segunda-feira, 12 de julho de 2010

Se o mundo fosse bom, o dono morava nele

Um espectáculo integral, onde até o público é convocado a participar, numa fusão de actores/bonecos/músicos, subvertendo as unidades de tempo, lugar e acção, deixando soltar-se a imaginação dos espectadores. Uma dramaturgia que mergulha no universo popular para falar do desconcerto do mundo.

Encenação: José Russo e Maria Marrafa
Cenografia, Figurinos e Bonecos: Inês de Carvalho
Arranjos e Criação Musical: André Penas
Iluminação e Som: Pedro Bilou
Construção e Maquinaria: Tomé Baixinho, assistido por Paulo Carocho e Tomé Antas
Construção de Guarda-Roupa: Vîcência Moreira
Interpretação: Álvaro Corte Real, Ana Meira, André Penas e José Russo

Estreia dia 13 de Julho
Em cena até dia 31 de Julho
Terça a Sábado, às 22h00
Largo de S. Mamede, em Évora

domingo, 11 de julho de 2010

Operadores de Produção (M/F) Évora

A Kelly OnSite Services recruta Operadadores de Produção (m/f), para empresa sua cliente situada na zona industrial de Évora.

O objectivo da função é garantir o cumprimento das actividades e tarefas inerentes ao posto de trabalho definido, de acordo com as instruções de manufactura da operação.

Requisitos para a função:

- Disponibilidade para laborar em horário nocturno fixo entre as 20h00 e as 08h00:
- Residência proxima local de trabalho e transporte próprio;
- Disponibilidade imediata;

Alguns conhecimentos de informatica e inglês (preferencialmente)

Oferecemos :

Admissão imediata e oportunidades de carreira.

Se tem experiência fabril, então envie-nos o seu curriculum , fazendo a sua candidatura online

Responder a esta oferta 

sábado, 10 de julho de 2010

Évora Perdida no Tempo - Fonte na Praça Joaquim António de Aguiar


Autor José António Barbosa
Data Fotografia 1923 ant. 
Legenda Fonte na Praça Joaquim António de Aguiar
Cota GPE0314 - Propriedade Grupo Pró-Évora

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Cinema de 8 a 14* de Julho de 2010 - 18h00 e 21h30

ROBIN HOOD

De 8 a 14 de Julho- 18h00 e 21h30

De: Ridley Scott
Com: Russell Crowe, Cate Blanchett, Max von Sydow, William Hurt
Género: Aventura, Drama
Classificacao: M/12
EUA/GB, 2010, Cores, 148 min.

Inglaterra, século XIII. O país atravessa uma grave crise nas mãos do Príncipe João transformando Nottingham numa cidade saqueada não apenas pelos governantes mas também pelo próprio xerife local. Robin Longstride cria um grupo de mercenários justiceiros, a fim de devolver a glória e a liberdade ao país que o viu nascer.
* Dia 14 apenas às 18h00

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Évora Perdida no Tempo - Solar dos Cogominhos, na Torre de Coelheiros


Autor José António Barbosa
Data Fotografia 1904 
Legenda Solar dos Cogominhos, na Torre de Coelheiros
Cota GPE0261 - Propriedade Grupo Pró-Évora

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Corrida Real - Corrida das Guitarras Homenagem a Amália Rodrigues

Olympia no Convento dos Remédios, Évora

VERA MANTERO
Olympia + uma misteriosa Coisa disse e. e. cummings
DANÇA

Convento dos Remédios, Évora
14 de Agosto, 21h30

Duração: 55min.
M/12
Entrada Livre

Olympia
Concepção e interpretação - Vera Mantero
Luzes - João Paulo Xavier
Adaptação e operação de luz - Bruno Gaspar
Texto - Jean Dubuffet
Música - extractos de música dos Pigmeus Bakma, Camarões
Agradecimentos de Vera Mantero - a Ana Mantero e Miguel Ângelo Rocha

uma misteriosa Coisa disse e. e. cummings
Concepção e interpretação - Vera Mantero
Caracterização - Alda Salavisa (desenho original de Carlota Lagido)
Adereços - Teresa Montalvão
Desenho original de luz - João Paulo Xavier
Produção executiva - Forum Dança
Apoio - Casa da Juventude de Almada; Re.al / Amascultura
Produção - Culturgest, 1996 Homenagem à Josephine Baker

