quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Caracterização da Freguesia de Nossa Senhora da Graça do Divor

População
A freguesia de Nossa Senhora da Graça do Divor sofreu um decréscimo populacional, devido à desagregação de diversas freguesias, em 1926. Segundo os censos de 1991, a freguesia encontrava-se apenas com 436 habitantes. Dez anos mais tarde, o número aumenta para 481, constando 376 eleitores recenseados. Indicam, ainda, as estatísticas que a população com idade inferior a 15 anos é de 15%; 14% é representado pelos habitantes com idades entre os 15 e os 24; os adultos em idade activa correspondem a 50% e o número de idosos equivale a 21% da população. Destaca-se, ainda, um outro grupo, de população estudantil, ocupando 18% da população demográfica.


Desenvolvimento económico
No que se refere à vida económica local, grande parte da população da localidade trabalha na agricultura, na pecuária e no pequeno comércio. O sector primário ocupa um lugar de destaque em que a actividade agrícola predominante é o cultivo do trigo, da aveia e da cevada. Na criação de gado, salientam-se os bovinos, ovinos e suínos. No que diz respeito ao sector secundário, destaca-se a panificação, o fabrico de componentes electrónicos, uma pequena industria artesanal e o fabrico de miniaturas de mobiliário alentejano. Por fim, o sector terciário é caracterizado por pequenos comércios diversificados, como mini-mercearias, cafés e oficina de mecânica.

No âmbito da acção social, todos os serviços prestados são da responsabilidade da Associação de Idosos e Reformados Nossa Senhora da Graça do Divor. Criada em Março de 1991, pela iniciativa da Junta de Freguesia e pelos idosos, conta com cerca de trezentos sócios. A vila oferece aos seus habitantes um Centro de Dia, um Lar da Terceira Idade e Assistência Domiciliária.

Centro de Dia
Rua de Évora, nº 23
7000-019 Nossa Senhora da Graça do Divor — Évora
tel.: 266967180

Este centro encontra-se em funcionamento de Segunda a Sexta-feira, das 08h00 às 19h00. Este centro reconforta quinze utentes.

Lar da Terceira Idade
Rua de Évora, nº 23
7000-019 Nossa Senhora da Graça do Divor — Évora
Tel.: 266967180

O Lar encontra-se em funcionamento vinte e quatro horas por dia, possui cinco quartos preparados para acolher oito pessoas. Neste momento, as vagas estão preenchidas.

Apoio Domiciliário
Rua de Évora, nº 23
7000-019 Nossa Senhora da Graça do Divor — Évora
Tel.: 266967180

Esta acção solidária é praticada sempre que necessária, no próprio domicilio, a vinte e cinco pessoas.

Casa do Povo de Nossa Senhora da Graça do Divor
Largo 25 de Abril
7000-019 Nossa Senhora da Graça do Divor — Évora

Na questão das estruturas à prestação de serviços médicos, os habitantes usufruem de um posto médico.

Centro de Saúde de Évora — Extensão de Saúde de Nossa Senhora da Graça do Divor
Largo 25 de abril
7000-019 Nossa Senhora da Graça do Divor - Évora

Relativamente ao ensino, a freguesia dispõe de um estabelecimento de Jardim de Infância e uma Escola Primária.


Jardim de Infância
Rua de Évora
7000-019 Nossa Senhora da Graça do Divor
Tel.: 266967210

É constituído por dezassete alunos, duas educadoras e duas auxiliares educativas.

Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico da Graça do Divor
Rua Principal
7000-019 Nossa Senhora da Graça do Divor — Évora
Tel.: 266967216

Este estabelecimento de ensino é frequentado por trinta e seis alunos, duas professoras e uma auxiliar educativa.


