domingo, 18 de março de 2012

Precisa-se gestor industrial - Évora

Precisa-se de gestor industrial afim de gerir, organizar fábrica de rações para animais.

O trabalho será com sistema informatico de produção/comando da fábrica, gestão de stocks, emissão de GR, encomendas a fornecedores.

Envio de CV para

sábado, 17 de março de 2012

A arte de encadernar no Atelier Barahona



Por vezes, em lugares inesperados do Centro Histórico, vão abrindo novos espaços comerciais que, contribuindo para a reabilitação da zona onde se inserem, oferecem, de forma singular e original, serviços de que Évora carece, na sua condição de cidade de cultura. É o que acontece com o “Atelier Barahona”, cuja loja se encontra num prédio de dimensões muito acanhadas na rua do Salvador nº. 13, à Porta Nova, em direcção à Praça Luís de Camões, junto ao último pilar visível do arco do Aqueduto, e que se dedica prioritariamente ao encadernamento, douramento e restauro de livros.

O ancestral cubículo pertenceu durante muitas décadas à família Campos Mello, que ali manteve um pequeno comércio de flores e de aves domésticas, para as quais dispunha de produtos alimentares específicos. Mais recentemente foi trespassado a outro negociante, que o escavou no seu interior para o adaptar a outra função. Mas ao encontrar ali restos da antiga defesa citadina e uma parede adjacente ao último pilar do aqueduto, parou as obras, deixou-as escoradas e não mais pensou em utilizá-lo para futuro empreendimento. E aliená-lo não parecia também tarefa fácil, dada a exiguidade do espaço e o fosso que ali fora cavado e não tapado.

Mas a localização era aliciante e o casal Alexandre e Sandrine Barahona decidiram ocupá-lo como pequeno estabelecimento de promoção, mostra e venda dos trabalhos produzidos na oficina, situada noutra zona, assim como para recepção de clientes e contactos com gente interessada nos serviços oferecidos. Recuperado o edifício e eliminado o fosso, através da construção de um forte separador de vidro apoiado em suportes de aço, a loja foi inaugurada a 27 de Novembro de 2009, data do aniversário de Sandrine. Alexandre, pertencente a uma das mais tradicionais famílias eborenses (é neto de Manuel Estanislau Barahona, durante muitas décadas provedor da Santa Casa da Misericórdia de Évora) e Sandrine eram jornalistas em França quando se conheceram. Era ela, porém, a apaixonada pela encadernação, arte maior no seu país a partir do séc. XVI, como resultante do incentivo às artes e ao livro, em fase de crescente procura e difusão. Em Paris e em Barcelona fez Sandrine as suas aprendizagens em encadernação e douração, obtendo o reconhecimento profissional por intermédio da Real Associação de Encadernação de Espanha.

Depois de casados vieram viver para Évora. «Mas aqui é muito difícil viver ou mesmo sobreviver como jornalista» - explicou Alexandre, que entretanto se tornou empresário com interesses espalhados pelo turismo, pela restauração e pela agricultura, para além de prestar apoio à actividade da mulher, que enveredou pelo exercício das suas aptidões e conhecimentos adquiridos, depois de ter comprado todo o equipamento pertencente ao Mestre José Brito, com oficina na Praça de Giraldo desde 1955, tido no final do século como o último encadernador dourador português em actividade e tragicamente desaparecido poucos anos depois na sequência de um acidente de viação.

De José Brito ficou, pois, Sandrine Barahona com os materiais de trabalho e o mister levado a cabo em sóbria oficina. Aí se dedicou à encadernação e douramento de livros utilizando métodos tradicionais, fazendo desde a encadernação clássica à decoração contemporânea, e da encadernação medieval à copta e japonesa. A qualidade do seu labor depressa galgou os limites da região, passando a ter clientes nas zonas de Lisboa, do Porto, de Coimbra e de Aveiro. A criação de um laboratório especial para recuperação de livros fez avolumar a procura dos seus serviços. A Biblioteca Municipal de Elvas e a Biblioteca do Palácio de Vila Viçosa estão entre as instituições que os demandam. Muitos sãos os bibliófilos e os escritores que ali mandam recuperar os livros mais antigos.

