... que a Polícia de Segurança Pública de Évora vai sair do local onde está e ter novas instalações na urbanização que está a ser construída perto do antigo Magistério Primário (pertencente à Universidade de Évora) muito perto do local onde está actualmente. A PSP irá pagar 25 mil euros mensais pelo aluguer do espaço e as obras ficarão concluídas até ao final de 2010.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
domingo, 15 de agosto de 2010
Web Designer- ÉVORA
Digital Works, Empresa na área das Novas Tecnologias de Programação e Multimédia, com sede na região de Évora, pretende reforçar a sua equipa com a integração de um Webdesigner
Temos como missão apoiar agências criativas e de comunicação a produzir as suas ideias em projectos na área digital, com qualidade e rigor no cumprimento de prazos e como referência pela qualidade e inovação dos nossos serviços no mercado Ibérico.
Webdesigner
ÉVORA
Reportando ao Director de Desenvolvimento, terá como responsabilidades o desempenho de funções ao nível desenvolvimento de Webdesign.
Skills Técnicos
•Licenciatura ou mestrado em Design, Multimédia ou equivalentes;
•Experiência comprovada de desenvolvimento de projectos em WebDesign.
•Conhecimentos sólidos em HTML e CSS.
•Conhecimentos sólidos em aplicações Adobe CS Master.
•Capacidade criativa e inovadora.
•Boa capacidade de Organização e trabalho em equipa.
•Boas capacidades de análise e comunicação.
Skills Comportamentais
Boa capacidade de Organização e Trabalho em Equipa.
Boas capacidades de análise.
Fortes Skills de relacionamento interpessoal e de comunicação.
Orientado a objectivos e rigor no cumprimento de prazos.
Capacidade para lidar com situações de stress e timmings apertados.
Capacidade de inovação e a par das novas tendências na área.
Zona Residência
•Évora ou Zonas Limítrofes- Obrigatório
Envie o seu CV actualizado e o seu portfólio para deprh@digitalwks.com, indicando a referência 04 10- Webdesigner. As respostas consideradas serão contactadas num prazo de 5 dias úteis.
sábado, 14 de agosto de 2010
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
O painel necrológico da Praça do Giraldo
Em Évora, ao contrário do que acontece no resto do país, a morte não é um acontecimento tabu que envolve apenas uns quantos elementos da família e amigos íntimos de quem parte desta para melhor. Em Évora, a morte é denunciada na praça pública, através de um ‘placard’ existente na Praça do Giraldo, o qual dá notoriedade mesmo àqueles que nunca a tiveram em vida. Ali todos são lembrados, para que ninguém possa dizer que daquele passadio não teve notícia. Um perfil, que foi vagamente familiar, adquire a dimensão que lhe é atribuída pela divulgação dos dados biográficos inscritos neste obituário público. Não se privam os eborenses de tecer comentários sobre a personalidade do desaparecido e das causas que o vitimaram. Uns merecem exclamações de condoída simpatia, enquanto outros mais não recebem do que uma apressada e indiferente leitura.
O ‘placard’ não nasceu, porém, com esse fim e tem uma história que muitos dos actuais eborenses desconhecem por completo. Foi ali colocado pelo extinto jornal “O Século” no ano de 1937, no âmbito de uma acção de distribuição de painéis idênticos pelas principais cidades e vilas do país, com o objectivo de apresentar diariamente, por antecipação, sínteses das notícias mais importantes que sairiam na edição do dia seguinte. Pretendia com isto a administração do matutino lisboeta interessar os leitores na aquisição do diário. Assim sendo, os correspondentes nas respectivas terras recebiam, ao final da tarde, um telegrama com o resumo das notícias de maior relevo e afixavam-no no “placard”. A ideia vingou e, como era desejado, as vendas aumentaram sobremaneira na chamada província. Em Évora, há ainda quem se recorde que, pela hora da saída dos empregos, muita gente se aglomerava junto do jornal de parede de “O Século” para saber as últimas novas sobre a Guerra Civil de Espanha. Foi, aliás, pelo mesmo meio que a cidade soube do começo e do termo da Segunda Guerra Mundial.