Desenvolvimento e Turismo
Nossa senhora da Graça do Divor dispõe de várias associações recreativas que fomentam a convivência entre a população, a cultura e o desporto:

Associação Juvenil da Graça do Divor
Esta associação foi fundada a 01 de Fevereiro de 1990. Fazem parte da Direcção desta Associação dezassete jovens com idades compreendidas entre os dezassete e os vinte e oito anos. Actualmente, conta com cento e dez sócios, sendo a quota mensal de um euro, com entradas livres em todas as actividades realizadas. Em Abril de 2002, procedeu à inauguração do Ciberespaço, permitindo o acesso livre a todos os seus sócios. As actividades mais relevantes ao longo do ano são as seguintes: Actividades de Carnaval, Baile da Pinha, Actividades da Páscoa, Baile da Rosa, Baile do Chapéu, Arraiais, Excursões, Actividades de Natal e ainda participação nas Festas Populares.



Associação de Caçadores da Graça do Divor
Os adeptos da caça viram esta associação ser fundada a 12 de Janeiro de 1995.Tem como objectivo é a criação e exploração de zonas de caça associativa, a defesa e promoção de todos os interesses que se prendam ou relacionem com as espécies cinegéticas e o exercício da caça, promovendo a educação ecológica e a preservação da natureza.
A reserva associativa de caça desta Associação está inserida nos Concelhos de Évora, Arraiolos e Montemor-o-Novo. Foi recuperado pelos sócios e pelos proprietários o Monte Valada dos Folgos que irá servir para a concentração dos sócios nas jornadas de caça assim como para se reunirem e passarem momentos de lazer.




Associação de Idosos e Reformados da Graça do Divor
Datada de Março de 1999, esta associação permite que os idosos tenham melhores condições de vida, e toda a ajuda necessária. Para tal, ela é constituída por um Lar da Terceira Idade, um Centro de Dia e Assistência domiciliária.



Grupo Desportivo Cultural e Recreativo da Graça do Divor
Este grupo, fundado a 25 de Junho de 1982, pretende promover e divulgar as actividades desportivas, culturais e recreativas nesta freguesia. É composto por quinze elementos e tem mais de noventa associados, e conta com vasto número de prémios e participações.
O Grupo Desportivo organiza todos os anos a festa de aniversário que ocorre no principio do mês de Julho, participa também nas Festas de Verão que ocorrem no último fim de semana de Agosto em colaboração com outras associações desta freguesia. Foi aprovado muito recentemente em Assembleia Geral a criação de uma secção de cicloturismo.
Este Grupo encontra-se em negociações com a Câmara Municipal de Évora para a aquisição de terreno que até então é propriedade da Câmara.

Casa do Povo da Graça do Divor
Este edifício de utilidade pública foi fundado nos anos 50.
No campo da restauração, esta simpática freguesia oferece locais agradáveis aos seus visitantes, para que possam revitalizar as suas energias.


Café-Restaurante “O Divor”
Proprietária: João Santos
Rua Principal
7000-019 Nossa Senhora da Graça do Divor - Évora
Tel.: 266967165

Café “Casa do Povo”
Proprietária: Maria Helena Raminhos Fernandes
Largo 25 de Abril
7000-019 Nossa Senhora da Graça do Divor — Évora

Café “Moinho Vento”
Proprietária: Maria do Carmo Lopes
Rua do Moinho de Vento
7000-019 Nossa Senhora da Graça do Divor - Évora
Tel.: 266967117

Para quem procura diversão e alegria, esta freguesia propõe:


Snack-Bar “O Bezica”
Proprietário: Henrique Mamede
Rua de Évora
7000-019 Nossa Senhora da Graça do Divor - Évora

O acesso a Graça do Divor pode ser feito pelas Estradas Nacionais 4, 114, 114-4 e 370, pelas Estradas Municipais 527 e 529, e pela Auto-Estrada 6.

O património arquitectónico da freguesia de Nossa Senhora da Graça do Divor é muito diversificado e rico, em termos culturais. Apresenta vestígios arqueológicos dos primeiros povos, que remontam ao período da Pré-História, nomeadamente ao Neolítico, à Idade do Bronze e ao período Romano. Devido ao estado de conservação, não se pode estabelecer uma cronologia absoluta, defende-se,no entanto, que estes monumentos terão aparecido durante o período que decorre entre 5500 e 3000 a.C.. Os mais conhecidos megalíticos, atribuídos ao período da Pré-História são os Menires, os Cromeleques e as Antas.


