terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Personalidades Eborenses - André de Resende

André de Resende (Évora, por volta de 1500 — 9 de Dezembro de 1573) foi um frade dominicano, um intelectual, um teólogo, um arqueólogo, um especialista da Grécia e da Roma antiga, em suma um grande pensador humanista português. Foi também mestre de Dom Duarte. Filho de Pero Vaz de Resende e de Ângela Leonor de Góis, ficou órfão de pai muito cedo, ingressando aos dez anos no convento da Ordem de São Domingos de Évora.
Em 1533, sabemo-lo de novo em Portugal, no convento de São Domingos, em Évora, sendo então convidado para mestre do infante D. Duarte, o que aceitou, transferindo-se por essa altura da ordem dominicana para a situação de clérigo secular. Regia, simultaneamente, a cadeira de humanidades na Universidade de Lisboa, passando a leccionar, em 1537, na de Coimbra.
André de Resende foi, provavelmente, o pioneiro da arqueologia em Portugal, à qual se dedicou com zelo, devendo-se-lhe o primeiro estudo dos monumentos epigráficos da época romana em Portugal.
Teve uma profunda acção como ideólogo do Renascimento e como pedagogo divulgador dos estudos latinos e gregos, havendo deixado uma vasta produção literária, composta em latim e português. Órfão de pai, desde tenra idade, André de Resende cedo deixa a sua casa para seguir os estudos.
De 1513 a 1517 estuda em Alcalá de Henares, passando, no ano seguinte, ao Estudo de Salamanca, onde se doutorou, tendo como mestre de Grego, Latim e Retórica, o seu compatriota Aires Barbosa. Entre 1518 e 1526, vai até ao sul da França e demora-se por lá dois anos, repartidos entre Marselha e Aix, tendo recebido nesta última cidade as ordens de diácono. Em 1529 estava em Lovaina, entregue a uma grande actividade literária, que culminaria no Encomium urbis et academiae Lovaniensis e no Erasmi Encomiu, dado alume em Basileia em 1531.
Provavelmente em 1530, frequenta a Universidade de Paris, onde, segundo o seu próprio testemunho, cursa as aulas de Grego, regidas por Nicolau Clenardo, que tinha conhecido em Lovaina e a quem havia de ir buscar a Salamanca, em Novembro de 1533, por incumbência de D. João II, para preceptor do infante D. Henrique, o futuro cardeal-rei.
Lovaina a cidade belga onde tomou contacto com as correntes humanistas, tornando-se amigo de personalidades próximas do grande pensador Erasmo.
Em 1531 passa a residir em casa do embaixador português junto da corte de Carlos V em Bruxelas, D. Pedro Mascarenhas, entrando assim no séquito do diplomata. Mas se já então os novos deveres cortesãos obrigam Resende à memória histórico-patriótica e ao poema de circunstância, como foi o Genethliacom Principis Lusitani, composto para celebrar o nascimento do infante D. Manuel, filho de D. João III e D. Catarina.
O seu itinerário coincide com o do embaixador, que ele acompanha por toda a parte. Em 1533 regressa definitivamente ao Reino, indo acolher-se ao seu convento de Évora e, depois, em casa própria onde regia uma escola pública que voluntariamente encerrou em 1555 quando o ensino foi entregue aos Jesuítas tendo então recolhido novamente ao seu Convento. Começa então o ciclo da sua actividade intelectual em Portugal. É a instâncias suas que Clenardo e Vaseu vêm reger em Portugal: o primeiro em Évora, em 1533, e o segundo no Estudo de Braga, em 1538. Vivamente interessado pela arqueologia romana, foi o primeiro a interessar-se pelos restos e antiqualhas encontradas, mas não o move ainda o espírito científico, não hesitando em falsificar inscrições epigráficas. Em vernáculo legou mais dois opúsculos históricos: A Santa Vida e Religiosa Conversação de Frei Pedro e a Vida do Infante D. Duarte, que ficou inédita até 1789, data em que por imcumbência da Academia das Ciências de Lisboa, a publicou o abade José Correia da Serra.
A sua ossada repousa na Sé de Évora.

