sábado, 2 de junho de 2012

A História do Homicídio em Évora

Guilherme de Bivar Branco Parreira Páscoa é suspeito de assassinar a irmã, Ana Bivar, subdirectora do Igespar, por problemas de partilhas numa família de “gente rica do antigamente”. Já se entregou e vai ficar em prisão preventiva.

Amílcar preparava-se para jantar, em casa. Pouco passava das nove da noite. Laura fumava um cigarro, na esquina. O homem estava parado dentro de um Volvo cinzento, à espera. Ana e Marta saíram de casa desta última, dirigiram-se ao carro dela, um Peugeot 307 azul. Tinham estado ali reunidas com um advogado, várias horas. Desceram as escadas que ligam a rua Dr. César Baptista (historiador) à Mercedes Blasco (escritora, actriz), no Bairro do Granito, em Évora. O prédio onde vive Marta Maria de Bivar Branco Parreira Páscoa, de 44 anos, é um bloco de apartamentos populares que pertenceu a uma cooperativa. As habitações são de qualidade aparentemente inferior à das pequenas vivendas brancas alinhadas do outro lado da rua. Amílcar Oliveira, 55 anos, mecânico, habita uma destas vivendas, mas arrenda duas garagens no prédio de Marta.

Ana Bivar, 51 anos, irmã de Marta, vivia em Lisboa, onde desempenhava as funções de subdirectora do IGESPAR, após ter trabalhado no Ministério da Cultura, como adjunta da ministra Gabriela Canavilhas. Fora a Évora para discutir com a irmã assuntos relacionados com as propriedades da família.

Amílcar ouviu um estrondo. Laura viu o carro aproximar-se a toda a velocidade das duas mulheres. O Volvo acelerou e embateu violentamente contra elas e o Peugeot. O homem saiu do Volvo com uma faca na mão, em direcção às mulheres caídas. Amílcar correu para a rua. “Deixa as mulheres!”, gritou para o outro. Aproximou-se a uns 5 metros. As irmãs estavam deitadas uma por cima da outra. Gritavam. Amílcar viu que o homem procurava criteriosamente o pescoço de uma das mulheres, para a esfaquear ali. E viu-o fazê-lo, sem o conseguir impedir. Levou a mão ao bolso traseiro, quando o outro avançou para ele, levando-o a pensar que teria uma arma. O homicida desistiu. Correu para o carro, que fez recuar até à rua perpendicular logo ali atrás, pela qual enveredou a grande velocidade. Ter-se-á dirigido a Alcácer do Sal, onde reside uma outra irmã, Alexandra Maria. O que é certo é que um homem se entregou no dia seguinte às autoridades, afirmando ser o autor do crime que provocou a morte de Ana Bivar. Chama-se Guilherme de Bivar Branco Parreira Páscoa, tem 42 anos e é irmão de Ana e Marta.

Segundo Amílcar, Ana já estava morta quando chegou a ambulância do INEM, meia hora depois de ter sido chamada, por um outro vizinho. Durante todo esse tempo, Marta esteve sobre ela, tentando reanimá-la, até ela própria ter perdido os sentidos. Ainda pediu a Laura, que presenciou tudo, que fosse a casa dela avisar o companheiro. Laura foi. O Bairro do Granito é um enorme conjunto de vivendas todas brancas, nos arredores de Évora. É uma zona de classe média alta e, até esta quarta-feira, nenhum dos vizinhos se lembra de testemunhar algum acontecimento fora do comum. Amílcar costumava ver Marta na rua, ao fim da tarde, na companhia do filho, a passear o cão.

Nesta sexta-feira, na esplanada frente ao rio em Alcácer do Sal, um grupo de homens acima dos 60 anos discutia o crime. O assunto monopolizava as conversas de cafés, restaurantes e umbrais do Alto Alentejo. “Isso é gente rica do antigamente”, dizia um dos homens da esplanada de Alcácer, referindo-se à família Lynce e aos Parreira Páscoa. Atravessando o rio, para o lado esquerdo, depois daquele povoado, tudo aquilo era deles, dizem os homens.

