domingo, 26 de março de 2017

Capela de S.José de Peramanca


Esta situada na berma da Est. Nac. 114, a c.ª de 5 km. da cidade. Não é anterior ao 1.° quartel do séc. XVII e foi construída em terras realengas onde, durante centúrias se havia experimentado, com frutos celebrizados o vinho de Peramanca, que é citado nas crónicas quinhentistas e se exportava, largamente, nas esquadras portuguesas em demanda das terras ultramarinas. No reinado de D. João V, a quinta de S. José era habitada por uma família nobre de Évora, os Abemos, aos quais se podem com verosimilhança atribuir a reconstrução da actual casa solarenga, feita no espírito da arquitectura civil barroca, onde existem influências comuns ao estilo do Norte do País, pelo menos na abundância e ornamentação das cantarias. 

O paço rural, embora de grande comodidade, pouco conserva de mérito arqueológico, abstraindo o conjunto exterior, com seu portado de fogaréus estilizados, modernos, e contíguo poço de velha armação de ferro forjado, em silhueta muito pitoresca, além de uma bela fonte de mármore, situada no centro do pátio, constituída por taça de desenho rombóide, de nítidos contornos barrocos, centrada por quatro golfinhos entrelaçados. É obra dos meados do séc. XVIII. A capela, que está voltada ao lado norte, é antecedida por escadório e adro de pilastras defendidos com pináculos alongados, de granito escuro. De severa frontaria, reformada no ano de 1876, de interessante, embora rude perspectiva, ostenta na empena opulenta pedra de armas, marmórea, da arte rococó, contendo seis quartéis, dos Meneses, Marqueses de Marialva e dos Neivas - Ribeiros, naturalmente últimos donatários titulares da propriedade. 

O campanário, de granito e com frontão de enrolamento, ladeia o beiral. Toda esta frente foi beneficiada, em grande escala, no período correspondente àquela data. Compõe-se o templete de nave e capela-mor, de planta rectangular, cobertas por tectos de arcos semicirculares, de alvenaria, sendo esta revestida de caixotões geométricos, em relevo, policromos, de bom desenho e aquela com os frescos da Exaltação da Igreja, em pujante alegoria novecentista. O retábulo, que atinge a sanca, é concebido no estilo clássico-barroco de transição dos princípios do séc. XVII e está revestido de colunata coríntia e frontão de volutas de enrolamento, de talhas douradas. No corpo central, aberto em pórtico, venera-se a imagem do padroeiro, de madeira estofada, coeva da reformação da capela (séc. XVIII) e, na mesa, existem duas curiosas esculturas populares, Santo António e o Senhor da Cana Verde, esta de terracota colorida. Cinco pequenas pinturas sobre tela, de execução medíocre, compõem o altar e representam: N.ª S.ª do Carmo, S. Miguel, S. Francisco de Assis e Santa Teresa de Ávila. (?) 

BIBL. Túlio Espanca, Património Artístico do Concelho de Évora, 1957, págs. 65-66. 

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