Menires
Estes monólitos, fincados no chão, podem ser admirados no lugar de Casbarras, onde existem quatro, e no Pátio do Azinhal.

Cromeleques
Os recintos formados por vários Menires, alguns decorados com gravuras, são designados por Cromeleques. Estes recintos podem ser avistados em Portela de Mogos e Vale Maria Meio.
Formado por um conjunto de cerca de trinta menires, o Cromeleque de Portela de Mogos foi ainda frequentado, em meados do segundo milénio, com propósitos de índole mágico-religiosos. A presença de fragmentos de taças encontradas, após um abandono ocorrido durante o Calcolítico confirma esta situação.
Tal como o anterior, o recinto megalítico de Vale Maria Meio é composto por cerca de trinta menires graníticos, formando, actualmente, um arco de ferradura alongado. Nas paredes de dois monólios descobriram-se gravuras como círculos, ferraduras e báculos. Em Dezembro de 1995, foram implantados, com êxito e muito esforço colectivo, dois menires de grandes dimensões.

Antas
Descritas como estruturas dolménicas cobertas por pequenos montes de pedras ou terra, eram constituídas por uma câmara poligonal. Esta era aberta, para o exterior, através de um corredor formado por pedras fincadas no chão, designadas de Lages. Existem em grande quantidade e em diversos sítios da freguesia, nomeadamente em:


-Antas da Cabeceira da bacia do rio de Almansor

-Alcanede ( 3 antas)

-Almansor Grande (2 antas)

-Amendoeira

-Azinheira

-Fonte do Abade

-Cegonheira (2 antas)

-Silval (4 antas)

-Vale de Sobrados

-Valeira (2 antas - pertence a um conjunto mais vasto que se prolonga para Ocidente)

Desta três tipologias, as opiniões divergem quanto ao aparecimento da primeira. Alguns autores defendem que os menires e cromeleques são mais antigos que as antas, baseando-se na associação entre os dois monumentos, e na cerâmica com vestígios típicos do Neolítico Antigo/ Médio. As antas eram classificadas como sendo do Neolítico Médio/ Final. Outros defendem o contrário, tendo sido as antas a surgirem primeiro, sustentando que no Neolítico antigo não havia capacidade social para este tipo de construções.

Morgado da Oliveira
Este morgadio, situado em terras reais da Valeira, foi fundado pelo arcebispo de Braga D. Martinho de Oliveira, a 13 de Agosto se 1286.
Em meados do século XIX, sofreu grandes alterações que não chegaram a ser concluídas, contudo são de destacar alguns portados de granito, cunhais de cantaria lavrada, escadarias exteriores e várias salas do rés-do-chão.

Solar da Sempre Noiva
Situado nos termos da freguesia de Nossa Senhora da Graça do Divor, este solar tem por acesso a Estrada Nacional 370. Enquadra-se num meio rural, numa planície, dentro de cerca murada mas harmonizado com a bela paisagem que o rodeia. Edificado no final do século XV, de arquitectura manuelina mudejar, este magnifico paço aparenta ter sido aumentado. É constituído por um soberbo torreão de dois pisos, um vasto salão térreo e por janelas enormes de molduras em bisel, possivelmente do século XIV.
A justificação do seu nome poderá estar na existência de uma planta rústica que os latinos designam de “centinodia”.
A este solar se liga, possivelmente, a novela “Menina e Moça” de Bernardim Ribeiro, e a tragédia de Diogo Gil Magro , que ai insultou Álavro Mendes de Vasconcelos, razão pela qual foi morto, no castelo de Arraiolos.

O Horto da Sempre Noiva está incluído na zona de protecção do Solar da Sempre Noiva. É uma pequena extensão que se caracteriza com um horto de recreio, ao estilo mudejar.