Obras em português
Vida do Infante D. Duarte, Lisboa, 1789;
A Santa vida e religiosa conversão de Fr. Pedro;
História da Antiguidade da cidade de Évora;
Fala que Mestre André de Resende fez à Princesa D. Joana;
Fala que Mestre André de Resende fez a El-Rei D. Sebastião;


Obras em latim
Narration rerum gestarum in Índia a Lusitanis, Lovaina, 1530;
Epistola de Vita Aulica, Lovaina, 1533;
Genethliacon Principis Lusitani ut in Gallia Belgica celebratm est a viro clarissimo D. Petro Mascaregna regia legato, Mense decembri, Bononiae, 1533;
Oratio pro Rostris pronuntiata in Olisiponensi Academia, clanedis Octobribus, Lisboa, 1534;
De verborum coniugatione commentarius, Lisboa, 1540;
Vincentius, Levita et Martyr, Lisboa, 1545;
Oratio habita Conimbricae in Gymnasio regio anniversario dedicationis eius die IV calend. Julii, Coimbra, 1551;
In obitum D. Joannis III, Lusitanine regis, Conquestio, Lisboa, 1557;
Epistolae tres carmine, Lisboa, 1561;
Carmen Endecasyllabon ad Sebastianum Regem Serenissimum, Lisboa, 1567;
Ad manturandum adversus rebellis Mauros expeditionem cohartiatio, Évora, 1570;
Ad epistolam D. Ambrosii Moralis viri doctissimi, Responsio, Évora, 1575;
De Antiquitatibus Lusitaniae, Évora, 1593;

Évora Perdida no Tempo - Fachada do antigo Banco Nacional Ultramarino


Fachada do antigo Banco Nacional Ultramarino na Praça do Sertório, depois da obras de remodelação.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1951 dep. -
Legenda Fachada do antigo Banco Nacional Ultramarino
Cota DFT7628 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Teatro: Pipo Mímico...ou Quase

O espectáculo “Pipo Mímico … ou Quase” é fruto do trabalho continuado do actor Victor Pires ao longo de mais de 20 anos, um trabalho onde a técnica de clown é desenvolvida nas suas mais variadas vertentes.

Fazer rir é extraordinário, uma sorte um privilégio, Pipo personagem central do espectáculo como, vai mais uma vez encantar o púbico com as suas aventuras.

Este espectáculo conjuga o trabalho do palhaço tradicional com a pantomina, a magia, jogos musicais e a manipulação de bonecos, um momento onde a relação do actor com o espaço, a precisão do gesto e a cumplicidade com a iluminação cénica nos proporciona uma hora de bom divertimento.

Ficha Artística:
Encenação e Interpretação: Victor Pires
Cenografia e Figurinos: Victor Pires
Execução de Figurino: (fato) Gregória Meira, (sapatos) José Leite Marinho
Produção: Teatro de Portalegre
Sonoplastia: Hélio Pereira
Desenho de Luz: Armando Mafra
Design de Comunicação e Fotografia: Carla Fonseca
Secretariado e marketing: Alexandra Janeiro e Rita Tavares
Manutenção do Espaço: Filomena Cova

Dia 2 de Fevereiro:
Sala Principal do Teatro Garcia de Resende
às 10h30
Espectáculo para crianças M/4

Évora Perdida no Tempo - Ermida de São Sebastião


Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1960
Legenda Ermida de São Sebastião
Cota DFT7066 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

domingo, 29 de janeiro de 2012

Recrutamos Técnico de ATM’s (M/F) Évora

A Go Work como empresa especializada na área dos Recursos Humanos, está a recrutar para empresa sua cliente “Técnico de ATM’s” (M/F).

ZONA: Évora

HORÁRIO:
- De 2ª a 6ª Feira das 09.00h às 18.00h.


REQUISITOS:
- 12º Ano de escolaridade (Curso Técnico-Profissional nas áreas de eletrónica, eletricidade e/ou eletromecânica);
- Experiência em funções similares e preferencialmente na manutenção de ATM’s;
- Carta de condução;
- Excelente capacidade de comunicação;
- Disponibilidade imediata.


OFERECE-SE:
- Vencimento compatível com a função;
- Subsídio de alimentação;
- Possibilidade de integração nos quadros da empresa.



Candidate-se em http://emprego.gowork.pt/ ou directamente nas nossas instalações: Av. Praia da Vitória, nº12 B, 1049-054 Lisboa.

Para mais informações, contacte-nos. Telf: 211546040.
Todas as candidaturas serão tratadas com confidencialidade ao abrigo da Lei de Protecção de Dados.

Somente serão consideradas as candidaturas que reúnam o perfil solicitado. Todas as restantes ficarão em base de dados para futuras solicitações.