Mas nem só de guerras tratava o ‘placard’. Os grandes acontecimentos desportivos e os resultados da extracção da Lotaria Nacional eram outros dos assuntos de leitura obrigatória. Mesmo assim, faltava-lhes ali a informação veiculada pela imprensa local: a necrologia. Tanta foi a pressão exercida nesse sentido pela população que, a partir dos anos 40, aos fins-de-semana lá começaram a aparecer, em forma de complemento noticioso, os nomes dos conterrâneos desaparecidos. Uma conquista que acabaria por institucionalizar uma iniciativa, em princípio de carácter efémero. Apesar de toda a eficácia da censura do regime salazarista, «os jornais de parede» foram muitas vezes, pólos de subversão. Como as sínteses informativas eram redigidas e enviadas para os correspondentes antes da ida das provas dos jornais ao ‘lápis azul’ dos coronéis, a província tinha conhecimento de notícias de que os grandes centros ficavam privados.
A distracção dos coronéis não foi tão longa quanto muitos desejavam. A seguir ao final da Segunda Guerra Mundial, os serviços de censura proibiram a afixação das sinopses prévias das edições. Desta medida resultou a desactivação deste tipo de painéis em todo o país, à excepção de Évora. As notícias de necrologia, agora diariamente incluídas no jornal de parede, foram o argumento utilizado para convencer as autoridades censórias da necessidade de preservar o painel na Praça. Uma vitória que comportava alguns riscos para o correspondente (Aníbal Queiroga), o qual ficava com a responsabilidade de, além da necrologia, apenas fornecer informações desportivas e o calendário das festas e romarias do concelho. À menor infracção a estas regras o ‘placard’ seria extinto e ao correspondente levantado um processo disciplinar e outro de natureza criminal. A manutenção do painel não foi pacífica nas duas décadas seguintes. Acontecia que tanto o Queiroga pai como depois o filho, além de correspondentes de “ O Século” eram proprietários da «Democracia do Sul», um jornal regional republicano de oposição ao regime.
Os elementos situacionistas locais não descuravam a vigilância sobre as actividades dos dois homens. Diziam, à boca cheia, que ambos aproveitavam qualquer oportunidade para desrespeitar o sistema político vigente, o que se tornava notório na forma como tratavam os dados necrológicos relativos aos que tinham militado na oposição, ou apenas apoiado essas forças, os quais eram habitualmente acompanhados de menções elogiosas, ao passo que os falecidos afectos ao regime eram referidos de forma breve e seca. Até que, em 1967, já falecido o pai cinco anos antes, Aníbal Queiroga Pires foi preso pela PIDE. Sobre ele pesava (além da suspeita de ter auxiliado alguns dos assaltantes da agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz) a acusação de cumplicidade na deserção de um alferes miliciano que fugiria para Argel com armas roubadas no Quartel General da Região Militar do Sul: o então alferes miliciano Seruca Salgado, então apenas com 21 anos, depois membro fundador do Partido Socialista e jornalista da RTP. No seguimento da prisão veio o despedimento. O correspondente Queiroga recebia uma carta em que a direcção de “O Século”, «por razões conhecidas», lhe dispensava a colaboração.
“O Século” escolheu então Josué Baptista, até então correspondente do diário católico “A Voz” e do “Diário da Manhã”, órgão oficioso do regime, para substituir Aníbal Queiroga. Ainda que sem querer subverter as normas impostas pelas autoridades censórias, o novo correspondente tenta recuperar parte da função informativa do jornal de parede. Contudo, encontra pela frente outro tipo de opositores: a imprensa local. Josué Baptista é então acusado de lhes fazer concorrência. E, nessas circunstâncias optou por desistir dos seus intentos. Só que a partir desse momento o noticiário necrológico, que sempre fora um serviço gratuito, passava a custar 100 escudos, montante de que o correspondente retirava 16 escudos, percentagem a que passou a ter direito. Ninguém porém recalcitrou.
Depois de Abril de 1974 Josué Baptista deixou de ser correspondente de “O Século, mas a pedido da administração ficou ligado à exploração do jornal de parede. Como ele gostava de recordar, pouco antes da Revolução, um inspector do jornal passara por Évora e ficou estupefacto por ainda existir o ‘placard’. Na capital, as inevitáveis convulsões provocadas pelo PREC (Processo Revolucionário em Curso) abalavam as estruturas do velho e respeitado matutino. Em 1977, “O Século” deixava definitivamente de aparecer nas bancas dos jornais. Nem tudo desaparecia com ele. Em Évora, o painel da necrologia continuava a cumprir a sua missão na vetusta Praça do Giraldo. E assim continuou até que, em 1982, a Comissão Liquidatária de “O Século”, «consciente de que o painel se tornara uma instituição da cidade, visto a sua consulta, em termos de informação necrológica, se ter enraizado na cidade, decidiu oferecê-lo à Câmara.”.