Sobre Olympia
Vera Mantero concebeu Olympia como uma peça para ser apresentada no programa da Maratona para Dança (1993). O seu objectivo, contaminado pelo do próprio evento que ia integrar era “‘acordar’ as pessoas”. Foi esta a premissa que levou Vera Mantero a articular passos da obra literária Asfixiante Cultura de Jean Dubuffett e a figura de Olympia, pintada por Manet. Uma articulação que extrai a sua vitalidade do acto de re:criar, re:pensar e re:inventar objectos artísticos com uma história própria, re:escrevendo-a, e assim re:inventar também a prática e fruição estética da dança, e a sua história.

Ao apresentar Olympia no Escrita na Paisagem, Vera Mantero não só glosa as obras originais que lhe servem de base de trabalho, como re:pensa e re:actualiza a sua própria criação, no encontro com um novo espaço e um novo contexto. Um duplo re:play que levanta questões centrais ao debate que o Festival propõe este ano, colocando as práticas de re:petição no cerne da criação artística contemporânea. Porquê re:pensar uma criação? O que significa re:criar um objecto artístico? O que se altera, perde ou acrescenta a cada re:petição? Eis algumas das interrogações para as quais queremos encontrar possibilidades de resposta – não só com Vera Mantero, mas também com os espectadores que se juntam a nós.
Sobre uma misteriosa Coisa disse e. e. cummings
uma misteriosa Coisa, nem primitiva nem civilizada, ou para além do tempo, no sentido em que a emoção está para além da aritmética (e. e. cummings, sobre Josephine Baker)

Em 1995 Vera Mantero encontrou-se com Josephine Baker, e. e. cummings, e com um discurso de Mário Soares (na altura, Presidente da República). A partir deste, encontrou-se também com o pianista Glenn Gould e as suas “Variações Goldberg” e com o mestre butô Kazuo Ohno. Este encontro fez crescer em Vera Mantero a necessidade de conceber e materializar uma “grandeza de espírito”, “[o seu] grande desejo de uma vitória do espírito”, que não é desprovido da existência e do prazer do corpo – concebido como igualmente grandioso. Numa articulação transdisciplinar entre dança contemporânea ocidental, butô, política e música, Vera Mantero lançou-se no desafio de coreografar e dar corpo a um espírito que “tem vontade de anular […] a boçalidade, a assustadora burrice, a profunda ignorância, a pobreza dos horizontes, o materialismo…”.

Com uma misteriosa Coisa o Festival Escrita na Paisagem aborda mais uma das várias modalidades do tema escolhido para a edição de 2010: re:play, isto é, ler as práticas de re:petição e re:criação como centrais na criação contemporânea. Neste peça, o re:play está presente em diversos níveis, dos quais o mais evidente é propor a Vera Mantero que re:faça um dos seus solos, instalando-o num novo contexto. Re:play é, na verdade, um conceito intrínseco a uma misteriosa Coisa, já que esta peça, como nota André Lepecki, é uma re:actualização de fantasmas – o de Josephine Baker e das suas coreografias e, em consequência, das problemáticas do racismo e colonialismo que atravessam a Europa pós-colonial, problemáticas especialmente sensíveis (e silenciadas) em Portugal. Em síntese, como Lepecki afirma: “a forma como o corpo europeu, feminino e branco de Mantero escolhe abordar (o fantasma de) Josephine Baker, precisamente como uma subjectividade assombradora e um corpo assombrado, intensifica o caudal de histórias e memórias do colonialismo europeu, das actuais fantasias raciais europeias e da actual amnésia do colonialismo, oferecendo uma apresentação perturbadora de uma imagem desafiante e improvável de uma mulher, uma bailarina, e uma subjectividade.” (Lepecki, 2006: 111)

Lepecki, André. 2006. “Melancholic dance of postcolonial spectal: Vera Mantero summoning Josephine Baker”, Exhausting Dance: Performance and the politics of movement. Londres / Nova Iorque, Routledge: 106-122. [Tradução do original inglês por Rita Valente].

