quinta-feira, 20 de outubro de 2011

As Instituições Financeiras de Évora


Assim que entrou em funções o Governo Provisório da República assumiu como prioritária a tarefa de reformar o sistema monetário nacional, fazendo substituir o monárquico real (plural: reais ou réis) pelo escudo, de denominação mais adequada ao novo regime. A nova moeda entrou em vigor pela publicação de um decreto de 22 de Maio de 1911, e correspondia tanto em termos de valor como no de ouro fino à de 1.000 réis e apresentava-se em centavos, ou seja, dividida em cem partes iguais, colocando-se ao nível das dos outros países. Punha igualmente termo aos inconvenientes práticos da utilização do real, de valor muito pequeno e representado na escrita por um significativo número de algarismos.

Da emissão de notas e cunhagem de moedas se encarregou o Banco de Portugal, cujo 5º Governador foi Inocêncio Joaquim Camacho Rodrigues, natural de Moura e deputado eleito pelo círculo de Évora até 1915. Antes tinha sido nomeado Director Geral da Fazenda e Ministro das Finanças, sempre caucionado por José Relvas, que nutria por ele grande admiração intelectual. No cargo de Governador do Banco de Portugal se manteve até 1935, apesar da sua reputação e competência terem sofrido grande abalo quando foi ludibriado por Alves dos Reis, no célebre caso das notas falsas de 500$00.

Cabe aqui lembrar que o Banco de Portugal havia sido criado por decreto régio de 1846, com a dupla função de banco comercial e emissor, sendo resultado da fusão do Banco de Lisboa, fundado em 1821, com o objectivo de conceder créditos e aceitar depósitos, e da Companhia Confiança Nacional, lançada em 1844. Depois de vários contratos com o Governo, o Banco de Portugal tornou-se em 1887 a entidade bancária estatal, que passou a exercer em acumulação com a função de Caixa Geral do Tesouro e obrigando-se a criar agências em todas as capitais de distrito do Continente e Ilhas. Apesar de responsável pelo financiamento da dívida pública e de regulador do sistema financeiro do país, só em 1891 adregou a exclusividade na emissão da moeda.

Em Évora, o Banco de Portugal abriu a sua Agência no dia 24 de Setembro de 1892 no edifício da Praça de Giraldo em que ainda se mantém, e estava devoluto desde que a Câmara o deixara dez anos antes para se instalar na Praça de Sertório. O banco recuperou, com alguns cortes polémicos e sob uma traça afrancesada, os antigos Paços do Concelho de Évora, construídos no reinado de D. Afonso V e alvo de restaurações em 1481 e 1519 por ordem, respectivamente, de D. João II e D. Manuel I. Apesar de alguma controvérsia sobre a intervenção realizada, pode dizer-se ainda assim que o imóvel de algum valor patrimonial foi salvo da ruína que já o ameaçava.

Na cidade já existiam, no entanto, duas entidades bancárias: o Banco Eborense e o Banco do Alentejo, ambos fundados em 1875, ainda que o primeiro tenha funcionado no ano anterior com a designação de Caixa de Crédito Eborense. Segundo Helder Adegar da Fonseca, em “O Alentejo no século XIX – Economia e Atitudes Económicas” ,«em meados do século destacavam-se em Évora duas instituições como importantes fornecedoras de dinheiro a crédito: a velha Misericórdia local e a Casa Pia». A necessidade da criação de bancos era entendida, nomeadamente pelos grandes lavradores, como uma necessidade de extrema urgência visando o empréstimo de dinheiro a prazo.

É assim, grosso modo, que surge a citada Caixa de Crédito Eborense, com sede na Praça de Sertório, dotada do capital social de 33 contos de réis dividido em 660 acções (50 mil réis cada) e destinada a receber depósitos sem juro, à ordem, e com juro, a prazo fixo, fazer empréstimos a corporações do distrito e realizar descontos de letras. Os resultados obtidos levam os homens fortes da sociedade – o referido investigador identifica os quatro principais como sendo o visconde da Esperança, os lavradores José Maria Ramalho Perdigão e José Joaquim de Moura Amaral e o negociante Manuel Eduardo de Oliveira Soares – a proceder ao aumento de capital que se irá fixar nos 1000 contos.

