quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Percursos Ambientais em Évora - Sítio de Monfurado


Rede de Percursos Ambientais, traçada sobre caminhos públicos rurais ou municipais, para utilização a pé ou com meios de transporte não poluentes.
Esta rede interliga as povoações rurais do concelho e permite o acesso aos monumentos megalíticos e outros desta área.
Através destes caminhos atravessam-se diferentes paisagens de Évora, algumas das quais integradas no Sítio de Monfurado, classificado pela União Europeia como área pertencente à Rede Natura 2000, devido aos habitats e espécies de interesse comunitário que aí ocorrem.


Localização: entre Évora e o Sitio de Monfurado, no limite oeste do concelho.

Comprimento: 88 km

Utilização: pedonal, bicicleta, meios de transporte não motorizados

Infra-estruturas: sinalização direccional, pontos de informação e parques de merenda nas povoações.

Pavimento: saibro nos caminhos rurais e betuminoso nos caminhos municipais

Meio Natural: Sitio de Monfurado, inserido na Rede Natura 2000. Área dominada por importantes montados de sobro e azinho, bastante bem conservados, numa região tipicamente mediterrânica. É uma zona de grande importância para a conservação de diversas espécies de morcegos

Património cultural: Conjuntos urbanos de Évora, Valverde, Guadalupe, Boa Fé e S. Sebastião da Giesteira.

Património histórico: na beira dos percursos, encontram-se muitas construções de variadas idades, desde o Neolítico até à actualidade.

Nível de dificuldade: variável, com as maiores inclinações nos troços entre as Ribeiras de S. Brissos e de Valverde, em especial entre Valverde e os Almendres.

Ligações: a rede de Percursos de Monfurado estende-se pelo Concelho de Montemor-o-Novo. Em Évora, tem proximidade a outros Percursos Ambientais.

Cartografia: Cartas Militares 1:25.000 n.ºs 447, 448, 458, 459, 460 do Instituto Geográfico do Exército.

Com cerca de 24.000ha, o Sítio de Monfurado alberga um conjunto importante de habitats e espécies. Esta enorme biodiversidade resulta das condições do clima mediterrâneo, com influências atlânticas e continentais.

O Sítio de Monfurado situa-se entre os montados do Alto Alentejo – um sistema agro-silvo-pastoril único, de paisagens e valores naturais excepcionais – e a estepe cerealífera do sul.

O Sítio é dominado pelos montados, maioritariamente de sobro (Quercus suber), mas também de azinho (Quercus rotudinfolia), ou mistos. Encontram-se ainda alguns bosques de sobreiro de pequena dimensão e montados mistos de sobreiro e carvalho-negral (Quercus pyrenaica), uma espécie que tem aqui o limite sul da sua área de distribuição.

Neste Sítio ocorrem também os melhores exemplos de espinhais de tojo (Calicotome villosa), matagais densos que em Portugal são exclusivos da região de Évora. Com excelente representatividade no Sítio, encontram-se ainda os importantes arrelvados de uma pequena gramínea denominada Poa bulbosa, que integram um habitat prioritário para a conservação. São prados formados por pequenas plantas prostradas, muitas vezes associados aos montados e cuja persistência depende da manutenção do pastoreio extensivo.

A vegetação ribeirinha inclui amiais e salgueirais, em razoável estado de conservação, e diversas comunidades flutuantes (ranúnculos, Potamogeton e macroalgas).

Em termos faunísticos, o Sítio de Monfurado é de grande importância para algumas colónias de morcegos, sendo de salientar o morcego-rato-grande (Myotis myotis) e o morcego-de-ferradura-mourisca (Rhinolophus mehelyi). A área de montado assume um papel importante como zona de alimentação destas espécies, assim como para as colónias do rato-de-cabrera (Microtus cabrerae).

Este Sítio tem as características de habitat adequadas para a ocorrência do lince-ibérico (Lynx pardinus) ou permitir a sua reintrodução.

Nalgumas linhas de água ocorre a boga-portuguesa (Chondrostoma lusitanicum), espécie que só existe em Portugal e que está criticamente em perigo.