De facto, a leitura do ‘placard dos mortos’ faz parte dos rituais dos eborenses, o que causa espanto a muitos forasteiros. Para os leitores não parece ter importância que as notícias dos óbitos sejam agora veiculadas pelas agências funerárias a quem o município atribuiu a sua utilização e conservação. É que eles gostam de saber quem deixou de pertencer ao número dos vivos. Apesar do progresso, do desenvolvimento da rádio e do aparecimento da televisão e de múltiplos órgãos da imprensa escrita, nada substituiu em Évora a informação personalizada do painel de “O Século”. Aníbal Queiroga Pires, falecido em 2001, afirmava sem rebuço que foi a pressão popular que sempre impediu a sua extinção.
Autor: José Frota
Évora Mosaico
Autor: José Frota
Évora Mosaico
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Évora Perdida no Tempo - Fonte do Monte do Barrocal
Autor José António Barbosa
Data Fotografia 1890 - 1915
Legenda Fonte do Monte do Barrocal
Cota GPE 0118 - Propriedade Grupo Pró-Évora
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
O Jardim das Casas Pintadas
O Jardim das Casas Pintadas é um espaço único do património citadino que, apesar de localizado na Acrópole eborense, passa completamente despercebido a quem por aquela zona deambula. Na verdade, a sua presença apenas é identificada por um discreto portão no início da estreita e sinuosa travessa que lhe dá o nome, a qual sai das traseiras do Palácio da Inquisição e onde, em placa não menos sóbria, se indica que para visitas e informações se devem os interessados dirigir ao Fórum Eugénio d’Almeida, na Rua Vasco da Gama. E é exactamente por um portão ao lado deste que se faz a entrada.
Desta forma, a fraca visibilidade e a não acessibilidade directa e imediata ao público apresentam-se como obstáculos maiores ao seu conhecimento e fruição. Não poderia, contudo, ser de outra forma, apesar de ter funcionado como espaço aberto durante quatro séculos. Mas os tempos eram outros.
Desocultemos então à curiosidade geral o jardim, que, sendo um eloquente testemunho do urbanismo do século XVI, tem anexa uma galeria decorada por um conjunto de frescos que a tornam exemplar único em Portugal da pintura mural palaciana e da cultura da época. À data, desconhecida, da execução dos frescos, o edifício pertencia a D. Francisco da Silveira, coudel-mor (tratador de cavalos) do Reino e poeta palaciano com presença destacada no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Em 1635, Jardim e Casas Pintadas - assim passaram a ser designadas pelas gentes de Évora - foram vendidos ao Santo Ofício e vieram a ser anexados ao Palácio da Inquisição, a que desde sempre tinham estado arrimados.
O antigo paço senhorial transformou-se, assim, em moradia dos inquisidores. Com a expulsão dos jesuítas, o edifício retornou à posse de privados, tendo alojado o Hotel Alentejano durante alguns anos da primeira metade do século passado. Depois do encerramento da unidade hoteleira, as Casas Pintadas vieram a ser classificadas como Imóvel de Interesse Público em 1950. Cerca de uma década volvida, foram compradas por Vasco Maria Eugénio d’Almeida (Conde de Vil’Alva) que as incluiu no seu vasto património arquitectónico. Com a criação da fundação homónima, as mesmas foram legadas a esta instituição, que tem procurado preservar todo o conjunto em favor da cidade, do concelho, da região e do país.
Para levar a cabo este desiderato a Fundação procedeu, em 2008, à realização de um projecto de recuperação e valorização do Jardim, que se encontrava algo degradado em diversas zonas, o qual recebeu o correspondente co-financiamento cumulativo do Ministério da Cultura, através do POC/EU, e do FEDER. A partir daí a entrada para o conjunto passou a fazer-se pelo pátio, que, dobrado um breve lance de escadas, desemboca no jardim de geometria muito simples, definido por uma estrutura ortogonal adornada por um espelho de água, reflectindo o céu, no meio de um denso laranjal. Zona remansosa e de ócio, protegida por muros altos, garantia a tranquilidade e a privacidade dos residentes. Por uma porta quase secreta, aberta numa reentrância do muro que o limita a poente, entra-se na horta, usada como quintal de limpezas dos cárceres durante a sua sinistra utilização pelo Tribunal do Santo Ofício.