Alvará nº 544, concedido a 07/05/2007 pelo IEFP.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Visita guiada dia 28 de Janeiro: Évora, Percursos e Memórias

O projeto “Évora, Percursos e Memórias - 25 Anos de Património Mundial da Humanidade, 25 Monumentos, 25 Lendas, Histórias e Devoções” promove no próximo dia 28 de janeiro, sábado, pelas 15 horas, mais uma visita a alguns sítios históricos da cidade de Évora.

Esta visita vai conduzir os participantes ao Templo e ao Fórum Romanos, pelo Arqueólogo Panagiotis Sarantopoulos (CME), e à “Domus” da Rua de Burgos/Alcárcova de Cima, pelo Doutor Rafael Alfenim (Direção Regional de Cultura do Alentejo). A Professora Doutora Maria Cátedra (Departamento Antropologia Social da Universidade Complutense de Madrid) irá abordar nesta vista as lendas e histórias de Sertório e de Diana e a Corça. Nesta visita será distribuída a Pagela N.º 4.

O projeto “Évora, Percursos e Memórias” foi idealizado para o programa das Comemorações dos 25 Anos de Évora Património da Humanidade, classificação atribuída à cidade pela UNESCO em 1986, é uma organização da Câmara Municipal de Évora, e tem a colaboração de várias instituições da cidade. O projeto consiste na realização de uma visita mensal, geralmente aos sábados, conduzida por especialistas, com o objetivo de dar a conhecer os principais monumentos e elementos distintivos do Centro Histórico da cidade, explorando a sua arquitetura e a sua história, bem como as lendas, devoções e tradições que guardam consigo.

Évora Perdida no Tempo - Ermida de São Sebastião

Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1960
Legenda Ermida de São Sebastião
Cota DFT7066 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

António José de Ávila, o primeiro governador civil de Évora

A introdução da figura do governador civil na Administração Pública portuguesa ocorreu em 1835, na sequência do triunfo liberal na Guerra Civil, concretizado com a assinatura da Convenção de Evoramonte, ocorrida no ano anterior. O território foi dividido em distritos e junto de cada um passou a funcionar um magistrado administrativo designado por governador civil. Retomava-se desta forma a proposta anunciada aquando da revolução de 1820, que preconizava a substituição da comarca, enquanto entidade administrativa, pelo distrito, alteração que as sucessivas contra-revoluções foram sempre impedindo e contrariando.

A sua definitiva capitulação propiciou aos liberais a ocasião para impor finalmente as reformas necessárias à fixação do novo regime e à novidade da divisão e separação de poderes. Assim apareceram os governadores civis, nomeados pelo Conselho de Ministros, que enquanto representantes do governo central estavam dotados de autoridade para coordenar as suas políticas e serviços da administração pública na área do seu distrito. Em relação aos antigos corregedores foram-lhes retiradas as competências judiciais, as quais passaram para a esfera dos tribunais. 

A partir de meados do século XX, porém, a sua importância começou a esbater-se gradualmente por via da criação por cada ministério das suas próprias delegações e serviços regionais. Actualmente os governos civis estão limitados às funções de dependências do Ministério do Interior, sabendo-se que a sua existência depende da implementação da Regionalização consagrada na Lei Fundamental do País.

Até aos dias de hoje o cargo de governador civil de Évora registou 93 mandatos, distribuídos por 79 pessoas. Houve quem o ocupasse por 3 vezes (Visconde de Guedes e Joaquim António dos Reis Tenreiro Sarzedas) e também quem bisasse o lugar. Coube, no entanto, a um jovem açoriano, António José de Ávila, que se havia de tornar figura de grande relevo na política portuguesa, inaugurar a função tomando posse a 27 de Junho de 1835, contando por essa altura 29 anos. Ávila nascera a 8 de Março de 1807, na cidade da Horta, na ilha do Faial, sendo de origens muito humildes, filho de um sapateiro e de uma lavadeira.

Da dezena de descendentes gerados pelo casal apenas quatro chegaram a adultos, o que diz bem das agruras e tormentos enfrentados. A vida da família melhorou bastante quando o seu progenitor decidiu dedicar-se ao comércio e pôde começar a poupar parte dos rendimentos, destinados a custear os estudos de António José no Continente, já que este se vinha afirmando como aluno de grandes recursos intelectuais nas escolas faialenses. 

