quinta-feira, 13 de abril de 2017

"A minha escola, Arquivo de 1910 a 1974" no Arquivo Distrital de Évora

O Arquivo Distrital de Évora recebe a exposição itinerante "A minha escola, Arquivo de 1910 a 1974" patente no Arquivo Distrital de Évora entre o dia 11 de abril e o dia 15 de maio.
Organizada pela Delegação Regional de Educação do Alentejo, pela Câmara Municipal de Évora e pelo Arquivo Distrital de Évora, a exposição incide sobre a pedagogia, sobre os edifícios e os equipamentos escolares e sobre a administração escolar durante a Primeira República e o Estado Novo, recordando os tempos de escola de várias gerações de Portugueses.

Na exposição poderá recordar os livros, os diplomas, os hinos, as carteiras e os edifícios escolares.





Casa Nobre da Rua do Raimundo nº112


Desconhece-se a quem se deve os fundamentos deste interessante imóvel, exemplar de arquitectura civil dos fins do séc. XV, que se construiu cerca de 1492 (data moderna afixada no alçado posterior do lado da horta) e sofreu reparações substanciais em 1894 e 1956, estas feitas pelo proprietário Manuel Dias Descalço, a cujos herdeiros pertence na actualidade. Em 1591 habitavam em casas apalaçadas nesta rua D. Joana de Vasconcellos, viúva do claveiro, e o cónego Francisco de Macedo, personagem da câmara do Cardeal-Infante D. Henrique, irmão do comendador Manuel de Macedo, dono do edifício, que residia em Alenquer mas conservava aqui como feitor o súbdito espanhol Fernando de Ferreira. Uma destas personagens vivia, portanto, neste solar nos fins da centúria quinhentista e é provável que descendente dos fundadores; todavia, a ausência de documentação exacta, numa rua tão comprida como cheia de casas nobres toma difícil atribuir, com segurança, a qual deles pertenceu. O prospecto externo conserva os alçados originais, manuelinos, assentes em sólida albarrada de cantaria aparelhada, com abertura rectangular: as coberturas, de quatro águas, dividem em vários planos os pavilhões antigos, mas restaurados. No corpo mais arcaico levanta-se imponente chaminé de base quadrada e tubo cilíndrico, de tiragem excepcional, certamente obra de época muito avançada mas digna de conservação. A fachada posterior do alteroso pavilhão, que deita para os jardins (sobranceito à nora de telhados de madeira de nogueira, de secção octogonal, muito aguda, em desenho de inspiração árabe, com raios e discos de reminiscências mudejares, quinhentistas), robustecido nos cunhais por aparelho granítico mantém, no piso térreo, embora obstruído, friso de janelas rectangulares, geminadas, de jambas e dintéis chanfrados. Os mainéis, marmóreos, de algumas aberturas, foram destruídos mas subsistem dispersos ou aplicados no lago os capitéis mudejares-manuelinos e muitos bocados de fustes finíssimos. No andar principal, completamente modificado, respeitaram os balcões de granito com cornijas salientes e as grades de ferro forjado das sacadas, sendo uma delas de balaústres quadrados e trapezoidais, seguramente dos fins do séc. XVI. No corpo sul-poente do edifício, que deitava para os lagos do jardim, levantava-se o terraço, com eirado e torrinha terminal, cónica, hoje desaparecidos. Interiormente, no piso térreo, irregular como todas as construções coevas, existem inúmeros vestígios de arquitectura manuelina e do tempo de D. João III, de robustíssimos muros de feição militar, portados com munhoneiras, um duplo arco de volta inteira, de chanfros de granito; passadiço comunicante a pátio outrora ajardinado, de nichos e pinturas fresquistas, que se apoia em pilastras de pedra almofadada, no tipo rústico (séc. XVII) e embebidas em várias paredes mísulas e capitéis prismáticos, do estilo manuelino, ornados de bolas, cordas, mascarões e outros elementos usados na arquitectura portuguesa desse tempo. O imóvel, pelo carácter, assimetria e dignidade de proporções, com os habituais cómodos de casa semi-rústica alentejana, é um belo exemplar da sua época e estilo. 

BIBL. Visitação dos oratórios de Évora em 1591, ms. N.° 61 da Biblioteca da Manisola, fls. 101-103 (Bibl. Púb. e Arq.º Dist. de Évora). 

