segunda-feira, 11 de março de 2013

Os casamentos de S. Pedro




Saberão acaso os eborenses que na cidade já se realizaram “Casamentos de São Pedro”, à imagem e semelhança dos que têm lugar em Lisboa pelo Santo António e dos que também já se fizeram no Porto pelo S. João? Pois é verdade, aconteceram por uma só vez, mas aconteceram no já longínquo ano de 1972, integrados, como não podia deixar de ser, na tradicional Feira da urbe alentejana. Não tiveram seguimento porque o ambiente político se toldou bastante no ano imediato e depois ocorreu a Revolução de Abril, tempo a partir do qual tudo o que eram manifestações de cultura ou festas populares, desde que não enquadráveis no novo paradigma, passaram a ser tomadas como sinónimo de reaccionarismo.

A iniciativa partiu de três senhoras (Maria Emília Rebocho, Laurinda Fernandes e Custódia Mata), que faziam parte da Comissão de Festas e pretendiam acrecentar alguma coisa de inédito na programação da Feira de S. João desse ano, para além do já prestigiado Cortejo Internacional de Trajo, que a 2 de Julho encerrava o certame e trazia à cidade milhares e milhares de visitantes. Tendo obtido luz verde da Câmara para o início das respectivas diligências, as referidas senhoras entraram em contacto com a administração do “Diário Popular”,o diário vespertino de maior tiragem no país e organizador dos casamentos de S. António, em Lisboa, e de S. João, no Porto, solicitando igual apoio e patrocínio para os matrimónios que desejavam levar a cabo em Évora.

A abordagem efectuada ao jornal lisboeta foi coroada de êxito. Como o tempo urgia, pediu-se total empenhamento e dedicação à Comissão de Festas. Rapidamente se anunciou a abertura da inscrição «a todos os interessados, que não dispondo de grandes recursos financeiros, tinham já planos matrimoniais para o futuro próximo». Acudiram à participação dez pares casadoiros, sendo que um deles posteriormente se viu obrigado a desistir por motivos pessoais. Na sua maioria, as moças eram domésticas e os mancebos tinham profissões operárias.

A raridade da situação agitou Évora, nomeadamente o sector feminino, e o então ainda pujante comércio local, que se desmultiplicou em ofertas para os nubentes. Os sapatos para as noivas saíram das sapatarias Guerreiros, ao passo que os dos homens foram uma dádiva do representante em Évora da marca Campeão Português. As camisas masculinas foram uma prenda das Confecções Melka. E houve ainda prendas de vários outros comerciantes, principalmente de electrodomésticos, que muito ajudaram casais em princípio de vida. Muitas destas e outras valiosas prendas estiveram em exposição, durante dias, numa loja da cidade.

Antes do início da cerimónia, as noivas, depois de se vestirem na Casa da Sagrada Família, situada no Largo Dr. Alves Branco (hoje Residência Episcopal). deixaram- se fotografar no terraço do edifício. Dali saíram em cortejo automóvel - todos de marca Ford e cedidos para a ocasião pela firma Aniceto & Espanhol – para o largo Conde Vila Flor, onde, tendo o Templo Romano por fundo, voltaram a posar para a posteridade. Foi então altura do cortejo rumar à Igreja de S. Francisco, com um carro da PSP a abrir caminho, dada a aglomeração de pessoas espalhadas pelas diversas artérias da cidade. Junto da Igreja, a multidão de curiosos apinhava-se numa densa mole humana. No interior do templo, pomposamente engalanado, não cabia um alfinete. Noivos, padrinhos, alguns familiares, convidados e as principais individualidades do distrito (Governador Civil, Presidente e Vice-Presidente do Município, representante do Comandante da Região Militar, Presidente da Junta Distrital e outros), acompanhados das respectivas esposas, assim como um administrador do “Diário Popular”, igualmente acompanhado da sua consorte, enchiam literalmente o velho espaço seiscentista.



