domingo, 28 de janeiro de 2018

Mosteiro de S.José ou da Esperança (Convento Novo)


Era da Ordem Segunda da Descalcez de Santa Teresa de Jesus, da reforma do Monte Carmelo e foi a última casa religiosa de professas com assento na cidade. Deveu-se, nas suas origens, a vontade testamentária de D. Feliciana da Silva, posta em prática pela sobrinha, D. Eugénia da Silva, filha de Rui da Silva, fidalgo da Casa Real, e de D. Eufêmia Cabreira. O acto de doação dos terrenos e habitação onde residiam as nobres damas verificou-se, por escritura pública, no dia 5 de Janeiro de 1679, na presença dos padres fr. Leão de Jesus, prior do Convento de Carmelitas de Setúbal e fr. João de S. José, secretário do provincial da mesma Ordem. As provisões arquiepiscopal, de D. Fr. Domingos de Gusmão, e a licença camarária, autorizando as adaptações indispensáveis, haviam sido publicadas esta em 5 de Maio de 1674 e aquela em 23 de Dezembro de 1678. A clausura teve início no dia 13 de Março de 1681, com sete religiosas dos mosteiros de Carnide e Santo Alberto, de Lisboa, regidas pela priora D. Francisca da Conceição, além da fundadora, que recebeu o nome de hábito de Eugénia Josefa Xavier e das suas parentes e protegidas, Maria de S. José e Luísa da Madre de Deus, ambas de véu preto, recolhidas de Santa Marta, e Maria Nobre, de véu branco. A confirmação fundamental verificou-se no dia 30 de Outubro do mesmo ano e foi outorgada pelo tabelião de notas del-rei João Baptista de Carvalho. 

Em acção de graças foram alforriados dois escravos de cor da fundadora, Isabel da Silva e Domingos Rodrigues. Duas damas ilustres protegeram, igualmente, na primeira fase da sua existência a casa: a princesa D. Luísa, Duquesa de Buarcos, filha natural do rei D. Pedro II, desposada dos II e III Duques de Cadaval, e D. Josefa Teresa Segurado Esquivel. Extinto no dia 19 de Outubro de 1886, por morte da derradeira religiosa, madre Maria Teresa de S. José, foi cedido à Casa Pia de Évora por Decreto de 12 de Junho de 1889, depois de ter sido ocupado, provisoriamente, pelo Batalhão n.° 4 da Guarda Fiscal. Desde 19 de Março de 1904 que no edifício se encontra instalada a secção feminina da Casa Pia (Colégio das Órfãs) e integrado o Recolhimento Escola dr. João Baptista Rolo. Nele funcionou, igualmente, até 5 de Outubro de 1919 o Asilo de Mendicidade. O terramoto de 28 de Fevereiro de 1926 causou importantes estragos na construção, beneficiada logo em 1927, e, ultimamente, a Direcção dos Edifícios e Monumentos Nacionais melhorou e ampliou algumas dependências, incluindo o restauro integral dos altares da igreja. 