Com apenas 15 anos Ávila matriculou-se na Universidade de Coimbra, onde cursou Filosofia e Medicina, acabando por obter reconhecimento de mérito no primeiro curso. No início da Guerra Civil de 1832-34 retornou aos Açores, onde se instalara o governo liberal. Rapidamente ganhou prestígio no parlamento insular. Com a vitória liberal foi designado Governador Civil de Évora e eleito deputado pela Horta. Na cidade permaneceu durante um ano e três meses, tendo sido exonerado a 19 de Setembro de 1836, na sequência do chamado golpe setembrista, movimento popular radical que conquistou a adesão militar repondo a Constituição de 1822. Mas o seu trabalho foi muito apreciado em todo o distrito, tanto assim que foi eleito por Évora e pela Horta em 1838, e em 1840 novamente por Évora e pela Horta, mas também por Beja e pela Feira, neste último caso como substituto. 

Então era possível um deputado ser eleito por mais de um círculo. O termo dos governos setembristas aconteceu em 1940. No ano seguinte o cartista Joaquim António de Aguiar chega à chefia do governo e nomeia Ávila para ministro das Finanças, cargo que desempenha durante os executivos de Costa Cabral e do Duque da Terceira, e vem a abandonar com a ascensão ao poder do Duque de Saldanha. Em 1857 volta ao lugar no primeiro governo do Duque de Loulé. Após a Janeirinha, um movimento contra o aumento de impostos ocorrido a 4 de Janeiro de 1868 e que, apoiado por comerciantes e proprietários, ditou o fim do governo de fusão, António José d’ Ávila foi chamado a formar governo.

O diploma em causa foi revogado mas o pior foi que o erário público foi fortemente penalizado. Daí à queda do executivo que comandava foram seis meses. Ainda voltou a ser Ministro das Finanças e, entre 1870 e 1877, exerceu por duas vezes, em alternância com Fontes Pereira de Melo, o cargo de Primeiro-Ministro. Entretanto, em 1871 foi designado para presidir à Câmara dos Pares, substituindo o Duque de Loulé. Em 1878, já com 71 anos, recebeu o título de Duque de Ávila e Bolama, em virtude do seu êxito enquanto negociador diplomático por banda de Portugal no diferendo mantido com a Grã-Bretanha,que reclamava o seu direito à ilha de Bolama, mas cujas pretensões não colheram vencimento junto das instâncias internacionais mercê da sua argumentação em defesa do património português. Recebeu por tal feito o grau de Grão-Mestre da Ordem da Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

Morreu em Lisboa a 3 de Maio de 1881 este grande político português que subiu na vida a pulso e foi o único plebeu a ser nobilitado. Começou a sua brilhante carreira como primeiro governador civil de Évora. Mas quantos o sabem?


Texto: José Frota

Évora Perdida no Tempo - Montra da Loja Oliva


Monta da antiga Loja Oliva, situada nas arcadas da Rua João de Deus.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1969
Legenda Montra da Loja Oliva
Cota DFT2928 - Propriedade Arquivo Fotográfico da CME

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Évora Design in Context (27 e 28 de Janeiro)

Évora Design in Context é uma iniciativa promovida pelo CHAIA, que tem como objectivo constituir uma plataforma de partilha de conhecimento, assente na práxis metodológica de investigadores e profissionais do design cuja experiência científica, académica e de terreno reflectem variadas perspectivas, disciplinas e campos de actuação em design: Design e Ecologia, Design de Produto, Design Gráfico, Design Digital, e Gestão do Design constituem algumas das áreas que nesse âmbito serão exploradas.

Com organização da responsabilidade da Prof. Inês Secca Ruivo, do Departamento de Artes Visuais e Design da Universidade de Évora, o evento contará com a participação de investigadores de reconhecido mérito nacional e internacional nas áreas do Design de Produto e do Design de Comunicação. Nesse contexto destacam-se os nomes do Prof. Bernhard E. Buerdek, da Hochschule für Gestaltung Offenbach am Main, na Alemanha, e do Prof. Eduardo Herrera, da Facultad de Bellas Artes da Universidade do País Basco.

Assinala-se ainda que o logótipo do evento é fruto de um concurso promovido junto dos alunos do primeiro ano da licenciatura em Design, cujo vencedor foi o aluno Diogo Dantas sob a coordenação da Prof. Célia Figueiredo, co-autora do projecto gráfico.