À cerimónia litúrgica presidiu o Arcebispo de Évora, D. David de Sousa, coadjuvado pelo chantre Jerónimo Alcântara Guerreiro e pelo arcediago João Luís Guerreiro. Os cânticos solenes foram acompanhados por um conjunto instrumental de género “pop” da mesma instituição – caso sem precedentes nas cerimónias religiosas da cidade. Terminada a cerimónia, só a muito custo noivos e convidados conseguiram romper a mole humana que circundava a Igreja e dirigir-se para os automóveis que os conduziriam às piscinas municipais, onde a Câmara iria oferecer o copo d’água. O desfile nupcial passou pela Praça do Giraldo, Rua Cândido dos Reis, estrada de Arraiolos, estrada de S.Bento de Castris e parque Arantes de Oliveira – tudo em linha recta porque os tempo eram outros e o trânsito automóvel relativamente diminuto – entrando no belo salão decorado com hortenses azuis, rosas e cor de salmão. No decurso do ágape, o vice-presidente do município, José Luís Cabral, veio a acentuar: «Graças à iniciativa, entusiasmo e ao esforço desenvolvidos por uma comissão de senhoras da nossa cidade, as nossas festas chegaram a um nível nunca antes atingido.

Os Casamentos de S. Pedro são afinal a festa que faltava em Évora. E bem se viu como o povo, toda a cidade, a eles aderiu. Bem se viu como os industriais, comerciantes e  autoridades para eles contribuíram». Também Lopes da Rocha, o administrador do “Diário Popular”, usou da palavra para se congratular com «a decisão de patrocinar o acontecimento pois os Casamentos de S.Pedro atingiram de facto um brilho invulgar, perfeitamente na linha dos que o jornal organiza em Lisboa e no Porto», acabando por oferecer a cada casal uma prenda pecuniária.

Ao “Diário Popular” coube, como é natural, a reportagem em exclusivo do evento. Para o efeito fez deslocar a Évora Ângelo Granja, o seu mais talentoso repórter (homem ligado ao Partido Comunista e que chegaria mais tarde à chefia da redacção) e dois repórteres fotográficos. Durante os dois dias (véspera e dia dos casamentos) em que permaneceram em Évora, cada um, à vez, deslocou-se a Lisboa de táxi aéreo, para fazer a entrega das películas, enquanto na cidade o Banco do Alentejo pôs o seu telex à disposição para envio dos textos.

Há 37 anos os casamentos de S. Pedro constituíram um acontecimento diferente  no dia do padroeiro da cidade. Um dos noivos declarou à reportagem do “Popular”: «Tudo isto é maravilhoso e oxalá se repita para beneficiar outros jovens entre nós». Os rumos da História e a vontade dos homens não o vieram a permitir.

Texto e Fotos: José Frota

sábado, 9 de março de 2013

Projeto Jovens Embaixadores de Évora apoiado pela OCPM



O projeto Jovens Embaixadores de Évora foi apresentado à Secretaria Regional da Europa do Sul e Mediterrâneo da OCPM (Organização das Cidades Património da Humanidade) pela Vereadora da Câmara Municipal de Évora, Cláudia Sousa Pereira como um projeto a ser adotado pelas cidades membro da secretaria. Dado o interesse que o mesmo despertou, foi agora aprovado pela Secretaria Geral da OCPM, passando a constituir projeto oficial desta organização internacional, que goza do estatuto de parceira da UNESCO.

Recorde-se que este projeto destina-se a promover e divulgar o  Património de Évora, através de jovens  estudantes, entre os 16 e os 30 anos, que no âmbito do acréscimo da sua formação se desloquem para outros países, durante um período que pode variar entre três a 12 meses e, também a promover e divulgar o Património de Évora através de estudantes que no âmbito do acréscimo da sua  formação venham temporariamente estudar para Évora. 

