sexta-feira, 2 de julho de 2010

Chão dos Meninos: PJ investiga abuso de quatro menores

Quatro meninas ao cuidado de uma instituição de solidariedade social de Évora terão invadido uma habitação que estava desocupada na cidade, anteontem à noite, e envolveram-se sexualmente com rapazes e homens.

O caso terá sido denunciado à polícia pela própria instituição – Associação de Amigos da Criança e da Família ‘Chão dos Meninos’ –, por, entre os homens, estarem adultos. A investigação está entregue à PJ.Ao que se apurou, as raparigas, de 13, 14, 15 e 16 anos, são provenientes de famílias carenciadas da região. Estão entregues à instituição, que terá denunciado o caso à PSP local por suspeitas de abuso sexual – e foram sujeitas na madrugada de ontem a perícias médico-legais no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde chegaram já depois das 03h00.

O caso foi entregue à secção de combate a crimes sexuais da Judiciária de Lisboa, que ontem durante toda a tarde ouviu as supostas vítimas, antes de decidir se avançava para detenções: a PJ quis saber quem eram os homens com quem se envolveram, com o objectivo de apurar se, nomeadamente, as três jovens mais novas, com 13, 14 e 15 anos, mantiveram relações sexuais com adultos – o que configura um crime de abuso sexual de menores.

As primeiras suspeitas levantadas, em Évora, diziam respeito a uma eventual orgia com adultos. Daí a sujeição das quatro menores a perícias médico-legais no Hospital de Santa Maria e posteriores inquirições na PJ, de onde só saíram ontem à noite. Mas os investigadores não terão concluído até ao momento a existência de abusos sexuais e decidiram não avançar, para já, com detenções.

'O ‘Chão dos Meninos’ não pode nem quer prestar declarações visto estar em curso uma investigação policial', disse Rui Rosado, director da Instituição Privada de Solidariedade Social (IPSS), acrescentando que se trata de um caso 'complexo'. O ‘Chão dos Meninos’, fundado em 1993, dedica-se a acolher e acompanhar crianças e famílias em risco, vítimas de maus tratos, abuso sexual ou negligência grave, entre outras valências. 'Proteger as crianças e jovens em situação de acolhimento temporário devido à situação de perigo, ajudar as crianças, jovens e famílias que atravessam dificuldades de adaptação aos papéis parentais, por forma a encontrar capacidade e equilíbrio' são algumas das missões.

CM

Cinema em Évora de 1 a 7* de Julho de 2010 - 18h00 e 21h30



CITY ISLAND

De 1 a 7* de Julho - 18h00 e 21h30

De: Raymond De Felitta
Com: Andy Garcia, Julianna Margulies, Emily Mortimer
Género: Comédia Dramática
Classificacao: M/12
EUA, 2010, Cores, 100 min.

Na família Rizzo vigoram todo o tipo de segredos: Vince Rizzo, o patriarca, é um guarda prisional que mantém uma relação platónica com Molly Charlesworth, uma nova amiga que a sua esposa Joycenão suporta; Vivian, a filha, diz ser estudante mas na verdade foi expulsa da faculdade e agora é "stripper" num bar de Nova Jersey; Vinnie Jr. o benjamim da família, é um "feeder" com um fetiche por raparigas XXL.

*Dia 7 apenas às 18h00

Agenda Cultural - Julho

quinta-feira, 1 de julho de 2010

ROSTOS DE ROMA. RETRATOS ROMANOS DO MUSEU ARQUEOLÓGICO NACIONAL DE ESPANHA



Museu de Évora , Évora
30 de Junho | 3 de Outubro



A inauguração da exposição “Rostos de Roma, Retratos Romanos do Museu Arqueológico Nacional de Espanha” no Museu de Évora é resultado do esforço de cooperação entre a Dirección General de Bellas Artes y Bienes Culturales e o Instituto de Museus e da Conservação. Aliás, essa cooperação internacional já havia motivado, em 2005, a apresentação da exposição “Imagens e Mensagens, a colecção de escultura romana do Museu de Évora” no Museo Nacional de Arte Romano, em Mérida.

