quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Évora Perdida no Tempo - Casa Soure, no Largo da Porta de Moura


Aspecto da Casa Soure, no largo da Porta de Moura, antes da desobstrução da arcada que dá acesso à loja da Gráfica Eborense.
Autor David Freitas
Data Fotografia 1959 ant. -
Legenda Casa Soure, no Largo da Porta de Moura
Cota DFT4424 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Personalidades Eborenses - António Livramento

António José Parreira do Livramento, mais conhecido como António Livramento (São Manços, 28 de Fevereiro de 1943 – Lisboa, 7 de Junho de 1999), foi um jogador de hóquei em patins português, considerado o melhor jogador do Mundo de todos os tempos.
Começou por jogar futebol, a sua paixão de adolescente, no Venda Nova, perto de Benfica. A certa altura, um técnico do Futebol Benfica, Torcato Ferreira, achou que o "miúdo" teria muito jeito para jogar hóquei em patins, e convidou-o a aparecer no rinque do «Fófó». Livramento recusa, mas perante a insistência de Torcato decide experimentar, e a a partir daí o futebol passa para segundo plano.
Em 1959, o Benfica contrata-o, numa operação algo complicada, e aos 16 anos é chamado à selecção de juniores por António Raio. Tem a sua estreia auspiciosa contra a Bélgica, no Campeonato da Europa, marcando três golos na vítória por 5-1. É eleito melhor jogador do torneio, aliado ao troféu de melhor marcador.
Passa para a equipa principal, e em 1961 sagra-se Campeão Europeu, marcando 17 golos, tal como Adrião. No ano seguinte a dupla Livramento/Adrião torna-se imparável e Portugal é Campeão do Mundo.
Um momento ímpar na carreira de António Livramento aconteceu em Maio de 1962. O Mundial de hóquei em patins disputava-se em Santiago do Chile. No jogo entre Portugal e a Argentina, um jogador apanha a bola atrás da baliza, finta toda a equipa adversária e marca golo levando o público ao delírio. Era Livramento, que, emocionado, pede para sair.
Em 1963, torna-se pela segunda vez Campeão da Europa, e em 1965, em mais um triunfo europeu de Portugal, deslumbra, marcando sete dos 17 golos da vitória lusitana sobre a Bélgica. No final dos anos 1960 já não há dúvidas que o futuro do hóquei era ele.
A beleza do seu jogo só é igualada pela eficiência do mesmo. Volta a ser Campeão Nacional e Europeu em 1967, e um ano depois, no Porto, marca 42 golos em nove jogos do Mundial, quase metade dos da selecção das quinas (92). Por três vezes marca dez golos (Japão, Nova Zelândia e Suíça) num só jogo.
As grandes exibições levam-no a sair do Benfica para Itália, para jogar no Hóquei Candi Monza, mas pela primeira vez fica fora da selecção, quando Portugal se sagra novamente, em 1971, Campeão da Europa. Volta a Lisboa no ano seguinte para ser Campeão pelos encarnados, triunfo que repete em 1974, sagrando-se pela segunda vez Campeão Mundial.
Com a sua genialidade e talento junta mais dois títulos europeus ao seu vasto palmarés. Muito supersticioso, quando um jogo lhe corria bem, voltava a equipar-se da mesma maneira, repetindo os mesmos passos no jogo seguinte.
Ingressa depois no clube do Banco Pinto & Sotto Mayor, onde era funcionário, chegando a campeão da II Divisão.
Daí muda-se, em 1977, para o clube do coração, o Sporting, integrando uma equipa de sonho. Conquista tudo o que havia para ganhar, incluindo o título que lhe faltava, a Taça dos Campeões Europeus.
Sob a sua batuta, Portugal volta a sagrar-se Campeão Europeu, num jogo com a Espanha, incendiado nos minutos finais pelas agressões mútuas entre Livramento e um espanhol, que termina com invasão de campo. Após o jogo, declara "é a última vez que jogo pela Selecção. Em tantos anos nunca coisa semelhante me aconteceu. Tive de reagir depois do Ortega me ter agredido, quando vi o osso de fora…a minha saída não afectará Portugal". Fez 209 jogos com a selecção das quinas, marcando 425 golos. Ruma depois ao Amatori Lodi, de Itália, terminando a carreira no Sporting, em 1980.
Depois de abandonar os rinques, inicia o percurso de treinador novamente pleno de êxito, levando em 1981 o Sporting à vitória na Taça das Taças. No ano seguinte conquista o Campeonato Nacional.
Em 1984 conduz o «seu» Sporting a mais dois troféus para as vitrinas de Alvalade (Taça Cers e Taça de Portugal), e ruma de novo a Itália para treinar o Bassano, onde jogam Luís Nunes e Fanã.
Volta a Alvalade, qual pronto-socorro para reanimar uma equipa moribunda, levando-a ao segundo lugar do Campeonato.
Com o rigor, disciplina e a capacidade de motivar os jogadores implanta um jogo agressivo, ao bom estilo italiano, de procura constante da bola, aliada ao tecnicismo português que torna as suas equipas infalíveis. O seu maior vício era o tabaco, a ponto de, nos estágios da Selecção, dividir o quarto com o massagista para não fumar.
Soma mais três títulos, dois Europeus pela selecção, e um Nacional pelos «leões», e já na década de noventa, em 1993, é Campeão Mundial em Itália, 31 anos depois do último troféu conquistado fora de casa.
Não pára por aí, e como seleccionador sagra-se novamente Campeão da Europa no ano seguinte. Em 1998 é convidado para treinar o FC Porto e na mesma temporada vence o Campeonato, mas perde por penaltis a final da Liga dos Campeões.
A 5 de Junho de 1999, o destino coloca-o perante o desafio final, acabando por morrer repentinamente com apenas 55 anos, vítima de uma trombose.
Cristiano Pereira, colega de selecção e seu substituto no lugar de treinador do FC Porto, define o campeão na hora da despedida final: "Ele era o artista".