Acresce que outras formas acabaram por surgir, quer por iniciativa própria, quer por alvitre de alguns clientes. Conquistou assim alforria a papelaria de luxo, com  a execução artística de postais e ementas, com o fabrico de agendas e álbuns de fotografias, assim como a original produção de caixas (pequenas arcas, baús, cofres e malas, tudo manufacturado) personalizadas e idealizadas por quem as encomenda. Faltava pois uma loja, colocada em local estratégico, onde tudo isto pudesse ser exposto para ganhar superior visibilidade e promoção.

Foi desta forma que surgiu o “Atelier Barahona”. Mas o que sobretudo há a realçar em tudo isto é que, ao ocupar o lugar deixado vazio pela morte de Mestre Brito, Sandrine Barahona não deixou morrer em Évora uma arte cultural única no país e uma profissão em vias de extinção. O “Atelier Barahona” é uma loja que honra a cidade.


Texto: José Frota

sexta-feira, 16 de março de 2012

Show Cooking na Praça de Giraldo


Dia 17 de março, pelos chef’s António Nobre, responsável pelos restaurantes do grupo hoteleiro Mar d’ Ar, e Luís Mourão, do Convento do Espinheiro.

A Praça de Giraldo, em Évora, vai ser palco no próximo sábado, dia 17 de março, de um “show cooking” pelos chef’s António Nobre, responsável pelos restaurantes do grupo hoteleiro Mar d’ Ar, e Luís Mourão, do Convento do Espinheiro, numa iniciativa integrada na edição deste ano da Rota de Sabores Tradicionais.

A Câmara Municipal de Évora pretende com esta iniciativa trazer para a rua a arte de cozinhar mas ao vivo, “num espetáculo” que se quer interativo entre os cozinheiros e o público, havendo lugar à troca de opiniões e naturalmente à degustação dos pratos confecionados.

O “Show Cooking” – a arte de cozinhar ao vivo, da Rota de Sabores Tradicionais vai estar presente no tabuleiro da Praça de Giraldo entre as 10h00 e as 16h00, contando com o apoio da empresa Evoracor (cozinhas Teka), Azeites do Alentejo e da Associação Comercial de Évora.

Esta iniciativa da Rota de Sabores Tradicionais culminará com a realização de uma conferência temática (16h00), na sede da Associação Comercial do Distrito de Évora, com o apoio da ASAE, subordinada ao tema “A Colher de Pau e a Couve de Bruxelas”.

Évora Perdida no Tempo - Largo Joaquim António de Aguiar


Largo Joaquim António de Aguiar (Jardim das Canas). O Largo sofreu várias remodelações, tendo sido calcetado em 1947.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1947 -
Legenda Largo Joaquim António de Aguiar
Cota DFT6384 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quinta-feira, 15 de março de 2012

Aldeia da Terra

A trabalharem há 12 anos na escultura de bonecos em terracota, Tiago Cabeça e Magda Ventura já criaram peças que venderam para vários pontos do mundo. “São peças únicas. Como a maior parte delas foi feita por encomenda, rapidamente desapareceram para casa dos seus donos. É claro que ficámos contentes mas também com pena de as ver partir”, diz o artesão.

Continuando a produzir peças para venda – a Oficina da Terra tornou-se num local de referência para quem percorre o centro histórico de Évora – decidiram colocar as mãos na massa, dar uma quantas voltas na burocracia e avançar com a construção de uma aldeia totalmente feita em terracota. Com 160 edifícios e 200 personagens, a Aldeia da Terra – Jardim das Esculturas abriu portas numa quinta localizada nas proximidades de Arraiolos.