As 30 peças escultóricas agora expostas no Museu de Évora demonstram a qualidade dos retratos romanos que outrora fizeram parte tanto da imagem pública das cidades, como da nobre ornamentação das villae, ou também dos monumentos funerários em que se prestava homenagem à memória dos antepassados.
“Rostos de Roma” é, assim, uma exposição em torno da iconografia do poder e da utilização das imagens como meio de propaganda política, exaltando personagens da História, tal como é o caso de Alexandre Magno e, obviamente, dos imperadores que, desde Augusto, estavam conscientes do valor dos símbolos e da importância da colocação das suas imagens em lugares públicos. É também uma demonstração da variedade e importância dos retratos escultóricos na vida social quotidiana com um importante papel no reconhecimento social das elites e que atinge, através da religião, várias camadas da sociedade.
A grande qualidade plástica das obras seleccionadas para essa exposição, comissariada por Paloma Cabrera, Ángeles Castellano e Bruno Ruiz-Nicoli é valorizada por uma cuidada cenografia e pela publicação catálogo em castelhano e português.


Contacto:
Celso Mangucci
Largo Conde de Vila Flor
7000-804
Évora
Telefone:
266 730 489
Fax:
266 708 094
mevora.celsomangucci@imc-ip.pt

Nova empresa de transportes públicos de passageiros passa a gerir serviço a partir de Julho

A empresa Transportes Rodoviários de Évora (Trevo) vai passar a gerir, a partir de 01 de julho, o serviço público de transporte de passageiros na cidade, esperando atingir 13 milhões de passageiros ao longo da próxima década. No Dia da Cidade, e na presença da vereadora Claudia Sousa Pereira, a TREVO mostrou os novos autocarros.

O novo operador (Trevo) foi criado pela Rodoviária do Alentejo, que venceu o concurso público internacional, lançado pela Câmara de Évora, para a gestão do transporte público urbano.

A Trevo vai aumentar a oferta de transportes em cerca de 20 por cento, passando das 170 para as 214 circulações diárias, enquanto o serviço de Linha Azul, que liga os parques de estacionamento periféricos ao centro histórico da cidade, vai duplicar a sua oferta.

A frota da empresa Transportes Rodoviários de Évora é constituída por 24 novos autocarros, com motorização “Euro 5”, considerada como a última geração tecnológica de motores, fruto de um investimento de três milhões de euros.

Teatro: À Transparência


À TRANSPARÊNCIA
Joana Craveiro (dir.)
3º Ano do curso de Teatro da Universidade de Évora

TEATRO
2 e 3 de Julho, 21h30
Antiga Fábrica dos Leões, Universidade de Évora
Duração: 120min.
Lotação: 40 lugares
Todas as idades

Entrada Livre

Direcção - Joana Craveiro
Co-criação, Interpretação, Escrita - Margarida Alegria, Kalinde Braga, Henrique Calado, Tânia Dias, Rubi Girão, Ana Lopes, Cláudia Miriam, Daniel Moutinho, Diana Pires, Cristina Rodrigues, Marcília Rodrigues, Joana Velez, Theo Zachmann
Desenho de luz - Paulo Ramos, Joana Craveiro
Direcção de montagem - Paulo Ramos
Produção executiva - Cristina Rodrigues
Produção Festival - Escrita na Paisagem
Agradecimentos - Alice Fernandes, André Salvador, Aninhas Sousa, C.A.L., Café das Tâmaras, Custodia Ribeiro, Família Alegria, Festival Escrita na Paisagem, Inês Rei, Joana Velez, Joana Rodrigues, Lígia Santos, Lúcio Neto, Maria da Graça Moutinho, Paulo Ramos, Pedro Serronha Jorge, Teatro do Vestido

Quando a nossa imagem ficava gravada nós tornávamo-nos aquilo. Mas depois não queríamos ser aquilo e íamos lutar para rasgar uma a uma todas as fotografias onde tivéssemos ficado aprisionados. No tempo em que eles nos fotografavam sem pedir, no tempo em que nós posávamos para as fotografias sem saber, no tempo em que eles ainda nos podiam subornar com dinheiro (para pastilhas) para vestirmos o vestido dos laçarotes, ou para pentearmos o cabelo, ou para nos mostrarmos apresentáveis. No tempo em que éramos apresentáveis. No tempo em que ainda não utilizávamos essa expressão 'no tempo'. Um dia veio parar às nossas mãos um conjunto de fotografias de pessoas que não sabemos quem são. Um dia começámos a escrever-falar sobre isso.