Vera Mantero nasceu em Lisboa, em 1966. Estudou Ballet Clássico até aos dezoito anos. Trabalhou durante cinco anos para o Ballet Gulbenkian. Em Nova Iorque e Paris, estudou Técnica de Dança Contemporânea, Técnica Vocal e Teatro, abandonando por completo as suas origens clássicas. Como bailarina, trabalhou em França com Catherine Diverrès. Começou a criar as suas próprias coreografias em 1987, e desde 1991 a apresentá-las em teatros e festivais da Europa, Brasil, EUA, Canadá e Singapura, entre outros.
Para Vera Mantero a dança não é um dado adquirido; ela acredita que quanto menos se apodera dela, mais dela se aproxima. A dança e o trabalho performativo servem-lhe para compreender o que precisa de compreender; faz-lhe cada vez menos sentido a condição de performer especializado (bailarino, actor, cantor ou músico) e cada vez mais a de performer total.
A vida é para si um fenómeno terrivelmente rico e complicado, e o seu trabalho uma luta contínua contra o empobrecimento de espírito, seu e dos outros. Uma luta que considera essencial a este momento da nossa História.

Festa da Lã na Cruz da Picada




FESTA DA LÃ
Colecção B
EVENTO COMUNITÁRIO
9 de Julho, 18h30
Largo da Vermelha, Bairro da Cruz da Picada, Évora
Todas as Idades
Entrada Livre

Projecto Colecção B Oficina do Feltro
Colaboração especial Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo
Equipa Oficina do Feltro: Diana Regal, Isabel Cartaxo, Helena Calvet, Patrícia Galego
Parceria Associação Menhuin/Projecto MUSEpe
Apoios Junta de Freguesia da Malagueira, EB1 e JI da Malagueira, ADBES

Na Festa da Lã pisa-se e feltra-se um têxtil, ao som dos cantares do Alentejo. Uma Festa colectiva que conta com o Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo e com os moradores do Bairro da Cruz da Picada. Envolvendo a comunidade local, integramos outros sabores e saberes, pois haverá também comida e cantares alentejanos. E todos são convidados a participar nesta re:cuperação e re:invenção de fomras tradicionais de fazer feltro como uma prática colectiva.

O re:play é abordado por este projecto no re:tomar e re:trabalhar da tradição – das técnicas tradicionais de trabalho do feltro ao repertório do cante alentejano do Grupo Coral – e transformação (re:ciclagem / re:utilização) da lã. Este processo seguindo as práticas ancestrais de produção de tecido sem fio, distingue-se das formas mais actuais de fazer feltro, sobretudo pela utilização mais imediata da lã sem a sua transformação.

A Festa da Lã é uma das actividades desenvolvidas pela Oficina do feltro. Este projecto integrado em Formas de Fazer da Colecção B, configura uma plataforma de trabalhos de criação e investigação artística e artesanal, que visa a reabilitação do trabalho artesanal com as lãs locais, sobretudo a partir da técnica de feltragem, mas também da fiação e da tecelagem. Através das suas actividades, a Oficina do Feltro busca o encontro com as "'artes de fazer' isto ou aquilo [...], práticas [que] põem em jogo uma ratio 'Popular', uma maneira de pensar investida numa maneira de agir, numa arte de combinar indissociável de uma arte de utilizar' (Ana Paula Guimarães, B. I. do Zarapelho, Lisboa, Apenas Livros, 2004: 31 apud Michel de Certeau, L’Invention du quotidien).