Passando a ponte, para a outra margem do Sado, tanto faz que se siga a estrada em direcção à Marateca, como se enverede pelo caminho ao longo da margem direita: tudo à volta, de um lado e do outro, é a Herdade da Lezíria. Na sua última versão, já depois de dividida, a propriedade tem mais de 400 hectares, segundo habitantes da zona. A outra parcela, onde se faz exploração de arroz e que pertence ao ramo Lynce da família, tem mais 200 hectares.

Passar a cancela da Herdade da Lezíria é como entrar noutro país. Quilómetros de pinheiros e sobreiros, por estrada de terra, uma calma imperturbável, acompanhada de brisas quentes e chilreios de pássaros. Virando na direcção do rio, chega-se à povoação do Forno de Cal e, logo a seguir, à fábrica de arroz Lynce. Depois, cruzando um riacho, chega-se ao Monte da Herdade da Lezíria, que pertence a Guilhermina, outra das filhas de Francisco Serra de Sousa Lynce, o avô de Ana, Marta, Alexandra e Guilherme Parreira Páscoa. E um pouco abaixo situa-se outro Monte, que até há pouco era propriedade da família Bivar Parreira Páscoa. Ainda há dois anos Guilherme lá tinha uma dúzia de éguas, diz o caseiro de um dos Montes. Depois vendeu a um investidor baseado na África do Sul. Um pedreiro ucraniano está agora a dirigir a obra, do que será um empreendimento de turismo rural.Pouco a pouco, Guilherme, que possuía uma procuração da mãe, Maria Guilhermina Lynce de Bivar Branco para movimentar as propriedades familiares, foi vendendo a herdade em parcelas. Neste momento, segundo os vizinhos, a família já não tem nada ali. É proprietária, sim, de um outro Monte, quase da mesma dimensão, situado na outra margem, perto da povoação da Barrosinha, na estrada que segue até ao Torrão: o Monte de Vale Ferreira.

É um imenso paraíso de verde e água, ainda intacto, mas que Guilherme tinha, ainda segundo vários habitantes da zona, a intenção de vender. O Monte de Vale Ferreira e Alfebre do Mar ainda não objecto de partilhas, pertencendo a Guilhermina, à sua irmã e à viúva de um outro irmão. Com a procuração que detinha, Guilherme pensava poder vendê-lo, mas consta que as irmãs não concordavam. Era esse, entre outros, o principal pomo de discórdia entre eles.

Através de uma acção judicial, as três irmãs tinham recentemente conseguido anular a procuração que favorecia Guilherme, o que o terá deixado furioso. Uma amiga da família em Alcácer, que pediu anonimato, disse que as irmãs se queixavam há algum tempo das ameaças de Guilherme. “Ele tornou-se paranóico, perigoso, nos últimos tempos. Em conversas mais exaltadas, terá ameaçado as irmãs de morte”.

O problema de Guilherme, segundo esta amiga da família, não era apenas o dinheiro e as propriedades, mas a “mania das grandezas”. A família já não tem dinheiro como teve “antigamente”, mas Guilherme, que gostava de se apresentar como negociante de cavalos, não conseguia abdicar de um estilo de vida de aristocrata alentejano. “Tinha uma exploração ilegal de areia”, disse outro conhecido. E “vários negócios estranhos e ilícitos”, segundo outros. Guilherme viveu aqui, em Alcácer (de onde é originária toda a família), mas nos últimos anos mudou-se para Alenquer, e quando vem cá não fala a ninguém. Foi ontem interrogado toda a tarde no TIC de Évora, de onde saiu as 10h30 da noite com a medida de coacção de prisão preventiva.

Interior da Sé de Évora

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Évora: Capital do Megalitismo Ibérico