terça-feira, 11 de abril de 2017

Casa Nobre da Rua do Paço


Fundação da família Baldeira dos Reis, é obra do período final do reinado de D. João V. Nela habitou desde finais da centúria setecentista o bispo auxiliar da diocese, D. Jacinto Carlos da Silveira, titular do Maranhão e irmão do instituidor da casa, que, pela sua atitude patriótica durante a invasão napoleónica, no solar foi barbaramente assassinado pelos soldados de Loison, na tarde de 29 de Julho de 1808. Moradia de descendentes, ao presente vivem nela o eng. José Sebastião de Torres Vaz Freire e sua esposa D. Maria Guilhermina Nunes Mexia, que reuniram, no seu recheio, núcleo importante mobiliário, de objectos de arte antiga no tradicional hábito português. A fachada principal do edifício está voltada para a Rua do Paço (actual da República, n.° 79) e é constituída por elegante empena de cinco janelas de sacada, no corpo nobre e duas de peito no térreo, sendo a axial, mais elevada, sobrepujante ao portado, de arco abatido, ladeado por pilastras almofadadas, que terminam em pináculos barrocos, de andares. As vergas das janelas, de molduras reentrantes, têm dintéis de volutas e frontões semicirculares, de granito; os balcões, em ferro forjado, são de balaústres cilíndricos encimados por granadas e esferas estilizadas. É obra dos meados do séc. XVIII, exemplificadora do estilo barroco regional, de arquitectura civil. O brasão do cunhal, de mármore de Vila Viçosa, feito em 1948, é do bispo D. Jacinto Carlos da Silveira. A fachada meridional, adornada de janelões do tipo setecentista, foi alteada no 2.° terço do séc. XIX com um pavilhão destinado a quartos, o qual está composto por gradeamento de ferro batido do tipo de barrinha, com papagaios e adornos. Datada de 1854 é a grade do mesmo estilo do portão da carruagem, que dá acesso aos quintais do paço. Muito mais antigas são as dependências desta banda, que se estendem pela travessa da Caraça, em cujo murete exterior existe um modilhão antropomórfico, quinhentista, de pedra recoberta com argamassa e que deu o topónimo à artéria. Tem curiosa frente, assimétrica, de frestas chanfradas e torrinha cilíndrica com remate cónico, outrora revestido de azulejos andaluzes, polícromos e relevados, da arte mourisca dos princípios do séc. XVI. Interiormente, a moradia, de grande conforto e comodidade, poucos elementos de merecimento artístico oferece ao arqueólogo. A capela é coeva dos fundadores e está composta com numerosas lâminas de pintura em cobre, tela e vidro e núcleo de imaginária de marfim, madeira e terracota, além do busto de N.ª S.ª das Dores, obra setecentista de mestre cerieiro. No tecto da nave subsiste o armorial do bispo do Maranhão, pintado a fresco, e em gavetões guardam-se alguns paramentos de tecelagem bordada a oiro e matiz do infortunado prelado. Um dos salões principais, voltado para a Rua da República, conserva em tecto dos fins do séc. XVIII, delicada obra de entalhamento com filetes dourados e caixotões geométricos, rectilíneos e de trompas angulares. As paredes estão ornamentadas a têmpera com grandes painéis rectangulares, figurados por símbolos mitológicos sotopostos a albarradas florais: Ceres, Diana, Neptuno, Baco e Minerva, além de frisos e emolduramentos revestidos de ornatos e retablitos guerreiros alusivos a episódios das campanhas da Guerra Peninsular. No eixo da parede norte, temas históricos da primeira viagem marítima à Índia e recepção, pelo Samorim de Calicute, do almirante D. Vasco da Gama. É agradável trabalho pictórico do 1.° quartel do séc. XIX, inspirado na Arte Etrusca introduzida entre nós pelos ingleses. Do valiosa recheio de Artes Decorativas que exuberantemente compõe o palácio, além do núcleo importantíssimo de cerâmica oriental, enumeramos algumas espécies que, pelas suas características mais importam à arte portuguesa. MOBILIÁRIO ARMÁRIO - De pau-santo e aplicações doutra madeira exótica, dividido em dois corpos de portas almofadadas, com desenhos losangulares: pilastras nos extremos, esculpidas e ornadas de quimeras estilizadas, zoomórficas. Cornijas muito salientes e suportes de pés de garra. Fechaduras, espelhos e puxadores de latão. Estes são guarnecidos de máscaras antropomórficas, do mais estranho exotismo. Trabalho português do último terço do séc. XVII. Dim.: Alt. 2,48 m. Larg. 1,80 m. Fundo, 0,76 m. CONTADOR - De pau-santo, com cinco corpos almofadados e avental de talha esculpida. Pernas de bolachas e torneados. Ferragem de metal amarelo, coeva. Belo móvel português, do séc. XVII. Alt., 0,98 m. Larg. 1,26 m. Fundo, 0,54 m. MEIA-CÓMODA - De nogueira (restaurada), de talha esculpida, alçados e pernas de balanço. Trabalho português do estilo Luís XIV. Época de D. José I. Alt. 0,80 m. Comp. 1,10 m. PAR DE MESAS DE JOGO - De nogueira ou casquinha, com tampos de secção romboide rebordados a oiro, figurados por cenas de caça grossa, exóticas, pintadas a óleo. Suportes de garra, dourados. Trabalho inglês do estilo Chippendale, c.