Títulos conquistados ao serviço do Sporting
1 Taça dos Campeões Europeus (1977)
1 Campeonato Nacional (1977)
1 Taça de Portugal (1977)
Como treinador do Sporting
2 Campeonatos Nacionais (1982 e 1988)
1 Taça das Taças (1981)
1 Taça CERS (1984)
1 Taça de Portugal (1984)

Palmarés como Jogador da Selecção Nacional
209 internacionalizações com 425 golos marcados
Campeonatos do Mundo ganhos – 3 em 1962, 68 e 74
Campeonatos da Europa ganhos – 7 em 1961, 63, 65, 67, 73, 75 e 77
Palmarés como Seleccionador/Treinador da Selecção Nacional
Campeonatos do Mundo Ganhos – 2 em 1982 e 1993
Campeonatos da Europa Ganhos – 3 em 1987, 1992 e 1994

Clubes representados como Treinador
Sporting Clube de Portugal
Hóquei Clube de Turquel
Futebol Clube do Porto
A.S. Bassano Hockey (Itália)

Évora Perdida no Tempo - Aspecto interior (maquinaria) da Fábrica dos Leões


Aspecto interior (maquinaria) da Fábrica dos Leões, em Évora.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 dep. - 1970 ant.
Legenda Aspecto interior (maquinaria) da Fábrica dos Leões
Cota DFT5109.1 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Câmara de Évora cria parque de estacionamento: Intervenção para proteção do Cromeleque dos Almendres