Do primitivo convento nada escapou das substanciais reformas dos fins de seiscentos e começos de 1700, iniciadas com largueza pelo arcebispo protector D. Fr. Luís da Silva, que contribuiu com 100 000 reis para as primeiras obras, e pelo padroeiro Cónego António Rosado Bravo, depois de 1720. Foram autores do projecto dois irmãos artistas de Lisboa, um arquitecto e outro mestre de carpintaria, que viveram no Convento dos Remédios enquanto duraram as empreitadas do refeitório, dormitório, cozinha, forno e outras oficinas, além das escadas de pedraria de acesso ao corpo alto da banda ocidental. Era superiora Madre Maria de S. José. Desconhecem-se os nomes destes mestres construtores. Os prospectos exteriores, construídos com notória severidade e simpleza de arquitectura barroca, olham, nas fachadas principais, para a banda do oriente. Pavilhões de grandes superfícies caiada de branco e poucas aberturas rectangulares, graníticas, robustecidos de pilastras trabalhadas, levantam-se ao nível do chão de vasto adro, que se atinge subindo 12 degraus de pedra protegido por parapeito emoldurado o ornado de balaústres esculpidos. Neste terreiro, com gradeamento de ferro forjado de cancelos cilíndricos, abrem-se os portais da Igreja e da Portaria e erguida sobre sobranceira pilastra saliente, uma cruz de mármore dos começos do séc. XVIII. Inferiormente, no prospecto externo, desenha-se em rectângulo relevado e moldurado, a data de 1733. Entre as portas do edifício existe uma lápida moderna alusiva aos fundamentos e evolução social da Instituição, e nas pilastras angulares da caixa da capela-mor (esquina da Trav. de Escudeiro de Roda) e do convento, outras pequenas placas comemorativas, também de mármore branco, com as legendas: DIA DE S.TA ANNA NA ERA DE 1728 DEITOV O ILL.MO S.OR D. FR. JOZEP DE JESV M.A BP.O DE PATTAT.A NO ALISE RSE DESTA IGR.A A PR.A PE DRA DE BAXO DESTE CUNHAL 1729 A 4 DE MAIO DO NA NO DE 1720 SE ASENT OV A PR.A PEDRA NES TE COINHAAL EM DIA SABADO DE N. SN.A 1720 Os telhados do edifício, de vertentes acentuadas, são de quatro águas e parte cupular, em forma de torre quadrada. Na banda ocidental, dominando o claustrim, levanta-se o campanil com frontão de enrolamento, em obra de alvenaria de dois olhais de volutas apilastradas e a data interior e exterior no reboco: 1755. 

Os dois sinos existentes, de bronze fundido e de ornatos florais, são relativamente modernos: um está cronografado de 1800 e tem uma cruz relevada. O outro, coevo, ostenta, rebordada, a Sagrada Custódia. Discreto nicho com pilastras e empena, desadornado de escultura, existe no recinto: tem a data - 1768. INTERIOR A Portaria, composta por característico e opulento portal granítico, do estilo barroco, joanino, de frontão aberto ladeado por pináculos sobrepujados de bolas, está armorejado e datado de 1721, em escudo carmelitano marmóreo, com timbre real e filactera latina. As jambas são envolvidas por volutas de enrolamento, de nítido ressaibo popular. É a dependência de planta rectangular coberta por tecto de penetrações e arcos redondos, atapetada com placas de granito. O lambril de azulejos que a abraçam, em espalda de banco corrido, compõe-se de cestas floridas, de padrão regular monocromático, emoldurado de lóbulos e elementos geométricos. É obra da 1.ª vintena do séc. XVIII. A saleta da irmã porteira, contígua, cuja porta para o adro mantém em tabela estucada a data de 1723, conserva o rodapé cerâmico, também azul e branco, decorado por vasos e balaústres, de barra larga com ornatos naturalistas, barrocos, e dos primeiros anos da mesma centúria. Pequeno claustrim, em planta rectangular, com três tramos de arcada redonda e de alvenaria, comunica com este corpo que tem, no piso alto, um corredor forrado de azulejos iguais aos da Portaria e uma capela voltada para o lado norte, de planta quadrangular lindamente ornamentada com painéis historiados, de azulejos azuis e esmalte branco e oratório de madeira com portas pintadas, representando a Coroação da Virgem (tela central) e nas ilhargas santos da Ordem Carmelita: Santa Teresa e Santa Rita de Cássia, Santo Eliseu e S. João da Cruz. 

