segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O Castelo de Valongo em Nossa Senhora de Machede


Na freguesia de Nossa Senhora de Machede, em paragens das mais escaninhas do concelho eborense, fica o quase ignoto Castelo de Valongo, também designado por Castelo Real de Montoito. A fortificação, cuja data de erecção se perde no fundo dos tempos, encontra-se situada no cimo de uma pequena encosta, assente em pequena plataforma de cabeço suave, na Herdade da Grã. Não é fácil porém chegar-se lá porque, como se adivinha, a fortaleza está longe das principais rotas viárias da região.

Ao visitante que saia de Évora deparam-se-lhe duas alternativas: ou a demanda por Nossa Senhora de Machede ou a procura por Montoito. No primeiro caso é mister tomar a EN-254 e, andados cerca de meia dúzia de quilómetros, voltar à direita em direcção à sede de freguesia, que deve ser atravessada por completo, seguindo-se sempre em frente, rumo a Montoito. O outro percurso implica a opção pela EN-18 que leva a Reguengos de Monsaraz, virando-se à esquerda ao fim de poucas milhas, no desvio que conduz à Barragem de Monte Novo e a Santa Suzana sempre atentos a uma derivação à direita que guia a Valongo - Montoito. 

Em ambos as situações começa-se por circular em estradas de excelente piso para prosseguir em vias municipais de piso relativamente bem conservado, o que constitui um boa oportunidade para rolar devagar e apreciar a magnífica paisagem envolvente. O lugar de Valongo começou por ser ocupado por Romanos, depois por Visigodos e em seguida por Muçulmanos, que terão sido os responsáveis pela construção da fortaleza, conforme demonstram algumas inscrições islâmicas encontradas no seu interior. Terá sido tomada por ocasião da Reconquista Cristã, já depois de Geraldo, dito o Sem Pavor, se ter apropriado de Évora em 1165.

Dúvidas subsistem quanto à data da sua reconstrução, mas a maioria dos historiadores apontam para ter sido relançada sobre os seus fundamentos mais antigos em meados do século XIII, reinando D. Afonso III, monarca que se notabilizou pela reconquista do Algarve, pelo espírito administrativo e pela restauração de vários lugares arruinados. Com sólida estrutura granítica, ganhou então a sua forma definitiva, apresentando planta rectangular reforçada por quatro torres igualmente quadrangulares, sendo o cimo das muralhas percorrido por um adarve (caminho estreito que as acompanha) defendido por ameias, ainda e também de secção quadrangular.

A Torre de Menagem, orientada a poente, está dividida internamente em três pisos de pavimentos diferentes, assentes sobre abóbadas em tijolo de cruzaria de ogiva e servidos por escada de caracol que dá para três vastos salões. No recanto a Norte eleva-se uma outra torre, de menores dimensões, encostada à muralha, onde se rasga um entrada lateral. Ambas as defesas foram reformadas no século XVI, durante o período manuelino. Adrede é de realçar que o Castelo passou a funcionar simultaneamente como bastião militar e paço senhorial. Entre os seus governadores militares e residentes no local contaramse Rui de Sande, conselheiro de D. João II e embaixador de D. Manuel, guerreiro ilustre das conquistas do Norte de África e poeta nas horas ociosas, e os Condes de Basto (família Castro, alcaides-mores de Évora que se bandearam para os lados de Espanha durante a ocupação filipina).

A fortaleza declinou de importância durante a dinastia de Bragança, pelo que o Estado a vendeu a privados. Hoje está em ruínas e é propriedade de um conhecido agricultor eborense. Na fachada principal rasga-se amplo pórtico de arco quebrado, que não é possível transpor dada a instalação no local de um portão fechado a cadeado. A única forma de lá entrar processa-se pela já referida fenda lateral da torre menor, a qual no entanto envolve algum perigo, pois os blocos de granito já caídos obrigam a autênticos malabarismos de muito risco. 

Para quem se interessa pelo património medieval é seguramente um dever, conhecer esta espécie de versão reduzida do Castelo de Guimarães, como alguns o apodam. Solitária na sua imponência, vazia na inutilidade a que a votaram, a fortaleza de Valongo é, no nosso tempo, testemunha muda da maior transfiguração operada desde sempre nos campos do Alentejo – há cerca de década e meia quem por ali passava via-a envolta pelas loiras e onduladas searas de trigo; hoje os que por ali transitam deparam com ela rodeada de vinhas e olivais de regadio.