terça-feira, 6 de julho de 2010

MOVIMENTO ARRISCADO




MOVIMENTO ARRISCADO
Cur. Daniel Moutinho (PT) e Eleonora Marzani (IT)
MÚSICA/PERFORMANCE/INSTALAÇÃO/DANÇA/CONVERSAS/FESTA

Convento dos Remédios e Espaço Celeiros
Évora 7, 8, 9, 10 e 14, 15, 16 e 17 de Julho, a partir das 23h
Entrada Livre

Movimento Arriscado é uma plataforma promovida pela primeira vez no âmbito do Festival Escrita na Paisagem, cujo tema deste ano é o re:play. Através desta plataforma, o festival perpetua o seu compromisso, a sua aposta nos novos criadores. É uma plataforma de emergência. Em primeiro lugar, porque faz emergir na sua programação um espaço que se preocupa verdadeiramente com as interrogações artísticas dos jovens criadores, em dar-lhes visibilidade, em assisti-los no caminho que eles procuram traçar. Em segundo lugar, porque urge a problemática actual de uma política cultural estruturada, que dê lugar e apoio aos novos criadores que após terminarem a sua formação académica, batalham por este mesmo espaço de visibilidade que o festival oferece. Chama à atenção de uma questão que devia ser de ontem. O que fazer com os novos criadores? Que política cultural tem o país, ou mais localmente, a cidade, que permita a estes novos criadores fazer o seu trabalho e dessa forma contribuir para a cultura local e nacional?

Lançámos o desafio a inúmeros jovens criadores, muitos dos quais estudam em Évora, para que acordassem a cidade com a sua voz, com a sua procura. Que fizessem parte da dinamização da cidade, aproveitando esta plataforma como processo de aprendizagem, como oportunidade de correr um risco, ou de o traçar.

O Festival Escrita na Paisagem é, desde o seu começo, uma casa que alberga os novos criadores e que se orgulha disso. Serviu de casa para mim, quando há três anos me abriu a porta e me deu um lugar para eu crescer e aprender. Foi a minha Universidade de Verão, mas mais que isso, foi um despertador e ainda continua a sê-lo. Acorda a cidade para mostrar o que ela, por norma, se esquece de ver. Os jovens e a sua importância no crescimento cultural, o caminho que eles percorrem, o risco com que eles marcam o seu trabalho artístico. São caminhos que se traçam, O Festival escolheu este entre os muitos que vai percorrendo. E como jovem só posso dizer, ainda bem que apareceu no nosso caminho.

Daniel Moutinho


Já tudo foi dito, já tudo foi feito | nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

Podemos fazer alguma coisa nova hoje? Estamos condenados a re:petir-nos nas nossas criações, dispondo camadas sobre camadas, para re:cuperar esse húmus ilimitado, que nos precede e nos sustém, mesmo que não tenhamos consciência da sua existência. A criação artística contemporânea mostra-nos que o que nos rodeia, nos domínios do espaço e do tempo, não é uma matéria negra que nos assoberba, reprime ou sufoca, mas antes um horizonte aberto que se desdobra num vasto conjunto de possibilidades, abertamente ao nosso alcance.

Quais são as preocupações dos criadores de hoje perante esta paisagem?
A procura de um confronto com o passado abrangente é um dos estímulos partilhado pelos artistas participantes neste Movimento Arriscado. A busca de uma relação re:novada entre o corpo humano e a arquitectura de Évora é a proposta da Oficina Movimento, um laboratório de introdução à dança contemporânea: explorar novas possibilidades de nos re:posicionarmos na cidade, dentro das suas paredes seculares, em particular as do edifício do Convento dos Remédios. A história da arte, em particular a história da performance e os seus idolatrados ícones – como Yves Klein, Marina Abramovic e Franko B –, inspiram re:criações, transformadas em ecos por novas vozes, como são os projectos-experiência incluídos em Kinda Li’l MoMa e os trabalhos de Catarina Lopes e André Salvador.