Link: Sítio de Monfurado




Évora Perdida no Tempo - Antiga Pastelaria Bijou do Camões


Antiga Pastelaria Bijou do Camões, na Rua João de Deus (memórias do comércio eborense)


Autor David Freitas
Data Fotografia 1960 - 1969
Legenda Antiga Pastelaria Bijou do Camões
Cota DFT6390 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

"Antes de Começar" no Teatro Garcia de Resende


O autor põe dois bonecos (um boneco e uma boneca) a falar. Numa belíssima prosa poética, falam da amizade, do amor, da vida, das relações humanas. Humanas sim. Quando não estão sob o olhar do seu manipulador, do seu bonecreiro, ganham vida própria.
Quando se encontram sozinhos tornam-se humanos e descobrimos que eles também têm coração.
Depois de ultrapassado o receio inicial, os bonecos vão-se abrindo um com o outro. Conversam das suas memórias.
Atravessamos hoje uma época em que os valores humanos andam muito arredados do dia a dia das pessoas. Num tempo em que as relações humanas estão banalizadas pelas pressões do quotidiano, pela carestia de vida, pela falta de esperança no futuro, pela desumanidade, esta peça pode ajudar-nos.
A esperança de um mundo melhor está nas mãos das novas gerações, se soubermos incutir nas crianças e nos jovens os valores inestimáveis, da força da amizade, do respeito pelos outros, da importância da cidadania. Eles vão com certeza aprender a construir um lugar onde se pode viver em harmonia e paz. Enfim, um lugar onde se pode ser feliz.
Este belo e didáctico texto do mestre Almada tudo isto ensina. Foram estas as razões que nos levaram a pensar na oportunidade de o trazer á cena.

Autor: Almada Negreiros
Encenação: Rui Nuno
Interpretação: Jorge Baião e Maria Marrafa
Cenografia e figurinos: Helena Calvet
Música: Vítor Ciríaco
Desenho de Luz e Direcção Técnica: António Rebocho
Construção de Cenário: Tomé Baixinho e Paulo Carocho
Confecção de Guarda Roupa: Vicência Moreira

Estreia dia 24 de Fevereiro com espectáculo também no dia 25, às 21h30, na Sala Estúdio do Teatro Garcia de Resende, para o público em geral.

Espectáculos para público do 1.º ao 8.º anos de escolaridade às 10h30 e às 15h00 nos seguintes períodos:
27, 28 e 29 de Fevereiro e 1 e 2 de Março
De 19 a 23 de Março
De 16 a 27 de Abril

Évora Perdida no Tempo - Fonte na Quinta das Glicínias


Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1960
Legenda Fonte na Quinta das Glicínias
Cota DFT3058 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Projeto Educativo do Património de Évora já está em plena atividade

O PEPE – Projeto Educativo do Património de Évora já está em pleno desenvolvimento no terreno, tendo diversas instituições aderido ao projeto, sido estabelecidas parcerias e salientando-se também que, desde o início do ano letivo foram já feitas diversas visitas, nomeadamente no circuito do Centro Histórico, ao Convento dos Remédios e à Unidade Museológica da CEA.

Recorde-se que o PEPE visa ser um fator de fortalecimento da identificação existente entre a comunidade e o seu património material e imaterial promovendo, em simultâneo, o seu conhecimento, a sua compreensão, a sua valorização.

Trata-se de uma temática cara à cidade de Évora, não só porque está classificada como Património da Humanidade, mas também enquanto Cidade Educadora. Lançado no ano em que Évora comemorou os 25 anos da classificação do seu Centro Histórico como Património Mundial, este projeto tem um público-alvo alargado, abrangendo não só a comunidade educativa, desde o ensino básico ao superior, mas também toda a população do concelho.

Foram já estabelecidas parcerias com as seguintes instituições: Turismo do Alentejo; Fundação Eugénio de Almeida; Museu de Évora; Centro de Estudos da Avifauna Ibérica; Associação Mundo BTT; Universidade de Évora; Agrupamento de Escolas nº 2 André de Resende; Agrupamento de Escolas nº 3 Santa Clara; Agrupamento de Escolas nº 4 Conde Vilalva; e Eborae Mvsica – Conservatório Regional de Música.