Escassos dias antes, com sede em Évora na Praça de Giraldo e filial no Porto é anunciada a criação do Banco do Alentejo, iniciativa que envolveu por banda dos locais os negociantes João Lopes Marçal, Eduardo de Oliveira Soares, José António Soares Pinheiro, António Lopes Horta e António Simões Paquete; os proprietários e lavradores José Sebastião Torres Vaz Freire, José Carlos Gouveia, e Joaquim de Matos Peres; os médicos José Lopes Marçal e Joaquim Henriques da Fonseca e os professores liceais José da Fonseca e Costa e João Augusto Calça e Pina. Os nortenhos eram cinco com ligações ao Banco Comercial de Viana do Castelo.

O capital social inicial foi de 1.200 contos, divididos em 24.000 acções de 500 mil réis cada mas com possibilidade de alargamento aos 2.000. No âmbito da sua actividade tinha por objectivo «as operações de um banco de circulação, descontos e depósitos e todas as demais que forem próprias da sua natureza. Entre outras das mais destacadas teve a da emissão de notas. Foi um dos nove bancos nacionais que teve autorização para o fazer até à concessão da exclusividade ao Banco de Portugal.

Quando se implantou a República ambos gozavam de solidez e estabilidade. Helder Adegar da Fonseca, na obra já mencionada, considera que «a criação dos dois bancos teve importantes repercussões no mercado local de capitais. Por um lado, colocaram-se entre os principais fornecedores de crédito bancário na região, como o mostram o movimentos activos dos créditos hipotecários e em conta corrente realizado entre
1881 e 1910, sendo provável que o Banco Eborense tivesse uma posição muito forte no distrito de Évora. Em segundo lugar, com os depósitos a prazo, atraíram uma parte importante e crescente da poupança local».

Com alguma surpresa, o Banco Eborense entrou em fase de acelerado declínio, tendo encerrado em 1918. Não tinha conseguido suportar a garantia de segurança que o investimento em títulos governamentais viera trazer ao mercado de capitais. Em 1920 foi incorporado no Banco Nacional Ultramarino, entidade bancária criada em 16 de Maio de 1864 como entidade emissora de dinheiro para os territórios ultramarinos portugueses. Em contrapartida, em 1915 foi constituída na área dos seguros “A Pátria” – Companhia Alentejana de Seguros, velha aspiração dos lavradores que pretendiam proteger as suas searas sem que o crédito obtido deixasse de ser avalizado exclusivamente pelas suas terras.

Era deste modo que procediam as três principais seguradoras com agências locais, todas sediadas na Rua de Avis: “Portugal”, “Portuense”, “Portugal Previdente” e “La Union e Fénix Espanhola” A 24 de Agosto reúne pela primeira vez a comissão organizadora que coordenou os trabalhos de fundação e instalação da companhia. Fica definido que o capital social será de 500.000 escudos, divididos em 10.000 acções de 50 escudos, as quais ficam subscritas em três meses. 

Com 200 acções, o máximo permitido legalmente, ficaram Inácio Fernandes Ramalho de Barahona, João Lopes Aleixo, Joaquim Simões, José António Fernandes Potes, José Rebolado Formozinho, José Joaquim de Oliveira e Júlio Rodolfo Fernandes Potes. José Gomes Severino arrebata 150, Alfredo Augusto Cunhal Júnior 110 e Luís Sangremann Proença 105. É este grupo de homens, entre os quais se notam alguns republicanos, que constituirão o núcleo duro de um total de 837 accionistas.

Estabelecendo a sua sede nos nº.s 24 e 25 da Praça de Giraldo, é no seguro agrícola que a “ Pátria “ concentra as suas preocupações, deixando bem vincado que é filha de lavradores. O resto é uma história de sucesso que ultrapassa o horizonte temporal desta edição.

Texto: José Frota 

Évora Perdida no Tempo - Livraria Nazareth


Autor David Freitas
Data Fotografia 1966 -
Legenda Livraria Nazareth
Cota DFT3112 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Piscina Municipal coberta já abriu


Ao domingo, a piscina pode ser utilizada livremente entre as 09h00 e as 18h00.

A Piscina Municipal coberta já abriu ao público para mais uma época, constituindo uma excelente opção desportiva face à qualidade da infra-estrutura. Para o período 2011/12 a Câmara Municipal de Évora disponibiliza uma série de horários para o público em geral, a denominada utilização livre, destacando-se o domingo em que poderá ser utilizada livremente entre as 09h00 e as 18h00.

A informação sobre o preçário, bem como sobre os horários, encontram-se disponível em http://www2.cm-evora.pt/piscinasmunicipais/ . A época de inverno teve início dia 15 de Setembro e terminará dia 31 de Maio do próximo ano.