Um dia já éramos aquelas pessoas, ou aquelas pessoas permitiram-nos começar a falar de nós. Um dia demos por nós a utilizar a expressão 'um dia'. Porque de repente era tudo no passado, eram tudo especulações sobre a vida de outros. Depois trouxemos as nossas fotografias. Um conjunto delas. Depois instalámos uma parede que éramos nós. Depois fomos para a rua com a tarefa específica de fazer uma visita guiada a um local. Depois a expressão 'depois' tornou-se obsoleta, e foi aí que nos pusemos a repetir coisas. Ideias, textos, cenas. De repente éramos máquinas de fixar momentos. O nosso corpo era isso. A máquina da qual queríamos falar, o processo sobre o qual era o nosso exercício - o de fixar momentos - éramos afinal nós. Nós, que ainda não tínhamos nascido para esta evidência: o que nós vemos não está lá; realmente, queremos nós dizer. Inventamos o que vemos, construímos o que vemos, e está tudo bem, aceitamos as ficções como parte natural da vida. Os nossos olhos são uma máquina de fixar memórias. A nossa cabeça é uma máquina de as editar. Ou, pelo menos desejaríamos que assim fosse. Na verdade, nós não somos realmente máquinas. Somos só transparentes.

À Transparência é o exercício final da Licenciatura em Teatro da Universidade de Évora. Estamos a construí-lo como espécie de épico do olhar e da memória, estamos a fazer este percurso de nos encontramos na sua construção. Há diversas partes: Prólogo, Câmara Escura, Estúdio de Revelação, Lá Fora.

O exercício teve como ponto de partida a fotografia, o acto de fotografar, a memória, a prática autobiográfica no contexto performativo, e o mapear da cidade.

Joana Craveiro

Joana Craveiro é actriz, encenadora e co-fundadora e directora artística do Teatro do Vestido. Concluiu, em 2004, o Master of Drama em Encenação, da Royal Scottish Academy of Music and Drama, de Glasgow. Licenciada em Antropologia pela Universidade Nova de Lisboa, FCSH, foi professora de Interpretação na Escola Superior de Teatro e Cinema, entre 2004 e 2006, e na Royal Scottish Academy of Music and Drama, em 2004. Neste ano, ganhou o prémio de encenação Avrom Greenbaum, da Royal Scottish Academy of Music and Drama. Concluiu, em 2006, o 2º Curso de Encenação da Fundação Calouste Gulbenkian, sob a direcção do Professor Alexander Kelly, da companhia Third Angel. Na Escócia, em 2003, foi assistente de encenação de Graham Eatough, da Suspect Culture Theatre Company. Tem trabalhado como dramaturga para diversos criadores. Dirige, desde Outubro de 2006, juntamente com os membros do Teatro do Vestido, o projecto pedagógico Zonas.

SALADAS TIPOGRÁFICAS & OUTRA BARBARIDADES AFINS




SALADAS TIPOGRÁFICAS & OUTRA BARBARIDADES AFINS
Pedro Proença
PT
ARTE DE GUERRILHA



Arraiolos, Évora, Redondo, Sines, Viana do Alentejo, numa rua perto de si
1 de Julho a 30 de Setembro

Impressão: Staples e Recicloteca

Uma brincadeira gráfica, um jogo de escrita, uma construção de letras, estilos e imagens em combinações divertidas. É este o resultado do trabalho de Pedro Proença.

A história da imprensa e da ilustração, assim como as vanguardas artísticas do princípio do século XX, proporcionam-lhe uma infinidade de referências que ele re:combina com o gosto do funny joke e com um êxito engenhoso.

O Pedro Proença é um ilustrador cujo trabalho recupera o grafismo grego, as cores brilhantes da estética Pop, a ilustração publicitária dos anos 50 e gravuras exóticas de baixa qualidade e, ao mesmo tempo, pega na história dos estilos gráficos, desde o nascimento da imprensa a caracteres móveis nos tempos do Gutenberg, passando pelas elegantes letras barrocas, até a inesquecível experiência do Futurismo, Construtivismo, Dadaísmo, para juntá-los numa nova combinação.

Pedro Proença re:assembla, re:pinta, re:utiliza, corta-pega, copia-cola a gráfica, escrita e ilustração. Brincar com as letras, brincar com as palavras e o lugar que ocupam na folha é um processo lúdico que lhe permite aproveitar aquilo que já existe e construir algo novo. Cabeçalhos entrelaçados, recortes de títulos e fontes, fonts e desenho, imagem e palavra, palavra-imagem, a escrita como imagem, tudo resulta com um imparável tom de brincadeira, num sério trabalho para a imprensa e a ilustração. Um ataque irónico ao mundo do sentido linguístico, à imagem em formato de cartaz. As suas partes não são novas, mas o resultado é inesperado.