Fonte do Pomar de Divor ou do Espinheiro
Datada do século XVI, esta fonte de estilo manuelino, fica situada num ex-pomar que foi adquirido, em 1484 pela comunidade gerónima de Santa Maria do Espinheiro. A sua planta é irregular, existindo no seu interior um poço de gargalo octogonal e bancos em pedra, outrora com azulejos de oficina Sevilhana.

Nascentes da Água da Prata
É em Nossa Senhora da Graça do Divor, perto da Igreja, que se situam as principais nascentes e captações da água da prata. Esta água é guiada, por gravidade, até à cidade de Évora, circulando em canos enterrados. O conhecido Aqueduto da Água da Prata, importante obra pública do século XVI a mando de D. João III, abastecia a cidade. Desta forma, regulava a água evitando as secas crónicas, que muitas vezes resultava em doenças e mortes.

Ermida de Santa Catarina ou Santa Catarina do Aviado
Registada em Graça do Divor, esta ermida dista a cerca de 5 Km de Évora, na Estrada Nacional Évora — Arraiolos, acessível por um caminho particular da Herdade de Monte da Brito. Fica situada numa pequena elevação de terreno, num meio rural, em isolada e vasta herdade com oliveiras, terras de montado, pasto e lavradio. Relativamente perto, existe um ribeiro e a casa do ermitão. Esta pequena ermida quinhentista e manuelina de nave única, era antecedida por um alpendre, já desaparecido, e possuía cunhais e remates de alçados em granito rústico. As pinturas murais são características do inicio do segundo quartel do século XVI. Um dos painéis, apresenta um substracto de pintura mais antiga, de características ainda medievais, provavelmente realizadas a estampilha.

Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Graça do Divor
Não se sabe ao certo quando é que a Igreja Paroquial foi construída, no entanto, há vestígios da sua existência datados de 1536. Resultado da reforma do anterior, a actual estrutura remonta ao século XVII. Edificada numa pequena elevação do terreno, na freguesia, a Igreja é antecedida por um adro com um cruzeiro em mármore. Esta arquitectura do período tardo-renascença possui uma nave única, com nártex, dois altares laterais na zona do cruzeiro e elementos barrocos na decoração dos azulejos. O pórtico, de três arcos de volta perfeita e duas portadas retangulares, tem um frontão entrecortado e nicho composto pela imagem da padroeira. No friso do Pórtico existe a inscrição: “Divorum hanc molem domiane posvere/ Coloni gratia svbtantonvmine certa manet.”

Vila Romana da Herdade da Azinheira
Segundo a tradição oral, este lugar era designado por Cidade de Nica, e é detentor de vários vestígios romanos. Apresenta vários objectos em cerâmica, nomeadamente bordos e asas de ânforas, um pano de parede com cerca de três metros de altura, tecelãs policromadas e fundamentos de algumas divisões. No exterior, existem cilhares de granito na passagem da ribeira de Capelos e um podium de um pequeno templo.

Fonte do Abade
Esta fonte possui uma inscrição funerária em latim.



Tradição
As lendas e tradições dos povos são, muitas vezes, usadas como forma de explicação de algo. Revelam vivências, crenças, atitudes que fantasiam o imaginário de quem as ouve. Como já foi referido, a freguesia possui nascentes com água de muito boa qualidade. Reza a tradição que as pessoas dirigem-se à fonte da Carraça por causa desta água. Consta que ela cura todas as doenças dos rins.

Todas as festas são de componente religiosa, vividas com muita fé, mas acarretam, também muita alegria e diversão, animadas com música e danças.

Festa de Nossa Senhora da Graça do Divor

A festa tradicional em Honra de Nossa Senhora da Graça do Divor é celebrada durante o ultimo fim de semana do mês de Agosto.

Festa de Aniversário do Grupo Desportivo

Esta festa comemora o aniversário do Grupo Desportivo Cultural e Recreativo de Nossa Senhora da Graça do Divor, no início do mês de Julho.