A Câmara Municipal de Évora implementou um parque de estacionamento a 300 metros de distância do Cromeleque dos Almendres, numa operação articulada com a DRCALEN (Direção Regional de Cultura do Alentejo) e o proprietário da herdade. Esta intervenção visa impedir o acesso automóvel ao monumento a partir desse ponto, protegendo do impacto nocivo do trânsito um dos mais importantes testemunhos do período megalítico na Península Ibérica.
Com cerca de 800 m2, este parque de estacionamento tem capacidade para 4 a 5 autocarros ou cerca de 20 viaturas ligeiras. Os trabalhos, concluídos no passado dia 31 de janeiro, custaram cerca de 6.700 euros e foram realizados, exclusivamente, pelos trabalhadores e máquinas da Câmara Municipal de Évora.
Para uma segunda fase está igualmente prevista uma operação de reposição do solo que suporta o monumento e uma intervenção no espaço envolvente, com o objetivo, por um lado, de melhorar as condições de drenagem do local e, por outro, de sugerir ao visitante o ponto mais interessante de observação do monumento.
Os trabalhos no terreno estão a ser desenvolvidos pelo Departamento de Ambiente e Qualidade e pela Divisão de Espaços Verdes e Qualidade Ambiental da Câmara de Évora, sendo que as obras têm merecido um acompanhamento próximo por parte do Departamento do Centro Histórico, Património e Cultura da autarquia e da DRCALEN.
Esta intervenção, que já se tentava levar a cabo há muito tempo, é muito importante para a proteção do monumento e poderá servir de sensibilização e estímulo junto de outros proprietários de património histórico e arqueológico de relevo.

Évora Perdida no Tempo - Avenida São João de Deus


Prédios da Avenida São João de Deus (Zona de Urbanização nº1)


Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 dep. - 1962 ant.
Legenda Avenida São João de Deus
Cota DFT7681 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

domingo, 12 de fevereiro de 2012

COMERCIAL (MANUAIS ESCOLARES) - Residente em ÉVORA ou no Distrito

Recrutamos para nosso cliente no sector de actividade ligado à edição e comercialização de manuais escolares:

- COMERCIAL (MANUAIS ESCOLARES) - Residente em ÉVORA ou no Distrito

FOTO OBRIGATÓRIA

* Requisitos:

- BOA APRESENTAÇÃO
Apresentação ou Espírito jovem, formal, cuidada e credível (muito boa apresentação será imprescindível para a função - trata-se de lidar com Escolas - Professores e Encarregados de Educação)

- PERFIL/PERSONALIDADE
- Empatia fundamental
- Espírito Jovem
- Excelente facilidade de comunicação
- Orientação para os resultados
- Dinamismo e Autonomia
- Forte espírito de equipa e capacidade de auto-motivação

- Elemento com gosto pelas áreas do ensino e da pedagogia (preferencial mas não obrigatório)

- HABILITAÇÕES
- Experiência Comercial;
- Carta de Condução e disponibilidade para deslocações pelo País.
- Habilitações académicas ao nível da licenciatura ou 12º Ano de Escolaridade;
- Bons conhecimentos em informática na óptica do utilizador


- DISPONIBILIDADE
- Imediata e Horária para efectuar eventuais horas foras do horário normal de trabalho e remuneradas de acordo com a Lei.


* Funções:

- Comercialização de Livros de Exercícios / Fichas Técnicas junto de Professores e Escolas já depois de no início do ano terem adquirido os manuais principais.
- Divulgação e promoção dos manuais escolares e da Editora junto de Professores e Encarregados de Educação;
- A Divulgação/ Apresentação dos manuais poderá ser feita em Escolas, Hotéis (em eventos através de apresentações em powerpoint), etc.
- Acompanhamento e Esclarecimento de Dúvidas junto dos Professores e Encarregados de Educação dos Manuais Escolares entretanto adquiridos e aprovados pelas escolas e/ou Encarregados de Educação;

- Zona Geográfica de actuação : Évora, Beja e Portalegre

* Oferecemos:

- Vencimento liquido – 650€
- Refeições: 7€ com apresentação da factura
- Viatura da Empresa – para uso única e exclusivamente em horário laboral (kms/combustível pagos pela empresa)-
AINDA POR DEFINIR NESTA FASE SE SERÁ VIATURA PRÓPRIA OU DA EMPRESA
- Telemóvel – 30€/ mensal
- Horário de 2.ª a 6.ª feira das 9h às 18h (com disponibilidade para pontualmente trabalhar Sábados que serão pagos como Hora Extra)

Nota: Não existe lugar ao pagamento de Comissões

Observações:
Os candidatos deverão enviar o seu currículo com fotografia, indicando a Referência:
"COMERCIAL - ÉVORA"

para:




FOTO OBRIGATÓRIA
Só serão contactadas as candidaturas seleccionadas.