Pedro Proença, nasceu em Lubango (Angola) em 1962. Frequentou e terminou o curso de pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Expõe com regularidade desde 1981. Em fundou 1982 o "movimento homeostético", cujas obras compuseram um número reduzido de exposições e que em 2011, terá verá a primeira retrospectiva organizada pelo Museu de Serralves. A sua obra tem reconhecimento nacional e internacional. Realizou a sua primeira exposição individual em 1984, em Portugal e a partir de 1987 começa a expor a nível internacional.

No final dos anos 80 iniciou um ciclo de instalações no qual continua a trabalhar, num constante “work-in-progress”. Nestes trabalhos, usa materiais pobres, estruturados de acordo com arquitecturas existentes ou construções que enfatizam a multiplicidade da dinâmica de enquadramentos. Instalações e pinturas complementam-se no trabalho de Pedro Proença, concretizado tentativas de seriar a “pluralidade do sujeito” e de responder, uma e outra vez, a questões (mais ou menos actuais) que o campo artístico lhe coloca, e às quais não consegue ficar indiferente.

Desenvolve igualmente trabalho no campo da ilustração, em livros para todas as idades, e na escrita, tendo publicado ficção (The Great Tantric Gangster), poesia (O Homem Batata) e ensaios (A Arte ao Microscópio).

Évora Perdida no Tempo - Festa no Largo de Aviz.


Autor José António Barbosa
Data Fotografia 1900 - 1910
Legenda Festa no Largo de Aviz.
Cota GPE436 - Propriedade Grupo Pró-Évora

Jacksonmania no Festival Alentejo dia 31 de Julho


quarta-feira, 30 de junho de 2010

PAUL D. MILLER AKA DJ SPOOKY - THAT SUBLIMINAL KID



Sound Unbound
Conferência-Demonstração
1 de Julho, 15h
Grande Auditório da Universidade de Évora
Duração: 90min.

The Secret Song
Concerto Multimédia
1 de Julho, 22h
Colégio do Espírito Santo / Universidade de Évora
Duração: 120min.

Entrada Livre

“O DJ é, primeiro e acima de tudo, um coleccionador de informação. Não se trata apenas do número de discos raros, actualizações de software, ou aplicações para o iPhone que tens; trata-se sim de juntar [todos estes elementos] e produzir com eles algo interessante”
---- DJ Spooky apud Sean Ryon, "DJ Spooky Talks the Secret Song, Music Diversity", in HIP-HOP DX REVIEW

“O que te passa pela cabeça quando atravessas a geometria desgastada pela paisagem da nossa vida contemporânea hipermediada (hypermediated), saturada de frequências? [...] Roda, reconfigura, edita, transforma a forma. A composição sonora contemporânea é um engenho “involutivo”. A história desenrola-se à medida que os fragmentos vão sendo articulados.
---- Paul D. Miller in RHYTHM SCIENCE

"Miller levanta questões essenciais e produtivas sobre a filosofia que está por detrás da mixagem do DJ e sobre o papel que o DJ desempenha na sociedade."
---- Doree Shafrir in PHILADELPHIA WEEKLY

Nascido em Washington D.C. em 1970, Paul D. Miller aka DJ Spooky - That Subliminal Kid é um compositor, artista multimédia, e escritor sediado em Nova Iorque. Artista conceptual, multifacetado e transdisciplinar traz ao mundo da música electrónica um conjunto eclético de conhecimentos.

O seu trabalho como DJ não se resume simplesmente a pôr música a tocar para entreter festas –vai muito para lá disso. Paul D. Miller desenvolveu toda uma filosofia em torno da actividade de re:mixing realizada pelos DJs, bem como sobre o papel que estas figuras desempenham na nossa sociedade. No seu primeiro livro, Rhythm Science (2004), que alcançou grande sucesso nas bancas, Miller apresenta um autêntico manifesto sobre a sua percepção do mundo da arte: a criação artística faz-se de fluxo de padrões de som e de cultura. Tomando a mixagem dos DJs como modelo, o autor descreve como o artista, ao articular e restruturar vários conceitos e objectos culturais que nos rodeiam, faz uso da tecnologia e estética para criar algo novo, expressivo, e totalmente imprevisível. "A história escreve-se à medida que os fragmentos vão sendo articulados”, escreve Miller em Rhythm Science, “No mundo em que vivemos todos os significados foram arrancados às suas origens e todos os sinais apontam para um caminho que se constrói à medida que se vai percorrendo o texto.” Este texto de que Paul D. Miller fala não é apenas o texto que conhecemos dos livros, mas antes o texto que é toda a paisagem que nos rodeia. A paisagem cultural e multimédia, eclética e idiosincrática em que vivemos hoje, e cujas peças DJ Spooky re:combina e re:cria para os seus espectadores.