Oradores

Bernhard E. Buerdek Design - from 20 to 21
Hochschule für Gestaltung [HfG] I Offenbach am Main I Alemanha

Eduardo Herrera Design signs
Facultad de Bellas Artes I Universidad del País Vasco – Euskal Herriko Unibertsitate

Célia Figueiredo Design Editorial - Revistas de Moda/Tendências
Departamento de Artes Visuais e Design I Universidade de Évora – Escola de Artes

Elder Monteiro A influência dos softwares CAD nos objetos de Design
Departamento de Artes Visuais e Design I Universidade de Évora – Escola de Artes

Inês Secca Ruivo EcoBio Design – Emoção e Eficácia como Estratégia
Departamento de Artes Visuais e Design I Universidade de Évora – Escola de Artes

Isabel Dâmaso Design e Investigação
Faculdade de Belas Artes I Universidade de Lisboa

João Castro Identidades Dinâmicas
Departamento de Artes Visuais e Design I Universidade de Évora – Escola de Artes

Jorge dos Reis Clarim Fonética: Uma nova ferramenta pedagógica na sala de aula, uma fonte tipográfica, um alfabeto fonético, uma estratégia visual
Faculdade de Belas Artes I Universidade de Lisboa

Katja Tschimmel Design Thinking – motor para a inovação nas organizações
ESAD I Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos

Miguel Bual Design e interfaces de aroma
Departamento de Artes Visuais e Design I Universidade de Évora – Escola de Artes

Paulo Parra Design Protético e Design Simbiótico
Faculdade de Belas Artes I Universidade de Lisboa

Tiago Navarro Os problemas da metodologia no Design Editorial: o caso do rdesign Reconquista
Departamento de Design de Comunicação e Produção Audiovisual I Instituto Politécnico de Castelo Branco

Promotor
CHAIA - Centro de História de Artes e Investigação Artística | Universidade de Évora
FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia

Parceiros
IIFA - Instituto de Investigação e Formação Avançada | Universidade de Évora
Escola de Artes | Universidade de Évora
MADE - Museu do Artesanato e do Design de Évora | Colecção Paulo Parra

Apoios
Turismo do Alentejo, E.R.T.
Milideias - Comunicação Visual, Lda.

Organização
Inês Secca Ruivo
Tel.: +351 965 852 873
miruivo@uevora.pt
isruivo@gmail.com

Secretariado: Dra. Carmen Cangarato
CHAIA - Palácio do Vimioso
Largo Marquês de Marialva, 8
7000-809 Évora
Tel.: +351 266 706 581

Inscrição e Pagamento:
A inscrição deverá ser efectuada online na página do CHAIA até ao dia 25 de Janeiro. O respectivo pagamento poderá ser realizado por multibanco ou transferência bancária (conta nº 0035 0297 0006796113073 da Caixa Geral de Depósitos) anexando comprovativo após confirmação da inscrição online, ou também, de forma presencial no CHAIA ou junto da Prof.ª Inês Secca Ruivo.

Preço:
€ 4,00 - para alunos e antigos alunos dos cursos de Design da Universidade de Évora
€ 5,00 - para alunos e docentes do ensino universitário
€ 10,00 - para o público em geral

Évora Perdida no Tempo - Refeitório do Seminário Maior


Refeitório do Colégio de Nossa Senhora da Purificação (Seminário maior), em Évora.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1966
Legenda Refeitório do Seminário Maior
Cota DFT4334 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Monumentos de Évora - Solar dos Cogominhos

A Torre/Solar dos Cogominhos, mansão fortaleza localiza-se em Torre dos Coelheiros, freguesia cuja sede se situa a cerca de três léguas de Évora. Ninguém sabe aquando remonta a origem da povoação. É, porém, dado como certo que Pedroalvez, o primeiro dos Cogominhos, era senhor daquelas terras e «se achou com Giraldo Pestana, o Sem Pavor, na tomada de Évora, e levou a Coimbra as chaves das cinco Portas daquela praça a El Rei Dom Afonso Henriques ». Assim o escreveram Frei Bernardo de Brito na primeira parte da “Crónica de Cister”, entre 1597 e 1602, e António Villas Boas e Sampaio na “Nobliarchia Portugueza”, publicada em 1676.

