quarta-feira, 2 de maio de 2018

Programa da Feira Medieval 2018


​​Programa | ​​Program​

Quinta-feira e Sexta-feira, dia 3 e ​4/5/2018
10h00 – Abertura do mercado
11h00 – Nau Catrineta
12h00 – Música ao vivo

Atividades infantis
das 11h00 às 12h00 e das 14h00 às 15h00;
Malabares, Serpentes, Falcoaria perante inscrição.

14h00 – Desfile Oriental
14h30 – Formação de um cavaleiro
15h30 – O Larápio
16h30 – Acrobacias
17h00 – Felizaberta
17h45 – Voo da ave de rapina
19h00 – Duendes à solta
20h00 – Degustação de iguarias medievais
21h00 – Concerto de música
22h00 – Espetáculo com fogo

Sábado, dia 5/5/2018
10h00 – Abertura do mercado
10h30 – Cortejo pelo centro histórico
12h00 – Música nas tabernas
12h30 – Degustação de iguarias
13h30 – O Bobo
14h30 – Voo da ave de rapina
15h00 – Duendes à solta
16h00 – Torneio apeado
17h00 – D. Dinis – O Lavrador – Teatro
18h00 – Música e danças do povo
18h30 – Desfile oriental
19h30 – Tomás e Conceição
20h00 – Degustação de iguarias
20h30 – Música nas tabernas
21h00 – O Larápio (Vasco)
22h00 – Espetáculo com fogo – “A Magia da Queimada”

Domingo, dia 6/5/2018
10h00 – Abertura do mercado
10h30 – Música e malabares
11h30 – Desfile oriental
12h30 – Degustação de iguarias
13h45 – Música nas tabernas
14h30 – As leiteiras
15h30 – Malabares e acrobacias
16h00 – D. Dinis e a Educação – teatro
16h30 – Dança oriental
17h00 – Voo de ave de rapina
17h30 – Felizaberta
18h00 – Espetáculo de encerramento

Animação constante:
Mercado de artesãos e tabernas,
Passeios a pónei/burro.​​

Évora perdida no Tempo - Capela dos Passos do Senhor


domingo, 29 de abril de 2018

Quinta do Palha ou das Glicínias


A situação da casa solarenga, construída na lombada de um dos suaves planaltos de S. Bento de Cástris, sobranceira ao extinto convento cisterciense deste nome, é muito bela e cómoda e o panorama que dos seus terraços se observa relativamente à cidade e campos vizinhos, não encontra igual em todo o aro suburbano de Évora. Foi de património dos morgados Palhas, descendentes de Rui Palha, Cuja filha, D. Bianca de Almeida e Atexue, teve residência solarenga intra-muros, no local onde o Cardeal-Rei D. Henrique fundou, em 1578, o Colégio de S. Paulo, da Congregação dos ermitães da Serra de Ossa. 

A habitação actual, da época de D. José, parece ter sido fundada pelo cónego prebendado da Catedral, António Pereira Palha, sacerdote de grande prestígio local. A primitiva entrada, do lado norte, sobranceira ao Aqueduto da Água da Prata, é constituída por portado de cantaria e frontão circular centrado por opulenta vieira de granito e de pilastras laterais terminadas em fachos estilizados. Está datado de 1766 e a sua grade, de ferro forjado, parece coetânea. Extenso e sombrio túnel de arvoredo com cedros, alfarrobeiras e loureiros, alguns centenários, ladeados de bancos de descanso, comunica ao pátio do palácio, calçado e murado, e tendo ao centro uma fonte marmórea com tanque de secção octogonal, taça de quatro mascarões e obelisco piramidal, proveniente de uma casa antiga, situada no Largo de S. Tiago, na cidade, propriedade que foi dos Soures, actuais possuidores do imóvel. 