TRIANGULU
Rua Andrade Corvo, N.º 27 - Piso 3, 1050-008 Lisboa

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Salamandra intoxica seis alunos em escola de Évora

Seis crianças, três do sexo feminino e outras três do sexo masculino, sofreram uma intoxicação por monóxido de carbono, esta sexta-feira à tarde, numa escola em Évora. Quatro delas tiveram de ser internadas no Hospital do Espírito Santo, naquela cidade.

O alerta foi dado pelas 14.20 horas, quando os menores, alunos da EB1 do Bairro da Câmara, em Évora, se queixaram de náuseas e vómitos.

Segundo as autoridades, o forte vento na cidade terá provocado uma deficiente ventilação da salamandra instalada no estabelecimento de ensino, para aquecer a população escolar.

Com idades compreendidas entre os nove e os 10 anos, quatro crianças mantêm-se em vigilância nas Urgências Pediátricas do Hospital do Espírito Santo.

Segundo o porta-voz desta unidade hospitalar, não houve qualquer necessidade de submeter as vítimas a terapêutica de oxigénio.

Ambiente - Ecopista (Ramal de Mora)


A conversão do antigo ramal ferroviário de Mora em ECOPISTA surge na sequência de um protocolo celebrado entre a REFER e a Câmara Municipal de Évora, com vista à integração na rede de percursos cicláveis e pedonais.

É objectivo da ECOPISTA ramal de Mora contribuir para promover o desenvolvimento integrado da região, promovendo pontos de interesse histórico/culturais, o turismo, recreio e lazer ao ar livre, a recuperação de património em mau estado de conservação, num âmbito de incentivo à conservação da natureza e valorização dos sistemas naturais existentes.
Na zona urbana de Évora a ECOPISTA é em tapete de betão betuminoso com o objectivo de permitir uma utilização cómoda e segura das pessoas com mobilidade reduzida.
Esta ECOPISTA desenvolve-se desde o bairro do Chafariz d'El Rei, em Évora, até ao limite de concelho, na Sempre Noiva, numa extensão de 21km, tendo depois continuidade nos concelhos de Arraiolos e Mora, numa extensão total de 60km.





A Ecopista atravessa paisagens tipicamente alentejanas, predominantemente de montado e olival. Ao longo do percurso encontrará alguma informação sobre a vegetação circundante.



Sobreiro
O sobreiro pertence à família das Fagáceas e ao género Quercus. A cortiça que se extrai dos sobreiros é um tecido vegetal denominado por súber, donde advém o nome científico (Quercus suber).
É uma árvore de porte médio que pode atingir uma altura média de 15 a 20 m. Tem um crescimento lento, levando cerca de meio século a atingir a sua fase de maturidade. O tronco tem uma casca espessa, vulgarmente designada por cortiça. As suas folhas são persistentes e o seu fruto é a glande ou lande, vulgarmente conhecida por "bolota".
O sobreiro está concentrado na bacia do Mediterrâneo. Em Portugal ocorre com especial incidência a Sul do Tejo onde, frequentemente, forma montados. O montado é um sistema agro-silvo-pastoril extensivo, resultante da intervenção humana nos bosques mediterrâneos originais, que combina uma elevada importância socio-económica com uma excepcional diversidade biológica.
A bolota é a base da alimentação do porco preto e o principal distintivo na qualidade da sua carne na produção de presuntos e enchidos.



Cortiça
A cortiça é um bom isolador térmico e acústico, sendo largamente utilizada no fabrico de rolhas, revestimentos, tapetes, palmilhas... Os desperdícios são aproveitados na indústria de linóleo, serradura de cortiça e fabrico de aglomerados. Em Portugal as tiradas de cortiça ocorrem de nove em nove anos.
Portugal produz mais de metade da cortiça mundial.