Entre as ações desenvolvidas destacam-se: Cabinet 1799, Aprender com o Aqueduto; Dentro do Convento, crio e invento; Vem conhecer a Câmara; Évora, tour medieval; Passeios históricos ao aqueduto; Évora monumental para miúdos; À la minuta; Fotógrafos, títeres e outros sonhadores; Lanterna mágica; Histórias encaixadas; Plantas aromáticas, medicinais e comestíveis que por aqui se usam; Oficina de oralidades; Jovens embaixadores; Bio-exploradores; A vida nas ribeiras; e Biodiversidade urbana.
A implementação deste projeto foi antecedida pela realização de um diagnóstico de auscultação da comunidade escolar sobre a pertinência do projeto, que incidiu em questionários dirigidos a professores titulares, pais e alunos do 1º ciclo do ensino básico.

Maioria defende que a Câmara deve desenvolver projetos educativos

A maioria dos professores inquiridos indicaram que consideram ser da competência do município desenvolver projetos de natureza educativa e a totalidade reconhece a importância da participação num projeto educativo municipal sobre património como complemento curricular dos alunos.
Foram aplicados 109 questionários aos pais em três escolas de 1º ciclo do Ensino Básico: EB1 Azaruja, EB1 S. Manços e EBI/JI Malagueira. A grande maioria dos inquiridos considera também competência do Município o desenvolvimento de projetos de natureza educativa. Quando questionados sobre as áreas de património que deverão ser prioritariamente promovidas, destaca-se o património natural (27%), logo seguido pelo humano (24%). É particularmente relevante que uma das áreas que consideram dever ser mais trabalhada seja precisamente uma com a qual apenas uma minoria associa a noção de património. Por outro lado, o património oral é considerado o menos relevante para ser trabalhado (39%), seguido pelo património artístico (21%). De salientar, ainda, um número significativo de ausência de respostas (8%).

No contexto da sua participação com o seu educando num projeto municipal sobre património, foram indicados diferentes espaços que gostariam de visitar, nomeadamente a Sé, o Museu de Évora e a Capela dos Ossos. 9,2% dos inquiridos não apresentou qualquer resposta.

Foram apresentados 128 questionários a alunos de 1º ciclo do Ensino Básico, dos quais 102 a alunos da EBI/JI da Malagueira, 14 da EB1 de S. Manços e 12 da EB1 de Valverde. A maioria identifica o património com o “conjunto de monumentos”, a grande maioria proveniente da EBI/JI da Malagueira. Apenas 14 alunos identificam o património como o “conjunto de heranças que recebemos” e a minoria associa-o ao ambiente e paisagem natural, imediatamente seguido pelos “sítios classificados pela UNESCO”.

Quando diretamente questionados sobre a integração, ou não, de contos, lendas e canções como parte do nosso património, verifica-se que uma significativa maioria (69%) os reconhece como tal, sendo que, destes, a maior parte, já havia definido anteriormente o património como “conjunto de tradições e costumes alentejanos”.

76% dos alunos reconhece ser o azinhal, o tipo de floresta típico da sua região, ainda que a soma das restantes respostas corresponda a um valor elevado (24%), denotando ainda algum desconhecimento sobre esta matéria.



Évora Perdida no Tempo - Sala do Éden Esplanada


O Éden Esplanada, único cinema ao ar livre que funcionou em Évora durante cerca de 40 anos, foi instalado no espaço que se mantinha devoluto após a demolição do Convento de Santa Catarina.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1946 ant. -
Legenda Sala do Éden Esplanada
Cota DFT6447 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Évora no mundo nocturno de António Gancho

«Elisa não podia casar. As dioptrias de Elisa eram muito grandes. Na vista esquerda tinha 16 dioptrias e na direita 13. Tinha miopia e astigmatismo. Era míope. Mas esbelta, gorda, no entanto engraçada. Luís é que a pretendeu, andou atrás dela e casou com ela. Mas toda a gente dizia que Elisa não podia casar, era muito míope. Só Luís conhecia os seus sentimentos, a sua esbelteza em mulher gorda e forte, a levou para a cama e casou com ela. Luís dizia enquanto namoraram - «Eu quero-te Elisa, porque te amo muito.» Elisa aceitava e respondia, - «Luís, mas sou muito míope.» (...) Era em Évora que se passava a acção, era em Évora que isto se dava».