A natação permite de forma geral, tendo em conta todos os benefícios a ela associados, lutar contra o envelhecimento a nível físico bem como mental. Vários estudos levados a cabo nesta área provam que a prática de um desporto, e mais especificamente da natação, ajuda a melhorar o estado geral do corpo e da mente.

Évora Perdida no Tempo - Travessa do Sertório


Travessa do Sertório, vendo-se a Torre de Sisebuto e parte da Caixa de Água da Rua Nova.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1960
Legenda Travessa do Sertório
Cota DFT7271 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Igreja de S.Francisco

A Igreja de São Francisco em Évora é uma igreja de arquitetura gótico-manuelina. Construída entre 1480 e 1510 pelos mestres de pedraria Martim Lourenço e Pero de Trilho e decorada pelos pintores régios Francisco Henriques, Jorge Afonso e Garcia Fernandes, está intimamente ligada aos acontecimentos históricos que marcaram o período de expansão marítima de Portugal. Isso fica patente nos símbolos da monumental nave de abóboda ogival: a cruz da Ordem de Cristo e os emblemas dos reis fundadores, D. João II e D. Manuel I.
Segundo a tradição, nesta igreja foi sepultado Gil Vicente, em 1536.


Segundo a tradição, o Convento de São Francisco de Évora terá sido a primeira casa da Ordem Franciscana em Portugal, tendo sido fundada no século XII. Segundo os cânones da Regra de São Francisco, a primitiva igreja monástica tinha três naves, com capelas comunicantes entre si. Nestre primitivo edifício se realizaram várias cerimónias importantes, tais como o casamento de D.Pedro I com D.Constança Manuel. Desse período restam alguns vestígios, como atestam as frestas trilobadas que ladeiam o pórtico principal. A igreja seria remodelada no final do século XV, tendo-se construído o magnífico templo que hoje subsiste e que é uma das mais impressionantes igrejas portuguesas. Respeitando os limites originais, as três naves foram substituídas pela nave única subsistente, coberta pela arrojada abóbada gótico-manuelina que atinge vinte e quatro metros de altura. O Convento de São Francisco viveu então os seus momentos áureos, quando a corte do Rei D.Afonso V se começou a intalar no espaço conventual durante as suas estadias em Évora. Desta forma, a igreja de São Francisco foi elevada à categoria de Capela Real, daí os múltiplos emblemas régios de D.João II e D.Manuel I. Nesta época, recebeu o mosteiro o título de Convento de Ouro, tal a riqueza com que a Família Real o decorava.
A estes anos de esplendor (que de alguma forma contrariavam a espiritualidade franciscana (de pobreza e simplicidade), seguiu-se um período menos glorioso, acentuado pela perda da independência (em 1580). Neste período se construíu a curiosa Capela dos Ossos, para que a comunidade reflectisse a propósito da efemeridade da vida humana. No século XVIII construíram-se vários retábulos de talha dourada e de mármore (grande parte deles subsidiados pelos donatários das respectivas capelas, onde tinham sepultura privada). No século XIX uma nova crise se abateria sobre o Convento: a extinção das ordens religiosas, em 1834. Toda a parte monástica foi nacionalizada, tendo-se nela instalado o Tribunal da cidade, até cerca de 1895, data em que, sob grave ruína, se demoliu praticamente toda a parte conventual (dormitórios, parte do claustro, etc.). Salvou-se porém a magnífica igreja porque em 1840, para ali se transferiu a sede da freguesia de São Pedro.

Destacam-se em toda a igreja as características da arquitectura gótico-manuelina, particularmente nas ameias e torres das fachadas, no pórtico principal e na magnífica abóbada da nave.

Na extensa nave do templo, abrem-se dez capelas laterais, compostas por retábulos de talha dourada e policromada (século XVIII) e de estuques (século XIX). Alguns são provenientes da igreja do Convento da Graça, de onde foram salvos da ruína. No Baptistério está a pia baptismal da antiga igreja de São Pedro e uma curiosa representação do Baptismo de Cristo no Jordão, em cortiça, proveniente do antigo convento de Santa Mónica.

O retábulo da capela-mor substituíu um conjunto de pintura renascentista (presentemente disperso pelos Museus de Évora e da Arte Antiga. O retábulo actual é da segunda metade do século XVIII, em mármore, obra que contrasta com o ambiente manuelino do espaço. Nele se expõem as grandes imagens de São Francisco e São Domingos, como era hábito nas igrejas franciscanas. Nos alçados da capela estão duas belíssimas janelas marmóreas renascentistas, de onde a Família Real assistia aos ofícios religiosos (no século XVI) e um grande órgão de tubos setecentista (de Pascoal Caetano Oldovini). O cadeiral dos monges está decorado com representações de vários santos franciscanos. Os altares colaterais têm ainda várias pinturas do período renascentista.