ª de 1750 Alt. 0,75 m. Comp. do tampo, 1,15 x larg. 0,84 m. PAR DE CADEIRAS DE BRAÇOS - De meio espaldar, de madeira de nogueira, guarnecidas de talha e de torneados. Fundo e costas de couro lavrado, com ornatos e armorial dos Silvas, envolvido por aves e flores. Grossas brochas de latão. Trabalho português do séc. XVII. Dim.: alt. 1,30 m, larg. 0,59 m; fundo, 0,44 m. alt. do assento, 0,49m. ONZE CADEIRAS DE ESPALDAR - De nogueira e couro repuxado e pregueado. Suportes torneados e tabelas de talha esculpida. As costas são ricamente ornamentadas com temas fito-antropomórficos, sendo o medalhão axial composto por figura feminina segurando um falcão. Trabalho português do séc. XVII. Alt. 1,40 m. Alt. do assento, 0,49. Fundo, 0,48 m. PAR DE MESAS - De nogueira entalhada, com espelhos e fechaduras de latão dourado. Pernas recurvas. Obra portuguesa do estilo D. José I. ARCA - De pau-santo, com duas gavetas no corpo inferior, guarnecida de brochas de metal estanhado, bem recortadas. Tampo interior laçado de vermelho com cenas douradas de caça grossa, paisagens e motivos exóticos. Arte portuguesa de influência oriental. Último quartel do séc. XVIII. Alt. 0,80 m. Comp. 1,50 m. MESA - De teca com aplicações exóticas, de marfim. Suportes ornamentados por aves de bico estilizadas. Arte Indo-Portuguesa. Séc. XVII. Comp. 0,79 m. Larg. 0,42 m. LEITO PARA PESSOA SÓ - De pau-santo, com ornatos esculpidos e embutidos. Pernas de volutas serpenteantes e pés de garra. Peça portuguesa do estilo D. João V. Alt. da cabeceira, 1,80 m. Alt. dos pés, 0,84 m. Comp. 1,83 m. Larg. da cabeceira, 1,28 m. Outros objectos preciosos: COLCHA - Bordada a seda e matiz sobre fundo de linhagem de algodão. Dominam as cores verde, pérola, amarelo, azul e rosa: franja dourada. Ornatos barrocos, vegetalistas. No eixo, em medalhão de forma elíptica, o armorial esquartelado de Marcos Vaz de Brito Freire Zuzarte, cuja legenda o envolve. Trabalho português do séc. XVIII. Dim.: Comp. 2,36 m. Larg. 2,12 m. GRANDE CANDEEIRO - De latão martelado, de quatro lumes representados por golfinhos, haste espiralada e prato circular decorado com ornatos florais, de baixo-relevo. Curioso trabalho português do estilo barroco. Época de D. João V. Alt. 1,20 m. Diâm. do prato, 0,78 m. RETRATO DE MENINA - Por Domenico Pelligrini. Pintura a óleo sobre tela realizada em Portugal (1803-1810). Ass. nas costas. Alt. 0,70 m x larg. 0,54 m. GRANDE SAMOVAR - De prata branca, em forma de urna sulcada de largos sectores e assente sobre quatro pés de voluta. Decoração de laços e festões delicadamente gravados. Peça muito elegante e bem proporcionada da época de D. Maria I, sugerindo o estilo Adam. Punção do Porto (1792-1810). Iniciais do ourives AIS - António José Soares da Silva. Alt. 0,65 m. LEITEIRA - De prata, em forma ovóide assente sobre pé moldado e bico reproduzindo uma língua. Bojo ornado de grinaldas. Punção do Porto (1792-1810). Iniciais do ourives IAP - José Álvaro Pinheiro - registada em 1806. Alt. 0,25 m. CASTIÇAL - De prata, da época de D. Maria I. Base circular ornada de pérolas e haste de duas secções caneladas. Rebordo de folhagem. Punção do Porto (1768-1792) e as iniciais do ourives IR. Alt. 0,26 m. BULE - De prata branca, em forma elíptica, de bico direito inscrito na base de fundo chato: asa de madeira. Decoração de friso gravado, com grinaldas. Estilo D. Maria I. Punção do Porto (1768-92) Iniciais do ourives MHP. Alt. 0,76 m. BACIA DE BARBA - De prata branca, em forma de concha, muito rara na ourivesaria portuguesa. Punção do Porto registado em 1784: ourives IPP. Peça de influência barroca. CAFETEIRA - De prata branca em forma de pêra alongada com tampa em cúpula hemisférica rematada por uma pequena urna. Inspiração da antiga arte persa. Punção do Porto (1792-1810): iniciais do ourives VR. Alt. 0,35 m. Muitos outros objectos de ourivesaria, principalmente do estilo neoclássico subsistem no recheio da sumptuosa moradia, apesar do saque que sofreu durante a ocupação francesa de Loison em 1808.