Artesanato
A manifestação artesanal de Nossa Senhora da Graça do Divor é diversificada e importante. Dando continuação aos costumes, o artesanato projecta esta freguesia num conjunto de tradições que nos permitem ter um conhecimento mais vasto desta região alentejana. Dos artesãos destaca-se o Sr. Francisco Charrua, que manufactura peças em Chifre de Vaca, de Veado e de Marfim. Existe, ainda, a confecção de Miniaturas de Mobiliário Alentejano.

Trabalhos em Chifre de Vaca, Veado e Marfim
Miniaturas de Mobiliário Alentejano


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Évora Perdida no Tempo - Nave central da Sé de Évora

Autor Inácio Caldeira
Data Fotografia 1920 ? -
Legenda Nave central da Sé de Évora
Cota CME0351 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Passagem de Ano no Monte Alentejano

31/12 e 1/11 - Festa de Passagem de Ano Pachamama/CrewHassan - confirma no Facebook clicando aqui
A Pachamama recebe a CrewHassan em Évora para celebrarem a Passagem de Ano em Festa. O Espaço é o Monte Alentejano que fica no Rossio de S. Brás, bem junto às muralhas, e a alegria e dança são os convidados de honra!

O anfitrião da noite vai ser o Júnior, vocalista dos Terrakota, e pelo palco vão passar sons de festa, alegria e dança. Os Riddim Culture começam a noite para nos despedirmos de 2010 na boa vibração do Roots Rock Rea...gge. 2011 chega com um espectáculo de Fogo de Artifício e chegam também os ritmos da World Dance pela mão da Alice com a música dos Países das Maravilhas. De seguida a noite recebe o Dubstep, Drum'n'Bass, Afro-Spacial-Beat e outros sons que comandam e guiam o corpo à loucura da dança. Os responsáveis vão ser o Xoices do Colectivo Fazuma, os Revolutions Rockers representados pelo 2old4school e pelo Johnny da Cooltraincrew.

Isto tudo na Sexta. Depois Sábado não vai haver tempo para a tradicional ressaca, vamos celebrar a primeira noite de um ano que vai ser cheio de alegria, animação e celebração da vida, apesar dos políticos acharem que não.

Abre a noite o Deni Shain com Groove Beat e segue-se o concerto dos Eborenses Uaninauei que fazem aqui a festa de lançamento do álbum Lume de Chão. Concerto de Rock Rural, pleno de energia. Noite fora, e em jeito de jam o Colectivo Crew Hassan Deejays promete acabar com as energias que ainda restarem aos corpos mais resistentes!

Tchau 2010. Venha 2011!!

Localização
Monte Alentejano, Rossio de S. Brás, 7005-268 Évora
Lat 38.5656; Long 7.9082

Preços Noite Passagem Ano
10€ Pré-venda
12€ Porta até 1h
15€ Portaa a partir 1h
20€ Pré-venda com Jantar (vegetariano)
Preço Sábado 1/1/11
5€

Pré-Venda até dia 30 directamente connosco (Pachamama ou CrewHassan), na Tabacaria Central (Évora), ou por transferência bancária (pedir detalhes em pachamama@pachamama.pt )
O Jantar é vegetariano, servido entre as 20h e os bilhetes são vendidos até dia 30

Abertura de Portas às 23h

Programa Sexta 31/12
Host: Júnior - vocalista Terrakota
Riddim Culture Sound
Selecta Alice
Xoices