Particularmente majestoso é o conjunto artístico da Capela da venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência (constituída por leigos), nela se conjugam harmoniosamente todo o esplendor da talha barroca do período joanino com os azulejos e telas representativos de temáticas franciscanas.

Pequena dependência renascentista, de abóbada nervurada, outrora independente do templo franciscano, erguida na face norte do transepto. Foi a primitiva sede da Santa Casa da Misericórdia de Évora e sob a sua portada está a escultura do anjo da Anunciação, em mármore do século XVI.

Da destruição da parte conventual salvou-se a antiga sala do capítulo, que no século XIX foi transformada em Capela do Senhor dos Passos da Casa dos Ossos (imagem de grande devoção local, representando o sofrimento de Cristo no caminho do calvário). O camarim onde se expõe a imagem é a maquete da capela-mor da Sé de Évora, tendo sido construída por ordem de J. F. Ludwig, mais conhecido por Ludovice, o arquitecto que a projectou no século XVIII.

A Capela dos Ossos é uma das curiosidades deste grande monumento, sendo um dos ex-libris da cidade de Évora. A capela foi construída nos séculos XVI e XVII, no lugar do primitivo dormitório dos frades. A sua construção partiu da iniciativa de três frades franciscanos que queriam proporcionar uma melhor reflexão acerca da brevidade da vida humana. A capela é constituída por ossadas provenientes das sepulturas da igreja do convento e de outras igrejas e cemitérios da cidade. As paredes e parte das abóbadas da capela estão revestidas de milhares de ossos humanos, que ilustram a ideia dos monges fundadores, expressa na frase que encima o pórtico da capela: Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos.

Évora Perdida no Tempo - Banco do Alentejo, na Praça do Giraldo


Aspecto interior das instalações do Banco do Alentejo, na Praça do Giraldo

Autor David Freitas
Data Fotografia 1960 - 1969
Legenda Banco do Alentejo, na Praça do Giraldo
Cota DFT116 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 17 de outubro de 2011


Aspecto do Largo dos Colegiais depois da intervenção. Em Novembro de 1953 a Casa Cadaval doou ao município o terreno adjacente ao Buraco dos Colegiais para arranjo e ajardinamento, reservando essa passagem a peões, obra que ficou pronta em 1955.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1955 -
Legenda Largo dos Colegiais depois da intervenção
Cota DFT7644 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

domingo, 16 de outubro de 2011

Chefe de Departamento C/ Experiência para a Loja em Evora

O nosso cliente é uma empresa líder de mercado no sector em que actua, fazendo parte de um grupo multinacional francês que está representado em 9 países distribuído por 3 continentes. No âmbito da sua expansão nacional pretende recrutar Chefe de Departamento C/Experiência para sua Loja em Évora.

Reportando ao Director de Loja terá como principais responsabilidades:

- Gestão operacional de um sector comercial da Loja;

- Garantir uma boa apresentação e animação comercial no seu sector;

- Gestão e motivação da sua equipa;

- Preparação de campanhas e Gestão de Stocks.



Requisitos

- Habilitações Literárias ao nível da Licenciatura (Preferencialmente em Gestão / Economia);

- Experiência no Comércio da Distribuição e em Gestão de Equipas (obrigatório);

- Dinamismo;

- Proactividade;

- Orientação para o Cliente;

- Residência na zona referenciada.



Oferta

Pacote salarial atractivo, acrescido de regalias sociais em vigor na empresa.

Se corresponde ao perfil solicitado envie já a sua candidatura para o e-mail:

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Glintt aposta em Évora para parque fotovoltaico

Um parque fotovoltaico com cerca de 2 900 painéis solares, que vão ser produzidos em Évora, vai «nascer» na periferia desta cidade alentejana, num investimento de quatro milhões de euros da Glintt -- Global Intelligent Technologies.
«É um projeto com duas iniciativas em paralelo. Por um lado, vamos buscar tecnologia estrangeira para adaptá-la e produzir painéis solares em Évora. Por outro, vamos produzir energia solar», disse hoje à agência Lusa Manuel Mira Godinho, Chief Executive Officer (CEO) da Glintt.