Retornada à sua feição original, possui agora canteiros de espécies medicinais e hortícolas e uma taça de água situada numa das extremidades. Em baixo, no flanco esquerdo, existe ainda uma capela oratória onde sobressaem frontalmente a figuração da Sagrada Família, à direita uma representação da Descida da Cruz e à esquerda um quadro de S. Cristóvão e outro aludindo, ao que se supõe, à Missa de S.Gregório. Pelas escadas se ascende então à bela galeria de paredes pintadas, onde um friso composto por centauros femininos serve de base ao todo pictórico, que se divide por cinco painéis. Assim, o primeiro, na parede sul, é designado pelo das garças, enquanto o segundo é conhecido pelo pelas sereias, recordando os perigos que a alma humana enfrenta.
O agrupamento central é o de mais difícil interpretação, nele se podendo observar uma briga de galos, rodeados por outros animais como o veado, a raposa, a lebre e a perdiz, desde sempre conotados com a luxúria. No flanco direito divisa-se uma hidra de sete cabeças que parece lembrar os sete pecados mortais, ladeada entre bichos por um pavão que parece simbolizar a ressurreição e a vitória do Bem contra o Mal. No último dos painéis, e à entrada do oratório que lhe é adjacente, representa-se um pelicano que derrama o seu próprio sangue restituindo-lhes a vida. Espaço único da cidade, ele reaviva o período da 2ª dinastia em que Évora foi a segunda cidade do Reino, morada de reis, nobres e cavaleiros e presença quase permanente da sua imponente Corte.
Texto: José Frota
terça-feira, 10 de agosto de 2010
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
O Castelo de Valongo em Nossa Senhora de Machede
Na freguesia de Nossa Senhora de Machede, em paragens das mais escaninhas do concelho eborense, fica o quase ignoto Castelo de Valongo, também designado por Castelo Real de Montoito. A fortificação, cuja data de erecção se perde no fundo dos tempos, encontra-se situada no cimo de uma pequena encosta, assente em pequena plataforma de cabeço suave, na Herdade da Grã. Não é fácil porém chegar-se lá porque, como se adivinha, a fortaleza está longe das principais rotas viárias da região.
Ao visitante que saia de Évora deparam-se-lhe duas alternativas: ou a demanda por Nossa Senhora de Machede ou a procura por Montoito. No primeiro caso é mister tomar a EN-254 e, andados cerca de meia dúzia de quilómetros, voltar à direita em direcção à sede de freguesia, que deve ser atravessada por completo, seguindo-se sempre em frente, rumo a Montoito. O outro percurso implica a opção pela EN-18 que leva a Reguengos de Monsaraz, virando-se à esquerda ao fim de poucas milhas, no desvio que conduz à Barragem de Monte Novo e a Santa Suzana sempre atentos a uma derivação à direita que guia a Valongo - Montoito.
Em ambos as situações começa-se por circular em estradas de excelente piso para prosseguir em vias municipais de piso relativamente bem conservado, o que constitui um boa oportunidade para rolar devagar e apreciar a magnífica paisagem envolvente. O lugar de Valongo começou por ser ocupado por Romanos, depois por Visigodos e em seguida por Muçulmanos, que terão sido os responsáveis pela construção da fortaleza, conforme demonstram algumas inscrições islâmicas encontradas no seu interior. Terá sido tomada por ocasião da Reconquista Cristã, já depois de Geraldo, dito o Sem Pavor, se ter apropriado de Évora em 1165.
Dúvidas subsistem quanto à data da sua reconstrução, mas a maioria dos historiadores apontam para ter sido relançada sobre os seus fundamentos mais antigos em meados do século XIII, reinando D. Afonso III, monarca que se notabilizou pela reconquista do Algarve, pelo espírito administrativo e pela restauração de vários lugares arruinados. Com sólida estrutura granítica, ganhou então a sua forma definitiva, apresentando planta rectangular reforçada por quatro torres igualmente quadrangulares, sendo o cimo das muralhas percorrido por um adarve (caminho estreito que as acompanha) defendido por ameias, ainda e também de secção quadrangular.
A Torre de Menagem, orientada a poente, está dividida internamente em três pisos de pavimentos diferentes, assentes sobre abóbadas em tijolo de cruzaria de ogiva e servidos por escada de caracol que dá para três vastos salões. No recanto a Norte eleva-se uma outra torre, de menores dimensões, encostada à muralha, onde se rasga um entrada lateral. Ambas as defesas foram reformadas no século XVI, durante o período manuelino. Adrede é de realçar que o Castelo passou a funcionar simultaneamente como bastião militar e paço senhorial. Entre os seus governadores militares e residentes no local contaramse Rui de Sande, conselheiro de D. João II e embaixador de D. Manuel, guerreiro ilustre das conquistas do Norte de África e poeta nas horas ociosas, e os Condes de Basto (família Castro, alcaides-mores de Évora que se bandearam para os lados de Espanha durante a ocupação filipina).