Os arredores de Évora, e sobretudo o território a Oeste da cidade, constituem, em termos peninsulares, a paisagem megalítica mais diversificada e monumental.
A quantidade e as dimensões dos monumentos megalíticos de Évora relacionam-se, antes de mais, com a posição privilegiada deste território, em termos de transitabilidade natural: de facto, nos arredores da cidade, encontramos o único ponto em que as bacias hidrográficas dos três maiores rios do Sul - o Tejo, o Sado e o Guadiana - se tocam.
O papel estruturante, nas redes viárias primitivas, desempenhado pelos cursos de água e pelos festos - as linhas divisórias das bacias hidrográficas - foi certamente determinante na excepcionalidade do megalitismo eborense.
Por outro lado, se considerarmos o megalitismo como um fenómeno enraizado nas práticas culturais das últimas comunidades de caçadores-recolectores, em face de profundas transformações, vindas do Mediterrâneo oriental, juntamente com o modo de vida agro-pastoril, o carácter específico da área de Évora parece ser uma consequência das dinâmicas dessas comunidades que tiveram, nos estuários do Tejo e do Sado, tal como na Bretanha, dois dos núcleos mais importantes da fachada atlântica europeia.
Os monumentos/sítios, propostos neste Roteiro, não estão isolados. Só no distrito de Évora, conhecem-se, actualmente, mais de uma dezena de recintos megalíticos, quase uma centena de menires isolados (ou associados em pequenos grupos), perto de oitocentas antas e cerca de quatrocentos e cinquenta povoados "megalíticos". Existem ainda alguns raros exemplares de monumentos aparentados, os tholoi, e, na área da Barragem do Alqueva, foi recentemente descoberto um extraordinário santuário de arte rupestre, actualmente submerso. Conhecem-se igualmente cerca de uma centena de pedras com covinhas, monumentos misteriosos certamente relacionados com o megalitismo; com efeito, as covinhas surgem, frequentemente, gravadas nos próprios monumentos megalíticos.

Évora Perdida no Tempo - Aves no Jardim Público


Aves no jardim Público de Évora, junto ao Palácio de Dom Manuel. 

Autor Marcolino Silva
Data Fotografia 1960 - 1969
Legenda Aves no Jardim Público
Cota MCS794 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Mulher morre num atropelamento seguido de esfaqueamento

Uma mulher morreu e uma irmã ficou ferida em estado grave na sequência de um atropelamento, seguido de esfaqueamento, alegadamente por um familiar, na quarta-feira à noite em Évora, disseram fontes dos bombeiros e da polícia.

Fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora adiantou à agência Lusa que "o atropelamento, por um veículo ligeiro de passageiros, seguido de esfaqueamento", provocou ferimentos graves em duas mulheres, que foram transportadas para o Hospital Distrital de Évora.

Segundo fonte do Hospital de Évora, uma das mulheres, de 51 anos, morreu naquela unidade hospitalar e uma irmã, de 44, "está a ser observada" pelos médicos.

Também uma fonte da PSP de Évora confirmou a ocorrência de um "atropelamento, seguido de esfaqueamento", indicando que as duas vítimas e o alegado agressor "são familiares", devendo a desavença estar relacionada com "questões familiares".

O alegado agressor pôs-se em fuga e está a ser procurado pelas autoridades, segundo a fonte da polícia.

Fonte dos bombeiros disse que uma das vítimas seguiu para o hospital em "manobras de reanimação".

Segundo a fonte do CDOS, o atropelamento seguido de esfaqueamento às vítimas, ocorreu na Rua Dr. César Baptista, no Bairro do Bacelo, na periferia da cidade, e o alerta foi recebido às 21.18 horas.

Prestaram socorro às vítimas, segundo a fonte do CDOS, cinco bombeiros da corporação de Évora, apoiados por duas ambulâncias, e uma viatura médica de emergência e reanimação.

Évora Perdida no Tempo - Gincana infantil do Clube Pirata


Criança a prestar provas durante a gincana infantil do Clube Pirata, na Feira de São João (Rossio de São Brás)

Autor Marcolino Silva
Data Fotografia 1969 -
Legenda Gincana infantil do Clube Pirata
Cota MCS4540 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Nuno Crato ajuda a construir "um Magalhães do antigamente"