Deste lugar, a fachada nobre do solar, de dois pisos altos, oferece interessante perspectiva pela sucessão de planos, alçados e terraços dos diferentes pavilhões e mansardas, cobertos de telhados de quatro águas. Atinge-se o piso habitacional subindo escadaria de dois lanços, em balaustrada e degraus de mármore regional e de guarnições de sóbrias ferragens do estilo setecentista, com pavimentos lajeados de ardósia. Nos topos deste recinto, subsistem discretos assentos de repouso, de alvenaria. Nas fachadas rasgam-se elegantes, embora simples aberturas e uma porta de vergas e padieiras em mármore branco de Estremoz, de perfis correctos, no desenho vulgar da época de D. João V e D. José I, protegidas por grades de ferro, do tipo rural alentejano. O corpo superior é traçado nas características de torreão, de planta quadrada, com varandim gradeado de três faces e balaústres, donde se domina a imensidade do horizonte nas bandas Norte e Oriente. 

Os materiais empregados na construção, cunhais, pilastras e tímpanos, são esculpidos no belo mármore regional, o que imprime ao conjunto grande dignidade e riqueza. Bom recheio de arte ornamental decora o interior da residência, com destaque para peças de cerâmica oriental, inglesa e portuguesa, prataria e vidraria antiga, e núcleo mobiliário do século XVIII. De mencionar, igualmente, o serviço de chá de cerâmica negra de Wedgood, comemorativo da Guerra Peninsular e dedicado ao Duque de Wellington, herói da Batalha do Buçaco. 

BIBL. Túlio Espanca, Património Artístico do Concelho de Évora, 1957, págs. 34-35. 

domingo, 22 de abril de 2018

Quinta de Valbom


Fica situada a c.ª de dois quilómetros da cidade e o seu acesso é feito pela Est. Nac. 370, com entrada comum à Portaria do Convento da Cartuxa. Era o antigo posto de repouso da Companhia de Jesus, patrimonial do Colégio do Espirito Santo de Évora, pelo qual foi adquirido em 1580 a instâncias do reitor padre Pedro da Silva. Na década de 1610-20, grandes obras de valorização se efectuaram na quinta, sob direcção dos reitores António de Abreu e João Álvares, que a cercaram de muros e lhe construíram capela, refeitório, casa de jogos e anexos válidos para tão vasta comunidade. Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, a propriedade foi integrada nos bens nacionais e posta em hasta pública, funcionando nela, já no ano de 1776, um importante lagar de vinho, que absorvia a produção vinícola da região limítrofe, boa produtora do líquido. 

Secularizada no séc. XVIII, a habitação e sua cerca ajardinada, perderam pouco a pouco o carácter e as obras decorativas que as compunham, com várias esculturas de barro cozido dispersas em nichos e plintos. Apesar de completamente modificadas, subsistem vestígios de arquitectura nas capelas de S. Francisco Xavier, no rés-do-chão, fundada pelo Pe. Sebastião de Abreu e concluída pelo Pe. Bento de Lemos, grande benfeitor do Colégio de Évora, que a ornou por volta de 1660 com três altares de talha dourada, dedicados ao padroeiro, a N.ª S.ª da Conceição e a. S. Sebastião, e o oratório, no piso alto, consagrado a Santo Inácio de Loiola. Retábulos, esculturas e outras peças litúrgicas levaram descaminho em época bastante recuada, pois os possuidores do imóvel não têm a mais ligeira lembrança de tais objectos. Actualmente, depois da perda destes santuários, somente tem interesse arquitectónico o vasto Refeitório, de planta rectangular, composto de duas naves com nove tramos de arcadas de meio ponto, com abóbadas de berço recobertas de apainelados de caixotões geométricos, de estuque relevado, primitivamente policromos. 