A fortaleza declinou de importância durante a dinastia de Bragança, pelo que o Estado a vendeu a privados. Hoje está em ruínas e é propriedade de um conhecido agricultor eborense. Na fachada principal rasga-se amplo pórtico de arco quebrado, que não é possível transpor dada a instalação no local de um portão fechado a cadeado. A única forma de lá entrar processa-se pela já referida fenda lateral da torre menor, a qual no entanto envolve algum perigo, pois os blocos de granito já caídos obrigam a autênticos malabarismos de muito risco.
Para quem se interessa pelo património medieval é seguramente um dever, conhecer esta espécie de versão reduzida do Castelo de Guimarães, como alguns o apodam. Solitária na sua imponência, vazia na inutilidade a que a votaram, a fortaleza de Valongo é, no nosso tempo, testemunha muda da maior transfiguração operada desde sempre nos campos do Alentejo – há cerca de década e meia quem por ali passava via-a envolta pelas loiras e onduladas searas de trigo; hoje os que por ali transitam deparam com ela rodeada de vinhas e olivais de regadio.
Texto: José Frota
domingo, 8 de agosto de 2010
Recrutamento de Médicos para Urgência - Évora
A morecare é uma empresa especializada no desenvolvimento de projectos de recrutamento, selecção e outsourcing na área da saúde.
Procuramos dar resposta às necessidades dos nossos clientes, instituições de saúde públicas ou privadas, optimizando e rentabilizando os Recursos Humanos, garantindo uma gestão eficiente.
No momento procuramos Médicos de Clínica Geral para Urgência Geral e Pediátrica, com formação e/ou experiência no sitema Alert, em unidade hospitalar nossa cliente no distrito de Évora.
Em caso de interesse neste projecto, contacte-nos através do número 925781674 ou para morecare@morecare.pt
sábado, 7 de agosto de 2010
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
A mais antiga loja da cidade: Papelaria e Livraria Nazareth
Em plena Praça do Giraldo e debaixo das arcadas, no seu ponto mais central, fica situada a Papelaria Livraria Nazareth. Com mais de cem anos de existência, é a mais prestigiada livraria ao Sul do Tejo e foi ponto de encontro obrigatório de muitas gerações de intelectuais locais ou que passaram pelo Alentejo, mormente no período entre 1920 e 1970.
Tanto quanto parece, é a mais antiga loja da cidade. Embora já sem o fulgor de outrora, conserva um estatuto ímpar no comércio cultural eborense. No edifício onde a loja está instalada funcionou durante a primeira metade do século XIX o Seminário de Évora e, logo depois, uma ordem monástica feminina. Em 1890 Eduardo de Sousa, um conhecido comerciante da cidade, alugou o piso térreo para nele abrir uma papelaria e livraria. Três anos depois, António da Silva Nazareth entra para empregado e, em 1897, passa a sócio com uma pequena quota.
Mas só em 1906 se tornou seu proprietário e deu à loja a sua actual designação. Eduardo de Sousa vendeu- lhe a sua parte na firma para saldar dívidas de jogo contraídas na Sociedade Harmonia Eborense. A loja alargou então o seu leque de ofertas, passando a vender chás, lotarias, perfumes e brinquedos, “kodaks” e postais, executando ainda trabalhos tipográficos e de encadernação. Assim reza um anúncio publicado nos anos 20 do século passado que o seu actual sócio-gerente Joaquim Manuel Nazareth - conhecido demógrafo e professor catedrático jubilado do Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa - guarda «religiosamente». Exactamente por esses anos o poeta João Vasconcelos e Sá, aludindo à diversidade comercial do estabelecimento, compunha a seguinte letra para uma revista teatral eborense que conheceu grande êxito: «Dentro dos arcos da Praça/a loja do Nazareth/tem selos, correntes, carteiras e pentes/impressos, rosários, botões, calendários/ compassos, carimbos, romances, cachimbos/kodaques, tabaco, postais e rapé».