Tem como principais objetivos estimular o sentimento de pertença a um local nos jovens eborenses; acolher jovens oriundos de outros países, proporcionando-lhe experiências enriquecedoras; apoiar os jovens munícipes que se desloquem no âmbito da sua formação para outros países; e estimular a capacidade de divulgar um produto junto de diferentes públicos. 

sexta-feira, 8 de março de 2013

"Tributo ao Triciclo" pelo Grupo de Teatro Amador de Vendas Novas



"Tributo ao Triciclo"
pelo Grupo de Teatro Amador de Vendas Novas

Data: 9 de março
Local: Sociedade Recreativa e Dramática Eborense (Antiga Mocidade)
Horário: 21:30
 
Encenação: Rui Dias; interpretação: Hugo Guerreiro, Miguel Loureiro, Rui Dias, Filipa almeida e Fernando José; desenho de luz: André Chibeles; sonoplastia: Granada FM; figurinistas: Sara Belmonte, Filipa Almeida e Mónica Silva. Espetáculo integrado no programa do 12º Encontro de Teatro de Amadores da Sociedade Recreativa e Dramática Eborense.

Organização: Sociedade Recreativa e Dramática Eborense
Contacto: 266 703 284 | srdeborense@gmail.com

Abertas até 15 de Março: Candidaturas ao Programa de Apoio ao Associativismo Social e Juvenil do Concelho de Évora




A Câmara Municipal de Évora informa que estão abertas até ao dia 15 de Março as candidaturas para apoios não financeiros destinados às associações sociais e juvenis do concelho de Évora, de acordo com o estabelecido pelo Regulamento de Apoio ao Associativismo Social e Juvenil do Concelho de Évora.

Estas candidaturas permitirão beneficiar do apoio ao nível da cedência de bens e serviços, espaços físicos, equipamentos, transportes, meios técnicos, materiais e logísticos necessários ao desenvolvimento das atividades e intervenções das entidades que não envolvam a transferência de uma verba pecuniária.
Podem candidatar-se entidades de carácter social, de saúde, juvenis e de moradores com atividade no concelho de Évora.

A formalização da candidatura deverá ser efetuada junto da Divisão de Juventude e Desporto/ Divisão de Educação e Ação Social da CME (Pátio do Salema), mediante a entrega de formulário específico, a disponibilizar pelos serviços, em www.cm-evora.pt, sem prejuízo da entrega/atualização dos elementos constantes nos artigos 3º e 4º do Regulamento de Apoio ao Associativismo Social e Juvenil do Concelho.

A Avaliação das candidaturas será efetuada pelos serviços de acordo com Documento Técnico de Ponderação dos Critérios de Avaliação, disponível para consulta nos serviços competentes ou em www.cm-evora.pt

quinta-feira, 7 de março de 2013

"Nunca Estive em Bagdad" de Abel Neves



"Nunca Estive em Bagdad" de Abel Neves

Data: 8 e 9 de março
Local: Teatro Municipal Garcia de Resende (Praça Joaquim António d'Aguiar)
Horário: 21:30
 
Definida pelo autor como “uma história de amor em tempo de guerra”, a peça mostra-nos um jovem casal português (Glória e Rogério) em mudança de casa, ao mesmo tempo em que está a acontecer a invasão do Iraque pelas tropas aliadas, em 2003. Os acontecimentos do outro lado do mundo entram-lhes literalmente na sala de estar, através das transmissões em direto na televisão. Entre o problema de Glória, que vai sendo revelado ao longo do espetáculo, e a tragédia global de que Rogério não consegue descolar, vive-se um confronto de escalas que amplia o efeito de ambos na vida quotidiana e íntima do casal.

Organização: CENDREV no âmbito da Rede "Culturbe - Braga, Coimbra e Évora"
Apoios: INALENTEJO | Câmara Municipal de Évora
Contacto: 266 703 112 | geral@cendrev.com
Web page: http://www.cendrev.com
Inf. Extra: Preço: 4 € (funciona o Passaporteatro Jovem: 3 € e o Passaporteatro Sénior)

"A Vingança de Antero ou a Boda Deslumbrante"



"A Vingança de Antero ou a Boda Deslumbrante"

Data: 9 de março
Local: SOIR Joaquim António d'Aguiar (Pateo do Salema, 7A)
Horário: 21:30
   