A autoridade dos Cogominhos estendeu-se então aos domínios de Oriola e Alvito e alguns dos seus descendentes foram para Lisboa, adquirindo prestígio junto da Corte. Um dos que mais se distinguiu fora da sua região foi Nuno Fernandes Cogominho, feito Almirante de Portugal por D. Sancho II. Coube contudo a Fernão Gonçalves Cogominho, filho bastardo do Cónego da Sé de Lisboa, D.Gonçalo Fernandes Cogominho, a iniciativa de instituir o morgadio de Fonte dos Coelheiros (cães especializados na caça aos coelhos e às lebres) no termo de Évora, decorria o ano de 1357.

Fê-lo agregando-lhe «todos os seus direitos e pertenças e casas e vinhas, torre, pomar, fontes, ribeiros, azinhal, soveral , matos», por entender ser necessário garantir ao seu filho primogénito os bens suficientes para a manutenção do seu estatuto social. E acrescentou o argumento de que «a partição das heranças pelos herdeiros era azo de não poderem os filhos manter a honra dos padres e dos seus avós e as linhagens ficavam em grande míngua e caíam os estados e honras que antigamente houveram».

Como se pode verificar por uma leitura atenta da instituição do morgadio, a torre já integrava os seus activos, tendo sido construída ou finalizada nesse mesmo ano, conforme é defendido pela maioria dos historiadores. D. Afonso IV ajudou quer a uma quer a outra coisa, dado que Fernão Gonçalves havia sido seu meirinho-mor, copeiro-mor e companheiro na batalha do Salado. O bastião, de planta quadrangular, em alvenaria de pedra, atinge os 13 metros de altura e é coroado por merlões (parte saliente de uma fortificação) em estilo mourisco, colocados entre cunhais, seteiras e mata-cães, aparelhados em cantaria de granito. Nessa altura era tido como a mais elevada fortificação do Alentejo, de entre as que ficavam fora das cidades, divisando-se do seu alto Monsaraz, Terena, Alandroal, Portel, Évora, Évoramonte, Monte Trigo, toda a Serra de Ossa pela parte Sul e parte da Serra Morena, em Espanha.

Depois a torre, que já mudara o nome à terra e ao morgadio, passou a paço, tendo-lhe sido incorporadas, no piso térreo, alas exclusivamente para salões. No decurso dos séculos XVII e XVIII recebeu dois corpos laterais rectangulares, compostos por pavimento térreo e sobrado, «com frente regular de dez janelas, sobre dupla escadaria de granito», aumento que muito se ficou a dever ao espírito de iniciativa de Diogo Xavier de Mello Cogominho. Nas memórias paroquiais de 1758, o Padre Joseph Gomes Saramago regista-o como compreendendo «várias cazas, em três andares ou pavimento». Por essa altura já a povoação tinha passado a paróquia e os bens da família Cogominho ultrapassado a légua de comprido do dito morgadio, alargando-se por mais herdades, ricas em «trigo, sevada, senteyo, e grandes montados de azinho e sovro». 

Todo este vasto património se viria a desmoronar com a lei liberal da extinção dos morgadios, criada por Mouzinho da Silveira em 1832, mas que só entrou em vigor no reinado de D. Luís por Carta de Lei de 19 de Maio de 1863. Alegou-se que a mesma tinha o fito de acabar com a desigualdadeimoral entre irmãos, mas tudo isto não passava de uma falácia, pois o que se pretendia era acabar com as grandes fontes de riqueza da monarquia rural, enfraquecendo-a nos seus alicerces financeiros.

A fragmentação do morgadio pelos diversos herdeiros vibrou um golpe fatal. As diversas parcelas daí resultantes foram vendidas. A Torre também encontrou compradores que, no entanto, pouca atenção lhe dedicaram. Devido à falta de conservação o edifício entrou em fase de acentuada degradação por volta de 1920. Para evitar a sua completa e definitiva ruina o seu último proprietário, João António Lagartixo, oriundo de uma conhecida família de Redondo, decidiu doá-lo à Câmara Municipal de Évora, no ano de 1957.

Ficou então consignado que o seu restauro seria orientado e aprovado pala Direcção Geral dos Monumentos Nacionais e na Torre ficariam sediados um edifício escolar e a Junta de Freguesia. Condição totalmente aceite, o que levou à sua classificação, por Decreto Lei de 18 de Julho de 1957, como Imóvel de Interesse de Público. Resta acrescentar que o compromisso foi integralmente respeitado e a Torre se encontra activa e animada e em excelente estado de conservação. Visita ao mundo rural e à história concelhia a não perder numa tarde de fim-de-semana.

Texto: José Frota