A composição azulejar, apilastrada e de molduras lobuladas, tem sete quadros figurados pela Anunciação, Visitação, Natividade, Circuncisão, Adoração dos Pastores, Fugida para o Egipto e Disputa, além de outros dois retábulos simbólicos: Revoada de Anjos e Anjo apresentando ao Menino Jesus a tábua dos Dez Mandamentos. Obra de oficina lisbonense dos meados do séc. XVIII, interpretada na iconografia segundo os cânones tradicionais é, todavia, executada com certa largueza de desenho. O claustro principal, de planta quadrada, com cinco tramos de arcos plenos e molduras graníticas e de alto parapeito, é obra dos fins do séc. XVII e começos do XVIII, inspirada na quadra do Convento de N.ª S.ª dos Remédios, da mesma ordem, mas de época muito mais recuada. Na face nascente, no 1.° terço do setecentismo iniciou-se o levantamento de uma galeria de colunelos toscanos, apilastrados, que ficou incompleta. A fonte, marmórea, de configuração hexagonal, tem duas taças circulares sobrepujadas por pinhas estilizadas: a primeira, esculpida com gárgulas zoomórficas, de fantasia e por palmetas, e a superior, com cabeças de anjos e lóbulos. Angularmente, na crasta, subsistem quatro oratórios de grande porte e o frontal de altar de um quinto, actualmente utilizado como fonte de serventia do Refeitório, peça do estilo rocócó, de mármore branco. Ao lado, a roda, com moldura calcária, esculpida, de empena floral e a data: 1737. Conservam, os oratórios, as portas de madeira e forramentos de tela pintados, compostos de assuntos religiosos do Velho e Novo Testamento, alegorias, temas carmelitanos e franciscanos, com Santa Ana e a Virgem, As três Marias, Cenas do Calvário, Apóstolos e Evangelistas, Aparição de Cristo a Nossa Senhora do Carmo, S. Francisco recebendo os estigmas, etc. 

São interpretações populistas e pitorescas de autores anónimos, seguramente realizados de parceria entre freiras habilidosas nos primeiros anos do séc. XVIII. Verdadeiro merecimento artístico têm os frontais de altar, decorados a azul e ornamentados no tipo de tapete de inspiração oriental, sugerindo tecelagem adamascada com ornatos naturalistas, barras de fiação e emolduramento de renda. O azul, de várias graduações e tonalidades, combinado com o brasão da Ordem, pintado no eixo e a composição geral, afastam-se do processo corrente de frontais de altar usados entre nós a partir da 2.ª vintena do séc. XVII. Trata-se de exemplares de transição do colorido para o monocromático, que teve início em Portugal no último quartel da mesma centúria. Com inteira propriedade, estas peças devem ser classificadas como trabalho oficinal lisbonense de c.ª 1700. Dimensões médias dos frontais: Altura 0,90 - 1,05 m.; Comprimento, 1,80 - 1,90 m. A Sala do Capítulo, situada na banda do oriente, foi concluída em 1729 (data no arco de comunicação do claustro). É de planta rectangular, com três tramos de abóbada de penetrações e está forrada, no rodapé, de azulejos azuis e brancos ornados de cestas e albarradas floridas, no apainelado sobrepujante aos bancos da comunidade, e de pequenos retábulos de figura avulsa, no inferior. Obra coeva. No local do primitivo altar (desaparecido), abriu-se ultimamente uma porta de comunicação com a capela-mor da Igreja. 

O lavabo do Refeitório, de mármore regional, é peça barroca de c.ª 1700. Armorejado e esculpido com mascarões e filetes de baixo-relevo, tem bem o cunho populista. O Dormitório Velho, construído no corpo ocidental do edifício e a sua parte mais antiga, foi feito a expensas do Arcebispo D. Fr. Luís Teles da Silva, na década de 1691-1701, sendo prioresa Luísa de Jesus e custou 10000 cruzados. IGREJA A entrada, como determinava a regra, fica no alçado lateral e compõe-se de exemplar barroco, de granito, semelhante ao da Portaria, que lhe corre paralelo. Os batentes de madeira de angelim, almofadados e de grossas brochas de bronze são coevos. No tímpano abre-se um nicho concheado onde se venera a imagem de S. José e o Menino, de mármore, sobre peanha da mesma pedra, com embutidos losangulares. Sobrepujante, em cartela de cruz esculpida, a data de 1730. Templo de uma só nave, planeado em forma rectangular, com falso cruzeiro sobrepujado por cúpula esférica, cega, e ampla capela-mor, foi fundado no dia 26 de Julho de 1728 e consagrado ainda no reinado de D. João V, segundo cremos e o estilo da obra deixa transparecer. É de traça severa bem dentro das imposições da regra carmelita, com pilastras, arcos redondos e cornijamento cupular de aduelas graníticas; a abóbada, de barrete de clérigo, está recoberta de pinturas a fresco imitando mosaicos florentinos, subdivididas em apainelados geométricos ou com tabelas armorejadas da Ordem, escudetes e símbolos sagrados. 