Tradições: A Matança do Porco

A matança do porco é uma prática de há muito enraizada nos hábitos do povo alentejano. Nasceu, segundo reza a tradição, entre os rurais que, labutando de sol a sol nas terras dos senhores de pendão e caldeira, tinham necessidades alimentares que as parcas jornas não conseguiam suprir. O pão, as azeitonas ou de onde em onde, uma peça de caça miúda surripiada, com passagem directa ao fogo ou à panela, eram aconchego de pouca substância, para quem alombava em tão rudes tarefas.
A comida dos ganhões, nome por que eram conhecidos os trabalhadores do campo no Alentejo, compunha-se normalmente das rotineiras e pouco substanciais sopas de cebola, hortelã ou de qualquer outra erva aromática, em que o distrito ou o concelho de Évora passam por ser os mais férteis do país. Em dias de festa o patrão lá abria mão de um galináceo, de alguns nacos de carne de porco ou, até, de um ou outro enchido, que durante alguns dias forravam o estômago dos pobres.
Curiosamente, até meados do século XIX os suínos tinham sido considerados pelos grandes terratenentes como animais sujos e imundos, parentes abastardados dos javalis e por isso indignos de comparecerem às mesas requintadas. Contudo, a sua carne, muito saborosa e suculenta, foi-se impondo ao paladar mais exigente, ao mesmo tempo que o seu valor alimentício ia paulatinamente ganhando estatuto entre as gentes de maiores posses. E se, entre estas, só as partes mais nobres eram consumidas, nas vilas e aldeias vingava a ideia de que tudo no porco podia ser aproveitado.
Assim se foi desenvolvendo o hábito, entre os menos bafejados pela sorte, de se adquirir anualmente, e ainda que com grande sacrifício, um pequeno bácoro para ser abatido à entrada do Inverno, na altura dos grandes frios. A sua criação não envolvia grandes gastos, dado que as bolotas caíam quotidianamente e em abundância dos sobreiros e a erva podia ser livremente pastada nos montados de sobro e azinho. E o seu abate contribuía para equilibrar o orçamento familiar e garantia o sustento por muito tempo, até à próxima matança, se possível, fazendo-se uma gestão controlada da carne.
Costume secular, a matança sempre foi feita em tempo certo, por alturas dos grandes frios, nos meses de Janeiro e Fevereiro. Duas razões concorriam para isso: este era o período em que as actividades agrícolas se reduziam ao mínimo e em que, por sua vez, as baixas temperaturas ajudavam à conservação dos produtos. A operação de abate, para além de não ser fácil, envolve um ritual para o qual se convoca a presença de familiares e amigos. Normalmente inicia-se a um sábado. Durante um fim-de-semana, todos são poucos para cumprir a função de tudo aproveitar.
Cabe a um matador experimentado desferir o golpe fatal. Entretanto, cinco ou seis pessoas seguram-no pelas pernas e pelas orelhas. Os guinchos desesperados e sofridos do suíno, acompanhados de espasmos violentos, dão bem conta de uma agonia relativamente prolongada enquanto o sangue jorra para um alguidar. Os mais sensíveis estão afastados e só por ali aparecem mais tarde. Em seguida o animal é chamuscado e esventrado. Nesta fase alguns dos convivas já se aproximam para observar e confirmar a justeza do provérbio popular: «Se queres ver o teu corpo abre um porco». Retiradas as tripas e lavadas pelas mulheres, as mesmas são preparadas para as operações seguintes.
É então tempo de parar o trabalho e começar a festa. Ao almoço já se comem sopas de sarapatel, febras e torresmos fritos regados com bom vinho da região. Com os estômagos confortados e ao calor da fogueira armada desde bem cedo e reavivada sempre que o lume parece esmorecer, canta-se à alentejana até bem tarde.
No outro dia, a alvorada marca a necessidade do regresso à lide, que vai começar pelo desmancho do resto da carcaça. Segue-se o lento e cuidado ensacamento das tripas. Consoante a preparação a que são sujeitas, assim fazem os tão famosos enchidos da nossa terra: linguiças, chouriços, cacholeiras, farinheiras, morcelas e salpicões.