BIBL. Reinaldo dos Santos e Irene Quilho, Ourivesaria Portuguesa nas colecções particulares, 1959, vol. I. págs. 83-87. 

domingo, 9 de abril de 2017

Casa Nobre da Rua de Avis (nº41-47)



Desconhecem-se os seus fundadores mas pertenceu, no séc. XIX, à Família Tormenta, do ramo dos Condes da Serra da Tourega e aos Morgados Paes Aleixo. É património actual do eng. Raul Veríssimo de Mira. O edifício apresenta, exteriormente, dois corpos distintos: o nobre e o do 2.° andar. Aquele tem sete janelas de sacada com soleiras graníticas, jambas e cornijas direitas, de massa, moldadas na tradição local do seiscentismo, fechadas por grades férreas de fortes vergalhões cilíndricos terminados em estilizadas campânulas, estas já de época avançada do séc. XVIII. O último andar é excrecência utilitária do século passado. No entre-solo principal, iluminado para a rua pública, existem duas salas e um gabinete totalmente revestidos de pinturas a fresco, de interesse artístico, histórico e literário, em obra datável de c.ª 1800, fortemente inspirada no estilo pompeiano ou etrusco, mas moldado ao gosto nacional. A primeira dependência, antecâmara a partir da escadaria e a mais sóbria, tem apainelados rectangulares nas sobreporias e circulares nas paredes, envolvidos com grinaldas de flores e sanefas, representados por chinoiseries, cenas galantes, paisagens e marinhas ou temas burlescos e circenses, populares. O salão nobre, imediato, de planta acentuadamente trapezoidal e o mais notável de todos, é curiosíssimo exemplar decorativo da Arte neoclássica, onde imperam os mais perturbantes elementos profano-mitológicos e quadros retabulares de personagens da História de Portugal, como os monarcas D. José e D. Maria I, os Príncipes do Brasil D. João e D. Carlota Joaquina de Bourbon, segundo cópias de retratos da galeria do arcebispo D. Fr. Manuel do Cenáculo, e em medalhões ovóides D. Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique de Portugal, o Navegador, extraído da gravura de Jean Charles Baquoy, de 1758; os Vice-Reis e Governadores da índia D. Francisco de Almeida, Afonso de Albuquerque, D. Vasco da Gama, D. Nuno da Cunha e D. Henrique de Meneses; os escritores Luís de Camões e Manuel de Faria e Sousa e o célebre ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal. Toda a restante superfície parietal se encontra recoberta de atributos intensamente coloridos, de frisos, molduras e tabelas onde dominam retablitos guerreiros, animais fantásticos, sereias, cariátides, esfinges, centauros, faunos, querubins, grinaldas, palmetas e outros florões naturalistas. O tecto, abatido, de pequena flexa, em caixotões de estuque, tem, no eixo, grande painel de secção romboide, figurado pela Fama conduzida por Graças e lateralmente outros quadrinhos elípticos com cenas pagãs, sendo os ângulos compostos pelas quatro partes do Mundo: Europa Ásia, África e América, ornamentadas pujantemente com figuras simbólicas humanas, zoomórficas e naturalistas dos Continentes. O gabinete, a mais meridional das câmaras pintadas, está dedicado às Belas-Artes. Tem retratos de homens célebres da antiguidade clássica e do iluminado século XVIII, alegorias extraídas do Velho Testamento e da Mitologia, além de interpretações das Ciências Matemáticas, Geografia, Física, Astronomia, Artes Industriais, História, Filosofia e da Literatura, etc. O elemento natural, por outro lado, completa o revestimento a fresco, que é iluminado, no centro da abóbada pelo retábulo da Eternidade Humana: A Vida e a Morte. A sala de jantar foi ornamentada modernamente com três portados de mármores embrechados, do estilo rocócó, setecentista e provenientes de destruídas casas religiosas da cidade. São lavrados com pilastras almofadadas e empenas compostas por cartelas ovoladas e circulares ilustradas na simbologia celeste: o Sol, a Lua, Estrelas, frutos, fachos de fogo, a torre e o Anjo, a coroa marial e o emblema de AM. Um quarto portal, de mármore branco e de linhas de fantasia, com acrotérios esferóides e jambas curvilíneas ornamentadas com palmetas e acantos, dá acesso à estufa da casa, onde se aplicaram em forma arquitectural, três arcos redondos de colunas também calcárias, salomónicas e de capitéis compósitos, e nas paredes, além de pia de água benta, dois nichos apilastrados, com frontões de enrolamento, cruzes e flores de liz. Aquele, é adaptação de uma roda conventual: está datado de 1722. Estas últimas peças arqueológicas, que se diz terem pertencido à Igreja do Hospital da Misericórdia, são do estilo barroco. 

Informação retirada daqui

domingo, 26 de março de 2017

Capela de S.José de Peramanca


Esta situada na berma da Est. Nac. 114, a c.ª de 5 km. da cidade. Não é anterior ao 1.° quartel do séc. XVII e foi construída em terras realengas onde, durante centúrias se havia experimentado, com frutos celebrizados o vinho de Peramanca, que é citado nas crónicas quinhentistas e se exportava, largamente, nas esquadras portuguesas em demanda das terras ultramarinas. No reinado de D. João V, a quinta de S. José era habitada por uma família nobre de Évora, os Abemos, aos quais se podem com verosimilhança atribuir a reconstrução da actual casa solarenga, feita no espírito da arquitectura civil barroca, onde existem influências comuns ao estilo do Norte do País, pelo menos na abundância e ornamentação das cantarias. 

O paço rural, embora de grande comodidade, pouco conserva de mérito arqueológico, abstraindo o conjunto exterior, com seu portado de fogaréus estilizados, modernos, e contíguo poço de velha armação de ferro forjado, em silhueta muito pitoresca, além de uma bela fonte de mármore, situada no centro do pátio, constituída por taça de desenho rombóide, de nítidos contornos barrocos, centrada por quatro golfinhos entrelaçados. É obra dos meados do séc. XVIII. A capela, que está voltada ao lado norte, é antecedida por escadório e adro de pilastras defendidos com pináculos alongados, de granito escuro. De severa frontaria, reformada no ano de 1876, de interessante, embora rude perspectiva, ostenta na empena opulenta pedra de armas, marmórea, da arte rococó, contendo seis quartéis, dos Meneses, Marqueses de Marialva e dos Neivas - Ribeiros, naturalmente últimos donatários titulares da propriedade. 