O ministro da Educação, Nuno Crato, ajudou, nesta quarta-feira, uma turma da Escola Secundária André de Gouveia, em Évora, a construir um relógio de sol que apelidou de “um Magalhães do antigamente”.
"Este relógio é barato. São os azulejos, um bocadinho de giz, de cimento e de tempo. Era um computador do antigamente. Há muitas ciências que se podem aprender e é uma maneira divertida de falar desses assuntos", ironizou Crato, depois de uma aula descontraída em que explicou aos alunos como a projecção de sombra funciona.
A lição, incluída no lançamento da iniciativa "Escola Voluntária" ficou ainda marcada por alguns cartazes e gritos de protesto de cerca de uma dezena de alunos, que o ministro conseguiu ‘fintar' à entrada - porque chegou à escola cerca de meia hora antes do previsto -, mas que se fizeram ouvir enquanto este dava a aula sobre a hora solar.
Nuno Crato desvalorizou o protesto dizendo que "é bom que haja participação cívica, das mais diversas maneiras" numa democracia. O ministro da Educação confessou ainda sentir "saudades" dos tempos em que era professor.
Em Leiria, o património e a importância dos edifícios na vida das pessoas foi o tema da palestra que Fernando Santo, secretário de Estado da Administração Patrimonial e Equipamentos, deu na Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo, onde estudou entre os 10 e os 17 anos.
O governante desafiou a plateia, constituída por estudantes de Arte e Design, a "aproveitar bem os anos de Liceu, para ficarem com boas bases". Crítico em relação à requalificação daquela escola, disse que as obras realizadas reflectem "o gosto dos projectistas", em que "a finalidade é uma questão secundária".
"O projecto é um elemento essencial, pelas consequências que tem para os utilizadores", defendeu Fernando Santo, que durante seis anos foi bastonário da Ordem dos Engenheiros, frisando que "os edifícios são, dos bens produzidos pelo homem, aqueles com quem mais partilhamos a vida".
Usando imagens de inúmeros edifícios pelo Mundo fora, a maioria de arquitectos premiados, apelou aos alunos para que tenham uma "atitude crítica" face à discussão dos problemas e intervenham no "processo criativo", necessitando para isso de ter "conhecimentos abrangentes e de saber trabalhar em equipa".
Fernando Santo revelou ainda que o antigo Liceu Rodrigues Lobo, que funcionou entre 1895 e 1964, altura em que foi construída a actual Secundária, poderá passar para a alçada do Ministério da Justiça, para suprir as limitações do Palácio da Justiça ou para instalar serviços que funcionam em instalações arrendadas, como é o caso do Tribunal Administrativo. O edifício está devoluto e a necessitar de obras, sendo propriedade do Ministério da Educação.
O governante adiantou que o projecto do Campus da Justiça de Leiria - e de mais oito no País - está suspenso, pelo menos enquanto o novo mapa judiciário do País não estiver concluído. O desafio é "fazer muito menos com muito menos dinheiro", aproveitando o património do Estado, que é "enorme" e evitando o desperdício de verbas, nomeadamente em rendas.
Com um orçamento anual de 1400 milhões de euros, o Ministério da Justiça paga, por ano, 50 milhões de euros em rendas, apesar de ser proprietário de mais de mil edifícios ou fracções, onde funcionam, nomeadamente, 440 registos de notariado, 300 tribunais, 49 prisões e oito centro educativos.
Já em Coimbra, na Escola Secundária José Falcão, João Queiró, secretário de Estado do Ensino Superior, deu uma aula com o tema ‘Como funciona o Google?'. Na escola que frequentou há 39 anos, em Coimbra, e perante uma plateia com cerca de 70 alunos, o responsável quis "mostrar a importância e o poder da matemática através de uma temática interessante e funcional no nosso dia-a-dia. O Google e o seu funcionamento pareceu-me um tema interessante para a assistência", referiu o catedrático do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra.
A escola José Falcão aguarda por obras no seu espaço físico. No final da aula, Queiró comprometeu-se a levar um recado da direcção do estabelecimento de ensino até Lisboa. "Levarei a mensagem ao ministro. Esta é uma das escolas que ainda não foram intervencionadas, suponho que as intervenções estão suspensas, mas a mensagem será entregue", indicou o secretário de Estado.
"Com esta aula fiquei com uma noção do funcionamento do Google, que não é tão complexo como pensava. Achei a iniciativa muito interessante e com uma temática cativante", indicou Bernardo Silva, 17 anos, aluno do 12.º ano.