Olival
A oliveira (Olea europea var. sativa) pode atingir até 15m de altura, de grande longevidade, de folhas persistentes, verdes/prateadas e troncos retorcidos, com frequência tortuosos, resistente à secura e bem adaptada a solos calcários.
É uma árvore das regiões mediterrânicas. Em Portugal ocorre em praticamente todo o país à excepção das regiões frias.
O olival é um povoamento de oliveiras, espécie cultivada com o objectivo da produção da azeitona, destinada à conserva e produção de azeite - óleo natural muito utilizado na alimentação mediterrânea, de reconhecidas qualidades.
Desde a antiguidade que o ramo de oliveira é considerado um símbolo de Paz e de boa Vontade.



Galeria Ripícola (Rio Xarrama)
Um curso de água constitui uma singularidade ambiental e paisagística dentro das características biogeográficas gerais da área onde se encontra. A maior disponibilidade hídrica e o ambiente mais fresco e sombrio determinam a ocorrência de espécies melhor adaptadas a estas condições. A vegetação que se desenvolve nestas condições chama-se galeria ripícola. Algumas plantas típicas de galerias ripícolas que pode encontrar:

Choupo, Populus nigra
Freixo, Fraxinus angustifolia
Sabugueiro, Sambucus nigra
Loureiro, Laurus nobilis
Salsaparrilha, Smilax aspera
Hera, Hedera helix
Jarro, Arum italicum
Silva, Rubus ulmifolius

A galeria ripícola também é um local que atrai diferentes espécies de aves que aqui encontram protecção, alimento e condições de nidificação.



O Loureiro
O loureiro (Laurus nobilis), originário da região mediterrânea é uma árvore que pode atingir cerca de 20m de altura. Apresenta ramagem densa e perene de folhas verdes escuras. As suas folhas libertam um aroma muito agradável, sendo por isso frequentemente utilizadas como tempero na cozinha tradicional alentejana.
É também muito utilizado como planta ornamental em parques e jardins.
A sua abundância nesta zona originou o topónimo mais antigo da região - Louredo.
A planta é conhecida desde a Grécia antiga, onde as coroas feitas de folhas de louro eram entregues aos vencedores de competições como símbolo da vitória. Daí a expressão "louros da vitória".

Évora Perdida no Tempo - Pátio do antigo Palácio do Farrobo



Pátio do antigo Palácio do Farrobo (antigo Quartel dos Bombeiros), demolido em 1963 para dar lugar ao Palácio da Justiça.


Autor David Freitas
Data Fotografia 1963 ant. -
Legenda Pátio do antigo Palácio do Farrobo
Cota DFT7664 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Personalidades Eborenses - Celestino David

Quem vem do Hospital Velho para o Largo da Porta de Moura subindo pela íngreme Rua Dr. Joaquim Henrique da Fonseca, há-de reparar que, à sua direita, na frontaria do número 19, está colocada uma lápide marmórea comemorativa do 1º. Centenário do nascimento de Celestino David, figura pouco conhecida dos actuais eborenses. No sucinto epitáfio se pode ler, em termos da homenagem que lhe foi prestada pela cidade e pelo Grupo Pró-Évora: «Nesta casa faleceu em 28-9-1952 Celestino David , escritor e poeta beirão que a Évora e seu tempo regional deu todo o seu talento de homem público e de artista».

A vida deste homem de excepcional cultura é, apesar de tudo, um livro aberto. Dele podemos conhecer todos os passos, sonhos, ilusões, alegrias, tristezas e desenganos compulsando a autobiografia que nos deixou, escrita em 1950 e, na altura, um género literário de raro cultivo Pela leitura desta resenha pessoal se ficam a conhecer as suas facetas de homem público, a inteireza de carácter com que as viveu, a inusitada paixão de que se tomou por Évora, o seu gosto pelo jornalismo e a devoção à investigação e ao conhecimento histórico da cidade e das suas gentes. Natural da Covilhã, onde nasceu a 14 de Janeiro de 1880, era filho de um casal modesto: o pai, chefe da estação telegrafo-postal, a mãe cuidando da lida da casa e da criação dos onze filhos havidos. Pelo torrão natal se manteve até concluir o ensino primário, tendo feito o exame de admissão no Liceu da Guarda. 