Segundo Paul D. Miller, a música é, para o DJ, um veículo, um meio de transportar e disseminar informação; por outras palavras, um instrumento de comunicação. Este conceito, é posto em prática pelo próprio autor, quando veste a pele de DJ Spooky: os materiais que utiliza nas suas mixagem são captados da vida real, e “a música não é mais do que um dos dialectos da linguagem criativa.” A linguagem artística contemporânea não pode ignorar a tecnologia, lembra Miller, já que “esta proporciona [ao artísta] método e modelo; a informação disponibilizada pela Internet, como os elementos de uma mistura, não ficam parados no lugar. E a tecnologia é um meio que transporta a consciência do artista e o mundo exterior”.

As dimensões práticas e teóricas do trabalho de Paul D. Miller implicam-se mutuamente e são o produto de um conjunto extremamente rico e variado de saberes e conhecimentos. O autor articula o seu estudo de literatura francesa e filosofia com uma vasta cultura musical, produzindo uma estética multifacetada: uma fusão de hip-hop, jazz, música jamaicana e cultura DJ, com música e cinema experimentais, literatura e arte contemporânea, com as teorias de alguns dos pensadores mais sofisticados dos últimos cem anos, tais como Deleuze, Guattari, Artaud, Lefébvre, Virilio e Adorno. Começou por conceber a persona a que deu o nome “DJ Spooky”, ("spooky" [assustador] devido aos sons estranhos e arrepiantes da música hip-hop, techno, ambiente, e outras que costuma utilizar), como um projecto de arte conceptual, mais tarde, no entanto, começou a abordá-lo como oportunidade para re:construir o papel do DJ: um artista que estimula a criação de novas linguagens artísticas.

“Spooky” é também o nome de uma das personagens do romance Nova Express (1964), escrito por William S. Burroughs. O enredo é difícil de relatar, mas é interessante notar que Burroughs escreveu esta obra empregando o método “cut-up”, agregando fragmentos de diferentes textos num romance. O método “cut-up” é uma técnica literária aleatória na qual um texto (ou vários) são cortados ao acaso em secções mais pequenas, sendo depois rearticulados para criar um novo texto. Este é precisamente o procedimento que está na técnica de re:mixing, e é precisamente o que a persona de Paul D. Miller, DJ Spooky faz: ele é um mago do re:mix, não apenas alguém que põe discos a tocar uma e outra vez. DJ Spooky é hoje um nome artístico mundialmente conhecido dado o seu contributo continuado e sempre em desenvolvimento para a cultura re:mix que todos experienciamos. Com a sua abordagem multi-media, que inclui vídeo, som e imagem, DJ Spooky estabelece ligações surpreendentes entre tempos, culturas e estilos distintos, criando objectos totalmente novos.

É quase impossível elencar todos os trabalhos e colaboração de DJ Spooky. As suas criações de arte multimédia já foram exibidas em contextos tão variados como a Bienal de Venza, o Andy Warhol Museum de Pittsburgh, a Bienal do Whintey Museum of American Art (Nova Iorque), o Ludwig Museum em Colónia, e a Kunsthalle em Viena. Os seus ensaios e artigos já forma editados em publicações como Ctheory, The Source, Artforum e The Village Voice. Já tocou com Arto Lindsay, Iannis Xenakis, Ryuichi Sakamoto, Butch Morris, Kool Keith aka Doctor Octagon, Pierre Boulez, Philip Glass, Steve Reich, Yoko Ono, e Thurston Moore from Sonic Youth, entre muitos outros. Até à data, o projecto de Paul D. Miller que alcançou maior notoriedade terá sido Rebirth of a Nation (2004), uma obra que reinventa e reestrutura o polémico filme Birth of a Nation de D. W. Griffith.

Em 2008 Paul D. Miller publicou o seu segundo livro, Sound Unbound, uma colecção variada de ensaios sobre re:mix: a forma como a música, arte e literatura esbateram as fronteiras entre o que um artista pode fazer e o que um compositor pode criar. Em Sound Unbound artistas e autores como Brian Eno, Chuck D, Pierre Boulez, e Jonathan Lethem descrevem o seu trabalho e estratégias de composição, em ensaios que a bordam o som a partir de uma variedade de perspectivas: cósmica, química, politica, e económica.