Os pilares, grossos e frustes, de secção poligonal, de pedra trabalhada, com ábacos e capitéis de perfis lisos, concedem singular robustez à construção, que teve início em 1610 e constitui, embora adulterado, expressivo exemplar do estilo barroco português. Na fachada exterior, sul, deste pavilhão, iluminado por janelas seiscentistas, com padieiras de granito, existe em nicho recentemente aberto, uma grande imagem de S. Francisco Xavier, de terracota, proveniente de fonte artística da cerca monástica, em ruínas, que esteve revestida de curiosas pinturas murais ordenadas em 1677 no tempo do reitor Pe. Manuel Luís. Outros restos, de certo modo curiosos da fábrica religiosa primitiva, são visíveis no alçado lateral externo, do lado este, apoiado em gigantes de alvenaria, e na dependência oposta, de acesso ao Refeitório, de cunhal trabalhado, com cobertura de meio canhão, de dois tramos, sendo um deles iluminado por opulento resplendor pintado a fresco, com o emblema do Espírito Santo e uma data irreconhecível por ter sido modernamente coberta de cal. Em dependências contíguas, alguns arcos antigos ostentam molduras e painéis decorativos em obra de estuque. O aqueduto e nora, que abastecem o edifício de água potável são, presumivelmente, do séc. XVII. 

Da primitiva entrada principal da quinta, levantada no caminho, ou azinhaga da Horta da Sueira, vêem-se os restos do pórtico erguido no ano de 1620, sobrepujado por frontão de volutas de enrolamento. A face exterior, era coberta por alpendre de colunata, de tipo do da Portaria do Colégio, na cidade, sendo a parte dianteira composta de três arcos semicirculares apoiados em meias colunas de pilastras de alvenaria escaiolada e de esgrafitos. Era da arte barroca. A obra arruinou-se irreparavelmente por desabamento, esmagando, do mesmo modo, o rodapé de azulejos policromos, seiscentistas que o forravam. Nos anos de 1959-1961 o edifício sofreu importantes beneficiações para se adaptar a residência do proprietário, eng. Vasco Maria Eugénio de Almeida, Conde de Vilalva. 

BIBL. Pe. António Franco, Évora Ilustrada, 1946, pág. 266; Túlio Espanca, Património Artístico do Concelho de Évora, 1957, págs. 29-31.

domingo, 15 de abril de 2018

Quinta da Malagueira


Antiga propriedade rural de António Luís Ribeiro, residente em Madrid nos meados do séc. XVII, foi por este fidalgo eborense doada aos padres de Santo Agostinho, fundadores do Mosteiro de N.ª S.ª das Mercês. Completamente transformada pelo 1.° Conde de Ervideira nas primeiras décadas deste século, perdeu, em absoluto, as características originais; todavia, o actual residente, D. Luís de Sousa Carvalho conserva no edifício bom recheio de artes ornamentais portuguesas, antigas, e fundou no ano de 1945 em recanto dos jardins uma capela dedicada a N.ª S.ª da Glória, em evocação da demolida ermidinha do mesmo nome, sita na encosta do cabeço fronteiro a S. Sebastião e próxima do local onde existiu a seiscentista forca da cidade. 

Na frontaria desta capela, metida em nicho axial, existe delicada escultura de pedra de Ançã, policroma, quatrocentista, dedicada a N.ª S.ª dos Remédios (Virgem com o Menino), proveniente da Igreja de Santa Clara, de Évora, que mede, de alt. 0,57 cm. Do recheio decorativo (da moradia), destacam-se duas peças estrangeiras: PIETÁ - Pintura a óleo sobre madeira de carvalho do norte, dos meados do séc. XVI e obra oficinal anónima, hispano-flamenga, está muito repintada. Pertenceu ao crítico de arte dr. José de Figueiredo e ao poeta Afonso Lopes Vieira, ascendente, por afinidade, da esposa do proprietário. Mede: alt. 1,65xlarg. 1,48 m. MEDALHÃO - de faiança policroma, com busto central, feminino, emoldurado por flores e frutos. Ornamentação de relevo. Arte da Renascença florentina, da escola de Giovani delia Robbia (1.ª metade do séc. XVI). Diâm. 80 cm.