Assim começa a novela “As Dioptrias de Elisa”, da autoria de António Luís Valente Gancho, nado nesta terra em 1940, e que desde cedo começou a fazer-se notar como poeta de rara imaginação e talento. Tinha 17 anos quando publicou o seu primeiro poema nas páginas do jornal mensal de artes e letras local, “dom Quixote”, propriedade de Manuel Madeira Piçarra. A composição tinha por título «Na África há-de ficar minha alma...» e deixava adivinhar já a soturnidade que o dominava e marcaria toda a sua existência: «(...) Na África há-de ficar minha alma/Uivando porque será uma hiena/Que romperá/as noites luarentas de todo o pesado Continente » ou mais adiante: «(...) E meus olhos/Existirão dependurados da noite/Por todas as árvores/ Sendo o mistério da selva/E o mistério da noite/-Da noite inundados/Pelo longínquo vento dos/Chacais».

Pouco depois abala para Lisboa, onde começa a frequentar o célebre Café Gelo, situado num cotovelo da Praça do Rossio e conhecido como tertúlia oficiosa do Movimento Surrealista. Ali se encontravam regularmente Mário Cesariny, Pedro Oom, António José Forte, Herberto Helder e Luís Pacheco, entre outros. Este último definirá, na sua obra “Textos de Guerrilha”, editada em 1979, o grupo como heterogéneo, de afinidades electivas, estético-políticas e no qual se mesclava «um cheirinho de homossexualismo, um grãozinho de génio nalguns, inconformidade geral, anarquia nos espíritos e nos propósitos de quase todos».
Por esse tempo já António Gancho dava sinais de episódicos transtornos mentais.

À passagem dos 20 anos tentou suicidarse, pelo que o pai o internou no Hospital Júlio de Matos. Saiu alguns meses depois, mas as alucinações e as crises de desdobramento de personalidade (dizia ser Luís de Camões, Bocage, Pessoa, Kafka e todos os artistas da palavra que admirava) acentuaram-se progressivamente. Passou por outros hospitais psiquiátricos até que, em 1967, foi internado definitivamente na Casa de Saúde do Telhal.

Nos momentos de lucidez entregava-se à poesia, paixão e necessidade de sempre. A mãe, Herberto Helder e o pintor Álvaro Lapa, seu conterrâneo e amigo desde os verdes anos da infância e da adolescência, eram praticamente as suas únicas visitas. Em 1993, quando organizava o seu livro «Edoi Lelia Doura - Antologia das Vozes Comunicantes da Poesia Moderna Portuguesa», Herberto Helder pediu a Gancho alguns dos seus poemas, para apreciação e possível inclusão no mesmo. Este entregou-lhe trinta e seis, dos quais Herberto seleccionou onze. Quando a Antologia foi dada à estampa, sob a chancela da Assírio; Alvim, a crítica saudou o aparecimento do novo autor, que no Telhal era apelidado de «Poeta Louco».

O dono da editora, Manuel Rosa, propõe-lhe então publicar toda a sua obra, que aparece em 1995 nos escaparates com o título genérico de “O Ar da Manhã”, o qual, segundo o próprio autor, agrupa quatro livros num único volume: “O Ar da Manhã”, “Gaio do Espírito”, “Poesia Prometida” e “Poemas Digitais”. Em rigor, trata-se de uma colectânea de toda a sua poesia, desde os anos 60 até aos 80. Em resposta a um pedido de Manuel Rosado, que lhe pede uma definição curta sobre Gancho, Herberto Helder classifica-o de «poeta nocturno ». E, na verdade, fazem sucesso poemas como aquele que abre desta forma: «Noite, vem sobre mim sobre nós/ dá repouso absoluto de tudo/traz peixes e abismos para nos abismarmos/traz o sono traz a morte...» ou outro em que considera que «A poesia ouve-se na noite rumorosa onde sonham/ pássaros azuis e se ouve sempre útil e maliciosa/a voz negra e fundamental do galo», lembrando também em nova passagem a «Noite luarenta/ noite de mistério/noite tão sangrenta/solidão cemitério/ Na chaminé da planície/o Alentejo a solidar(...)».