A decoração do tecto da capela-mor foi traçada em época mais avançada, no género perspectivado, pompeiano. A cúpula, de meia laranja, sem lanternim, ostenta no centro do arco o escudo eclesiástico do padroeiro, cónego António Rosado Bravo, e no eixo da meia laranja, as armas de Santa Teresa envolvidas pela esplendência solar. A obra de talha que guarnece o presbitério, os altares cruzeiros, as sobrepostas e os emolduramentos dos retábulos, em profusão esfusiante de oiro fino, são trabalhos de estilo rocócó do último terço do séc. XVIII e a empreitada correu por conta do mestre entalhador João Luís Botelho. O altar-mor, do tipo arquitectural, com quatro colunas coríntias, estriadas, revestidas de cordas pendentes e apoiadas em bases esculpidas, é encimado por formosa composição de talha naturalista centrada pela escultura de N.ª S.ª das Dores, e nos acrotérios por anjos símbolos da Igreja. Ladeando o pomposo tabernáculo, equilibrada peça de arte rocócó, em misuletas, repousam as imagens douradas e policromadas de Santa Ana ensinando a Virgem a ler e S. Joaquim, em consolas adosseladas; nos extremos retabulares os padroeiros - S. José e Santa Teresa de Ávila - mais amaneiradas e de grande porte, todas curiosas peças da época joanina. No camarim da exposição do S. Sacramento, cujos prospectos estão, também, revestidos de talha esculpida com ornatos envieirados, sanefas, palmetas, lambrequins e grinaldas, existe N.ª S.ª do Carmo, escultura de madeira estofada, de tipo corrente do séc. XVII, que mede de alto, 0,95 m. e transitou do primitivo altar epistolar, cujo patronímico era o da própria imagem. Grande mas medíocre tela de cabeça circular, bem emoldurada e representando a Ceia de Cristo, subsiste na parede da Epístola. No pavimento ficava o carneiro do convento, a par da campa marmórea da irmã Mariana da Assunção, finada no ano de 1733, com este letreiro: SEP. DE MAR.NA DE ASSUMPÇÃO Q MANDOV FAZE ER O R.MO CONE GO ANTONIO ROZADO BRA VO PAD.RO DES TA IG.A DE S. JOZE PH FALECEO AOS 26 DE AB RIL 1733 DE ID.E DE 76 AÑS. Na capela do Evangelho, construída com pompa em mármores brancos e negros, de ornatos caligráficos, armorejado e de empena de panejamentos fúnebres, existe o sarcófago do cónego António Rosada Bravo, padroeiro da igreja, que nela desejou repousar eternamente. 

Obra de inspiração italiana, única no seu género e época da Província do Alentejo, aparenta afinidades com os túmulos de D. Bárbara de Bragança e Fernando VI de Espanha, das Salezas Reales de Madrid, levantados pelo valenciano Francisco Sabatini (1722-97), mas é, seguramente, anterior. Diz a inscrição da arca, aberta em cartela de relevo, desenhada num oval muito alongado: DEPOZITO DE ANTONIO ROZA DO BRAVO CONIGO NA SÉ DESTA CIDADE DE ÉVORA E NATVRAL DA MESMA PADROEIRO DE- STA IGREJA DE S. JOZEPH FALESEO EM ONZE DE OVTVBRO D 1733 Os altares cruzeiros, antigamente dedicados a N.ª S.ª do Carmo (Epístola) e S. João da Cruz (Evangelho), inscritos em arcos marmóreos de traça, decoração e entalhamento idênticos ao principal, somente aumentados com baldaquinos do estilo rocócó, do tempo de D. José, são sobrepujados, nos topos, por quatro pinturas a óleo sobre tela figurados pelos quatro Evangelistas. Os corpos da nave e do coro dividem-se em duas partes distintas: o prospecto inferior, até meia altura do vão, é composto por silharia historiada de cerâmica azulejar, monocromática, e o superior por apainelados pintados sobre tela, ornados de molduras douradas, representando episódios da Hagiografia de Santa Teresa e Quatro Doutores da Igreja, em obra de factura anónima dos alvores do 2.° terço do séc. XVIII, recortados em emolduramento romboide. Muito mais interesse artístico têm os 13 quadros de azulejos de esmalte branco e decoração azul, que nascem de alto lambris naturalista e onde figuram os principais passos da vida do padroeiro do mosteiro: Nascimento de S. José, Eleição de S. José como Esposo da Virgem Maria, Desposórios, Chegada a Nazareth, Zelos de S. José, Visitação de Santa Isabel, Nascimento de Jesus, Fugida para o Egipto, Purificação da Virgem, Sonho de S. José, Jesus entre os Doutores, Enfermidade de S. José e Transe de S. José nos braços de Jesus e Maria. Os painéis, separados por pilastras e frisos horizontais e tendo a documentá-los breves legendas inscritas em cartelas sobrepujantes, são desenhados com certa dureza e convencionalismo, decerto por artista azulejador de segunda categoria. Obra de características oficinais lisbonenses, de c.ª de 1740, anuncia já, nos enquadramentos decorados com volutas, pilastras e anjinhos, as influências do estilo francês rocaille. 