A análise da história pessoal é o ponto de partida para a pesquisa sobre a identidade, um assunto amplamente explorado pela criação artística das últimas décadas, e que é igualmente explorada em Movimento Arriscado. Uma tentativa de re:construir a memória pessoal e a interacção entre passado e presente, com base no arquivo familiar, é o que alimenta a performance de Márcio Pereira.
Por outro lado, a memória de toda uma geração pode ser recuperada através de uma arqueologia dos “média”, como acontece no projecto de Carlos Rodrigues ao transpor imagens de VHS para formatos mais actuais, ou na sessão de Dj-Vj dos Jijeis Altemente + Blue Moustache, inspirada nos míticos videojogos dos anos 80 e 90. De memórias (mesmo recentes) se alimentam ainda projectos como os dos alunos de electroacústica (alunos e professor da Universidade de Évora), a abordagem noise dos Psychotic Kindergarten, ou os processos utilizados em Symbol Transfer, a circular entre fotografia, infografia e som.

Há projectos de percepção e fruição imediata, com os quais todos se podem identificar, e também projectos que nos pedem abandono – como as atmosferas musicais de Di-Ga-Ba. Por outro lado, também há trabalhos que re:querem a concentração do público, uma observação e audição participativas e atentas, como é o caso dos vídeos de André Uerba, e a performance de Bárbara Fonseca e Telma Santos.

Se há materiais, objectos, sons e corpos que procuram o confronto-choque, há também um grupo de artistas que aposta em jogos de ambiguidades e justaposições de diversas realidades. Assim, assistimos à construção de ficções, mundos e personagens, como na performance Segura-te ao meu sofá e À prova de fogo e de bala (Ai! A Super-Artista incógnita). Brincar com o efémero é a premissa de base da escultura-instalação de Maria José Correia. Um trabalho feito em pão, que perturba assim o conceito de escultura como arte produtora de objectos eternos.

Assim, o programa de Movimento Arriscado desdobra-se em projectos cujas premissas são criar algo de novo, partindo de regras pré-estabelecidas, libertas do passado e de pré-determinações, sem caminhos já percorridos, procurando novas formas de espontaneidade.

Dois são os palcos onde o Movimento Arriscado tem lugar: o Convento dos Remédios e os Antigos Celeiros da EPAC. O primeiro, votado à arqueologia, é um espaço ainda por explorar pela arte contemporânea e cheio de possibilidades para a criação artística. O segundo, já conhecido pelas gerações mais jovens, é apresentado com uma imagem re:novada. Graças à colaboração entre os agentes artísticos com base no Espaço Celeiros – PédeXumbo, A Bruxa Teatro, Festival Escrita na Paisagem e Pachamama – todo o bloco, os edifícios, e a área circundante acolheram projectos de performance, música, vídeo, instalação, e CE-LE-BRA-ÇÃO! Movimento Arriscado é tudo isto e muito mais: um movimento fluido, irrequieto, irreprimível, imparável e sempre no fio na navalha.

Vivemos num caldeirão de referências. E nem por isso precisamos de sucumbir, pois há sempre uma maneira de seguir em frente. Cada um destes projectos procura o seu caminho, e é isso que aqui nos mostram.

Teatro de Ferro - 7 e 8 de Julho - Jardim do Chão das Canas (frente ao Teatro Garcia de Resende)



Teatro de Ferro
PT
TEATRO
7 e 8 de Julho, 22h
Jardim do Chão das Canas (frente ao Teatro Garcia de Resende), Évora

Duração: 120min.
Classificação: M/12
Entrada Livre


Texto, dramaturgia e canções Regina Guimarães
Encenação e cenografia Igor Gandra
Figurinos Diana Regal
Marionetas Júlio Alves
Movimento Carla Veloso
Desenho e luz Teatro de Ferro
Interpretação António Oliveira, Igor Gandra, José Pedro Ferraz, Julieta Rodrigues, Rodrigo Malvar e Rosário Costa; [participação especial] Carlota e Matilde
Fotografia de cena Susana Neves
Design Gráfico CATO
Direcção de Montagem Virgínia Moreira
Oficína de Construção Gil Rovisco, Virgínia Moreira, Nuno Bessa e Américo Castanheira - Tudo Faço
Produção Teatro de Ferro
Co-produção Teatro de Ferro, Teatro do Frio, Radar 360, Festival Escrita na Paisagem, FIMP - Festival Internacional de Marionetas do Porto e Teatro Nacional São João
Teatro de Ferro é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura/DG Artes