O projeto, num investimento de quatro milhões de euros, ainda está «em fase de preparação», mas deverá estar concluído «dentro de aproximadamente 12 meses», explicou o presidente-executivo da empresa.

Câmara de Évora distinguida pelas suas boas práticas de sustentabilidade


A Vereadora da Câmara Municipal de Évora, Cláudia Sousa Pereira, participou no dia 29 de Setembro, na cerimónia de entrega do galardão Eco XXI 2011, que teve lugar no Teatro-Cine de Pombal, tendo a autarquia eborense sido distinguida uma vez mais com a Bandeira Verde Eco XXI 2011 e respectiva medalha pelo seu trabalho e boas práticas de desenvolvimento sustentável.

Nesta cerimónia, organizada pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), com o apoio do Município de Pombal, foi também realizado um sorteio entre os representantes dos municípios presentes, tendo a Vereadora Cláudia Sousa Pereira sido contemplada pela ABAE e EfraEnergy, com um cheque-oferta, no valor de 10 mil euros, que permitirá à Câmara pôr em prática um projecto de consultoria na área da gestão energética num edifício municipal.

“Este galardão, que nos coloca entre os melhores, é um incentivo aos serviços da autarquia para que continuem a trabalhar no caminho da sustentabilidade e também um motivo para que os munícipes colaborem em todo esse trabalho e esforço da autarquia para melhorar o ambiente e tornar Évora melhor”, considerou a Vereadora, satisfeita também por ter obtido, através da sua presença, o prémio de participação na área da gestão energética.

“O prémio vai permitir ao Município lidar com a questão da eficiência energética num edifício municipal, possibilitando-nos conhecer a situação e tomar medidas para o tornar mais sustentável”, explicou ainda a autarca à margem da cerimónia.

A sessão de abertura do evento contou com a presença do Presidente do Município de Pombal, Narciso Mota, de Francisco Teixeira, da Agência Portuguesa do Ambiente e de José Archer, Presidente da Associação Bandeira Azul da Europa, tendo a apresentação dos resultados do Eco XXI 2011 sido feita por Margarida Gomes, a Coordenadora Nacional do referido projecto.

Decorreram ainda apresentações temáticas dos municípios da Maia, Torres Vedras, Cascais, Beja, Águeda e Pombal, seguindo-se a entrega dos prémios anuais de participação 2011 e dos galardões EcoXXI 2011.

Segundo a ABAE, este ano 86% dos municípios candidatos poderão hastear a Bandeira Verde Eco XXI 2011, o que significa que conseguiram pontuar acima dos 50% da pontuação máxima possível do índice de sustentabilidade.

O projecto Eco XXI, destinado aos municípios, visa distinguir as boas práticas, políticas e acções feitas em prol da sustentabilidade local, com especial ênfase no que respeita à qualidade ambiental e às práticas de educação para a sustentabilidade.

Foi lançado em 2005 como forma de assinalar a Década da Educação para a Sustentabilidade (Nações Unidas) e é inspirado nos objectivos da Agenda 21. Através de 23 indicadores e diversos sub-indicadores, uma Comissão Nacional avalia, seguindo critérios científicos rigorosos, as diversas vertentes da sustentabilidade, desde a gestão dos recursos, à informação aos munícipes, passando pela energia, mobilidade, floresta, resíduos, turismo, ordenamento do território, qualidade do ar e da água, agricultura sustentável, emprego, cidadania, ordenamento do território e educação e sensibilização ambiental, entre outros.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Amanhã (14/10/2011) é o dia da inauguração da Worten no Évora Retail Park


A Worten inaugura na próxima sexta-feira, dia 14 de Outubro, uma nova loja no Retail Park de Évora, que vem reforçar o plano de expansão da marca na zona sul do país. A abertura desta loja, que será a 134.ª Worten em Portugal, vai ao encontro das necessidades dos habitantes locais, apostando na variedade de produtos, com a garantia dos preços mais baixos.

Com 1470 metros quadrados de área de venda e uma equipa de 44 profissionais, esta loja pretende corresponder às necessidades dos milhares de habitantes da cidade alentejana, com uma forte aposta na variedade de produtos aos preços mais baixos.

Quanto aos suportes de comunicação da campanha de abertura, a Worten desenvolveu dois folhetos promocionais e estará presente em imprensa, rádio, exterior e rede multibanco, sem esquecer toda a comunicação na loja.