Convento de Santa Clara de Évora

O Convento de Santa Clara fica situado entre as Ruas de Serpa Pinto e de Santa Clara, na freguesia de Santo Antão, em Évora.
Esta antiga casa religiosa de freiras Clarissas foi fundada no século XVI, pelo então Bispo de Évora, D.Vasco Perdigão, apresentando algumas características que individualizaram, na época, as diversas casas religiosas alentejanas, como é o caso das pitorescas janelas rendilhadas das torres/mirantes. A igreja apresenta hoje um aspecto barroco (talha dourada e azulejaria do século XVIII), bem como belas pinturas murais, no alto da nave e nos dois coros. O claustro e outras dependências conventuais, como o refeitório e a Sala do Capítulo, mantêm-se mais ou menos intactos.
Devido à extinção das Ordens Religiosas, o convento encerrou em 9 de Maio de 1903, com a morte da última freira, Maria Ludovina do Carmo. Entrou então na posse do Estado, que nele instalou um Quartel de Infantaria (entre 1911 e 1936. A partir desta última data, passou a servir de Escola Industrial e depois Preparatória, tendo então sida alvo de várias campanhas de restauro, que têm mantido o sóbrio aspecto conventual desta vasta construção, albergando hoje a Escola EB 2,3 de Santa Clara.
Presentemente está instalado na Igreja de Santa Clara o núcleo provisório do Museu de Évora, devido às obras do edifício onde está instalado.

Évora Perdida no Tempo - "Vagabundos do Ritmo" nas Piscinas Municipais


Grupo musical "Vagabundos do Ritmo" no parque infantil das Piscinas Municipais de Évora, inauguradas em 5 de Setembro de 1964.

Autor Marcolino Silva
Data Fotografia 1964 dep. -
Legenda "Vagabundos do Ritmo" nas Piscinas Municipais
Cota MCS 4035 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

terça-feira, 29 de maio de 2012

Évora Poética - Florbela Espanca

Évora Poética!

Donzela Cristã qu' outrora foi Moira.
Mãe, Senhora de mil encantos,
mil suspiros ... aia pagã!

Embrenhada à solidão dum novo-tempo,
sussura pelos cantos
a ausência do bem-amado ...

Na calada da noite,
busca aquele que se perdera outrora
entre ciprestes!
Amado jaz sepultado em Coração incógnito,
vagueando por aí, vivendo ao Deus-dará!

Oh Évora encantada!
Évora sanguinea que minhas veias percorres!
Assim te canto em meus versos!
Assim te faço imortal!
Assim te toca a minh'Alma!

E ao passear-te p'la penumbra,
no rescaldo das Idades ... sinto-te ainda,
em cada madrugada; menina e moça
de boca sinuosa, Florbela Espanca!


Ricardo Louro
(à doce Évora que se funde nos intemporais versos de Florbela Espanca ... em memória da própria Florbela Espanca, que no fundo, é a doce Évora de que vos falo em meus versos.)

Évora Perdida no Tempo - Crianças do Clube Pirata


Crianças do Clube Pirata (do Fomento Eborense) nas Piscinas Municipais de Évora (inauguradas a 5 de Setembro de 1964).

Autor Marcolino Silva
Data Fotografia 1964 dep. -
Legenda Crianças do Clube Pirata
Cota MCS 6331 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A intrigante Capela dos Ossos

A Casa dos Ossos ou do Desengano, como foi primitivamente designada, é um dos monumentos eborenses que mais atenção desperta em quem nos visita. Trata-se de uma capela, ligada à Igreja de S. Francisco, de macabra concepção pré-barroca, em que as três naves estão completamente revestidas por milhares de ossadas humanas retiradas, segundo Túlio Espanca, dos antigos cemitérios, no período de dominação filipina (século XVII).

Umbilicalmente ligada ao espírito religioso dominante no tempo, em que os princípios da contra-reforma imperavam e se proclamava o regresso aos valores morais da primitiva cristandade, a Capela apela à oração, à meditação e à consciencialização da tragédia humana, assente no efémero da nossa existência enquanto corpo corruptível composto de elementos naturais. Simultaneamente introduzia-se, via Concílio de Trento (1536), o culto do Purgatório, um estádio intermédio em que as almas pecadoras ficavam a aguardar pela oportunidade da purificação, só possível de obter através das orações dos fiéis. 