Mas a paixão de António da Silva Nazareth eram os livros e logo que pôde tratou de assegurar um espaço mais reservado na loja para acolher os clientes que gostavam de se demorar escolhendo com cuidado e critério as obras que pretendiam. O local acabou mesmo por se tornar um centro de cavaqueio dos intelectuais do burgo ou vivendo nas proximidades. Florbela Espanca e José Rodrigues Miguéis eram, então, dois dos que ali passavam horas a fio. Entusiasmado pelo sucesso obtido, o proprietário tentou incutir nos irmãos, todos mais novos, a paixão pelo comércio de papelaria e livraria, ajudando-os a criar estabelecimentos do sector em Portalegre, Beja, Faro e Santarém. Há dez anos as duas últimas ainda existiam, mas só a de Santarém permanecia ligada à família - esclareceu na ocasião Joaquim Nazareth. Em 1950 a livraria ficou separada do restante estabelecimento pela introdução de três degraus que a colocavam num patamar ligeiramente superior.
A casa viveu então os seus maiores momentos de glória. Vergílio Ferreira (ali fotografado várias vezes) e o grupo da Soeira, composto pelo médico Alberto Silva e pelos pintores Saul Dias, António Charrua e Henrique Ruivo, eram os frequentadores mais assíduos. De modo menos frequente, também franqueavam a porta e se entretinham a folhear as últimas novidades personagens como Álvaro Lapa, Fernando Namora, Maria Lamas, José Régio e Fernando Namora. Cerca de dez anos depois António Nazareth, avô de Joaquim Manuel, aproveitou o facto de a Vacuum Oil Company ter abandonado o primeiro andar do prédio para comprar o edifício. Para lá passou a livraria, garantindo uma maior privacidade e um espaço mais amplo para os frequentadores se movimentarem mais à vontade.
Mas a debandada para outras paragens, principalmente para Lisboa, de muitos dos seus principais animadores fez-se sentir em demasia e a livraria deixou de ser a tertúlia que até aí tinha sido. Além de ter aberto o caminho aos irmãos no mercado dos livros e dos papéis, o “velho” Nazareth sempre pretendeu que os responsáveis da livraria se tornassem bons profissionais do ramo. Quase todos se vieram a estabelecer depois por conta própria. Assim aconteceu com os responsáveis das papelarias- livrarias Carapinha e Gaspar, já há muito extintas, e da papelaria-livraria José António, este por ventura o melhor de quantos por lá passaram. As suas saídas, porém, não abalaram muito o funcionamento da Nazareth, que sempre acabou por se restabelecer rapidamente. Só o 25 de Abril lhe proporcionou alguns embaraços, quando foi apelidada, vá lá saber-se porquê, de “livraria dos fascistas”.
Uma designação surgida das bandas comunistas, que bem perto implantaram uma delegação da Editorial Caminho (Livraria Bento de Jesus Caraça), a qual acabou por encerrar as suas portas após oito anos de actividade. Entretanto, António da Silva Nazareth, inveterado tabagista e que todos os dias - fosse Inverno ou Verão - se apresentava vestido de colete e respectivo relógio de bolso, falecia em 1978 com 98 anos de idade.
Sucedeu lhe o filho, que, juntamente com José Manuel Cabeça, um empregado-associado, apostou mais no sector da papelaria e do material de escritório, desguarnecendo um tanto a livraria. A morte prematura do filho do fundador abriu uma crise profunda na empresa. José Manuel Cabeça saiu e fundou uma papelaria própria, tal como o anterior responsável pela livraria. Foram os netos - Joaquim Manuel Nazareth e a irmã - que vieram a herdar o estabelecimento.
Sob a nova gerência a livraria ganhou novo fôlego, entregue aos cuidados de Maria José Bastias, que alia a proficiência na matéria à afabilidade no trato. É certo que nos últimos anos surgiram novos estabelecimentos no sector livreiro, sem no entanto adregarem retirar estatuto à velha “Nazareth”. Já o mesmo não se poderá dizer em relação à área da papelaria e dos artigos de escritório, que perdeu dinamismo perante a agressividade e modernidade de alguma concorrência.
Os seus actuais proprietários não precisam da loja para viver, pois tiveram outras profissões que lhes asseguraram uma reforma sem sobressaltos, mas vão mantê-la na sua posse, não se dispondo a vendê-la, ainda que, pela sua localização privilegiada, o espaço seja alvo de cobiças várias. Para eles a loja é um símbolo da vida cultural eborense e uma excelente herança a perpetuar a memória do seu avô.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Évora Perdida no Tempo - Solar da Oliveira, na Graça do Divor
Autor José António Barbosa
Data Fotografia 1904 ant.
Legenda Solar da Oliveira, na Graça do Divor
Cota GPE0250 - Propriedade Grupo Pró-Évora
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
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