O campanário, de granito e com frontão de enrolamento, ladeia o beiral. Toda esta frente foi beneficiada, em grande escala, no período correspondente àquela data. Compõe-se o templete de nave e capela-mor, de planta rectangular, cobertas por tectos de arcos semicirculares, de alvenaria, sendo esta revestida de caixotões geométricos, em relevo, policromos, de bom desenho e aquela com os frescos da Exaltação da Igreja, em pujante alegoria novecentista. O retábulo, que atinge a sanca, é concebido no estilo clássico-barroco de transição dos princípios do séc. XVII e está revestido de colunata coríntia e frontão de volutas de enrolamento, de talhas douradas. No corpo central, aberto em pórtico, venera-se a imagem do padroeiro, de madeira estofada, coeva da reformação da capela (séc. XVIII) e, na mesa, existem duas curiosas esculturas populares, Santo António e o Senhor da Cana Verde, esta de terracota colorida. Cinco pequenas pinturas sobre tela, de execução medíocre, compõem o altar e representam: N.ª S.ª do Carmo, S. Miguel, S. Francisco de Assis e Santa Teresa de Ávila. (?) 

BIBL. Túlio Espanca, Património Artístico do Concelho de Évora, 1957, págs. 65-66. 

sexta-feira, 24 de março de 2017

Camoeira


O solar, sito na herdade do mesmo nome, em vínculo que nos começos do actual século ainda estava na casa dos Noronhas Camões de Albuquerque Moniz e Sousa, Condes de Angeja e agora pertence ao dr. Caetano Macedo, foi instituído como cabeça de morgadio rural nos princípios do séc. XV, por Gonçalo Vaz de Camões, fidalgo eborense, e sua esposa D. Constança Fonseca, na pessoa do filho primogénito António Vaz de Camões, tio-avô do imortal épico Luís de Camões. 

Desconhece-se a época exacta da fundação da casa de campo, que exame de arquitectura denuncia primórdios da época manuelina, devendo a sua responsabilidade cair na pessoa do III morgado, António Vaz de Camões, matrimoniado com D. Isabel de Castro. Fica o paço situado a cerca de 15 quilómetros da cidade, na margem direita do rio Xarrama, muito próximo da antiga via militar romana que de Évora seguia para Beja, segundo o itinerário do Imperador Antonino Pio, e a sua comunicação faz-se pela Estrada Nacional 254 (troço Évora-Aguiar). 

O edifício, levantado num cômoro de pouca elevação, pelado de arvoredo, sofreu muito com o ciclone de Fevereiro de 1941 e foi reparado sem afectamento da sua estrutura original. É constituído por duas partes perfeitamente distintas que se completam; torre velha, manuelina, com dois andares e terraço que podia ter sido cortinado de ameias; e o corpo térreo, contrafortado e de meias torres quadradas, saliente, que abraça os lados ocidental e sul da construção. 

Aquela, que possui aberturas rectangulares apenas nas faces principal e no extradorso, para os destruídos jardins e cerca murada, é rematada por friso emoldurado, com chaminé, balcão de três modilhões de matacães, já renascentista e torrinha cilíndrica de coruchéu cónico, que remata o eirado da escada helicoidal constituída por 54 degraus de granito. A primitiva portada de acesso, em calcário, fica ao lado de fresta cruciforme, elemento que, com a máscara antropomórfica, de pedra, servindo de mísula da mesma escadaria, constituem fragmentos ornamentais remotos e do espírito gótico. 

De interesse construtivo, no mesmo corpo, apenas subsiste o salão nobre, com abóbada de dois tramos artesonados, de alvenaria e de aresta viva; as dependências superiores foram restauradas depois de 1904, pois as coberturas encontravam-se completamente destruídas naquele ano. De elegante desenho é a janela de mármore, de molduras clássicas, chanfradas, que ilumina a fachada axial. A outra parte do solar, que tem algumas frestas e varanda corrida, de tijoleiras, para a qual se comunica por escada cocleada, parece ser posterior mas ainda do reinado de D. João III. 

Compõe-se, apenas, de duas vastas salas de três tramos com abóbada de nervuras apoiadas em represas de granito, decoradas por vieiras e outros atributos artísticos. O salão de entrada (lado oeste), o mais cuidado como obra de arquitectura, mede de comp. 11,20 e de larg. 4.45 m. Altura e largura da torre manuelina: 11,80 x 11,15 m, respectivamente. 

No leito do Xarrama, c.ª de 800 metros a montante da desaparecida ponte do Porto da Calçadinha e a 1,5 km da torre, noutro porto denominado da Camoeira (que serve o caminho de Aguiar-Torre da Comoeira) existe, por terra, inamovível uma monumental coluna de granito para ali conduzida na intenção de servir de poldra. 

Admite-se que pertenceu à estrada legionária Imperial, de Adriano (117-138 da era de Cristo), chamada dos Diabos e tem, de comprimento, solidária com a base, 2,40 m. Conserva inscrição na face voltada ao solo que dificilmente se lê: V / VSO / FEL / XIV/PP / FEC / Na área existem fragmentos de outros fustes miliários romanos.