As janelas do coro, actualmente sem grades, são encimadas por tríptico de pintura coeva das mesmas composições, com a Coroação de Santa Teresa de Jesus e cenas da Aprovação da Regra do Monte Carmelo, telas ricamente guarnecidas de molduras de talha dourada, com baldaquinos. Esta sala, ampla e bem iluminada, de planta rectangular, mantém o silhar setecentista de azulejos de figura avulsa, de c.ª 1730, em fina e variada padronagem, e no ante-coro, sobre a porta, em estuque relevado, a data de 1729. Na abóbada da dependência, que é de penetrações, subsiste o armorial barroco da Ordem, coevo, pintado a fresco, de desenho ovulado. Peças mais tardias são os púlpitos marmóreos, da igreja, de base quadrangular e balaústres de lavores, rematados por sobrecéus adosselados de talha esculpida, afixados nas pilastras axiais do cruzeiro. Da mesma época são as duas bem obradas pias de água benta, de calcário negro, raiado, concheadas e de gomos no bojo exterior. Aberta na umbreira de mármore do actual confessionário, no corpo da nave (lado de Epístola), existe fragmento da campa de Maria de S. José, animadora primordial da fundação do convento, sobrinha da célebre beata Leonor Rodrigues, companheira do arcebispo D. Teotónio de Bragança na vulgarização da Ordem Carmelitana em Portugal. A inscrição, resto evidente deslocado do primeiro panteão monástico, reza assim: SEP. DE M ME. MA. DE S. JOZEPH FA LECEO A 29 DE JAN.RO DE 1712 DE ID.E DE 82 S. SACRISTIA Dependência de planta rectangular, é suportada com tecto de barrete de clérigo dividido por dois tramos guarnecidos de tabelas e florões pintados a têmpera no espírito avançado do estilo rocócó, com ornatos envieirados e tulipados, anjos e escudos da Ordem. Tem rodapé de azulejos monocromos, de c.ª 1750, decorados com albarradas, balaústres e frisos de grinaldas, enquadrados por faixas geométricas. Bom paramenteiro de pau-santo, com nove gavetões compostos de fecharia e escudetes de latão desenhados com símbolos do Sagrado Coração de Maria, fica sotoposto a vulgar altar de talha dourada, também do tipo de baldaquino e do estilo rocócó, centrando dois interessantes espelhos coetâneos, de belas molduras do último período da arte joanina. Nas paredes vêem-se alguns quadros de tela, de feição popular, representando Obras de Caridade, cenas milagreiras e a Missa de S. Gregário, bem emoldurados e, finalmente, no meio da sala, a mesa credência, de tampo romboidal e haste esculpida com motivos vegetais e de palmetas, feita em mármore regional. Dimensões da igreja: capela-mor, comp. 8,70 m., larg. 5,45 m. Nave: comp. 15,15 m. larg. 7,15 m. 

BIBL. Tombo das Fazendas do Convento de S. José desta Cidade de Évora - 1784 - Cód. CVI-1-27, Biblioteca Pública de Évora; Pe. António Franco, Évora Ilustrada, págs. 330-31; J. M. Santos Simões, Alguns azulejos de Évora: Pe. David do Coração de Jesus, A Reforma Teresiana em Portugal, págs. 126-28, 1962. 

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