As ruínas da villa romana da Tourega, pouco conhecidas
dos eborenses, ficam situadas a cerca de 12 quilómetros
da cidade, num desvio de terra batida existente
na estrada de ligação às Alcáçovas, perto da ribeira de
Valverde. O local terá sido ocupado entre o século I
e o Século IV, tendo a villa chegado a estender-se por
uma área de cerca de 500 metros quadrados, dotada de
termas duplas, para homens e mulheres, e tanques de
banhos frios e quentes.
Em termos gerais, dir-se-á que
uma villa romana era uma propriedade rural romana,
semelhante aos actuais montes alentejanos, constituída
por um conjunto de habitações para residência dos
proprietários e dos seus trabalhadores e equipadas de
banhos privativos, dado que os romanos sempre deram
significativa importância à higiene e cuidados
de saúde.
Segundo os estudos conhecidos, a villa
da Tourega funcionou como um importante
ponto de apoio na via XII, que estabelecia
a ligação entre Lisboa (Olissipo)
e Emerita (Mérida). André Carneiro, docente
da Universidade de Évora, na sua
obra “Itinerários Romanos de Alentejo,
Uma releitura de As Grandes Vias da Lusitânia
– O Itinerário de Antonino Pio”
de Mário de Saa, cinquenta anos depois
considera, na esteira de outros investigadores,
que a villa da Tourega teria uma
localização predominantemente estratégica,
determinada por várias possibilidades
de acessibilidade.
A mesma estaria
muito perto da estrada (cerca de quinhentos
a mil metros) que vinha de Alcácer
do Sal (Salatia) com duas variantes
(uma por Montemor, outra pelo Torrão
e Alcáçovas) – mas próxima também de
um cruzamento de vários itinerários. A
ligação Ebora – Pax Julia (Beja) distaria
apenas uma légua.
Referências a este sítio são conhecidas
desde o século XVI, quando o humanista
André Resende encontrou uma lápide
funerária dedicada por Calpúrnia Sabina
a seu marido Quinto Júlio Máximo, questor da Sicília,
tribuno da plebe, legado da província Narbonense e
nomeado pretor da região.
Depois da submetida a interpretação
paleográfica, a placa acabou por ser datada
do século III, fazendo actualmente parte do espólio
do Museu de Évora. Segundo Mário Saa, «Quinto Júlio
Máximo e seu filho eram quadrumvirus (membros de
uma Junta de Quatro) da intendência das vias públicas»,
o que demonstra a importância que a estação assumiu
nesses tempos.
Pouco mais se soube da villa da Tourega até 1985, altura
em tiveram início naqueles terrenos intervenções
arqueológicas aprofundadas. De 1988 até 1996 foi elaborado
o “Projecto de Investigação da Villa Romana da
Tourega”, no âmbito de uma parceria entre a Universidade
Lusíada e a Fundação Calouste Gulbenkian.
Os trabalhos
efectuados incidiram especialmente sobre a zona
termal. A descoberto foi posto um corredor que conduzia
a um edifício, tido como principal, com salas para
banhos quentes ou frios, e um outro de dimensões mais
amplas que serviria para o armazenamento da água.
Texto: José Frota
Fotografia: Francisco Bilou
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