A partir do dia 14, todos os que comprarem na loja Worten de Évora farão imediatamente parte do “Clube dos Preços Baixos”, um clube formado por pessoas com uma capacidade natural para poupar.

A Industrialização em Évora

  

A vontade política da não industrialização do Alentejo e, por maioria de razão, de Évora, a sua maior cidade, prevaleceu sempre nos propósitos da elite financeira regional, ligada umbilicalmente à exploração fundiária, a qual apenas se lançou em projectos dessa natureza quando não pôde deixar de o fazer, sob pena de ter de abdicar de fatia significativa do seu poder e influência. Temiam os grandes senhores que lhes faltasse a mão-de-obra na lavoura e fugisse para a indústria onde os salários eram melhores e os trabalhos aparentemente menos duros.

Acabou por ser a aplicação da máquina a vapor ao serviço da modernização dos transportes a trazer, até ao concelho, a novidade dos progressos que as novas tecnologias registavam com base numa inovadora relação entre o capital e o trabalho, possibilitando a formação de grandes unidades de produção, transformação e distribuição de bens de utilidade geral e colectiva e menos de interesse individual ou personalizado. Em 1863 foi inaugurado em Évora o caminho-de-ferro estabelecendo-se a ligação com Lisboa. Como é óbvio foi necessário construir a estação para servir de apoio à manutenção, limpeza, conservação e reparação do material circulante o que conduziu por seu turno à contratação de pessoal especializado para a realização de tais tarefas.

Assim chegaram os primeiros operários que, trabalhando para uma empresa ou sociedade poderosa, eram remunerados regularmente para o efeito, perdendo o controlo do processo de produto e gerando um lucro que lhes era completamente alheio. Nos décadas seguintes a rede ferroviária foi-se esticando e chegou sucessivamente a Setúbal, Estremoz e Faro. Acreditando nos constantes progressos da ciência e da técnica e nas possibilidades de rápida distribuição dos produtos rasgadas pela nova via, o lavrador natural de S. Miguel de Machede, Perdigão Queiroga, de alcunha “O Larila”, abriu nessa zona, já no ano de 1899, a primeira fábrica de moagem conhecida na cidade. Curiosamente deu-lhe o nome de “Fábrica de Moagem Perdigão Queiroga à Estação”, amplamente publicitada na imprensa da época.

No outro lado da cidade, em 1901, junto às portas de Machede lançara Romão Marquez a sua Fábrica de Cortiça. No ano seguinte José Gomes Severino criava duas pequenas fábricas, uma na Travessa dos Lagares, nº4, e outra no Largo dos Penedos, 13 a 17, visando a primeira o armazenamento e preparação dos fardos que na segunda eram reduzidos a pequenos pedaços para a feitura de quadros e rolos. Numa das travessas à Rua do Raimundo erguia ainda no mesmo ano Francisco de Oliveira Saragoça um espaço dedicado à transformação da cortiça e também à fabricação de telhas e tijolo. Com idênticos propósitos abria em 1904 a empresa José Augusto e Companhia.

A tímida industrialização fazia-se em torno do aproveitamento dos produtos agrícolas em que o Alentejo e a cidade eram férteis. De resto as máquinas eram muito caras, avariavam ainda com frequência e os grandes capitalistas locais pouco interesse tinham em investir. Viria a ser a capacidade de iniciativa e a crença no progresso do grande lavrador e banqueiro eborense José António de Oliveira Soares, presidente do Real Sindicato Agrícola de Évora e da Escola Prática de Agricultura, que ao apresentar-se na cidade em 1902 com o primeiro automóvel aqui visto, que viria a fazer publicamente a cabal demonstração de serem infundados os receios quanto à utilização de novas técnicas e máquinas valendo a pena, se necessário, recorrer à banca, para conseguir financiamento para a aquisição dos novos equipamentos requeridos para a modernização da produção.

Dois anos depois, o negociante Estevão de Oliveira Fernandes funda na Rua do Paço uma empresa comercial e industrial denominada “Auto Palace” dedicada à venda de automóveis, máquinas agrícolas e industriais e com oficinas de reparação de todos os géneros. Por seu turno, a empresa inglesa de óleos e gorduras minerais lubrificantes Vaccum Oil Company, (antecessora da Mobil) e com filial em Lisboa instala uma delegação em Évora, na Rua João de Deus, 5 e 7, onde procede à aplicação daqueles produtos em «máquinas a vapor e motores a gaz pobre, a gaz d’hulha, a petróleo e a gasolina. E lubrifica ainda eixos de carros, wagons, wagonetas, máquinas agrícolas e automóveis».