Outrora, a matança do porco estendia-se por várias casas e locais, num espírito comunitário e solidário. Quem tinha ajudado recebia posteriormente ajuda. Até meados de Março, conforme a extensão do Inverno, havia sempre festa, na certeza da chegada de mais um ano em que a barriga não padeceria privações. Mas, a pouco a pouco, a desertificação do mundo rural, o abandono dos campos e a adopção de novas técnicas agrícolas foram modificando a vida, mesmo a dos que continuam a querer resistir à perda dos velhos hábitos.
Actualmente, por via da imposição rígida de normas da União Europeia, a pretexto de homogeneizar comportamentos e globalizar princípios de saúde pública, a matança do porco, na sua versão tradicional, tem sido largamente combatida. No mínimo exige-se a presença de um veterinário que se faz pagar a peso de ouro. Outras regras sanitárias, como o abate em matadouro, desincentivam também a sua prática. Determinados imperativos de natureza ética têm ganho também terreno, condenando costumes ancestrais que os urbanos acoimam hoje de bárbaros.
Apesar de tudo, esta continua a fazer-se de forma clandestina em vilas, aldeias e principalmente em lugares ou montes isolados na vasta planície alentejana, onde todos se conhecem e a presença das autoridades não alcança. E mesmo que, à distância, algum eco lhes chegue dessas actividades, o que fazem é ignorá-lo para não cair no desagrado dos poucos que por ali ainda habitam.
Este ano, a Câmara Municipal de Évora achou por bem fazer a recriação deste hábito tradicional na Praça do Giraldo, com a óbvia exclusão da parte não permitida por lei, no intuito de fazer descer a ruralidade à cidade. Ali instalou dois carros de canudo e levantou um lume de chão onde as febras foram assadas. Sopa dos ganhões enriquecida com a presença da carne de porco e enchidos cozidos também foi colocado à disposição de quem a quisesse saborear. Grupos de cantares acompanharam a refeição, onde a pinga de estalo se fez notar. Turistas nacionais e estrangeiros, surpreendidos com este evento inédito, teceram loas à iniciativa que lhes permitiu conhecer melhor a história e os segredos de vida do povo alentejano.

Texto: José Frota

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Um Conto de Natal na Arena d'Évora

MÚSICA/TEATRO
19 DE DEZEMBRO
“UM CONTO DE NATAL”
Arena d’Évora

“Um Conto De Natal” é um fantástico musical que nos vai transportar a Londres do Séc. XIX, inspirado no famoso livro “A Christmas Carol” de Charles Dickens originalmente publicado em 1849, que relata a história do avarento, egoísta e estranho Ebenezer Scrooge, e a sua transformação num ser humano afável, carinhoso e altruísta depois de ter sido visitado por três espíritos na noite de Natal.
Com a participação dos actores Kapinha, Maria Sampaio, Ricardo Figueira e Luís de Portugal, que também integraram o elenco de “Peter Pan”, apresentado na Arena d'Évora em 2009.

Horário: 18:00
Info: 266 743 133
Nota: A bilheteira da Arena d’Évora funciona ao sábado das 17:00 às 20:00 e domingo das 16:00 até ao início do espectáculo. Bilhetes também à venda nas tabacarias Central, Paris, Arcada e Rico. Preço: 15€.

Évora em Tons de Cinza

Autor Pedro Camelo

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Triste e Alegre Cidade de Évora

Triste e Alegre Cidade de Évora, de autor desconhecido, insere-se no grupo de obras de escrita privada. Este tipo de escrita permite-nos o conhecimento de numerosos factos ausentes das fontes oficiais, de aspectos do quotidiano individual e colectivo não mencionados em outro tipo de documentos e da forma como o narrador sente o contexto da época que descreve.

Esta obra, transcrita conforme o original por Teresa Fonseca e provavelmente da autoria de um clérigo eborense de vida solitária, narra uma série de fenómenos naturais e eventos públicos ocorridos em Évora e região envolvente entre 1729 e 1764. Como observador atento escreve algumas notícias de âmbito nacional e internacional sobre a evolução política e social do país.

Reproduzem-se aqui apenas as páginas correspondentes à transcrição da obra original.