Texto: José Frota

domingo, 8 de agosto de 2010

Recrutamento de Médicos para Urgência - Évora

A morecare é uma empresa especializada no desenvolvimento de projectos de recrutamento, selecção e outsourcing na área da saúde.
Procuramos dar resposta às necessidades dos nossos clientes, instituições de saúde públicas ou privadas, optimizando e rentabilizando os Recursos Humanos, garantindo uma gestão eficiente.

No momento procuramos Médicos de Clínica Geral para Urgência Geral e Pediátrica, com formação e/ou experiência no sitema Alert, em unidade hospitalar nossa cliente no distrito de Évora.

Em caso de interesse neste projecto, contacte-nos através do número 925781674 ou para morecare@morecare.pt

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A mais antiga loja da cidade: Papelaria e Livraria Nazareth

 
Em plena Praça do Giraldo e debaixo das arcadas, no seu ponto mais central, fica situada a Papelaria Livraria Nazareth. Com mais de cem anos de existência, é a mais prestigiada livraria ao Sul do Tejo e foi ponto de encontro obrigatório de muitas gerações de intelectuais locais ou que passaram pelo Alentejo, mormente no período entre 1920 e 1970.

Tanto quanto parece, é a mais antiga loja da cidade. Embora já sem o fulgor de outrora, conserva um estatuto ímpar no comércio cultural eborense. No edifício onde a loja está instalada funcionou durante a primeira metade do século XIX o Seminário de Évora e, logo depois, uma ordem monástica feminina. Em 1890 Eduardo de Sousa, um conhecido comerciante da cidade, alugou o piso térreo para nele abrir uma papelaria e livraria. Três anos depois, António da Silva Nazareth entra para empregado e, em 1897, passa a sócio com uma pequena quota. 

Mas só em 1906 se tornou seu proprietário e deu à loja a sua actual designação. Eduardo de Sousa vendeu- lhe a sua parte na firma para saldar dívidas de jogo contraídas na Sociedade Harmonia Eborense. A loja alargou então o seu leque de ofertas, passando a vender chás, lotarias, perfumes e brinquedos, “kodaks” e postais, executando ainda trabalhos tipográficos e de encadernação. Assim reza um anúncio publicado nos anos 20 do século passado que o seu actual sócio-gerente Joaquim Manuel Nazareth - conhecido demógrafo e professor catedrático jubilado do Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa - guarda «religiosamente». Exactamente por esses anos o poeta João Vasconcelos e Sá, aludindo à diversidade comercial do estabelecimento, compunha a seguinte letra para uma revista teatral eborense que conheceu grande êxito: «Dentro dos arcos da Praça/a loja do Nazareth/tem selos, correntes, carteiras e pentes/impressos, rosários, botões, calendários/ compassos, carimbos, romances, cachimbos/kodaques, tabaco, postais e rapé». 

Mas a paixão de António da Silva Nazareth eram os livros e logo que pôde tratou de assegurar um espaço mais reservado na loja para acolher os clientes que gostavam de se demorar escolhendo com cuidado e critério as obras que pretendiam. O local acabou mesmo por se tornar um centro de cavaqueio dos intelectuais do burgo ou vivendo nas proximidades. Florbela Espanca e José Rodrigues Miguéis eram, então, dois dos que ali passavam horas a fio. Entusiasmado pelo sucesso obtido, o proprietário tentou incutir nos irmãos, todos mais novos, a paixão pelo comércio de papelaria e livraria, ajudando-os a criar estabelecimentos do sector em Portalegre, Beja, Faro e Santarém. Há dez anos as duas últimas ainda existiam, mas só a de Santarém permanecia ligada à família - esclareceu na ocasião Joaquim Nazareth. Em 1950 a livraria ficou separada do restante estabelecimento pela introdução de três degraus que a colocavam num patamar ligeiramente superior.

 A casa viveu então os seus maiores momentos de glória. Vergílio Ferreira (ali fotografado várias vezes) e o grupo da Soeira, composto pelo médico Alberto Silva e pelos pintores Saul Dias, António Charrua e Henrique Ruivo, eram os frequentadores mais assíduos. De modo menos frequente, também franqueavam a porta e se entretinham a folhear as últimas novidades personagens como Álvaro Lapa, Fernando Namora, Maria Lamas, José Régio e Fernando Namora. Cerca de dez anos depois António Nazareth, avô de Joaquim Manuel, aproveitou o facto de a Vacuum Oil Company ter abandonado o primeiro andar do prédio para comprar o edifício. Para lá passou a livraria, garantindo uma maior privacidade e um espaço mais amplo para os frequentadores se movimentarem mais à vontade.