Mas esta é uma tese sem fundamentos bíblicos, sustentam muitos teólogos. A criação da famosa Capela dos Ossos deveu-se à iniciativa de três monges franciscanos que resolveram adequar a esse fim um antigo dormitório existente no Convento, dotado de três espaços longitudinais demarcados por colunas e com a dimensão de 18,70 metros de comprimento por 11 metros de largura, efectuando-se a iluminação (parca) e a ventilação através de três pequenas frestas existentes no lado esquerdo. A entrada faz-se por largo portal renascentista, ladeado por colunas de mármore branco, e cujos capitéis são ornados por um friso de vieiras, conchas de moluscos usadas pelos romeiros em viagem a Santiago de Compostela e desde então tomadas como símbolos de peregrinos.

Logo se depara com o conhecido alerta dirigido a todos quantos se dirigem para o seu interior: NÓS OSSOS CÁ ESTAMOS E PELOS VOSSOS ESPERAMOS. O frontão é ocupado por um quadro representando uma alma do Purgatório. O que reforça a ideia pelo culto das almas do Purgatório em recintos do género. Transposta esta antecâmara entra-se na Capela propriamente dita. Tudo em volta se dissolve numa atmosfera sinistra. Mais de cinco mil ossos, ligados por cimento pardo, forram as paredes e os seis pilares de forma maciça, excepto numa faixa interior, revestida de azulejos do século XVII. 

Mais macabra, porém, é a exposição de dois corpos semi-mumificados, um de adulto, outro de criança, suspensos de uma das paredes laterais. Existiu um terceiro que se desfez por completo há alguns anos. Este aparato lúgubre é ainda reforçado pelo tom deprimente de dois poemas que lembram a brevidade e o carácter transitório da vida. O altar-mor, em talha, só se encontra na Capela dos Ossos desde 1912, tendo vindo do extinto Convento do Paraíso.

Em frente fica uma arca fúnebre com os restos mortais dos três frades fundadores, originários da Galiza. Apesar de ter sido mandada executar em 1629 só ali veio a ser colocada em 1708. Quanto às abóbadas foram pintadas de fresco no decurso do ano de 1810, conforme testemunha uma placa ali colocada na altura, e contêm elementos eucarísticos e da Paixão de Cristo e dísticos latinos adequados. A Capelos dos Ossos ou do Desengano (percebe-se o porquê desta segunda designação) é, apesar do seu ar soturno e intimidatório, um dos mais impressionantes monumentos da cidade. Está aberta ao público todos os dias das 9:00 às 12:50 e das 14 às 17:15 no Inverno e das 9:00 às 12:15 e das 14:15 às 17:45 na época estival. O custo de cada entrada é de 2 euros, beneficiando os estudantes e reformados de uma redução de cinquenta cêntimos, havendo autorização para fotografar ou filmar mediante o pagamento adicional de um euro.

Texto: José Frota 

Évora Perdida no Tempo - Homens ao balcão do Bar das Piscinas Municipais



Retrato de três homens ao balcão do Bar das Piscinas Municipais (inauguradas a 5 de Setembro de 1964).

Autor Marcolino Silva
Data Fotografia 1964 dep. -
Legenda Homens ao balcão do Bar das Piscinas Municipais
Cota MCS 4654 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

domingo, 27 de maio de 2012

PRECISA-SE FORMADOR(A) para Curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores (Évora)

Precisa-se formadores(as) para Curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores.
Os(as) formadores(as)devem reunir os seguintes requisitos:

a) Possuir uma licenciatura em ciências da educação ou áreas análogas, ou
b) Possuir o curso de formação de formador de formadores (que não é o mesmo que curso de formação pedagógica inicial de formadores), ou
c) Possuir licenciatura e 200 horas de experiência formativa na área da formação de formadores, e
d) Posse de CCP.


Os(as) interessados(as) devem enviar Curriculum Vitae e CAP de formador para:

Morada: Competir Évora
P.I.T.E. - Rua Circular Poente n.º 36 , Fração G
7005-328 Évora
E-mail:



Fax: 266 704 259

Para mais informações:
Telefone: 266 709 943
Telemóvel: 916 602 678 / 964 940 5432