Em epígrafe deixara escrito, ao jeito de sentido apelo à vida: «donne moi ma chance», por acaso - ou não -, o título de uma canção francesa na voz de Richard Anthony que fez furor nos anos 60. «Esta sólida revelação da poesia», como alguém na altura o apelidou, tinha já 45 anos. Portador de um discurso inovador, serviu-se das cantigas de escárnio para colocar em xeque os peralvilhos da palavra e os falsos entendidos da crítica. Assim os vergastou lapidarmente, seguindo de perto o modelo trovadoresco, num poema a que deu o título de “HOW RIDICULOUS THEY ARE” e é do seguinte teor: «Os intelectuais soen muy zurrar/Na literatura na poesia no café/Ai how they are/É verdade ou não, Lord Byron, é ou não é?/Nas pastelarias nas igrejas no café/Ai sobretudo no café/ É verdade ou não é, Lord Byron, é verdade ou não é?/ Ai how ridiculous they are/Zurrar o saben no da fror/Tempo em que as burras muito hão-de ganhar/ Como é de D. Dinis (com modificações) o teor.». 

No ano seguinte (1996) Gancho confessou ao seu amigo Álvaro Lapa que tinha uma novela que gostava de ver publicada e tinha sido escrita em 1990 tendo Évora, terra de ambos, como cenário. Este falou no assunto a Manuel Rosa, que logo se ofereceu para a editar. Tratava-se de “As Dioptrias de Elisa”. A apresentação e o desenho de capa couberam a Álvaro Lapa. Em tom coloquial e linguagem despojada, repetindo palavras e frases, hesitações e alvoroços, Gancho conta-nos a história da vesga Elisa, uma bela mulher que nunca se viu como tal, porque as dioptrias lhe distorciam a realidade. Encarcerada nesta realidade, casara e tinha dois filhos. Mas não gostava de sair à noite, «sobretudo não via bem no meio da rua com as luzes, as luzes não chegavam». Nessas ocasiões, o filho Carlos conduzia-a pela mão, outras vezes era a filha e até o próprio marido. Mas esta existência sem horizontes de Elisa foi quebrada aos 40 anos quando percebeu que um belo jovem de 26 a desejava intensamente. A acção desenrola-se por 61 páginas e tem por cenário as deambulação locais e ruas da sua cidade: Jardim Público, Rua da Oliveira, Rua Mestre Lourenço, Praça de Giraldo, Rua do Calvário, Mercado Municipal e outros. 

Com a cumplicidade de um velho que sorrateiramente descobrira a paixão devoradora que os abrasava, ambos viriam a amar-se intensamente durante dois dias e duas noites, aproveitando uma deslocação do marido e dos filhos a Mora para ver uns parentes dele. Depois... a vida prosseguiu. Esta sensualíssima novela, de contornos bem definidos no universo nocturno e solitário de Gancho, foi adaptada ao cinema numa curta metragem de 22 minutos co-produzida pela Filmes da Rua e RTP 2 em 2002, com realização de António Escudeiro e Sofia Sá da Bandeira no papel de Elisa. Por esse tempo já o dito poeta maldito se afundara num quadro de irreversível desagregação mental. Veio a falecer a 2 de Janeiro de 2006, há exactamente 5 anos, no dia em que completava 39 anos de internamento na Casa de Saúde do Telhal, em Sintra. Neste hospício escreveu toda a sua obra, com Évora na memória. Disseram uns que morreu a rir, outros que foi vítima de ataque cardíaco. O grande amigo Álvaro Lapa, que era da mesma idade e morreria um mês e nove dias depois - ou seja, a 11 de Fevereiro -, declarou, na circunstância, ao “Diário de Notícias” que António Gancho «era um homem de uma grande sensibilidade poética, mal tratado pela sociedade. Foi mais um caso de abuso psiquiátrico, de miséria nacional e institucional».