Título: Triste e Alegre Cidade de Évora
Autor: Teresa Fonseca (transcrição)

Triste e Alegre Cidade de Évora, Testemunho de um anónimo do século XVIII, Teresa Fonseca (transcrição)
Évora, Câmara Municipal de Évora, 2001
[103] p. Fonseca, Teresa


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Évora Perdida no Tempo - Capela do Fundador no claustro da Sé de Évora

Autor Inácio Caldeira
Data Fotografia 1920 ? -
Legenda Capela do Fundador no claustro da Sé de Évora
Cota CME0332 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Solar de Monfalim

O Solar de Monfalim fica em pleno Centro Histórico de Évora, no Largo da Misericórdia, a dois passos da central Praça do Giraldo. É desde logo, e para que se tome boa nota, a mais antiga unidade hoteleira da cidade.
Construída em meados do século XVI, esta antiga residência senhorial pertenceu a um fidalgo da casa real, D. Gonçalo de Sousa. Mais tarde passou para a família dos Cogominhos, que tinham paço na actual freguesia de Torre dos Coelheiros, a cerca de 12 quilómetros da cidade. Com o extinção desta família, foram os Monfalins, seus descendentes, que ficaram na posse do solar. Habitaram-no até finais do século XIX, altura em que, por dificuldades financeiras, decidiram vendê-lo.
Os compradores transformaram-no num estabelecimento hoteleiro, pelo que o solar recebeu o seu primeiro hóspede em 1892. Com o nome de Pensão Eborense, foi, durante bastos anos, o único estabelecimento hoteleiro da cidade, depois de ter desaparecido o Hotel Eborense, situado na Acrópole, no antigo Palácio da Inquisição.
A Pensão Eborense dispunha de uma posição privilegiada, pois no prédio que lhe é contíguo funcionava o desactivado Salão Central Eborense, por essa altura a única sala de cinema, e um pouco mais ao lado, mas em sentido contrário, ficava o edifício dos CTT, que depois foi sede da Delegação Distrital da Legião Portuguesa e onde hoje se encontra instalada a messe de sargentos do Comando de Instrução e Disciplina do Exército. Agregado a este imóvel, mas em plano inferior e separada do mesmo por uma protecção de ferro, temos a Igreja da Misericórdia, de visita obrigatória para os mais devotos.
O edifício foi depois adquirido por um negociante, de nome Luis Gonzalez, que o herdou, entre muitos outros bens, do casamento estéril de sua tia, uma espanhola refugiada da Guerra Civil, com o abastado proprietário eborense António Paquete, praticamente dono de quase toda a Rua de Valdevinos. Mas a sua exploração turística manteve-se sempre concessionada a outros.
Com o passar dos tempos o velho solar entrou em decadência e degradação, até que, em meados da década de 90, a empresária do ramo de hotelaria e restauração Ana Ramalho Serrabulho decidiu tomar conta dele e recuperá-lo, devolvendo-lhe o encanto e a graciosidade perdidas.
Reclassificado como albergaria, o Solar de Monfalim é, como se sublinhou, a mais antiga casa do seu género e a mais tradicional de todas as existentes na cidade. A fachada do solar, caiada de branco e com uma barra inferior em amarelo-ocre, tem um fascínio especial. Por cima do portal de entrada, situado num plano ligeiramente superior ao da rua calcetada, vêem-se as armas dos Monfalins e, de ambos os lados, sobram ainda à mostra vestígios do granito que constituiu o material de construção originário. Na parte superior, cinco arcos de tipo manuelino deixam entrever o interior do primeiro andar, onde se situa um pequeno pátio que dá acesso à recepção e aos quartos.
Passa-se do rés-do-chão ao primeiro andar subindo uma dupla escadaria de granito ladeada por muitos vasos com plantas de médio porte. A maioria dos quartos possui janelas de sacada que dão para um pátio interior. Todos possuem ar condicionado, casa de banho privativa, televisão, telefone directo, mini-bar e cofre. As camas são de ferro forjado e, juntamente com o restante mobiliário, de grande sobriedade e tradicionalismo, ajudam a recriar um ambiente de fim do século XIX, pleno de romantismo, afinal a altura em que o solar foi aberto com as suas actuais funções.
Refira-se ainda que o pequeno almoço continental, confeccionado à base de produtos regionais e a recender a ruralismo, é simplesmente impecável. E é esta atmosfera e esta aura do passado que seduz visitantes nacionais e estrangeiros, principalmente estes, que o preferem aos hotéis mais padronizados.

Texto: José Frota