BIBL. António F. Barata, Évora e seus Arredores 1904; Túlio Espanca, Património Artístico do Concelho de Évora, 1957, págs. 142-143; Mário Saa, As grandes vias da Lusitânia, 1963, t. IV, (L. XII), págs. 338-340. 

quarta-feira, 22 de março de 2017

Biblioteca Pública (Antigo Colégio dos Meninos do Coro da Sé e Celeiro dos Bispos)


Neste sítio funcionou, em tempos remotos e com função sagrada a Catedral, enquanto duraram as obras deste monumento e, mais tarde, de licença episcopal os Paços do Concelho, com casa própria de audiências, alpendre e crasta, dos fins do séc. XIV ao ano de 1517, data de inauguração no novo edifício municipal da Praça do Geraldo, levantado com subsídios do rei D. Manuel. Após esta mudança, ainda se utilizaram dele o Tribunal da Relação, no governo do prelado D. Afonso de Portugal e o Colégio dos Moços do Coro da Sé, em tempos do cardeal-infante D. Henrique, até ruína total do corpo nobre que se refez, somente, a instâncias do Governador do Arcebispado, D. fr. Luís de Sousa, bispo eleito do Porto, em 1656. Todavia, no piso térreo da banda meridional funcionou, até meados do séc. XIX, o Celeiro dos Arcebispos, vasta dependência que, acrescida de outras mais modernas serviu, algumas décadas, de Secção Arqueológica, núcleo reunido pelo dr. Augusto Filipe Simões e transferido em 1940 para o Museu Regional. 

A Biblioteca Pública de Évora, das mais notáveis do país, foi fundada no ano de 1805 pelo eminente arcebispo D. fr. Manuel do Cenáculo Vilas Boas. Possui para cima de 500 000 mss., 250 000 volumes impressos, dos quais 8 000 reservados e 500 incunábulos, com obras raríssimas e únicas no Mundo, além de 7 000 espécies de títulos de revistas, boletins e jornais antigos e modernos. O aspecto exterior do edifício é mantido pelas linhas gerais da reconstrução seiscentista de D. Fr. Luís de Sousa, com pavilhão rectangular de fachada voltada ao ocidente, aberta em janelas graníticas, de vergas direitas, certamente modificadas, sobretudo as do rés-do-chão. A cobertura, de quatro águas e de vertente muito acentuadas foi, infelizmente, rematada com telha de marselha em épocas recentes, o que descaracteriza a silhueta do imóvel. Os cunhais, são de granito aparelhado, em blocos irregulares e friso de beiral ornamentado com triglifos e métopas, de estuque, copiado do vizinho Convento de S. João Evangelista. As janelas, com cimalhas e frontões duplos, sem retorno, são defendidas por grades de ferro forjado, em desenho de liras estilizadas terminadas com granadas, ainda dentro do espírito da arte rococó, segundo arranjo da época de D. Fr. Manuel do Cenáculo (c.ª de 1805). 

O passadiço que fecha o ângulo recto do edifício e comunicava com o Paço Arquiepiscopal foi começado em Dezembro de 1666 por empreitada de mestre Paulo Rodrigues. É aberto em arco ligeiramente abatido, de aduelas de pedra e está, no corpo interno, decorado por composições pintadas a óleo, representando figuras doutoras da Igreja, autenticadas pelo brasão do fundador da Biblioteca. O átrio, salas Cenáculo e Botelho de Lima e escadaria, de mármore branco, foram remodelados estruturalmente durante a direcção operosa do Bibliotecário dr. Filipe Simões, com remate no ano de 1877, que, também, beneficiou o andar nobre, cuja sala maior, a da Leitura Geral, conserva a estrutura arquitectónica que lhe imprimiu o antístite fundador. 

É coberta com tecto de meio canhão, onde existiram pinturas murais, que se perderam: as paredes estão completamente rodeadas de estantes de madeira, de alto a baixo, com preciosas obras impressas, dos sécs. XVII-XVIII. Ambos os topos estão compostos por telas pintadas a óleos, emolduradas em talha dourada e envolvidas com ornatos vegetalistas e de óvulos, sendo a mais antiga, com armorial da Casa Real Portuguesa, uma cópia de quadro italiano de Trevisani, representando o busto da Virgem, feito pela princesa D. Maria Benedita de Bragança, filha de D. Maria I e fundadora do Hospital Militar de Runa. Está sobrepujada pela legenda latina: SEDES SAPIENTIAE. No extradorso, em vestíbulo adornado pelas figuras parietais dos quatro Evangelistas, de grandes proporções feitas em 1805 pelo pintor Matias José de Castro (tapados por estantes e livros), existe um portal apilastrado, ao gosto neoclássico, de madeira guarnecida e tímpano de inscrição comemorativa, em latim, que diz: JESV. CHRISTO.FILIO.DEI VIVI LVMINI.INDEFICIENTI. AD.MENTEM.BENE.COLLOCANDAM RELIGIONEM.ASSERENDAM DOMVM.LITERARIAM CVM.VOTO.PERENNITATIS FR.EMM.ARCH.EBOREN OCT.KAL.APRIL.AN.DOM.MDCCCV. 

No topo norte da Sala de Leitura, em tamanho natural, vê-se o retrato do eminente Cenáculo, do pintor português Isaías Newton, executado em 1872 segundo o original da Galeria da Catedral. Todos estes trabalhos de pintura, de execução inferior, têm pouco interesse artístico. Mais curioso e certamente coetâneo é o quadro de busto do mesmo prelado, atribuído a António Joaquim Padrão, que se guarda na Sala Cenáculo. Mede: Alt. 0,65 x larg. 0,48 m. 