“Um dia de casamento, à partida, pertence ser um dia alegre, bem-disposto, bem passado. Mas… por vezes acontecem coisas que correm mal: um carro avariado, um caminho mal escolhido, alguém ressacado, alguém que falta (porque não pode ou não quer ir), alguém que se esquece (de tudo), um que não concorda, outro que está cheio de fome, alguém quer fazer negócio, alguém mal disposto, alguém bem-disposto, um que se aleija, outro apressado, um que não pára de tirar fotografias, outro …, mais outro e ainda mais outro… Será que é o último ou ainda falta alguém? Mas para que um casamento corra bem, o que é que se precisa: precisamos de um noivo e de uma noiva (temos); precisamos do padre (também temos); precisamos das alianças (alguém as tem); precisamos de um banquete (temos); precisamos de convidados (também temos)… Então temos tudo! Ou será que falta alguma coisa?” Uma peça de Luísa da Costa Gomes, pelo Grupo de Teatro de Cem Soldos. Integrado na programação do Março Mês do Teatro da SOIR Joaquim António d'Aguiar.
 
Organização: SOIR Joaquim António d'Aguiar
Apoios: Câmara Municipal de Évora | Fundação Eugénio de Almeida | IPDJ | Juntas de Freguesia da Sé e S.Pedro, S.Mamede, Bacelo, Horta das Figueiras, Malagueira e Sr.ª da Saúde
Contacto: 266 703 137 | soir_jaa@hotmail.com

Fábrica em Évora poderá criar 250 novos empregos




O grupo italiano Adler Aeronautic quer instalar, em Évora, uma fábrica de metalomecânica de precisão e acabamento final de peças para a indústria aeronáutica. O investimento, que será superior a cinco milhões de euros e irá ser implementado no prazo de quatro anos, poderá criar mais de duas centenas de novos postos de trabalho.

O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo presidente do município, José Ernesto Oliveira. "É a terceira empresa do setor da aeronáutica a instalar-se no nosso concelho e outras ainda estão na calha", congratulou-se o autarca em declarações à Lusa.

A fábrica será construída num lote de terreno da autarquia com quase 20 mil metros quadrados, tendo a sua cedência sido aprovada pela câmara depois de o projeto da Adler Aeronautic ter sido classificado como de Potencial Interesse Municipal (PIM).

De acordo com José Ernesto Oliveira, o projeto envolve a criação de uma empresa do grupo com sede em Évora e a instalação de uma fábrica no Parque da Indústria Aeronáutica, onde já estão a laborar as duas unidades fabris da construtora aeronáutica brasileira Embraer. 

Segundo o responsável, está em causa "uma unidade para metalomecânica de precisão e acabamento final de peças para a indústria aeronáutica", que poderá criar "cerca de 250 postos de trabalho".

"Com a localização em Évora, [a fábrica] pode beneficiar dos apoios da câmara municipal e, ao mesmo tempo, da proximidade com a Embraer", acrescentou o autarca, que acredita que "apesar das dificuldades que o país atravessa, Évora continua a ser apelativa e a ter condições para captar investimento".

Ainda assim, José Ernesto Oliveira ressalva que a instalação da nova fábrica na cidade "não resolve todos os problemas de hoje para amanhã". O município está, contudo, garante o autarca, "no caminho certo para uma nova economia local com vantagens claras" para o concelho e a sua população. 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Campeonato Nacional de Jogos Matemáticos em Évora

"Bicho do Mato" no Molhóbico




Bicho do Mato
Data: 7 de março
Local: Rua de Aviz, 89
Horário: 22:00


O Bicho do Mato apresenta canções melódicas e acessíveis que contrastam com a crueza das palavras, atentas e aplicadas num cantar de intervenção mais humano que político, cantado e tocado em português.

Contacto: 266 748 235 | geral@molhobico.net


Solar da Torre de Coelheiros


Ruinas do Solar da Torre de Coelheiros (solar fortificado do séc. XIV). Imagem publicada no Inventário Artístico de Túlio Espanca (Concelho de Évora, Vol.II. 
Autor David Freitas
Data Fotografia 1966 ant. -
Legenda Solar da Torre de Coelheiros
Cota DFT2786 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

terça-feira, 5 de março de 2013

Aldeia da Torre de Coelheiros


Vista parcial da Aldeia da Torre de Coelheiros.
Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1966
Legenda Aldeia da Torre de Coelheiros
Cota DFT2785 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME