segunda-feira, 11 de julho de 2011

Évora Shopping começa a ser construído em Agosto


A Imorendimento e a Madford Developments vão avançar, em Agosto, com a construção do Évora Shopping, um centro comercial em Évora que deverá ficar concluído no final de 2012.
Com mais de de 16 mil metros quadrados de área, este shopping integra-se num amplo complexo comercial, avaliado em 60 milhões de euros, que já inclui uma loja IZI (artigos de bricolage) com quatro mil metros quadrados e um Retail Park de seis mil metros quadrados já concluído.
O novo centro terá 80 lojas, um complexo de cinemas, um supermercado e zona de restauração, distribuídas por dois pisos. A comercialização das lojas está a cargo da consultora imobiliária Cushman & Wakefield (C&W).
Este é o terceiro shopping a começar a sua construção este ano. O primeiro foi o Alegro de Setúbal que resulta da expansão do hipermercado Auchan e o segundo, o Forum Setúbal, da Multi Development, a empresa que gere os centros comerciais Forum, como o Forum Almada ou Montijo.
Um projecto que surge num momento em que a abertura de novos centros em Portugal tem vindo a cair fortemente. Em 2009 inauguraram 13 shoppings, mas o ano passado foram apenas quatro (e um deles foi uma expansão) e para este ano, a estimativa aponta para três.
“O percurso deste projeto sofreu várias paragens devido aos obstáculos que têm vindo a surgir nos últimos anos. No entanto, estamos numa fase final de fecho do projetos para poder avançar com o início da construção. No nosso entender é um projeto muito importante e de certa forma emblemático, porque apesar do período que atravessamos demonstra que ainda se faz investimento imobiliário em Portugal e ainda há quem queira financiar bons projetos”, disse, em comunicado, o director de gestão de projeto da Cushman & Wakefield em Portugal, Matt Smith.

http://www.dinheirovivo.pt/

Évora Perdida no Tempo - Arco do aqueduto na Porta Nova


Arco do Aqueduto na Porta Nova depois da demolição do edifício que obstruía a Rua do Salvador.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1951 - 1960
Legenda Arco do aqueduto na Porta Nova
Cota DFT7074 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

domingo, 10 de julho de 2011

RTP emite Verão Total desde a Praça de Giraldo

A edição da próxima segunda-feira, dia 11 de Julho, do programa da RTP Verão Total vai ser emitida a partir de Évora, mais concretamente da Praça de Giraldo, com o objectivo de promover a Açorda Alentejana como uma das maravilhas gastronómicas de Portugal.
Com o objectivo de dar a conhecer as 21 finalistas a concurso na eleição das “7 Maravilhas da Gastronomia®” e apelar ao voto da população, a organização junta-se à equipa do programa “Verão Total” da RTP num roadshow por todo o país.
Segunda-feira será vez da Açorda Alentejana, um dos mais representativos pratos da gastronomia transtagana, estar em destaque no programa Verão Total, que ao longo de todo o dia irá animar a Praça de Giraldo. Com este programa, a organização convida a população local e os turistas nacionais e internacionais a descobrir a que sabe Portugal nos dias em que o roadshow tem lugar e a assistir ao programa in loco.
Tânia Ribas de Oliveira e Jorge Gabriel serão os pivots de serviço neste Verão Total, que realça o património de cada terra.
“Esta é uma iniciativa que em tudo se destina à população portuguesa e a quem nos visita. Desde a votação pública, que implica um envolvimento directo dos amantes de cada maravilha, até à própria preservação da gastronomia tradicional, o objectivo é que todos descubram a que sabe Portugal e que aproveitem da melhor forma este Verão”, explica Luís Segadães, presidente das 7 Maravilhas®.
Cada um dos 21 finalistas vai receber um troféu criado pela SPAL, a entregar num momento simbólico durante o programa “Verão Total”.
No apoio à organização, conta-se a participação das Pousadas de Portugal, que como Hotel Oficial desta iniciativa e com a maior rede de restaurantes do país, garante o alojamento ao longo de todo o percurso. Também a Europcar, rent-a-car oficial, possibilita as deslocações no roadshow.
Tanto os apresentadores da RTP como a própria organização vão ter jalecas oficiais “7 Maravilhas da Gastronomia®”, produzidas pela Bragard.

Telepizza Recruta Subgerentes Évora

COLABORADORES (m/f )

Os candidatos a recrutar desempenharão funções de Subgerentes de Loja. Encontramo-nos num processo de expansão de lojas e para tal procuramos colaboradores, em regime de full-time, com o seguinte perfil:

Perfil

• Habilitações mínimas:12º ano (preferencialmente)
• Simpatia e boa apresentação
• Forte orientação para o cliente
• Dinamismo, espírito de iniciativa e de equipa
• Forte capacidade de organização e planeamento
• Disponibilidade para trabalhar em horários rotativos e fins-de-semana
• Experiência em restauração, preferencialmente

Descrição de Funções

Subgerente de loja

Abertura e fecho de loja
Coordenação de equipa nos turnos
Planificar os horários da equipa
Encomendas e gestão de stocks
Auxiliar em todas as tarefas operacionais de loja


Oferecemos: Oportunidade de integrar uma equipa jovem e dinâmica, num Grupo sólido e prestigiado, líder no ramo da restauração que fornece sérias oportunidades de progressão na carreira e formação continua. Remuneração Fixa acrescida de prémios mensais de produtividade.

Para resposta a este anuncio as candidaturas devem ser enviadas para: recrutamento.gerencia@telepizza.pt 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Vice-reitor de Évora acusado de plágio

O vice-reitor da Universidade de Évora José Manuel Caetano está a ser alvo de um processo de averiguações por parte da Inspecção-Geral do Ensino Superior (IGES) na sequência de uma acusação de plágio. Na origem do processo estarão alegadas irregularidades nas referências bibliográficas apresentadas pelo catedrático no currículo da prova de agregação defendida perante o júri nos dias 26 e 27 de Novembro de 2009.
Num despacho a que o CM teve acesso, datado de 1 de Junho de 2011, o então ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, solicitou à academia alentejana informação que permita aferir da necessidade de intervenção do ministério sobre o caso em concreto.
Este documento surge no seguimento das recomendações do relatório da Inspecção no sentido de apurar a gravidade das acusações, solicitando inclusive o envio da informação a ser recolhida pela reitoria eborense ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Évora.
O reitor da Universidade de Évora, Carlos Braumann, confirma as diligências, mas não adianta pormenores por o processo ainda decorrer. "Solicitei parecer que me habilite a apurar a viabilidade jurídica das recomendações do relatório da Inspecção e prestar ao senhor ministro as informações requeridas. Decorre o prazo legal para que o visado se pronuncie. Até lá, não posso pronunciar-me sobre o processo", disse Carlos Braumann.
O CM também tentou obter durante o dia de ontem esclarecimentos sobre este caso junto do professor visado, mas, até à hora de fecho desta edição, não obteve resposta.
José Manuel Caetano é professor da Universidade de Évora na área de Economia e como vice-reitor tem a seu cargo o planeamento, património e finanças da Universidade e a superintendência dos serviços da Reitoria, administrativos, informática e serviços técnicos.

C.Manhã

Cronologia da Implantação da República em Évora (1880-1915)


1880
A 10 de Junho realizam-se celebrações nacionais do 4º Centenário da Morte de Camões. O governo monárquico progressista, que havia mostrado pouco empenho na sua organização, deixa cair a organização nas mãos de elementos republicanos. Os festejos tiveram extraordinário impacto popular, com grandes cortejos cívicos nas principais cidades do país, onde se registaram incidentes e ouviram agravos contra a realeza e os partidos rotativista, mas foi em Évora que os mesmos tomaram proporções inusitadas. Segundo o “Monitor Transtagano” passaram-se nesse dia «cenas de selvajaria na sequência de divergências graves entre cidadãos e oficiais do Regimento de Cavalaria 5», que começaram com bofetões e socos dos militares e acabaram com a resposta dos populares, em muito maior número. No meio da arruaça o governador civil,
o comissário da polícia e alguns oficiais de Cavalaria 5 são agredidos e arrastados na onda de exaltação popular. A 13 de Junho, no rescaldo dos acontecimentos, o Ministério da Guerra transferiu o Quartel General para Estremoz e o Regimento de Cavalaria 5 para Vendas Novas. “O Monitor” comentava dias depois : «Nós estigmatizamos estes factos (...) que não são nem progressistas nem democratas, porém socialistas ou demagogistas (leiase republicanos) o que nos leva a uma situação mais intolerável do que se pertencêssemos a um país de bárbaros». A 30 de Junho uma delegação composta por José de Sousa Matos, José Maria Ramalho Perdigão, Manuel Paula de Rocha Paula Viana e Abel Martins Ferreira, gente influente do concelho, desloca-se a Lisboa para apresentar ao governo um pedido de desculpas e pedindo a revogação de ambas as decisões uma vez que a saída daquelas unidades da cidade acarretava uma perda anual de 100:000$00 e porque, como garantia o “Monitor”, «os díscolos pertenciam à plebe - porque o povo propriamente dito é prudente e digno». A situação foi reposta em meados do mês seguinte.

1881
Em Janeiro é criado, na Rua do Capado, um pequeno centro republicano para apoiar a primeira candidatura do partido às eleições municipais, feita na pessoa de Joaquim Henrique da Fonseca, médico e distinto reitor do Liceu de Évora. A 21 de Agosto realizam-se as eleições municipais no Círculo 114, que abrange os concelhos de Évora, Portel e Viana. No caso de Évora, embora fique longe dos 2.262 votos recebidos pelo candidato governamental monárquico, Joaquim Henrique da Fonseca obtém 117 votos, cotandose na segunda posição. O pequeno centro, local embrionário da presença efectiva dos republicanos no concelho, é posteriormente desactivado.


1883
Em data indeterminada instala-se temporariamente em casa de Bernardo de Matos, na rua que há-de vir a ter o seu nome, o Centro Eleitoral Democrático Eborense, para apoio dos candidatos republicanos aos actos eleitorais desse ano.


1887
Em Dezembro é criado o Centro Republicano Federal Eborense no nº. 90 da Rua do Raimundo, presidido por Pereira de Macedo Júnior. Teve aulas de instrução primária, francês e desenho. Desconhece-se a sua duração, que não foi muito longa.


1888
A 19 de Abril Domingos António Gomes Percheiro, antigo militar e jornalista, republicano e amigo de João de Deus, Antero de Quental e Teófilo Braga, adquire a propriedade do “Diário do Alentejo”, primeiro periódico do género na região a ter como director um republicano. A 26 de Abril Uma semana após ter comprado o referido periódico, Domingos Percheiro é alvo de um atentado e de madrugada a redacção é assaltada quando este procedia à revisão do jornal. Preso durante 10 horas é depois entregue ao poder judicial, acabando por ser solto sob fiança.


1895
É criada a Associação das Classes Construtoras e Artes Auxiliares.


1897
A 19 de Setembro entra em publicação “A Lucta”, semanário manuscrito e copiografado, assumidamente republicano, de «menores e empregados de comércio», cujo director político J. Roberto da Silva se encarrega em vários números de desancar o governo e a fazenda pública. Alvo de uma tentativa de agressão e de diversas querelas movidas em tribunal a publicação acaba por ser interditada pelas autoridades.


1899
A 20 de Abril é suspenso compulsivamente, na sequência da prisão do seu director, Manuel Vicente Ventura, o bi-semanário “A Rabeca”, ligado à facção socialista anarquista do republicano Azedo Gneco. Ligado ao movimento anticlerical dos Círios Civis, o jornal e o director haviam caído em desgraça junto das autoridades locais e do Arcebispo de Évora pelo que ambos foram querelados e condenados.


1900
A 8 de Setembro é fundado o diário local “Notícias d’ Évora”, ligado primeiro ao Partido Progressista e depois ao Partido Regenerador - Liberal e que após a proclamação da República se veio a tornar no seu principal inimigo. Ainda hoje permanece como o mais longevo jornal eborense, apenas encerrado em circunstâncias diversas em 1991. A 5 de Dezembro um grupo de operários apaixonados pela cultura musical funda na rua Pedro Simões o Grupo Operário Recreativo Joaquim António de Aguiar que a partir de 1912 passa à condição de Sociedade.


1902
Circula em Évora o primeiro automóvel, pertença do grande proprietário, lavrador e banqueiro, conselheiro José António de Oliveira Soares.


1904
Começa a publicar-se como semanário independente “A Voz Pública” que tem como director o médico republicano Evaristo Cutileiro.


1905
A 15 de Janeiro Evaristo Cutileiro adquire a propriedade de “A Voz Pública”, que fica com o subtítulo de Semanário Republicano e suspende por algum tempo devido a problemas de saúde do seu proprietário.


1906
A 25 de Novembro, em casa do cidadão Francisco d’Almeida Telles do Valle é criado o Centro Republicano Eborense, que se virá a integrar no Centro Republicano Democrático Liberdade e cuja sede se virá a implantar na rua da Freiria de Baixo 18. A 10 de Novembro o Partido Republicano concorre pela primeira vez às eleições para a Santa Casa da Misericórdia, apostando na manutenção do Cónego Bernardo Chouzal como provedor mas lançando uma lista em que candidata Evaristo Cutileiro a vice-presidente e António dos Santos Cartaxo Júnior, Francisco d’Almeida Telles do Valle, Romão de Carvalho Marquez, José de Paulo Costa e António Joaquim dos Santos como mesários.


1907
A 16 de Março “A Voz Pública“ muda a sua anterior redacção da rua João de Deus para a sede do partido na Rua da Freiria de Baixo e retoma a sua publicação, passando a sair duas vezes por semana. A 25 de Maio é eleita a primeira Comissão Municipal Republicana presidida por Evaristo Cutileiro.


1908
A 11 de Abril realizam-se eleições para deputados. A surpresa esteve prestes a acontecer pois o candidato republicano Evaristo Cutileiro ganha no concelho mas perde no distrito. A 26 de Agosto efectua-se um grande comício republicano no chamado quintalão da rua de Machede em que participam Afonso Costa e Bernardino Machado. A jovem Ana Laura Chaveiro Calhau, com apenas 16 anos, é a primeira mulher eborense a falar num comício político.


1909
A 27 de Fevereiro o Grupo Juventude Republicana, criado no ano anterior, fixa em definitivo a sua sede na rua de Machede, 8 A.


1910
A 6 de Janeiro tem lugar em Machede uma grande sessão de propaganda em que falam José Joaquim Mocho, presidente da respectiva Comissão Paroquial, Francisco Martinho Pereira e diversos dirigentes concelhios. A 14 de Agosto grande comício, às 5 da tarde, na Praça das Mercês em apoio dos candidatos pelo círculo às eleições legislativas: Júlio do Patrocínio Martins, Carlos Amaro, Inocêncio Camacho Rodrigues e Afonso do Prado Lemos. De manhã tinham ocorrido comícios também em Azaruja e Machede. A 28 de Agosto têm lugar as eleições legislativas. Os republicanos ficam a escassos 91 votos do partido governamental. A 5 DE OUTUBRO é implantada a República que é recebida com grande regozijo e entusiasmo em Évora. Nos dias seguintes é nomeado o novo governador civil Estevão Pimentel e a nova Comissão Executiva da Câmara de Évora, presidida por Júlio do Patrocínio Martins. A 1 de Dezembro celebra-se em Évora, como no resto do país, o dia da Bandeira.


1911
É constituída a Associação de Classe dos Trabalhadores Rurais de Évora. A 2 de Abril a Câmara Municipal de Évora aprova o regulamento concelhio da Lei do descanso semanal. A 1 de Maio celebra-se pela primeira vez em Portugal o Dia do Trabalhador. Nas comemorações celebradas em Évora e por proposta da Associação de Classes de Construção Civil e Artes Auxiliares é determinado que a Praça de D. Manuel, (Largo de S. Francisco), assim designada desde 1879, passe a chamar-se Praça 1º. de Maio. A 28 de Maio realizam-se eleições para a Assembleia Nacional Constituinte. Júlio do Patrocínio Martins e Inocêncio Camacho Rodrigues são eleitos por Évora.


1912
Nos primeiros dias do ano está confirmada, também em Évora, a cisão no Partido Republicano Português. Este fica bastante desfalcado, pois muitos dos seus membros aderem ao Partido Republicano Evolucionista e um pequeno número ao Partido Unionista. A 6 de Janeiro rebenta a greve geral dos trabalhadores rurais, que se estenderá por cerca de duas semanas e alargará por solidariedade aos sindicatos de Lisboa e sul do Tejo. A 3 de Abril D. Augusto Eduardo Nunes, Arcebispo de Évora, é exilado por dois anos para fora da diocese, por críticas continuadas à Lei da Separação da Igreja e do Estado. A 8 de Julho começa a ser desmantelada uma ramificação local afecta a uma incursão monárquica intentada na zona norte por Paiva Couceiro. A 25 e 26 de Agosto tem lugar em Évora o I Congresso dos Trabalhadores Rurais


1913
A 9 de Setembro morre no Sanatório da Covilhã Evaristo Cutileiro, a figura maior de republicanismo em Évora. O corpo é trazido para Évora, tendo-se incorporado no seu funeral mais de cinco mil pessoas. De 19 a 23 de Outubro reúne em Évora o I Congresso da Classe Corticeira A 7 de Dezembro realizam-se eleições para a Junta Central e para a Câmara Municipal. Contra todas as expectativas o Partido Republicano Português, agora dito Democrático, vence o Partido Republicano Evolucionista, entrando este a partir daí em acentuado declínio.


1914
A 7 de Julho o desconhecido António Maria da Costa Moura Augusto passa a presidir à Comissão Municipal Republicana. A 17 de Setembro é criada a Escola Industrial da Casa Pia de Évora. A 21 de Setembro populares assaltam e incendeiam as instalações do “Notícias d’Évora” por suspeitas de colaboracionismo nas tentativas monárquicas de derrube do regime.


1915
A 24 de Agosto reúne pela primeira vez a comissão organizadora de “A Pátria – Companhia Alentejana de Seguros”.

Texto: José Frota

Templo Romano na Actualidade

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O Edifício de S. Pedro (Antiga Igreja Paroquial e Antiga Direcção-Geral de Viação)


O “Edifício de S. Pedro”, actualmente propriedade da Câmara Municipal de Évora, situa-se na Rua Diogo Cão, junto ao Pátio do Salema, e foi até ao século XIX a Igreja de São Pedro – e este topónimo “S. Pedro” remonta ao século XII, mas passa a designar esta rua a partir do século XIV, e até ao século XIX, altura em que lhe é atribuída a denominação de Rua Diogo Cão.

Existe a tradição eclesiástica e erudita de que em 1186 esta era uma ermida de templários, os quais terão procedido à sua reedificação e ampliação. Gabriel Pereira defende que não há motivo para rejeitar esta tradição, pois nas obras de adaptação da igreja a Escola Normal, finais do século XIX, foram encontradas várias pedras tumulares e outros elementos de arquitectura e de escultura, como mísulas, que comprovam tratar-se de um edifício muito antigo. Este historiador noticia também o aparecimento de um forte muro correndo em direcção discordante das paredes do edifício e de outra qualquer próxima, o que, na sua opinião, seria pertença de um edifício considerável outrora ali existente, e refere ainda um fragmento com uma inscrição árabe numa parede. A combinação de todos estes elementos permitem-lhe admitir a existência de um templo moçárabe.

Algumas destas informações foram confirmadas por trabalhos arqueológicos recentes, que revelaram enterramentos correspondentes a períodos cronológicos distintos, desde o século VI ao XV.
Os Padres Manuel Fialho e António Franco, no século XVIII, referem que neste local estava localizada a primeira Sé, anterior à actual. Todavia, o Cónego Júlio César Baptista considera que há um desencontro cronológico que obriga a pôr de lado a igreja de S. Pedro como sede da primitiva catedral: o mais antigo documento conhecido sobre a igreja de S. Pedro é de 1280, e demonstra já então existir a paróquia de S. Pedro, organizada, com prior e raçoeiros. Se esta igreja tivesse sido a primeira Sé, só poderia ser paroquial depois de 1308, data da abertura ao culto da actual Sé, e não podia intitular-se de S. Pedro, mas de Santa Maria, nem podia ter colegiada, com prior e raçoeiros.

Em 1302 esta Igreja passou a integrar o padroado do Bispo de Évora e em 1312 foi elevada a sede de paróquia, possuindo rendas e proventos avultados e o seu primeiro prior foi Lourenço Anes de Oliveira. Aliás, até ao século XIX aqui se manteve a paróquia de S. Pedro , embora, consoante as várias obras realizadas na igreja, essa sede se fosse transferindo, ora para a Igreja de S. Vicente, ora para a de S. Francisco, onde se estabeleceu definitivamente em 1862.

Entretanto, a Igreja de S. Pedro sofreu obras de beneficiação em 1438, mas foi no século XVII que se registaram grandes transformações promovidas pelo Arcebispo D. Frei Luís da Silva Teles, por voto que fez a S. Pedro, se o livrasse duma perigosa doença. Este velho templo era então uma “egreja antiga e de indigesta symetria e fabrica” e “subterrânea, mal ornada e sem asseio”, pelo que lhe chamavam a “adega de João Baptista”.

Estas obras foram as seguintes: da velha igreja foi tudo derrubado, excepto as paredes-mestras, as quais foram levantadas para que a igreja ficasse com altura de pé direito proporcional à largura; foi feito um novo arco para a capela-mor; no corpo da igreja foram abertas duas janelas rasgadas para boa iluminação da igreja; todas as paredes foram cobertas com azulejos, com painéis da vida de S. Pedro; foi feito um novo coro fora da porta principal sobre um novo alpendre de pedraria; ao lado da parte da epístola, à entrada da porta principal, abriu-se outra porta para uma escada que serve para o coro e para um novo campanário, com dois sinos; foi aberta uma capela para a pia baptismal, entre outras alterações. Foram adquiridos objectos para o seu embelezamento e para o culto litúrgico, dos quais destacamos um painel representando “S. Pedro de joelhos recebendo as chaves da Igreja da mão de Cristo”, de autoria do pintor Bento Coelho da Silveira.

Além do altar-mor onde estavam as imagens de S. Pedro e de S. João Baptista, existiam dois altares colaterais: da parte do Evangelho o da Senhora da Glória e da parte da Epístola o de Cristo crucificado; e o altar de Santa Catarina.

Em Janeiro de 1881 procedeu-se a obras de transformação para adaptação desta igreja a Escola Normal, inaugurada solenemente em 16 de Outubro de 1884, quinta-feira e dia do aniversário da rainha D. Maria Pia. Foi a primeira Escola Normal de 2ª. classe no país e deveu-se à acção desenvolvida pela Junta Geral do Distrito de Évora e pelo Sr. Barjona de Freitas, ministro do reino.

As obras estiveram a cargo do engenheiro Pelouro, o primeiro a utilizar em Évora as vigas de ferro de “duplo T”, enchendo os vãos com pequenas abóbadas de tijolo. Os trabalhos foram depois dirigidos pelo engenheiro Pinho. E a propósito desta remodelação refere Gabriel Pereira: “Quem diria que a velha e arruinada igreja de S. Pedro se poderia transformar n’um bello salão com seu elegante vestibulo, n’um gabinete, em duas bellas salas escolares, e ainda a sala das collecções, todas com muita luz, e com um certo ar de elegância e distincção que a principio se não previa.” Tratava-se pois de um edifício de amplas janelas e espaçosas salas, uma delas com a área de 154 m2 destinada à aula de ensino elementar e complementar (escola primária anexa) e servida por um elegante vestíbulo.

A 12 de Janeiro de 1960, através de uma escritura de permuta, a Câmara Municipal de Évora entregou ao Estado o Convento de Santa Mónica e o Estado entregou à Câmara a antiga Igreja de S. Pedro. Neste edifício funcionou então, durante muitos anos, a Direcção-Geral de Viação e na década de noventa do século XX, e após novas e profundas obras, nele foram instalados alguns serviços da autarquia.

Subsistem assim poucos vestígios dos anteriores edifícios religiosos; destacam-se apenas o portal gótico e a porta de madeira do Brasil, almofadada e armoreada da época do Arcebispo D. Frei Luís Teles da Silva; a capela baptismal, do século XV; e a escadaria para o antigo coro, com azulejos monocromos, em lambris baixo, de padrão vegetalista, do século XVII.

M. Ludovina Grilo

Évora Perdida no Tempo - Largo Joaquim António de Aguiar


Edifício no largo Joaquim António de Aguiar.
Autor David Freitas
Data Fotografia 1949 c. -
Legenda Largo Joaquim António de Aguiar
Cota DFT2895 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Évora no lançamento do turismo em Portugal (1911)



Évora sempre foi uma cidade procurada pelos turistas, um termo que passou a designar, a partir do terceiro quartel do século XIX, todos os que, tendo possibilidades de o fazer, gostavam de viajar e conhecer mais mundo que aquele que ficava à sua beira. Este rasgar de novos horizontes, por razões culturais, lúdicas ou por vezes para mudar de ambiente gozando outros ares, foi indubitavelmente favorecido pela difusão do caminho-de-ferro e mais tarde do automóvel, meios de transporte que encurtaram o tempo da viagem e levaram à paulatina construção de infra-estruturas de suporte e apoio à actividade.


Curiosamente, em Portugal as viagens e estadias desta natureza faziam-se por razões de veraneio balnear (existência de praias, frutuoso contacto com o mar) ou por exigências de ordem terapêutica (frequência de estâncias termais). Em torno destes locais se foram erguendo hotéis, casinos e campos de jogos. Em 1906 era criada a Sociedade de Propaganda de Portugal, uma sociedade de iniciativa privada, que visava a promoção do turismo a nível interno e externo, sendo que o primeiro deveria estar assente nas estâncias termais e o internacional basear-se na Madeira e em Lisboa.


Em Évora, contudo, pensava-se e bem que os seus monumentos constituíam uma atracção que deveria ser valorizada. As ligações ferroviárias com Lisboa, Barreiro, Setúbal e Faro tinham-se intensificado e até o serviço de diligências funcionava muito razoavelmente sem atrasos de maior. A propaganda da cidade ia-se fazendo com assinalável sucesso. Em 1871 o Governo Civil fizera editar um “Roteiro da Cidade de Évora e breves notícias dos seus principais monumentos” e em 1900 Caetano da Câmara Manoel publicara em edição de autor, um opúsculo designado “A Cidade de Évora”, com apontamentos similares sobre o burgo e seus monumentos.


Entrementes, no lapso decorrido entre 1880 e 1909 foram calcetadas diversas praças e ruas. Destes melhoramentos e benefícios usufruíram a Praça de Giraldo, Largo de D. Manuel (de S. Francisco), Rua do Raimundo, Rua Ancha, Rua de Machede, Rua do Paço, Rua dos Infantes, Rua dos Mercadores e Rua de Avis. No ano de 1904 fez-se igualmente o calcetamento da estrada que vinha da estação de caminho-de-ferro até ao Rossio, que viria a ser baptizada como Avenida de Barahona. Melhoravam-se desta forma a acessibilidade às zonas mais importantes da cidade e a circulação e mobilidade interiores e acabava-se com o ambiente poeirento dos dias de Verão ou os lamaçais provocados pelos longos dias de chuva.


No tocante a alojamentos Évora estava bem servida. Existiam três hotéis: “Hotel Eborense” de José Augusto Anes, situado no Largo da Misericórdia, actual Solar do Monfalim, que se apresentava – e era sem pinga de dúvida – «como o melhor da província do Alentejo, com estabelecimento de banhos, sala de visitas e bons aposentos para famílias»; o “Hotel Chiado”, no Largo de S. Domingos ou Praça de D. Pedro, que começara por pertencer a Antónia Tomásia Correia e passara em 1909 para a propriedade de Manuel Duarte d’Almeida, dispondo de «quartos muito elegantes, bons aposentos para famílias, sala de jantar, sala de Banho e serviço de cicerones para os senhores forasteiros»; e o “Hotel Central”, localizado na Praça de Sertório, 42, perto dos Paços do Concelho.


Uma dúzia de estalagens completava o leque dos serviços de oferta no ramo da hospedaria. As melhores e as mais demandadas ficavam estrategicamente situadas na Avenida de Barahona, junto à estação ferroviária e pertenciam a Alexandre Matias (que a venderia em meados dos anos 20 à Guarda Nacional Republicana para aí instalar definitivamente o seu quartel) e a Francisco José Cutileiro. No Largo de S.Francisco, onde funcionava o Mercado, estavam registadas três, e na Rua de Avis outras tantas, estando as restantes domiciliadas na Rua do Paço, Rua do Muro, Rua de Machede e Rua do Landim.


Em termos de serviço de transportes internos a situação era bastante boa, dado que existiam quatro empresas detentoras de diligências. No início de 1911 era no entanto o solicitador Florival Sanches de Miranda quem dominava esta área, tendo estabelecido em Évora, em sociedade com Brás Simões, a primeira empresa de Aluguer de Automóveis e mais tarde tomado de trespasse a Empresa de Transporte de Trens d’ Aluguer. Podia dizerse que Évora estava bem apetrechada para bem acolher quem a quisesse visitar.


Aconteceu que entre 12 e 19 de Maio desse ano decorreu na Sociedade de Geografia de Lisboa o IV Congresso Internacional de Turismo. Organizado pelo Ministério do Fomento, tutelado pelo alentejano Brito Camacho, esse evento marcou a institucionalização do Turismo em Portugal com a criação da Repartição do Turismo que ficou sob a dependência da Secretaria Geral do referido Ministério. Para o terceiro dia da reunião, a 14 de Maio, ficou agendada uma visita a Évora, para mostrar as potencialidades da cidade enquanto local de muito interesse do ponto de vista histórico-monumental e fora do tradicional binómio praia/termas.


Na data aprazada, logo pela manhã, cerca de 120 congressistas, entre portugueses, espanhóis, franceses e ingleses, chegaram à estação de caminho-de-ferro onde foram festivamente recebidos pelas autoridades citadinas. Foi em cortejo que toda a gente caminhou para a sede da Sociedade Operária Joaquim António de Aguiar, ainda situada na Rua João de Deus, em cujo salão nobre se realizou a sessão oficial de recepção e boas vindas à comitiva. Ainda na parte matutina os forasteiros apreciaram uma exposição de objectos de arte ornamental na Biblioteca Pública e visitaram com algum detalhe os principais monumentos da cidade.


O almoço para 200 talheres, como escreveu um repórter da cidade, teve lugar no Teatro Garcia de Resende, encontrando-se as frisas e os camarotes de 1ª. ordem apinhados de senhoras, tendo muitas delas participado no arranjo e decoração do cenário. Os homens ficaram numa grande mesa armada na plateia em forma de U. Para a posteridade e curiosidade geral aqui se reproduz fielmente a ementa apresentada
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Sopa de purée – Pasteis de vitella
Mayoneze de pescada com alcaparras
Frangãos aux Champignons
Ervilhas com paio - Escalopes de vitella
Salada de alface – Neve de laranja
Pudding Flandres – Doces variados
Fructas variadas - Vinhos Madeira
Collares e Bucellas – Champagne
Porto – Café e Licores
Depois do repasto, que se prolongou por algumas horas, os congressistas deslocaram-se ao Armazém Geral Agrícola para observar uma exposição de cortiças manufacturadas. A jornada terminou com uma Grandiosa Parada Agrícola no Rossio de S. Brás a que assistiram milhares de pessoas. A esmagadora maioria dos congressistas regressou a Lisboa ainda nesse dia pois os trabalhos prosseguiam no dia seguinte. Outros que tendo estado em Évora acompanhados por familiares, decidiram demorar mais 24 horas, pernoitando na cidade. 

Para estes e para os habitantes houve iluminação pública geral e música interpretada pelas diversas filarmónicas da urbe. Na hora da abalada congratularam-se com as excelentes condições da cidade para apostar no seu desenvolvimento turístico. Com a instauração da República e por via da sensibilidade de Brito Camacho, um ministro alentejano de boa ascendência, Évora pôde assim marcar presença no IV Congresso Internacional de Turismo e participar no acto fundador da primeira organização oficial de Turismo em Portugal.

Texto: José Frota

Évora Perdida no Tempo - Torre de Sertório


Torre de Sertório. Desde 1869 que se encontra aqui instalado o posto de observação meteorológica.
Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1960
Legenda Torre de Sertório
Cota DFT7279 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

terça-feira, 5 de julho de 2011

Semana dos Palhaços começa hoje nos Jardins da Malagueira




17º Festival Évora Clássica começa hoje


«Rituais do Oriente e de África»

O rito, este espaço-tempo que se instala no nosso quotidiano como uma pontuação, permite a este corpo do Oriente e da África, envolver-se do ornamento dos deuses e dos espíritos e franquear a linha de um outro mundo de representação. Abandonar o nosso mental e convidar a nossa emoção a percorrer uma paisagem desenhada por um outro gesto.

As danças sagradas cultivam a ambiguidade de uma sensualidade simultaneamente carnal e espiritual, quer com os corpos africanos possuídos pela lua cheia, quer com os corpos indianos maquilhados e acrobáticos evocando o amor divino de Krishna e dos seus Gopis. «O homem indiano não aspira à divindade; é o deus que, na sucessão de encarnações, escolhe fazer-se homem. » (Lyne Bansat-Boudon, Introdução ao Teatro da Índia antiga – Pléiade)

O culto de uma beleza celeste e depurada torna-se num refúgio onírico, num chamamento para a eternidade, face às preocupações comezinhas dos nossos destinos efémeros e da actualidade alarmista dos tempos modernos.

As artes e as músicas tradicionais vêm de uma época em que a espiritualidade fazia parte integrante de todo o processo de criação. A arte indiana e a dança, elas mesmas, deixarão progressivamente o recinto secreto do templo para o aparato do ouro dos palácios. A beleza física quer-se assim a imagem celeste da eternidade.

A emoção desordenada e rápida do corpo que conduz ao transe anárquico, o de um sufismo ao mesmo tempo agreste na sua prática e extremamente sofisticado na sua poesia, como o da confraria Skallia de Fez, continua, ainda hoje, uma realidade, apesar das pressões de um islão ortodoxo.

Viver intensamente o efémero do momento presente é em si mesmo uma maneira de abordar o sentimento da eternidade e de apreender a ideia da morte. « Quando eu nasci toda a gente ria, mas eu chorava ; mas quando eu morrer, o mundo chorará à minha volta e eu rirei » dizia Kabîr, o grande poeta de Bénarès (1440 – 1518).

À imagem dos quadros vivos dos jovens gotipuas da Orissa, que flutuam, por magia, no ar alguns segundos, apenas para celebrar o poder de um deus criança, músico sedutor, as artes tradicionais apresentadas este ano em Évora são um convite para desafiar o tempo durante alguns dias.

Reviver esta sensação iniciadora dos rituais de África com as Máscaras da lua em que o homem procura ao mesmo tempo imitar e apropriar-se da natureza, é uma maneira de melhor apreender a arte humana e de ir, este ano, à procura de emoções ainda mais intensas.



Alain Weber
Director artístico



Programação

Terça Feira 5 Julho de 2011 - Noite Africana
22h - Palácio Cadaval
As Mascaras da Lua - O Sagrado revisitado, Burkina Faso
As máscaras dos contadores são a incarnação da divindade Do. A partir do momento em que veste o hábito branco, o iniciado deixa de ser um homem...

Quarta Feira 6 de Julho de 2011 - Noite Indiana
22h - Palácio Cadaval
Gotipuas - Os jovens bailarinos, herança da Aldeia Raghurajput
A beleza incandescente e divina de Krishna e Radha encarna-se nestes quadros vivos em que o bailarino se transforma em motivo pictórico.

Quinta Feira 7 de Julho de 2011 - Noite Marroquina
22h- Palácio Cadaval
Marouane Hajji e o conjunto Akhawane El Fane - Cânticos Sufis da Confraria Skallia de Fez, Marrocos
Foi dito «Se o Oriente é a terra dos profetas, o Ocidente (Magrebe) é a terra dos santos (Awliya)»

Évora Perdida no Tempo - Sala de depósito da Biblioteca Pública de Évora


Aspecto de uma das salas de depósito da Biblioteca Pública de Évora.
 Autor David Freitas
Data Fotografia 1969 Março -
Legenda Sala de depósito da Biblioteca Pública de Évora
Cota DFT5070 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME