sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

As ruínas romanas da "Villa" da Tourega


As ruínas da villa romana da Tourega, pouco conhecidas dos eborenses, ficam situadas a cerca de 12 quilómetros da cidade, num desvio de terra batida existente na estrada de ligação às Alcáçovas, perto da ribeira de Valverde. O local terá sido ocupado entre o século I e o Século IV, tendo a villa chegado a estender-se por uma área de cerca de 500 metros quadrados, dotada de termas duplas, para homens e mulheres, e tanques de banhos frios e quentes. 

Em termos gerais, dir-se-á que uma villa romana era uma propriedade rural romana, semelhante aos actuais montes alentejanos, constituída por um conjunto de habitações para residência dos proprietários e dos seus trabalhadores e equipadas de banhos privativos, dado que os romanos sempre deram significativa importância à higiene e cuidados de saúde. Segundo os estudos conhecidos, a villa da Tourega funcionou como um importante ponto de apoio na via XII, que estabelecia a ligação entre Lisboa (Olissipo) e Emerita (Mérida). André Carneiro, docente da Universidade de Évora, na sua obra “Itinerários Romanos de Alentejo, Uma releitura de As Grandes Vias da Lusitânia – O Itinerário de Antonino Pio” de Mário de Saa, cinquenta anos depois considera, na esteira de outros investigadores, que a villa da Tourega teria uma localização predominantemente estratégica, determinada por várias possibilidades de acessibilidade. 

A mesma estaria muito perto da estrada (cerca de quinhentos a mil metros) que vinha de Alcácer do Sal (Salatia) com duas variantes (uma por Montemor, outra pelo Torrão e Alcáçovas) – mas próxima também de um cruzamento de vários itinerários. A ligação Ebora – Pax Julia (Beja) distaria apenas uma légua. Referências a este sítio são conhecidas desde o século XVI, quando o humanista André Resende encontrou uma lápide funerária dedicada por Calpúrnia Sabina a seu marido Quinto Júlio Máximo, questor da Sicília, tribuno da plebe, legado da província Narbonense e nomeado pretor da região. 

Depois da submetida a interpretação paleográfica, a placa acabou por ser datada do século III, fazendo actualmente parte do espólio do Museu de Évora. Segundo Mário Saa, «Quinto Júlio Máximo e seu filho eram quadrumvirus (membros de uma Junta de Quatro) da intendência das vias públicas», o que demonstra a importância que a estação assumiu nesses tempos. Pouco mais se soube da villa da Tourega até 1985, altura em tiveram início naqueles terrenos intervenções arqueológicas aprofundadas. De 1988 até 1996 foi elaborado o “Projecto de Investigação da Villa Romana da Tourega”, no âmbito de uma parceria entre a Universidade Lusíada e a Fundação Calouste Gulbenkian. 

Os trabalhos efectuados incidiram especialmente sobre a zona termal. A descoberto foi posto um corredor que conduzia a um edifício, tido como principal, com salas para banhos quentes ou frios, e um outro de dimensões mais amplas que serviria para o armazenamento da água. 

Texto: José Frota
Fotografia: Francisco Bilou

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