Em plena sintonia com as reflexões de Paul D. Miller sobre som, teoria do ritmo, e concepção do papel que o DJ desempenha na sociedade contemporânea, o último projecto de vídeo e música de DJ Spooky, The Secret Song (Canção Secreta), foca-se no choque entre economia e globalização no som. DJ Spooky observa o século XX em retrospectiva, abordando “a história através do sample”. The Secret Song é o comentário de DJ Spooky ao nosso mundo em transformação e às consequências que se reflectem na música, economia e cultura global do século XXI. Os autores e obras que lhe servem de inspiração e de referência teoria estendem-se de autores clássicos da economia como Adam Smith e John Maynard Keynes, à Theory of the Leisure Class de Thorstein Veblen, passando pela relação entre o hip-hop e a psicanálise e o conceito de “manufacture of consent” ("consenso fabricado", i.e. a manipulação da opinião pública através dos media) de Edward Bernay. A lista de materiais e colaborações que figuram no álbum desta peça é extremamente variada: de Thurston Moore dos Sonic Youth a Vijay Iyer, passando pela lenda da velha-escola do hip-hop africano Zimbabwe Legit, o impressionante turntablism de Rob Swift (o líder dos The Xecutioners), e pelo hip-hop político de The Coup, The Jungle Brothers, a celebrada cantora iraniana Sussan Deyhim (que canta em farsi), e Abdul Smooth da Índia.

Em The Secret Song o som desenha relações de colaborações e oposições com as transacções de espaço, tempo, e comércio, das histórias individuais e sociais, ilustrando a reacção do mundo às subidas e descidas dos mercados financeiros. DJ Spooky apresenta-nos uma playlist de 'interrogações sónicas', guiando-nos numa reflexão sobre as regras (tantas vezes arbitrárias) da nossa economia global.

ATL NO PIM!


O PIM-TEATRO promove mais um evento para a comunidade. No próximo mês de Julho irão decorrer um conjunto de Actividades de Ocupação dos Tempos Livres para crianças e jovens que já se encontram de férias.

Vários formadores de áreas distintas irão realizar inúmeras actividades: Expressão Dramática, Expressão Plástica, Expressão Corporal, Expressão Musical, Agricultura, Culinária e diversos jogos farão parte dos dias das crianças e jovens que frequentarem o ATL do PIM no mês de Julho.

Na área da Expressão Dramática irá inclusivamente ser apresentado um trabalho final, resultado do percurso desenvolvido durante o mês.

Aproveite esta oportunidade para os seus filhos saírem de casa e desligarem a televisão e os computadores!

Inscrições e informações: pim@pimteatro.pt ou 266 744 403.

CJ Ramone no Festival Alentejo dia 30 de Julho




C.J. Ramone é o pseudónimo de Christopher Joseph Ward, baixista da banda norte americana de punk rock Ramones, na qual entrou em substituição de Dee Dee Ramone após a gravação de Brain Drain (1989) e onde ficou até o fim da banda em 1996. Assim como seu antecessor Dee Dee, CJ também actuou como vocalista em algumas músicas, vindo a gravar Strengh to Endure, Cretin Family e Main Man entre outras, além de One, two, three, four!. Além disso, ficou responsável por cantar todas as músicas de Dee Dee.
Mesmo em projectos posteriores, como as bandas Los Gusaños e Bad Chopper (tocando guitarra e cantando), Cristopher ainda continuou a ser chamado por fãs e crítica de CJ Ramone. Cristopher era guitarrista antes e depois dos Ramones e foi escolhido para entrar no quarteto nova-iorquino por sua autenticidade não imitando DeeDee Ramone nas roupas e no corte de cabelo.
CJ Ramone foi casado com a sobrinha de Marky Ramone, Chelsea, com quem teve dois filhos, Liam (1998) e Liliana (2001). Em 1999, a Liam foi diagnosticado autismo, o que levou Chistopher a participar da campanha a favor da luta contra o autismo, em 2009. Hoje, Christopher é casado com Denise Barton Ward.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Évora Perdida no Tempo - Convento de Bom Jesus de Valverde


Autor José António Barbosa
Data Fotografia 1913 ant. 
Legenda Convento de Bom Jesus de Valverde
Cota GPE0299 - Propriedade Grupo Pró-Évora

DJ Fernando Alvim no Festival Alentejo 30 de Julho




Este estupendo ser vivo, nasceu a 3 de Maio de 1974 no quarto 404 do hospital de Mafamude em Vila Nova de Gaia e cedo se percebeu que tinha nascido alguém especial quando, ao entregarem-no aos seus progenitores, os médicos disseram em tom resignado “Fizemos tudo o que pudemos!”