Na Sala Nova existem, ainda, os seguintes retratos pintados a óleo, que são apenas documentos para uma iconografia da Casa Real Portuguesa da Dinastia de Bragança: D. Luís (1896) e D. Carlos (1899), de Marini; D. Luís Filipe e D. Manuel II, de Júlio A. César da Silva (1908). Do edifício primitivo apenas subsistiu o portal de arco quebrado em cantaria aparelhada, da Domus Municipalis, sito no corpo térreo e assente em degraus de pedra, composto de meias colunas com capitéis de ornamentos florais e de ábacos emoldurados, onde repousam três arquivoltas de perfis salientes e reentrantes. Bom exemplar do estilo gótico, de características medievais, está sobrepujado pelo escudo marmóreo, de armas do reino, da época de D. Afonso V ou de D. João II, formado por cinco escudetes postos em cruz, com bordadura carregada de dez castelos. O celeiro propriamente dito no seu aspecto actual, é salão muito posterior, de planta rectangular, com três naves e quatro tramos de pilares de secção poligonal, decorados por capitéis de granito, lisos. A abóbada é de barrete de clérigo dividida em arcos redondos, de alvenaria. 

Informação retirada daqui

segunda-feira, 20 de março de 2017

Aqueduto da Água de Prata


A gloriosa obra deveu-se ao rei D. João III e teve começo pouco depois de 1531, ano em que a côrte do Piedoso se fixou na capital do Alentejo com demora de quase urna década. Dirigiu os estudos técnicos, seu levantamento em planta e construção definitiva, segundo Regimento aprovado ulteriormente na regência da Rainha D. Catarina de Áustria, o arquitecto-mor da Comarca Francisco de Arruda, que provara a sua alta competência ao erguer o famoso Cano da Amoreira, em Eivas, em concorrência com os maiores mestres de pedraria do País, como se conclui da lição do escritor coetâneo João de Barres, que diz na Gramática da Língua Portuguesa, publicada em 1540: El-Rei (D. João III) mandou buscar os melhores officiaes de pedraria, que havia no reino.

A nobreza portuguesa avaliando a excepcional importância do melhoramento público desejou, unanimemente, cooperar nele e, em finta ou renuncia dos assentamentos e tenças outorgados pelo erário régio, consentiu no desconto dos réditos do ano de 1534, que atingiu a vultuosíssima soma de 691 640 reais, importância que foi entregue a Duarte Moniz, recebedor da obra do aqueduto, segundo diploma da chancelaria datado de 12 de Julho de 1535. A inauguração do aqueduto teve efeito na tarde de 28 de Março de 1537, com lançamento das primeiras águas através das bocas dos leões de mármore, do primitivo chafariz da Praça do Geraldo, que ficava sotoposto ao arco triunfal romano e se perdeu, comumente à célebre obra do período clássico, que o arquitecto Afonso Álvares destruiu em 1570 obedecendo a ordens do cardeal-infante D. Henrique.

Assistiu à cerimónia, que foi esplendorosa, em tribuna expressamente armada no local, o rei e a rainha de Portugal, o Senado e toda a corte. O acto terminou, no sítio, com uma movimentada corrida de toiros promovida pelos mercadores do povo. Nos assédios de 1663 o imóvel foi atingido gravemente pela artilharia na sua estrutura na confluência do Forte de St.º António e a consolidação morosa, sob assistência do provedor João da Cunha, teve fim no ano de 1670, cuja data existe sotoposta a cruz gravada no reboco de arco mestre, junto do parapeito leste da mesma obra militar. Vultuosa reconstrução e limpeza, sob assistência do eng. Adriano da Silva Monteiro e cooperação financeira da Câmara e Direcção das Obras Públicas, se efectuou entre 1873-79, no montante de 24 630$75, na zona compreendida entre Metrogos e as caixas de água do sopé de S. Bento, que cobria a extensão de 17 002 m, 952 mm. A obra teve como empreiteiro-construtor José da Rosa e capataz-pedreiro Manuel de Melo.

Na década de 1890, sendo presidente do Município o Dr. Francisco Barahona Fragoso, o cano sofreu notável melhoria e foi coberto na sua quase totalidade. Nos últimos tempos tem sido, periodicamente, beneficiado pelos Serviços Municipalizados da Câmara de Évora. Principia o aqueduto nas nascentes ou minas da Graça do Divor, a 18 310 metros de distância dos muros quatrocentistas da cidade e a sua condução, que se faz por gravidade em tubagem subterrânea, ultimamente melhorada, é assinalada, poço a poço, na região original e em grande parte do percurso, por torrinhas de alvenaria de secção circular, que imprimem à zona quase peneplana particular curiosidade. A obra de arquitectura, desenhada com certa negligência e nalguns pontos por terminar, sem material aparelhado mas robusto, rompe em arcaria na lombada ocidental de S. Bento de Cástris, a cerca de 2 quilómetros da cidade e adquire, pelos volumes e silhueta, da Torralva às Portas da Lagoa, verdadeira monumentalidade.

Fora da muralha existem alguns trechos artísticos importantes, que assinalamos: pormenor da arcada na passagem da Estrada Nacional 370, entre a Quinta da Torralva e o extinto Convento da Cartuxa, composto de três torrinhas ornamentais do estilo da Renascença, dos primeiros anos do 2.° terço do séc. XVI, sendo a central mais nobremente executada, aberta em pórtico de colunata dórica, de canduras em dois andares e nichos presentemente despidos de escultura. Vultuosos remates de planta ovóide, cupulados, com gomos revestidos nos extremos e no fecho por pináculos miniaturais, de idêntico desenho, como coroas imperiais, completam a interessante obra. Este acabamento é seguramente da 1.ª fase da construção e foi esquissado pelo responsável empreiteiro Francisco de Arruda, artista de grande pureza clássica.