Mas os pais hesitaram quanto ao rumo imediato a dar à sua carreira, «talvez porque não soubessem o que lhe convinha, talvez porque os recursos não eram muitos». Continuou porém a estudar, frequentando a Escola Industrial Campos de Melo e aulas particulares de português orientadas pelo administrador do concelho. Em Outubro de 1893 surgiu a oportunidade de entrar no Liceu do Carmo, em Lisboa, para iniciar o curso secundário, com a duração de seis anos. Um conflito com um professor de geografia, devido à recusa em usar óculos quando sofria de acentuada miopia, impossibilitando-o de identificações cartográficas precisas, esteve na origem do regresso à Beira. Matriculou-se no Liceu da Guarda e concluiu o curso em quatro anos, não deixando dúvidas quanto às suas capacidades e virtudes intelectuais.


Em 1897 ingressou na Universidade de Coimbra para se bacharelar em Direito, o que adregou em Junho de 1903. Eram as letras, contudo, que o prendiam. Nos anos que por lá passou «em estudos e devaneios» disseminou versos e prosas por muitos jornais da província e da capital. Ali conheceu a ilustre e letrada geração académica do final de século. Com muita mágoa deixou a urbe e a vida coimbrã, do seu cantado encantamento. Tornava-se agora imperioso ganhar a vida. Concorreu e foi nomeado sub-delegado e ajudante de conservador na comarca de Gouveia. Depois passou a administrador do concelho e finalmente a conservador. Num autêntico peregrinar pelo país andou pelo Cartaxo, Campo Maior, Alfândega da Fé, Castelo Branco, Vila Viçosa, até aportar a Évora - que o enfeitiçou - em 1912. Celestino David veio ocupar o lugar de Secretário Geral do Governo Civil de Évora, no qual se manteve até à aposentação em 1950 - salvo um período curto entre 1935 e 1936, em que esteve em Santarém, para se aproximar de seus filhos.

A política pouco o importava, sendo certo porém que a República nunca se lhe chegou ao coração. Mas cumpria com inexcedível zelo e proficiência a função que lhe fora cometida. Fora do horário de serviço, em dias santos e feriados - como confessou - lia, escrevia, frequentava bibliotecas, ou calcorreava a cidade a inebriar-se dos seus encantos, a encher-se da sua beleza, a desocultar os seus recantos e a mostrar aos outros os seus segredos. «Fui cicerone de uma geração» - afirmava com frequência. Em 1919 fundou, com alguns amigos, o Grupo PróÉvora. Na “Autobiografia” salientou «o que se lhe deve quanto ao Museu Regional - sem o grupo o Museu não existiria ainda, - quanto ao Claustro da Sé - sem as obras iniciadas pelo grupo não seria possível o que se vê hoje - quanto à conservação das muralhas - sem o grupo estariam arrasadas já - quanto ao pitoresco das ruas, restauro de monumentos, conferências de cultura, propaganda por todos os meios, exposições de arte - sem a acção do grupo pouco se teria feito».

Foi seu vice-presidente da direcção durante 13 anos e presidente da Assembleia Geral depois do seu regresso de Santarém. De resto escreveu. Escreveu desmedidamente, derramando o seu talento em prosa e verso, numa exaltação permanente de Évora e do Alentejo. E fê-lo em livros, poemas, jornais, revistas ou monografias várias. Foi autor dos verbetes, referentes a Évora e ao Alentejo, publicadas na Grande Enciclopédia Luso- Brasileira. Numa hora intervalar escreveu em 1926 o hino do Lusitano Ginásio Clube. Já para o termo da sua “Autobiografia” diria: «Da cidade, conheci a história, admirei a arte, gozei o pitoresco, construi a terra lendária que os cegos de alma não vêem e eu me dei a rodeá-la de ternuras profundas, ressonantes do meu espírito admirador». No dia da sua aposentação Celestino David recebeu do Governo Civil o diploma de cidadão honorário de Évora, que lhe foi entregue pela neta Maria da Conceição
.
Em 14 de Janeiro de 1951 o governo, através do Ministério da Educação, decidiu, muito justamente galardoá-lo com as insígnias da Ordem de S. Tiago.