Para a inauguração não houve corta-fitas com a presença de ministros ou secretários de Estado. Mas lá apareceram dezenas de populares construídos em barro, como o “velho” fotógrafo “a-la-minute” pronto a registar para a posteridade a imagem de um casamento, o calceteiro ou o taberneiro, o polícia, os bombeiros, enfim, personagens que povoam o dia-a-dia de uma aldeia alentejana. É claro que todos apresentam o ar divertido e irrequieto dos bonecos esculpidos por Tiago Cabeça e Magda Ventura. E que a aldeia, tendo o tradicional moinho, casas e igrejas, também foi dotada de um “moderno” aeroporto, inevitáveis obras de construção civil e até um submarino, por “imperativo de defesa”.

“Lembrámo-nos de fazer um local de exposição permanente com caricaturas de profissões, hobbies, gostos. Esta ideia, que já germinava há bastantes anos, está agora a materializar-se na construção de uma aldeia cheia de barro e de bom humor”, refere Tiago Cabeça.

O projecto foi considerado de interesse cultural e turístico pelo Ministério da Cultura e pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e co-financiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural (Proder), além de contar com o apoio da Câmara Municipal de Arraiolos, apostada em criar um novo pólo capaz de levar mais visitantes ao concelho.

Além da aldeia, propriamente dita, o espaço passou a acolher a oficina dos artesãos e está preparado para que cada visitante possa criar a sua própria peça.

Luís Godinho

Interior da Sé de Évora

quarta-feira, 14 de março de 2012

Igreja de São Tiago


A igreja de São Tiago fica situada no Largo Alexandre Herculano, freguesia de Santo Antão, em Évora. Foi sede de uma antiga freguesia da cidade, extinta em 1840.
Embora remontando a épocas mais recuadas, a igreja de São Tiago foi reconstruída no século XVII, conservando porém alguns vestígios da época manuelina, como são exemplo as ameias ainda visíveis na ala sul do templo. O interior, de uma só nave encontra-se profundamente decorado ao gosto da época barroca. A abóbada está revestida de pinturas a fresco, enquanto as paredes laterais se encontram revestidas de painéis de azulejos da autoria do célebre ceramista Gabriel del Barco, representando cenas bíblicas.

Évora Perdida no Tempo - Largo da Porta Nova


Largo da Porta Nova antes da demolição do edifício que obstruía a rua do Salvador.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1951 ant. -
Legenda Largo da Porta Nova
Cota DFT6392 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

terça-feira, 13 de março de 2012

Jerónimo de Sousa esteve no Hospital de Évora

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, insistiu esta terça-feira em responsabilizar o Governo, sobretudo o primeiro-ministro, pela "possibilidade da morte antecipada de muitos portugueses", devido à "convergência diabólica" de aumentos no sector da Saúde.
"Ainda a procissão vai no adro", mas a "convergência diabólica do aumento das taxas moderadoras, dos transportes de doentes, dos medicamentos, das dificuldades económicas que os cidadãos têm, particularmente" no Alentejo, "vai ter consequências tremendas na vida das pessoas", alertou.
O líder dos comunistas falava aos jornalistas após uma reunião com a administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), seguida de uma visita à unidade hospitalar e de um encontro com comissões de utentes de Saúde do distrito.
O secretário-geral do PCP lembrou já ter feito "uma acusação directa ao primeiro-ministro", Pedro Passos Coelho, de que "é politicamente responsável pela possibilidade da morte antecipada de muitos portugueses por falta de condições de acesso à Saúde".
A acusação de Jerónimo de Sousa foi feita no passado dia 7, durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro no Parlamento, quando acusou o Governo de ser responsável pela "morte antecipada de muitos portugueses", em especial idosos, por causa dos cortes na Saúde.
Na altura, Pedro Passos Coelho respondeu: "É a primeira vez que lhe oiço uma afirmação desta natureza. Se a repetir, deixo aqui desde já de antemão um firme repúdio por esse tipo de jogo político".