O que é que acontece quando um grupo de artistas saltimbancos se instala numa praça da cidade? A nova criação do Teatro de Ferro(TdF) chega ao centro histórico de Évora com a vitalidade e o romantismo dos nómadas, para um espectáculo ao estilo popular que incita a participação do público. Numa re:conversão de moeda da ópera de B. Brecht, a Ópera dos cinco € “tenta tirar da gaiola dos especialistas e das especialidades alguns temores, inquietudes e fechamentos que nos afectam a todos na sociedade contemporânea [...], construindo um tempo diferente – aquele de um mundo ambulante, em trânsito, de um mundo gema dentro de um ovo de Colombo, e permitindo uma outra maneira de estarmos juntos” (TdF). As lógicas de criação deste "Brecht rap - techno weill" re:fletema tensão entre (um)a disciplina e um desejo de transdisciplinaridade, procurando as relações entre a palavra dita e a cantada e entre a canção e o movimento. Promete grande animação para todos, em plena praça!

TdF desenvolve um trabalho nos campos do teatro de marionetas e manipulação de objectos, movimento e multimédia, sendo na fusão destes elementos que forja o seu vocabulário teatral, performativo e interventivo. A direcção artística é da responsabilidade de Igor Gandra, distinguido e premiado pelo Clube Português de Artes e Ideias (1997), Ministério da Cultura/DGArtes(2004), Cidade de Gaia (2005) e Jornal do Centro (2005).

segunda-feira, 5 de julho de 2010

16° Festival Évora Clássica de 8 a 10 de Julho


Programação 2010
Quinta Feira 8 de Julho
22h Jardim do Paço
Conjunto Redwan dirigido por Benkelfate Fayçal
Musica Arabo-andalusa sacrada de Tlemcen – Algeria


Sexta Feira 9 de Julho
22h Jardim do Paço
Rising Stars
A noite indiana
Ao encontro de uma nova geração de artistas, herdeiros da música e da
 dança clássica da índia do norte e do sul.
Dança Baratha Natyam : Rama Vaidyanathan
A fluta bansuri : Pandit Rajan Guruvayur Srikrisshnan


Sabado 10 de Julho
22h Jardim do Paço
A arte do Shenai : Os irmãos Sanjeev e Ashwani Shankar
Jugalbandi: Debapriya Adhykary, canto Khyal Samanwaya Sarkar, sitar – Madhuriya Barthakur, tabla