Fernando Alvim, teve a sua primeira namorada aos 5 anos (Graça, onde estás?) e foi com essa mesma tenra idade que se inscreve na escola de música “Teclado” onde rapidamente dá nas vistas pela destreza com que toca xilofone e ferrinhos, de resto, uma vocação tão grande que chegou mesmo a equacionar-se um estágio do mesmo na estação de caminhos de ferros das Devesas, precisamente, na agora cidade de Gaia.

Alvim, entregou-se à música da mesma forma que o fez em relação ao Hóquei em Patins, onde sempre foi fiel ao Fânzeres, clube que o acolheu desde as escolas e o viu progredir vertiginosamente até atingir o escalão sénior. Escalão Sénior? Com verdade, o aqui atleta apenas conseguiu chegar aos juvenis mas a elevação com que praticava o desporto era de tal modo que nos parece justo dizermos que merecia ter aí chegado. Contudo, a sua carreira foi abruptamente interrompida pelo seu treinador José Augusto que ao perceber as suas prodigiosas capacidades insistia em reservá-lo para o final de cada encontro, ao ponto de não raras vezes, o meter na partida quando faltava apenas um minuto, muitas vezes, 30 segundos para o fim do mesmo, o tempo suficiente para este entrar e cumprimentar a equipa adversária com uma nobreza que chegava a emocionar a plateia.

Estávamos no ano de 1988, tinha 14 anos, já andava nas explicações de matemática e o mundo inteiro estava descaradamente à sua frente, sobretudo quando Carina, o provocava com repetidos olhares, que nunca deram em absolutamente nada para seu absoluto infortúnio. Desse ano, recorda a canção “Carina Carina” que era interpretado por uma cantora italiana de má fama e o modelo de então da Toyota, o célebre Toyota Carina.

Fui também com esta idade que Fernando Alvim conhece a rádio, numa altura em que esta atravessava uma das suas melhores fases, o período das rádios piratas, onde cedo se destacou, primeiro fazendo programas infantis (“A hora das Traquinices” e o “Tapete Mágico”) e mais tarde, como tapa buracos da estação, onde chegou mesmo a apresentar discos pedidos e outros alegres derivados que o fizeram crescer profissionalmente e chamaram a atenção da concorrência e também da administração, que o deixa partir sem reservas.

Aos 17 anos, assumia o seu radialismo de forma profissional quando entra para a Rádio Press e ganha o seu primeiro salário pelas suas emissões de fim-de-semana, entre as 07 e as 10 da manhã e mais tarde, já de segunda a sexta, entre as 22 e a 01. Era o tempo do Cais 447, do Mercado, da Indústria e o jovem de que agora falamos descobria os prazeres da noite e também da carne, quando é confrontado com a sua primeira ida ao talho para comprar, um quilo de carne, bem tenrinho, da vazia, se faz favor.

O tempo passava, havia um homem a crescer dentro dele e o coração batia mais forte. Era oficial, o amor explodia em cada palavra, em cada gesto e os seus olhos aquosos denunciavam-no. Alvim estava profundamente apaixonado, como se ligado a uma máquina- dizia-nos, e se dúvidas houvesse sobre a demencial forma como se entregara a ela, todas se dissipariam, quando numa bela tarde outonal de Novembro, lhe ligou para sua casa, revelando-lhe o que sentia, cantando sem mácula “I just call to say I love you” de Stevie Wonder.

O amor é cego e Stevie Wonder também, mas este sentimento vê mais do que se pensa e a união durou 3 anos e meio, acabando de uma forma triste, como qualquer história de amor. Durante esse tempo, as coisas mudaram: a Rádio Press acabava e vendia os seus emissores à TSF, a Rádio Energia aceita-o para um estágio no Porto e não havendo condições para que fique, a Rádio Nova Era contrata-o e atira-o para a frente: primeiro como locutor de fim-de-semana, depois como animador diário e copywriter da estação e também uma das principais figuras do programa Terminal do Engate, indiscutivelmente, um dos programas de maior sucesso que alguma vez apresentou.