Por imperativos da iluminação da cidade buscavam-se agora outras formas de energia. Em 1 de Maio de 1890 tinha sido inaugurada a iluminação a gás na cidade com a fábrica colocada no Rossio de S. Brás, no local onde se situa hoje o Hotel D. Fernando. Era pertença da Companhia Geral de Iluminação a Gás ,com sede no Porto e com capitais nortenhos e estrangeiros. Acontece porém que este tipo de iluminação emanava por vezes odores menos agradáveis, provocava indisposições orgânicas e era cara e propícia à ocorrência de incêndios.

As atenções de todos viraram-se para a electricidade, já existente em várias cidades do país e que vinha provando ser a forma de energia ideal, por superar completamente todas as desvantagens apresentadas pelo gás de iluminação. Para concretizar esse desiderato e em alternativa ao sistema concessionado, um grupo de capitalistas locais resolveu unir esforços e vontades constituindo a Companhia Eborense de Electricidade e dotando-a de um capital social de 25 mil contos. Depois de várias peripécias e muitas rondas negociais, a central eléctrica acabou por ser edificada em terrenos junto às muralhas da cidade, na zona do Ferragial do Buraco dos Colegiais.

Em 1909 começou a fornecer luz eléctrica a algumas pequenas empresas e diversos equipamentos públicos, entre os quais os prédios militares, a Estação de caminho- de-ferro e os diversos imóveis da Santa Casa da Misericódia, facto a que não era alheia a superior qualidade do serviço prestado e o prestígio e confiança que
a sua direcção constituída na altura por José António d’Oliveira Soares, José Estevão Cordovil, José Eduardo de Calça e Pina Câmara Manoel e Estevão da Cunha Pimentel, tinham na cidade, o que se traduzia na grande capacidade para celebrar contratos de certa dimensão.

Em 1917 a Câmara municipalizou ambas as empresas e contraiu-as numa só, sob sua administração. Sem matéria-prima disponível dado que o concelho é parco em recursos do subsolo, a metalurgia não existia. Sem mostrar qualquer apetência pelos negócios e criação de firmas industriais, permanecia uma série de oficinas e pequenas fabriquetas, de carácter familiar, com dois ou três aprendizes e produção artesanal. Nessa série de estabelecimentos de produção manufactureira contavam-se os sapateiros, os marceneiros, os cordoeiros, os tanoeiros, os serralheiros, os ferradores, os carpinteiros, os carpinteiros de carros (desde carruagens de luxo aos carros de canudo), os abegãos (fabricantes de utensílios e ferramentas) e os chamados artistas da pedra (pedreiros, calceteiros e canteiros). 

Reuniam-se na chamada Associação Industrial de Évora, visando o apoio e solidariedade mútuos, a qual em 1911 passou a Eborense pela incorporação de vários capitalistas e negociantes locais. A mudança «parece ter-se relacionado com as transformações que estavam a ocorrer nas relações de trabalho no seio da indústria» considera o professor Paulo Eduardo Guimarães, em “Elites e Indústria no Alentejo (1890-1960)”. As repercussões daí derivadas só vieram no entanto a notar-se no final da segunda década. Indústria que desde logo conheceu grande sucesso foi a tipográfica.

O primeiro prelo que chegou a Évora, no ano de 1840, foi destinado ao Governo Civil e à Repartição de Fazenda para auxílio no expediente geral. Para além de um administrador nomeado pelo governo, a Tipografia tinha como responsável gráfico Francisco da Cunha Bravo, um artista da especialidade, natural de Castelo Branco, e dois aprendizes. A partir de certa altura, Cunha Bravo, cujas solicitações de particulares eram cada vez mais e vendo que os jornais se encontravam em fase degrande expansão, estabeleceu-se por conta própria na Praça de Giraldo fundando a Tipografia Eborense, que viria a vender à empresa “Pharol do Alentejo”, para se estabelecer noutro local da cidade.

A Tipografia Eborense terminou o seu périplo de mudanças em 1907, no Pátio das Cinco Quinas, ano de falecimento do seu proprietário. Cunha Bravo fez fortuna com o seu espírito de grande trabalhador e artista de rara qualidade, sempre irrequieto e procurando motivar outros para uma profissão que considerava muito digna e tornava os homens melhores e mais cultos. Outras empresas do género surgiram na cidade.