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Cinema

Quinta Feira 8 de Julho
16h
SITA, sings the Blues


Sexta Feira 9 de Julho
16h
ZAINA, la Cavalière de l’Altas



Sabado 10 de Julho
16h
SAFAR, Le Maghreb vista de França


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Naturalmente subversivo por entre os seus e em revolta contra todos os usos tradicionais, o etnógrafo mostra-se respeitoso até ao conservadorismo, sempre que a sociedade em questão aparenta ser diferente da sua".
Esta reflexão de Claude Lévi-Strauss, de quem festejamos este ano o centenário, está longe de ser desprovida de sentido. Depois de ter posto em questão uma sociedade julgada falsa nas suas convenções sociais, morais e religiosas, apareceu este fascínio por sociedades que tentam conservar uma herança oral e identitária face à razia da mundialização.
Antagonismo e esquizofrenia habitam o apaixonado pelo Oriente, tão fascinado pelas melopeias enrugadas de uma sanfona do deserto, como pelas proezas do som do I Phone.
Apesar de tudo isto, não nos iludamos, o mundo tradicional marginalizado pela nossa ideolatria consumista alimenta, antes de mais, do deserto do Rajastão às margens do mediterrâneo, o fabrico de imagens da indústria turística e das agências de viagens.
Os « Orientais de Évora », sempre à procura de outros mundos, propõem uma outra maneira de ouvir e apreender o mundo da música.
A música para muitas culturas é mais do que um divertimento e tem dentro dela as raízes profundas da emoção e da espiritualidade, do rito e do quotidiano.
As músicas que apresentamos no nosso Festival são bastante festivas e joviais mas são também um testemunho das grandes civilizações orais, da diversidade das expressões artísticas humanas e da verdade de um modo de vida onde a natureza ainda tem sentido.
Assim, o Festival Évora Clássica é um dos raros festivais em Portugal a oferecer espectáculos que, como esta cidade, pertencem ao património da humanidade, expressões artísticas que, em breve, terão talvez completamente desaparecido.
Este ano, para lá do seu ambiente caloroso e tradicional, o Festival convidará o público para uma viagem, que vai do coração da Ásia até ao Mediterrâneo.
Prazer para os olhos e para os ouvidos, refinamento de um gesto coreográfico ou de uma voz cristalina ou enrugada como o sopro do vento, os cantos e músicas de tradição, simultaneamente terrestres e celestes, transportam o corpo e a alma, quer sejam mediterrânicos ou orientais.







Últimas Ceias

ÚLTIMAS CEIAS
1 de Julho a 30 de Setembro
Museu de Évora
(10h-18h, Quarta-feira a Domingo / 14h30-18h, Terça-feira)
Encerra à Segunda-feira
Entrada do Museu


A Última Ceia é talvez o tema mais recorrentemente difundido no espaço da cultura religiosa de matriz cristã, mas também um dos mais glosados, citados, re:mediados pela arte do século XX. É um tema re:play por excelência, inscrevendo nos seus próprios termos are:petição do gesto redentor.

No cenário institucional do Museu de Évora, onde se encontram duas belíssimas pinturas quinhentistas representando últimas ceias (uma do Mestre do Retábulo da Sé de Évora, outra de Martin de Vos), o Festival Escrita na Paisagem promove o encontro entre estas peças do acervo patrimonial do Museu e a criação contemporânea, numa instalação plena de registos críticos e discursivos fortemente inscritos na actualidade.

Noémia Cruz, Jorge de Sousa, portugueses, e Marcos López, argentino, são os autores das três peças que instauram o diálogo no Museu com os seus trabalhos de fotografia e escultura em regime de instalação. Noémia Cruz, com o re:play de uma sua escultura de 1979, cuja história se reveste de ressonâncias sexuais e políticas. Inscrevendo o feminino na cena pela transformação do pão em seio, opera uma deslocação que obviamente dá ao gesto da repetição eucarística a ressonância transgressora do seio materno, feminino. Marcos López, fotógrafo argentino, procedeu por seu lado à proletarização do tema, inscrevendo a última ceia num contexto de classe média, uma refeição generosa num cenário idílico, quase arcádico, como que a esvaziar pela serenidade quotidiana o sentimento trágico e redentor do arquétipo, reconhecível na carcaça sacrificial que ocupa o centro da mesa (o anho redentor pobremente materializado e degustado?). Jorge de Sousa, como acontece com Noémia Cruz, evidencia a importância da problematização de género nas re:visitações contemporâneas da última ceia, compondo a cena em busca de uma teatralização das relações (a foto corresponde ao momento em que Cristo anuncia que um de entre eles o trairá e procura captar as reacções dos discípulos). Tatuagens e roupas configuram um espaço de sociabilidade masculina, próxima de estereótipos marginais, a que a própria figura de Cristo não escapa.

Este espaço dialógico poderia completar-se com a re:visitação das inúmeras versões da última ceia que a cultura popular contemporânea pôs a circular de múltiplas formas, do cinema à publicidade, e que podem ver-se em abundância por exemplo no inesgotável youtube e no seu persistente devir…

domingo, 4 de julho de 2010