Na frente oriente do pilar central, aberta em mármore, está uma lápida comemorativa da fundação, com erros de cronologia, que a persistência do escritor António Francisco Barata, então Vereador do Pelouro de Instrução da Câmara determinou, no ano de 1904. O trecho mais imponente e alteroso situa-se na Estrada de Circunvalação, ao atingir e ultrapassar a muralha medieval e no prolongamento da Rua do Cano, estando nestes pontos fortemente reforçado por botaréus de andares de aparelho fruste e irregular, mas de nítida robustez. (Alt. máx. neste ponto: 25,93 m). A fonte do Chão das Covas não é muito antiga e foi aberta em 1701, com licença do rei D. Pedro II, cuja data existe esgrafitada na empena posterior. Sofreu restauro hodierno determinado pelo Município, que lhe modificou estruturalmente o depósito de mármore, sem atingir os volumes da caixa de água, também do séc. XVIII. A fachada principal ostenta, ao nível do cano, em retábulo sotoposto a coroamento de discos e cruz de alvenaria, as armas reais de Portugal ladeadas pela esfera armilar e cruz da Ordem de Cristo encerrada num círculo relevado.

Na Rua de Pedro Simões o aqueduto readquire volumes de arquitectura, embora amalgamado e absorvido por casario populista, prosseguindo com acentuado pitoresco, tipismo e sinuosidade pela travessa das Nunes, Porta Nova, Rua do Salvador e Rua Nova, artéria onde Francisco de Arruda construiu c.ª de 1536 a mais formosa arca de água distribuidora do cano real. Ê esta levantada em granito da região no mais puro classicismo, na ordem dórica. De planta rectangular, ergue-se numa base pouco pronunciada, donde rompe o corpo nobre em colunata toscana, com depósito fechado no entrecolúnio. Rompente da arquitrave, em delicado lavor carcomida pelos séculos, o terraço ou açoteia tanto da predilecção dos habitantes do Sul, vigia o velho aqueduto sacrificado na sua integridade pelas necessidades do povo que, através dos tempos, nos seus vãos construiu lojas e casario utilitário.

A mais importante e notável obra de arte que rematava o cano, feita do mesmo modo no espírito da Renascença, sob patrocínio de D. João III na década de 1530-40, situada na confluência do Paço Real e pórtico da Igreja de S. Francisco, foi barbaramente demolida no ano de 1873. Compunha-se de um torreão de planta octogonal decorado por meias colunas toscanas e nichos emoldurados, de vieiras nos arcos de meio ponto, tendo um corpo superior com lanternim de aberturas do mesmo estilo, envolvido, na base, por umas piriformes. Toda a obra era feita de alvenaria ricamente acabada, com excepção da bacia ou taça interior, donde nasciam as bicas distribuidoras da água para o Paço Real e seus Jardins, Conventos de S. Francisco e N.ª S.ª da Graça, a qual é de mármore branco e está guardada nos depósitos do Museu Regional. 

Informação retirada daqui

terça-feira, 14 de março de 2017

Residentes em Trânsito



Horário: Terça a domingo das 10h00 às 18h00
Inicio do Evento: 08 março
Fim do Evento: 23 abril
Localização: Forum Eugénio de Almeida

​A inter.meada r.a., parceira dos Estudos Gerais de Alvito e cúmplice da coleção MG de Arte Contemporânea, afirma-se como uma plataforma de acolhimento de artistas e de apresentação, discussão e exposição de projetos realizados na sequência das residências artísticas promovidas pela associação, no Alvito. O conjunto dos trabalhos aqui apresentados pode ser lido como uma maneira de contar a história dos encontros, distintos e singulares e dos desencontros que resultaram das vivências dos artistas no lugar. Outras tantas histórias ficam por contar. Destaca-se a multiplicidade das propostas artísticas, reveladoras de exercícios de experimentação e também de uma profunda relação com o Alvito onde os artistas, residentes em trânsito, são convidados a pousar o seu olhar, o seu pensamento e a sua criatividade e, através das suas obras, a redescobrir e a reinventar o local.​​

Informações Adicionais
Org: Fundação Eugénio de Almeida
PREÇO: Bilhete único para todas as exposições: 4,00€ | Entrada livre ao domingo

Informação retirada daqui

quarta-feira, 8 de março de 2017

Wild Cats Hate Wi-Fi


Sim gostamos de espectáculos diferentes!
Sim apostamos em propostas arrojadas!
Mas só o fazemos porque o nosso publico está preparado para elas...sim nós temos um grande publico!
Este Sábado a proposta junta as artes circenses com a musica...
Posso garantir-vos que vai ser uma noite de boa musica mas vamos poder rir muito também!
Este é um espectaculo para todos! 
Eu se fosse a vocês não perdia! 

WILD CATS HATE Wi-Fi
Miss E@sy, criada por Detlef Schafft (enfant terrible da Companhia Marimbondo), apresenta o seu novo concerto de palco. Esqueça tudo o que já ouviu, prepare-se para uma experiência única e irreverente. E lembre-se: “Do not Panic!”
Músicas e letras de Detlef Schafft

Évora perdida no Tempo - Sé de Évora - Braço norte do cruzeiro, torres e capela do Esporão