Mesmo os mais cépticos sonham que na exploração mineira possa estar o filão económico que lhes resgate o futuro. A prospecção de ouro em terras alentejanas tem levantado a curiosidade de muita gente ao longo das últimas décadas.
O assunto não é novo, mas continua a alimentar a esperança de todos. Aliás, é até mais velho do que alguns dos habitantes das freguesias da Boa Fé (Évora) e do Escoural (Montemor-o-Novo), entre as quais se encontra o centro das sondagens levadas a cabo pela empresa canadiana Colt Resources. "Há mais de 50 anos que ouvimos falar disto, mas nunca se chegou a lado nenhum. Será que é desta?!", questiona Margarida Banha, residente na Boa Fé.
Estão 40 graus no interior do Alentejo. A calma de um dos dias mais quentes do ano é quebrada pelas conversas que, nos poucos sítios frescos que se encontra na região – cafés e pastelarias –, vão sempre desaguar ao mesmo assunto: o ouro alentejano. Entre o cepticismo e optimismo, muitas são ainda as questões que se levantam quando o tema é abordado. Para muitos, o verdadeiro ouro do Alentejo não está debaixo da terra. Está no azeite, na cortiça, no património, no turismo e na gastronomia, mas há quem tenha fé de que possa nascer uma mina na região.
"Eu acredito que seja desta vez. Nunca vimos os trabalhos com tanta força como agora", disse à Domingo Margarida Banha, proprietária do café Banha, um dos principais ‘pontos de apoio’ aos trabalhadores que por estes dias manobram máquinas de perfuração no seio do montado que fica mesmo na frente da pequena aldeia da Boa Fé, na herdade da Chaminé.
Tem sido bom para o negócio, mas a visão de Margarida vai mais além. "Apesar de toda a vida ter ouvido falar nisto, agora parece que é a sério. Nota-se algum movimento a mais aqui na casa, vendem-se mais umas cervejas e eu acredito que possa trazer coisas boas para a terra", explicou a comerciante.
A empresa Colt Resources, que desde Dezembro de 2011 sonda o solo alentejano, diz que sim. No último relatório, tornado público em Junho, mostrou que nenhuma das sondagens tinha revelado os actuais teores do metal precioso por tonelada de rocha extraída. Em alguns locais, sobretudo na zona de Casas Novas, freguesia de Boa Fé, chegam a atingir os 31,7 gramas.
Contudo, a média de 2,74 gramas por tonelada (g/t) e o número total de onças (363 400) existentes na serra do Monfurado (que abrange os concelhos Évora e Montemor-o-Novo) que equivalem a 11 toneladas, não se alteraram desde os estudos elaborados na região no final da década de 90 do século XX. Ao concretizar-se a exploração, o ouro extraído poderá render, face à cotação actual da onça, 467, 3 milhões de euros.
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