Texto: José Frota

Évora Perdida no Tempo - Interior da Papelaria Nazareth


Autor David Freitas
Data Fotografia 1966 -
Legenda Interior da Papelaria Nazareth
Cota DFT3116 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Hospedeiras para Évora

A Hospedeiras de Portugal - Promoção e Imagem, procura Hospedeiras (m/f) para eventos a realizar em Èvora:

Requisitos:
-Idade entre os 18 e 30 anos;
-Experiencia como hospedeira;
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Se preenche os requisitos, queira enviar-nos o seu CV com fotografia de cara e corpo (obrigatório) para



So serão consideradas as candidatura que prencham os requisitos e se façam acompanhar de fotografia.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Évora promove vinhos alentejanos


O evento realiza-se na Praça Joaquim António d’Aguiar (Jardim das Canas), junto à sede da CVRA.

A Câmara Municipal de Évora, em colaboração com a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), promove no próximo sábado, dia 18 de Fevereiro, uma iniciativa pública de promoção dos vinhos do Alentejo, integrada no programa cultural da 9ª edição da Rota de Sabores Tradicionais.

Assim, entre as 10h00 e as 16h00, irá ter lugar na Praça Joaquim António d’Aguiar (Jardim das Canas), junto à sede da CVRA, provas comentadas de vinhos do Alentejo e mostra/venda de produtos tradicionais de qualidade, a realizar pelos produtores do concelho e lojas gourmet. A iniciativa será animada pelas atuações dos cantares tradicionais do Alentejo e de uma Banda Filarmónica.

No âmbito da iniciativa, pelas 16h00, a Adega da Cartuxa proporcionará uma visita guiada à sua adega, sujeita esta a inscrição prévia por motivos de logística. A inscrição deverá ser feita, até ao dia 17 de Fevereiro, pelo telefone 266 748 393 (Adega da Cartuxa).

Évora Perdida no Tempo - Vista lateral da Sé de Évora


Vista lateral da Sé Catedral de Évora, a partir do portão do Páteo de São Miguel.


Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 - 1969
Legenda Vista lateral da Sé de Évora
Cota DFT394 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Brincas de Carnaval em Évora

Évora Perdida no Tempo - Sala do Palácio dos Condes de Basto


Sala nobre do Palácio dos Condes de Basto (Pátio de São Miguel) antes das obras de restauro. O edifício, em avançado estado de ruína, foi adquirido em 1957 pelo Conde de Vill'Alva, que no ano seguinte iniciou as obras de recuperação, com a colaboração do Arquitecto Ruy Couto. As obras de consolidação, recuperação e restauro duraram cerca de 15 anos.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1957 Dep. -
Legenda Sala do Palácio dos Condes de Basto
Cota DFT4420 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Álvaro Domingues nos Ciclos de São Vicente

CICLOS S. VICENTE
FEVEREIRO - RURALIDADES
Igreja de São Vicente, Évora
Colecção B, Associação Cultural

Aquilo a que continuamos a chamar ‘campo’, a ‘vida no campo’, não é já o que era. O mundo rural globalizou-se, é hoje palco de contaminações várias, hibridou-se e redesenhou os seus limites. O espaço e os seus modos de vida impõe-nos hoje respostas e perguntas renovadas, abrem-se a inquietações e inquirições outras, espelhando talvez o estatuto ‘transgenérico’ de que fala o geógrafo Álvaro Domingues na sua irreverente leitura da ‘vida no campo’.

A fechar a incursão nas ‘ruralidades’, a que demos lugar na programação de Fevereiro, vamos receber ÁLVARO DOMINGUES na Igreja de São Vicente.



15 de Fevereiro, 18h
"A paisagem era verde, veio uma cabra e comeu-a"

Uma incursão pelo Alentejo (pouco) profundo com o geógrafo Álvaro Domingues, nome que tem merecido destaque na actualidade. Uma leitura provocatória, incisiva, lúdica e atenta do território alentejano e do debate sobre o rural e a ruralidade, sobre conceitos e limites, sobre representações e realidades. Ocasião para apresentar o livro 'A rua da estrada' (Dafne, 2011) e o livro por vir 'A vida no campo', actualmente em subscrição.

Seja um dos primeiros 500 subscritores de uma obra notável! www.alvarodomingues.net