A Nova Era apaixona-o de tal modo que a sua vontade em aprender mais sobre a arte do copywriting o leva a desistir do seu curso de Gestão Internacional e Exportação, onde já ia no segundo ano, para se mudar para o de Engenharia Publicitária onde chegou ao terceiro. Alvim não completa o curso e quebra a promessa que tinha feito à sua mãezinha, porque quando já estava na TSF há mais de um ano é convidado para ir para a Rádio Comercial que então, iniciava uma nova fase, marcada pela música rock que foi sempre o seu género preferido.

O convite é aceite e em apenas 3 dias tudo muda. Aos 24 anos, Fernando Alvim vem para Lisboa deixando para trás o Porto, a faculdade, a família, os amigos e até a namorada de então, que também vai com as couves. Chegado aqui, a sua primeira casa é em Massamá, um quinto andar manhoso, alugado por telefone onde a senhoria lhe diz e passamos a citar: “tem uma óptima vista para o mar!”. Os dias não estão fáceis e conhece por sua vez os encantos da segunda circular, valendo-lhe a sua mota de então, uma XT 600 que em apenas 3 meses gripou duas vezes por alegadamente não ter óleo. Com verdade, a mesma mota que viria a ser roubada por duas vezes de frente de sua casa, já em Campolide. A primeira, recuperada depois de um desesperado apelo pela Rádio Comercial onde a foi buscar ao Bairro da Boavista e a segunda, bem, não falemos sobre isso.

Voltando atrás, fazendo rewind para o exacto dia em que entrou para a Rádio Comercial e percebeu que a sua primeira actividade seria informar os ouvintes sobre o estado das praias durante esse Verão. A sua tarefa era esta, acordar de manhã e às 9.20 e às 16.15 e entrar em directo de uma praia qualquer da grande Lisboa para dar conta das condições que se faziam sentir. Alvim mudou 3 vezes de côr nesse período e uma delas foi quando o convidaram para um casting para a TVI para a apresentação de um programa que se chamava “Top Rock” e que marcaria a sua estreia televisiva. Um ano e meio de emissões, aos sábados de manhã, que inicialmente foram apresentados com Pedro Marques, mais tarde com a Mariana Amaral e na última fase, com Vanda Miranda.

É aqui que aparece o Curto Circuito, aqui mesmo e tudo muda de novo na vida deste rapaz que entra para uma equipa de apresentadores onde o esperam Rui Unas e Rita Mendes e à qual se juntam posteriormente Patrícia Bull, Teresa Tavares, Irina Furtado, Pedro Ribeiro, Diogo Beja, Carla Salgueiro, Bruno Nogueira, Solange F. e Rita Andrade.

Pelo meio, começa a apresentar com Nuno Markl o CineXL, um magazine de cinema que ainda é transmitido na sic radical nos dias de hoje, mas já sem as suas vozes, e também com Markl, o Perfeito Anormal, uma ideia original sua, escrita numa só noite e aprovada em pouco mais do que isso pelo director da estação, Francisco Penim, o mesmo que o viu pedir-lhe dispensa do “Homem da Conspiração” que apresentou durante 3 meses mas que decide abandonar por manifesta falta de tempo.

Exactamente, o que ganhou para escrever “No dia em que fugimos tu não estavas em casa” o nome do seu primeiro livro, editado em Novembro do ano passado pela Quasi Edições, com 10. 000 exemplares vendidos e que se prepara para ser editado em Itália no próximo ano numa sessão de lançamento que será apadrinhada por Marco Bellini, que em Portugal ficou conhecido por ter repetido até à exaustão que o segredo está na massa. Exactamente o mesma frase usada pela famosa Dona Branca, a banqueira do povo, que Alvim nunca chegou a conhecer.

Para o final, é importante revelar que foi ele que criou o Festival Termómetro Unplugged e a revista 365 e que neste momento, para além de apresentar de novo o Curto Circuito na Sic Radical, é igualmente apresentador da Prova Oral (juntamente com Raquel Bulha) e do Topless na Antena3. O primeiro, emitido diariamente entre as 19 e as 20 com repetição às 6 da manhã e o segundo, aos Sábados, entre as 13 e as 14.

O seu bilhete de identidade, não deixa dúvidas: Segundo o Arquivo Nacional
de Lisboa Fernando Alvim é o cidadão 102 44 230.

segunda-feira, 28 de junho de 2010