domingo, 17 de outubro de 2010

Évora vai ficar sem cinema comercial

O fim do cinema comercial em Évora, que começou quando encerraram o Eborim e só deve acabar quando inaugurarem o Évora Fórum, passou pelo fracasso de dois planos para manter as sessões no Auditório Soror Mariana. O cinema comercial em Évora vive dias agitados há muito, desde o encerramento das duas salas de cinema Alfa, da Lusomundo. O Centro Comercial Eborim ia ser desafectado, alegadamente para ali nascer a esquadra da PSP. A corporação acabou por optar por outro local, mas os Alfas não reabriram. Na altura, foi alcançado um acordo para prosseguir com a exibição comercial no Auditório Soror Mariana, propriedade da Universidade de Évora. Ao abrigo desse acordo, a CME pagou as obras necessárias no auditório e adquiriu um projector e outros equipamentos em segunda mão à Lusomundo, que retomou a exploração. Porém, alegando falta de público, a Lusomundo depressa fez saber que não estava interessada em continuar, e retirou-se de cena. De aí em diante, limitou-se à vertente distribuidora. De novo sem cinema, a Câmara abordou o Cineclube da Universidade e a SOIR Joaquim António de Aguiar e propôs-lhes que passassem a assegurar a operação do auditório. No quadro desse novo acordo, a CME custeava os salários do pessoal – gastando “cerca de 50.000 euros por ano”, segundo João Paulo Macedo, do Cineclube – e pagava o aluguer dos filmes.
Em troca, “recebia integralmente o produto da bilheteira”. E esse produto há muito que era escasso.
A Câmara fez saber que não pode “continuar a suportar unilateralmente as despesas” impostas pela exibição de cinema comercial, implicando que a cidade vai ficar privada dessa actividade até à abertura das salas do Évora Fórum. Em Setembro, a cidade já esteve uma semana sem cinema comercial, depois da Lusomundo se ter recusado a enviar a película programada devido aos atrasos no pagamento do aluguer de filmes por parte da Câmara Municipal de Évora (CME). Na altura, a vereadora da Cultura, Cláudia Sousa Pereira, disse  que já estava em curso um “plano de pagamento” à distribuidora, que deveria permitir a retoma das sessões no Auditório Soror Mariana.
No entanto, a autarquia terá reflectido e optado por acabar de vez com o arranjo vigente, que tem viabilizado as sessões desde o encerramento das salas do Centro Comercial Eborim. Em finais do mês, Cláudia Sousa Pereira escreveu aos parceiros da CME no referido arranjo - o Cineclube da Universidade de Évora e a SOIR Joaquim António de Aguiar – e informou-os da sua retirada.
Na carta, a vereadora declara que a CME não pode “continuar a suportar unilateralmente as despesas” impostas pelas sessões de cinema comercial, e frisa que essa actividade não é atribuição da autarquia.
O anúncio do afastamento da Câmara desagrada profundamente aos antigos parceiros, que entendem que, pelo contrário, “deve-se apostar mais no cinema”, nomeadamente em publicidade.
Para Vítor Moreira, da SOIR, o argumento da falta de público não olhe. E afirma que, de início, o Soror Mariana tinha mais público que os Alfas, porque “havia dinheiro para bons filmes, boas cópias”. “Que dirão os responsáveis da UNESCO quando souberem que não há cinema na Cidade Património Mundial?”, questiona João Paulo Macedo.


José Pinto de Sá/Registo

1 comentário:

Anónimo disse...

que vergonha de Câmara a nossa.