 Mas a debandada para outras paragens, principalmente para Lisboa, de muitos dos seus principais animadores fez-se sentir em demasia e a livraria deixou de ser a tertúlia que até aí tinha sido. Além de ter aberto o caminho aos irmãos no mercado dos livros e dos papéis, o “velho” Nazareth sempre pretendeu que os responsáveis da livraria se tornassem bons profissionais do ramo. Quase todos se vieram a estabelecer depois por conta própria. Assim aconteceu com os responsáveis das papelarias- livrarias Carapinha e Gaspar, já há muito extintas, e da papelaria-livraria José António, este por ventura o melhor de quantos por lá passaram. As suas saídas, porém, não abalaram muito o funcionamento da Nazareth, que sempre acabou por se restabelecer rapidamente. Só o 25 de Abril lhe proporcionou alguns embaraços, quando foi apelidada, vá lá saber-se porquê, de “livraria dos fascistas”. 

Uma designação surgida das bandas comunistas, que bem perto implantaram uma delegação da Editorial Caminho (Livraria Bento de Jesus Caraça), a qual acabou por encerrar as suas portas após oito anos de actividade. Entretanto, António da Silva Nazareth, inveterado tabagista e que todos os dias - fosse Inverno ou Verão - se apresentava vestido de colete e respectivo relógio de bolso, falecia em 1978 com 98 anos de idade.

Sucedeu lhe o filho, que, juntamente com José Manuel Cabeça, um empregado-associado, apostou mais no sector da papelaria e do material de escritório, desguarnecendo um tanto a livraria. A morte prematura do filho do fundador abriu uma crise profunda na empresa. José Manuel Cabeça saiu e fundou uma papelaria própria, tal como o anterior responsável pela livraria. Foram os netos - Joaquim Manuel Nazareth e a irmã - que vieram a herdar o estabelecimento.

Sob a nova gerência a livraria ganhou novo fôlego, entregue aos cuidados de Maria José Bastias, que alia a proficiência na matéria à afabilidade no trato. É certo que nos últimos anos surgiram novos estabelecimentos no sector livreiro, sem no entanto adregarem retirar estatuto à velha “Nazareth”. Já o mesmo não se poderá dizer em relação à área da papelaria e dos artigos de escritório, que perdeu dinamismo perante a agressividade e modernidade de alguma concorrência.

Os seus actuais proprietários não precisam da loja para viver, pois tiveram outras profissões que lhes asseguraram uma reforma sem sobressaltos, mas vão mantê-la na sua posse, não se dispondo a vendê-la, ainda que, pela sua localização privilegiada, o espaço seja alvo de cobiças várias. Para eles a loja é um símbolo da vida cultural eborense e uma excelente herança a perpetuar a memória do seu avô.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Évora Perdida no Tempo - Solar da Oliveira, na Graça do Divor


Autor José António Barbosa
Data Fotografia 1904 ant. 
Legenda Solar da Oliveira, na Graça do Divor
Cota GPE0250 - Propriedade Grupo Pró-Évora

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Évora Perdida no Tempo - Fachada do Convento do Calvário


Autor José António Barbosa
Data Fotografia 1909 - 1920
Legenda Fachada do Convento do Calvário
Cota GPE459 - Propriedade Grupo Pró-Évora

domingo, 1 de agosto de 2010

Médicos de Clínica Geral - Évora

A Medical é uma empresa dedicada à Gestão de Recursos Humanos na área da Saúde.
Estamos integrados no Grupo Multipessoal Recursos Humanos (Grupo Espírito Santo).

Procuramos médicos de Clínica Geral com conhecimento do sistema ALERT com disponibilidade para turnos de 12 horas em balcão de Adultos e/ou de Pediatria.

Temos mais projectos em desenvolvimento, pedimos aos interessado em colaborar com a Medical o envio de CV resumido;Cópia de Contribuinte;Cópia Cédula Profissional;Cópia da Apólice de Seguro de Acidentes de Trabalho e Cópia do BI, Cartão de Cidadão ,Titulo de Residência ou Passaporte.

Dados para envio de documentação:

E-Mail: carina.sousa@multipessoal.pt
Telefone: 210 342 262
Telemóvel: 925 966 431