A Associação Humana Portugal entregou esta semana os Prémios de Reciclagem Têxtil 2010 às empresas e municípios portugueses cujas populações mais contribuíram com a entrega de roupas e calçado em segunda mão, tendo Évora sido uma das distinguidas.
O prémio, que consistiu num diploma e numa escultura em pedra produzida por artesãos africanos, foi recebido no dia 22 de Setembro (o Humana Day) pela Vereadora Cláudia Sousa Pereira, em representação do município de Évora, e é o reconhecimento do empenho da população na recolha e entrega de roupa e calçado em bom estado nos diversos contentores que a Associação Humana tem colocados em vários locais da cidade.
“A atribuição deste galardão é o reconhecimento ao gesto dos munícipes que quando se disponibilizam meios para darem, têm todo o gosto em contribuírem para uma estrutura que beneficia não só os seus vizinhos, mas gente que está do outro lado do mundo e que também necessita que outros países ajudem, pois eles ainda têm mais dificuldades que nós”, salientou a Vereadora Cláudia Sousa Pereira.
Um gesto “de pessoa para pessoa”, que a Vereadora reconhece, com satisfação, que “tem uma boa finalidade e contribui para alguém no mundo viver em melhores condições”, incentivando a população a prosseguir neste caminho de solidariedade.
Foram contemplados em 2010, na categoria de Municípios, para além de Évora (o município com mais de 10 mil habitantes com maior recolha de quilos por habitante); Benavente (município até 10 mil habitantes com maior recolha de quilos por habitante) e Vila Franca de Xira (com o maior número total de quilos recolhidos). Na categoria de Privados, o prémio foi para a empresa E. Leclerc Amora (Seixal).
Sílvia Martins, gerente de produção, explica como são atribuídas estas distinções: “ Nós todas as semanas fazemos uma estatística dos quilos recolhidos em cada município e em 2010 verificámos que Évora foi o município com mais de dez mil habitantes que recolheu maior número de quilos e, por isso, temos todo o prazer em ter aqui hoje a representante de Évora para receber este galardão e para agradecermos toda a atenção que os habitantes de Évora têm dado ao nosso projecto, pois já há muito tempo que Évora é um dos melhores municípios na recolha de roupa”.
Esta entrega de galardões decorreu na loja Humana (Av. Almirante Reis, 26 –A) em Lisboa, onde funciona também uma das três lojas de roupa em segunda mão que a associação possui em Lisboa e que apresenta um movimento significativo de pessoas que encontram ali vestuário moderno, em muito bom estado e a preços acessíveis.
A Associação Humana nasceu na Dinamarca, existe em mais de 60 países e tem como objectivo a ajuda humanitária internacional em países e comunidades em vias de desenvolvimento. Para conhecer melhor esta associação e o meritório trabalho que dinamiza, vale a pena ir à internet consultar a sua página em www.humana-portugal.org
Cristina Marques, promotora da associação, explicou, à margem da cerimónia, que a Humana está em Portugal há 12 anos, envolvida na reciclagem têxtil destinada a angariar fundos para projectos de desenvolvimento em África, tendo actualmente projectos em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau. Os projectos são nas áreas da educação; agricultura e desenvolvimento rural; comunidade e desenvolvimento; prevenção de doenças transmissíveis; e assistência e emergência.
“Nós recolhemos a roupa e calçado usado de contentores da Humana que existem desde Caldas da Rainha até Évora e neste momento estamos a pensar na expansão mais a norte, para Coimbra, e depois iremos chegar ao norte”, afirma Cristina Marques, explicando como se processa o trabalho:” Recolhemos as roupas em carrinhas ou num camião que os motoristas trazem para o armazém. Uma parte da roupa é enviada para África, para os projectos de desenvolvimento, e a outra parte, fica aqui para pagar a nossa logística”.
Têm também de pagar salários resultantes dos empregos que criam, tanto em Portugal, onde têm 34 empregados, como em África, às pessoas envolvidas na dinamização dos projectos, nomeadamente professores, porque a Humana Portugal não recebe quaisquer verbas, nem do Estado português, nem dos Estados africanos, apesar de eles lhes facilitarem toda a entrada da roupa.
Neste momento, são recolhidas mais ou menos 17 toneladas por dia e à volta de 70 a 80 toneladas por semana. Se houver casos de emergência ou assistência, (caso de alguma catástrofe como foi por exemplo a da Madeira), uma parte daquela que vai para África será canalizada para tal, sendo a outra parte destinada aos projectos.
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