Texto: José Frota

Évora Perdida no Tempo - Capela lateral da Sé de Évora


Aspecto durante a demolição de uma das capelas laterais da Sé Catedral de Évora (demolidas na década de 1940/ 1950, durante as obras de restauro).

Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 ant. -
Legenda Capela lateral da Sé de Évora
Cota DFT4080 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Horta Comunitária na Cruz da Picada já está a funcionar

A Horta Comunitária da Cruz da Picada nasceu há poucos meses no recinto da EB1 da Cruz da Picada, mas está já plena de atividade e a ser um sucesso entre os moradores. O projeto desta horta comunitária - a primeira situada em espaço escolar - surgiu de uma união de vontades que reúne diversas entidades num consórcio cuja instituição promotora é a Associação Menuhin Portugal e a base é o projeto MUSEpe, que se desenvolve no bairro da Cruz da Picada e no qual está também envolvida, além do agrupamento N.º 1 de Escolas de Évora, a Câmara Municipal de Évora.
Este projeto de horta, segundo os promotores, tem como principais objetivos: oferecer alternativas para o desenvolvimento local dos bairros da Cruz da Picada, Escurinho e Malagueira; sensibilizar e educar a população para a valorização do meio social e ambiental; fomentar a prática da horticultura biológica como atividade complementar do rendimento familiar; promover a alimentação saudável e contribuir para a alteração de hábitos de consumo.
Visa também valorizar o espírito comunitário na utilização do espaço público/escolar e na sua manutenção; proporcionar um novo olhar e dinâmica do espaço escolar, uma maior abertura do mesmo à comunidade; e contribuir para a melhoria do espaço e ambiente escolar.
Segundo o Regulamento, pode candidatar a utilizador(a) da Horta qualquer munícipe, residente nos bairros da Cruz da Picada, Escurinho, Santa Maria e Malagueira, desde que seja familiar de alunos ou ex-alunos da escola, cliente do Centro Comunitário da Cruz da Picada, ou que seja formanda(o) da Formação Modular de Competências Básicas de Leitura e Escrita promovida pela EBI/JI da Malagueira e Projeto MUSEpe.
As inscrições são feitas e geridas nas respetivas instituições e, posteriormente, reportadas ao MUSEpe. É atribuído pelo menos um talhão a cada uma das instituições referidas e os restantes talhões serão atribuídos consoante o número de candidaturas apresentadas por cada uma das mesmas. Todo o processo de implementação da Horta Comunitária é acompanhado pela equipa do MUSEpe e funcionários da Camara Municipal de Évora.
A Horta Comunitária tem um regulamento e há um horário de utilização do espaço que varia conforme o verão ou o inverno, explicam os responsáveis Tiago Pereira (coordenador do projeto MUSEpe) e Rosa Coelho (técnica), salientando também que foi criado um cartão de identificação que permite às pessoas entrar no espaço escolar. Os produtos não são para venda mas para consumo próprio. Atualmente têm neste espaço 16 talhões (excluindo os talhões dos meninos da escola) e à volta de 26 inscritos já a trabalhar na terra”.

A Vereadora Cláudia Sousa Pereira visitou a horta para conhecer mais de perto o projeto e ficou satisfeita com o que viu. Apesar de existirem já hortas escolares em Évora, uma horta comunitária dentro de uma escola esta é a primeira, sublinha a Vereadora, reconhecendo que este é “um projeto pioneiro, único” e admitindo até eventualmente o alargar do projeto, caso a própria comunidade-escola esteja interessada.