terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Personalidades Eborenses - André de Resende

André de Resende (Évora, por volta de 1500 — 9 de Dezembro de 1573) foi um frade dominicano, um intelectual, um teólogo, um arqueólogo, um especialista da Grécia e da Roma antiga, em suma um grande pensador humanista português. Foi também mestre de Dom Duarte. Filho de Pero Vaz de Resende e de Ângela Leonor de Góis, ficou órfão de pai muito cedo, ingressando aos dez anos no convento da Ordem de São Domingos de Évora.
Em 1533, sabemo-lo de novo em Portugal, no convento de São Domingos, em Évora, sendo então convidado para mestre do infante D. Duarte, o que aceitou, transferindo-se por essa altura da ordem dominicana para a situação de clérigo secular. Regia, simultaneamente, a cadeira de humanidades na Universidade de Lisboa, passando a leccionar, em 1537, na de Coimbra.
André de Resende foi, provavelmente, o pioneiro da arqueologia em Portugal, à qual se dedicou com zelo, devendo-se-lhe o primeiro estudo dos monumentos epigráficos da época romana em Portugal.
Teve uma profunda acção como ideólogo do Renascimento e como pedagogo divulgador dos estudos latinos e gregos, havendo deixado uma vasta produção literária, composta em latim e português. Órfão de pai, desde tenra idade, André de Resende cedo deixa a sua casa para seguir os estudos.
De 1513 a 1517 estuda em Alcalá de Henares, passando, no ano seguinte, ao Estudo de Salamanca, onde se doutorou, tendo como mestre de Grego, Latim e Retórica, o seu compatriota Aires Barbosa. Entre 1518 e 1526, vai até ao sul da França e demora-se por lá dois anos, repartidos entre Marselha e Aix, tendo recebido nesta última cidade as ordens de diácono. Em 1529 estava em Lovaina, entregue a uma grande actividade literária, que culminaria no Encomium urbis et academiae Lovaniensis e no Erasmi Encomiu, dado alume em Basileia em 1531.
Provavelmente em 1530, frequenta a Universidade de Paris, onde, segundo o seu próprio testemunho, cursa as aulas de Grego, regidas por Nicolau Clenardo, que tinha conhecido em Lovaina e a quem havia de ir buscar a Salamanca, em Novembro de 1533, por incumbência de D. João II, para preceptor do infante D. Henrique, o futuro cardeal-rei.
Lovaina a cidade belga onde tomou contacto com as correntes humanistas, tornando-se amigo de personalidades próximas do grande pensador Erasmo.
Em 1531 passa a residir em casa do embaixador português junto da corte de Carlos V em Bruxelas, D. Pedro Mascarenhas, entrando assim no séquito do diplomata. Mas se já então os novos deveres cortesãos obrigam Resende à memória histórico-patriótica e ao poema de circunstância, como foi o Genethliacom Principis Lusitani, composto para celebrar o nascimento do infante D. Manuel, filho de D. João III e D. Catarina.
O seu itinerário coincide com o do embaixador, que ele acompanha por toda a parte. Em 1533 regressa definitivamente ao Reino, indo acolher-se ao seu convento de Évora e, depois, em casa própria onde regia uma escola pública que voluntariamente encerrou em 1555 quando o ensino foi entregue aos Jesuítas tendo então recolhido novamente ao seu Convento. Começa então o ciclo da sua actividade intelectual em Portugal. É a instâncias suas que Clenardo e Vaseu vêm reger em Portugal: o primeiro em Évora, em 1533, e o segundo no Estudo de Braga, em 1538. Vivamente interessado pela arqueologia romana, foi o primeiro a interessar-se pelos restos e antiqualhas encontradas, mas não o move ainda o espírito científico, não hesitando em falsificar inscrições epigráficas. Em vernáculo legou mais dois opúsculos históricos: A Santa Vida e Religiosa Conversação de Frei Pedro e a Vida do Infante D. Duarte, que ficou inédita até 1789, data em que por imcumbência da Academia das Ciências de Lisboa, a publicou o abade José Correia da Serra.
A sua ossada repousa na Sé de Évora.

Obras em português
Vida do Infante D. Duarte, Lisboa, 1789;
A Santa vida e religiosa conversão de Fr. Pedro;
História da Antiguidade da cidade de Évora;
Fala que Mestre André de Resende fez à Princesa D. Joana;
Fala que Mestre André de Resende fez a El-Rei D. Sebastião;


Obras em latim
Narration rerum gestarum in Índia a Lusitanis, Lovaina, 1530;
Epistola de Vita Aulica, Lovaina, 1533;
Genethliacon Principis Lusitani ut in Gallia Belgica celebratm est a viro clarissimo D. Petro Mascaregna regia legato, Mense decembri, Bononiae, 1533;
Oratio pro Rostris pronuntiata in Olisiponensi Academia, clanedis Octobribus, Lisboa, 1534;
De verborum coniugatione commentarius, Lisboa, 1540;
Vincentius, Levita et Martyr, Lisboa, 1545;
Oratio habita Conimbricae in Gymnasio regio anniversario dedicationis eius die IV calend. Julii, Coimbra, 1551;
In obitum D. Joannis III, Lusitanine regis, Conquestio, Lisboa, 1557;
Epistolae tres carmine, Lisboa, 1561;
Carmen Endecasyllabon ad Sebastianum Regem Serenissimum, Lisboa, 1567;
Ad manturandum adversus rebellis Mauros expeditionem cohartiatio, Évora, 1570;
Ad epistolam D. Ambrosii Moralis viri doctissimi, Responsio, Évora, 1575;
De Antiquitatibus Lusitaniae, Évora, 1593;

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