Em 1910 encontravam-se em plena laboração a Tipografia Minerva Comercial, Lda, fundada em 1893 e propriedade na altura do republicano José Ferreira Baptista, que passou a pagar aos seus operários o dia 5 de Outubro, ainda que este fosse feriado; a Empresa Tipográfica Eborense, criada em 1899 e do também republicano Tristão Augusto Barradas; a Tipografia “Notícias d’Évora”, publicação regenedora-liberal aparecida em 1900 e a da “A Voz Pública”, fundada em 1904, órgão local assumido do Partido Republicano e de que era dono José Bento Rosado.

O grande empreendimento industrial no concelho, em todo este período, seria no entanto a formação da Sociedade Alentejana de Moagem, criada em 1916 por iniciativa de um grupo de proprietários e lavradores que ergueram a conhecida Fábrica dos Leões. O capital inicial foi de 120 contos, mas passaria em 1920 para 800 contos em consequência da sua compra por parte dos industriais espanhóis, radicados em Lisboa, Eugénio Alvarez e Manuel Alvarez y Rivera.

Texto: José Frota 



Évora Perdida no Tempo - Janela da Igreja do Cv. S. Bento de Cástris


Janela da Igreja do Convento de São Bento de Cástris.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1969
Legenda Janela da Igreja do Cv. S. Bento de Cástris
Cota DFT334 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Câmara de Évora dinamizou formação sobre prevenção de crime informático


A Câmara Municipal de Évora organizou esta semana nos Paços do Concelho uma formação sobre prevenção de crime informático, inserida no programa que assinala a abertura do novo ano lectivo e que registou uma significativa participação pública, designadamente de jovens.
Esta formação, a cargo da Directoria de Lisboa e Vale do Tejo da Polícia Judiciária, visou abordar casos reais e identificar medidas preventivas de combate a este tipo de crime, bem como conselhos de segurança. O Inspector alertou para os principais crimes informáticos praticados em Portugal e indicou como o cidadão deve proteger-se e, em especial os mais novos, sendo indispensável que os pais e encarregados de educação estejam sempre atentos.
Por crimes informáticos entendem-se todas as condutas ilícitas praticadas através de meios informáticos, que têm como principais características afectarem tanto a vida pessoal dos cidadãos como a economia nacional, facilitando directa e/ou indirectamente outras actividades criminosas.
A Vereadora da Câmara Municipal de Évora, Cláudia Sousa Pereira, esteve neste evento para dar as boas vindas aos participantes e agradecer a colaboração da Polícia Judiciária, sublinhando a importância desta formação, dado que somos uma Cidade Educadora, sempre aberta ao ensino nas mais variadas áreas do conhecimento e para os mais diversos públicos. Salientou também o valor da parceria que a autarquia vem desenvolvendo com as forças de segurança, através de um conjunto de eventos de significativa utilidade para a comunidade.
Por seu turno, o Inspector mencionou um conjunto de leis onde estão enquadradas as formas de punição dos crimes informáticos e deu vários exemplos de crimes que acontecem hoje, não só através do uso dos computadores, como dos telemóveis, sendo as vítimas das mais variadas idades, inclusive os idosos, que cada vez mais utilizam estes novos meios de comunicação.
Definir uma política de segurança individual e familiar é imprescindível, incidindo esta na protecção do sistema e da informação, tendo sempre atenção aos comportamentos de risco e sabendo discernir o que é boa e má informação.
Explicou igualmente como agir caso tenha sido vítima e a quem reportar as situações, tendo a formação sido ainda animada através de um conjunto de questões de muito interesse global colocadas pelos participantes, às quais o responsável da Polícia Judiciária respondeu de forma muito pronta, clara e concisa.
No âmbito da abertura do novo ano lectivo, salienta-se ainda a cerimónia de boas vindas ao pessoal docente e a apresentação do Projecto Educativo do Património de Évora (PEPE), no próximo dia 13, no Museu de Évora, local onde, no dia 14, decorre também uma homenagem ao pessoal docente e não docente, reformados no ano lectivo de 2010/2011.
Além disto, salienta ainda o programa de observação da natureza: “Um olhar sobre o Alto de S. Bento”, aberto à participação de toda a população, cujas próximas actividades se realizam nos dias 15 e 22 de Outubro, denominadas respectivamente, “Himalaias no Alentejo” e “Bosques Mediterrânicos”. Tratam-se de actividades que visam divulgar as ciências naturais, tirando partido das grandes valências do património natural do Alto de S. Bento e da existência de laboratórios nos moinhos, que poderão apoiar as observações de campo.