O templo romano de Évora tem a idade da nossa era. Foi construído no tempo do imperador Tibério, há cerca de 2000 anos, mas não recebia obras de manutenção desde os anos 80. As consequências fizeram-se sentir em Julho, quando foi detectado o desprendimento de um fragmento de um dos capitéis, que acabou por revelar outras fragilidades deste monumento nacional.
A Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA), encarou este sinal como um aviso a ter em conta e, rapidamente, avançou para a realização de uma intervenção com carácter de urgência num dos mais emblemáticos monumentos nacionais.
Uma avaliação imediata permitiu detectar um conjunto de problemas que não eram visíveis. Mas logo que foi detectado o grau de degradação das estruturas, a DRCA decidiu que fosse realizada uma intervenção de urgência em materiais com 2000 anos de exposição aos elementos. A presença de fungos que cobriam o mármore dos capitéis e o granito das colunas e arquitraves, requereu a aplicação de um biocida para erradicar os agentes patogénicos que estavam a provocar a degradação destes elementos, e, ao mesmo tempo, representava um obstáculo à observação e análise dos técnicos.
Na apresentação ontem feita aos jornalistas por técnicos e investigadores que participaram na intervenção de urgência, foi referido que o monumento tinha desempenhado a função de açougue desde que o rei D. Manuel I atribuiu o foral à cidade de Évora em 1500. Numa gravura da época estavam patentes as colunas e os capitéis do templo que funcionou como açougue até 1836. Em 1860 foram retiradas as alvenarias que envolviam a estrutura romana e em 1871 foi decidido colocar à vista colunas e capitéis tal como estão hoje.
Hoje sabe-se que o templo integrava o forúm romano de Évora e que à sua volta existia um pórtico que separava o monumento de uma área comercial.
Nuno Proença, especialista de conservação e restauro, salientou o “enorme valor estético” dos capitéis do templo de Diana, frisando que depois da aplicação do biocida “estão mais limpos” permitindo obter uma leitura bastante diferente da sua concepção e construção.
Constatou-se que as fragilidades do monumento “eram imensas” e foi necessária a colocação de uma cola especial para consolidar as fracturas na pedra dos capitéis provocadas pela movimentação contorção da estrutura do monumento ao longo dos séculos.
O especialista chamou a atenção para o facto de os pormenores patentes na concepção dos capitéis revelarem a habilidade e perfeccionismo dos que os talharam, uns mais habilidosos que outros. “Dependia da mão e da cabeça” dos pedreiros referiu Nuno Proença, apontando com o dedo para os remendos aplicados há 2000 anos e que ainda são visíveis. Com efeito a colocação de estruturas em pedra com várias toneladas de peso, era sempre susceptível de toques ou pancadas nos objectos de arte trabalhados com arte.
As quase imperceptíveis deslocações em algumas colunas acabariam por provocar fragmentação nos capitéis, como se pode observar na cola aplicada para colmatar e consolidar as fracturas na pedra.
António Candeias do Laboratório Hercules da Universidade de Évora, realçou que foi feita uma recolha de materiais do monumento para “compreender melhor as técnicas da sua construção” e o especialista da DRCA acrescentaria que esta operação no templo romano de Évora “foi um momento único para produzir conhecimento e avaliar novos materiais de intervenção”. A partir de agora, vai ser possível avaliar em “profundidade” as matérias-primas usadas na construção do monumento, conclui Rafael Alfenim.
A intervenção efectuada no monumento implicou um investimento de cerca de 50 mil euros. Os trabalhos de investigação efectuados, tiveram a participação das universidades de Évora e de Coimbra.
Informação retirada daqui
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