis numa proporção de uma para 149 residentes, relação só superada pelo Porto e mais elevada que em Lisboa. A maioria das que se dedicavam à sua prática eram costureiras, criadas de servir e «teúdas e manteúdas». E na alta sociedade era moda o adultério, tolerado entre os homens e condenado entre as mulheres. Contra a corrente, um grupo de operários apaixonados pela música fundava nos finais de 1900 o Grupo Operário Joaquim António de Aguiar, afecto à Carbonária.


A reforma dos costumes foi iniciada com a tão discutida e radical Lei da Separação da Igreja e do Estado de 1911. Deixando de parte a questão do património construído que abordaremos noutro espaço, interessa aqui sublinhar a perda de estatuto social dos padres, que se viram afastados do ensino, proibida a realização de procissões e outras manifestações públicas de culto e confinados às suas residências oficiais que passaram ao domínio do estado. Foram abolidos os feriados religiosos e decretado obrigatório para todos o registo oficial civil de nascimentos, casamentos e óbitos, que eram sua prerrogativa, assim como foi aprovado o divórcio. Eliminadas foram ainda as despesas oficiais com o culto e a manutenção do clero, que poderia requerer ao Estado a concessão de pensões permanentes. Em Évora houve exageros e foi penosa a expulsão das Doroteias, que haviam regressado e abandonaram a cidade a 8 de Outubro de 1910.

Para tentar por cobro à criminalidade reinante foi decisiva a formação da Guarda Nacional Republicana, com competência especial para actuar nas zonas rurais, onde a criminalidade atingia o seu auge. O caso da prostituição e meretrício foi presente à primeira reunião municipal com o Delegado de Saúde a informar entre outras coisas do péssimo estado em que se encontrava o dispensário onde se faziam as inspecções às mulheres. A presença de médicos entre a primeira edilidade muito terá contribuído para ir resolvendo o problema e se apostar mesmo na recuperação de muitas delas.


Os patrões deixaram de ser “donos” dos seus empregados. As Associações de Classe cimentaram posições, os sindicatos foram crescendo e o recurso à greve ganhou força legal. Em Évora a greve de 1912 foi paradigmática da ascendente importância dos trabalhadores rurais, que nesse ano criaram o seu sindicato com os corticeiros a seguiram-lhe as pisadas. Na cidade se realizaram igualmente os primeiros congressos nacionais de ambas as actividades, enchendo as suas ruas de gente laboriosa que noutros tempos não o fazia ou se a tanto lhes chegava a necessidade caminhavam humildes e cabisbaixos, vergados à sua condição de párias da sociedade.


Alterações importantes na vida das cidades ocorreram também no campo laboral, onde há muito se pugnava pela regulamentação de um horário para os trabalhadores do comércio e da indústria que consagrasse igualmente o direito ao descanso semanal obrigatório. Nas lojas e nas fábricas, em geral trabalhava-se todos os dias, do nascer ao pôr do sol. Em 8 de Março de 1911 o Governo Provisório, sob proposta  do Ministro do Interior, António José de Almeida, decretou o dia de domingo como de descanso obrigatório para todos os assalariados, ficando no entanto a regulamentação a cargo dos Câmaras Municipais, a qual deveria estar concretizada no prazo de um mês.


Em Évora a edilidade só veio a dar por concluída a adaptação do diploma à realidade concelhia em finais de Março. Em 2 de Abril, a vereação presidida por Agostinho Felício Pereira Caeiro e composta ainda por Manuel Gomes Fradinho, Francisco Maria Nunes, Manuel Raimundo Baleizão, João José d’Oliveira, António dos Santos Cartaxo e José Joaquim d’ Almeida, aprovou o regulamento que entrou de imediato em vigor. Assim se estabeleceu o direito ao descanso semanal de 24 horas seguidas, normalmente aos domingos, exceptuados alguns casos relevantes, nomeadamente para os empregados dos hospitais, em que seria cumprido por turnos. Nos estabelecimentos de barbearia e cabeleireiro, de fotografia e no caso dos ferradores, o dia de descanso era a segunda-feira. 

Mas aos menores de dezasseis anos, de ambos os sexos, em nenhuma circunstância e sob nenhum pretexto poderia deixar de ser concedido o descanso ao domingo. O artigo 5º. do regulamento esclarecia que eram considerados assalariados «todos os indivíduos que estivesse ao serviço de outrém, mediante retribuição por salário fixo ou variável, comissão, participação nos lucros ou qualquer forma convencionada e todos aqueles que prestem serviço sem remuneração, ainda que sejam filhos ou parentes dos proprietários dos estabelecimentos em que se empreguem».

Texto: José Frota