Como pintar o espaço comum, esse espaço de separações e diferenças entre o eu e o outro? Como traçar a fronteira entre países longínquos e culturas próximas quando habitamos este “caos organizado” a que ousamos chamar aldeia global?
É preciso pintar um mapa, pintar o que nos distingue e dar forma ao que nos aproxima; colorir as fronteiras que nos impedem de pensar a igualdade das pessoas e reflectir sobre os problemas que todos, mais ou menos, sabemos localizar. É preciso usar a pintura como plataforma de entendimento mas, como pensar visualmente o conceito de cosmopolítica?
Isso é o que faz a artista Ana Dias, com este lote de trabalhos que apresenta na exposição com que se inaugura o Festival Escrita na Paisagem 2012. Não esquecendo que a imagem é, também, aquilo que nos revela, a artista mostra-nos as linhas que nos cosem uns aos outros, os espaços sobrepostos das nossas vivências, os cheios e os vazios que se criam entre os indivíduos e as definições/instituições, as transparências e as intersecções dos nossos territórios de acção, sublinhando esta ideia (herdada, ainda, dos antigos descobridores) de que um mapa é o maior tesouro: é aquilo que nos permite chegar mais longe sem nos enganarmos no caminho.
Sem comentários:
Enviar um comentário