Personalidades Eborenses - Cristóvão da Gama

Cristovão da Gama (Évora, 1515 - 29 de Agosto 1542), era filho de Vasco da Gama e de D. Catarina de Ataíde.

Recebeu o cargo de capitão de Malaca e o de fidalgo da Casa Real depois de voltar da Índia (para onde tinha ido em 1532, na frota de Pedro Vaz do Amaral), e como recompensa da bravura lá demonstrada. Efectuou diversas empreitadas depois de voltar à Índia em 1538 sob a direcção do seu irmão, D. Estêvão da Gama, enquanto este foi governador. Em 1541 acompanhou o irmão, na expedição de Goa ao Mar Vermelho, uma armada de 75 velas com o objectivo de queimar as naus turcas em Suez, em que tomou parte honrosa.
No entanto o reino da Etiópia estava sob ameaça dos muçulmanos e acudindo ao apelo do Imperador Cristão da Etiópia, os portugueses intervieram militarmente, enviando para isso uma expedição de 400 homens comandados por D. Cristóvão da Gama.
Em 1542, após ter sido feito prisioneiro numa batalha contra o xeque de Zeilá, acabou por falecer vitima das torturas infligadas pelos seus captores. A obra "Historia das cousas que o mui esforçado capitão Dom Cristóvão da Gama fez nos reinos do Preste João com quatrocentos portugueses que consigo levou" (1564), de Miguel de Castanhoso, relata este episódio.
O padre Jerónimo Lobo foi feito depositário dos restos mortais deste intrépido homem de armas até chegarem a Portugal, tendo sido achados pelos seus descendentes. Houve inclusivamente uma tentativa por parte de um seu familiar, com pouco sucesso, de o canonizar.

Entrada da Sé de Évora

segunda-feira, 12 de março de 2012

Humor e a Cidade em Évora - 2ª Parte



Évora Perdida no Tempo - Fachada da Sé de Évora



Fachada da Sé Catedral de Évora, enquadrada lateralmente pelo edifício do antigo Paço Episcopal (actual Museu de Évora).

Autor Mário Gama Freixo
Data Fotografia 1900 - 1920
Legenda Fachada da Sé de Évora
Cota JMS0290 - Propriedade Grupo Pró-Évora

domingo, 11 de março de 2012

Mont’Sobro - a inovação em objectos de cortiça


Na Rua 5 de Outubro, antiga Rua da Selaria, que liga a Praça de Giraldo à velha Acrópole eborense, fica a Mont´Sobro, uma loja onde a tradição se conjuga com a originalidade na exploração de todas as potencialidades da cortiça, grande riqueza da terra alentejana. 

Quem palmilha esta artéria - símbolo e montra do melhor artesanato local - decerto fica surpreendido com o design, a elegância e a imaginação que ressaltam de objectos tão funcionais e atraentes como os ali expostos. Mais caros que os de outros materiais, chapéus, guarda-chuvas, colares, malas, cintos, gravatas e bijuteria variada despertam a atenção e cobiça de quem possui gosto requintado e bolsa bem recheada. Um verdadeiro espectáculo na arte de manipular a cortiça.

A nova loja pertence a José Marques Azeda, 71 anos, natural da freguesia de Torrão, do concelho de Alcácer do Sal. Homem cujo percurso de vida esteve sempre ligado à lavoura, era em 1974 rendeiro de três herdades (cerca de mil hectares), nas cercanias de Vendas Novas, todas elas propriedade da Casa de Bragança. As vicissitudes do processo revolucionário levaram-no a procurar um outro modo de vida, ainda que ligado ao mundo rural.

Foi assim que decidiu estabelecer-se com uma loja de artigos de artesanato e brique-à-braque na rua da Selaria, quando esta começava a despertar para o grande turismo. Na Rua de Diogo Cão, uma transversal, montou pouco depois a “Arte Equestre”, casa suficientemente espaçosa para a apresentação de uma vasta gama de produtos relacionados com a equitação, a caça e o toureio: selas e selins, arreios e outros artigos de apoio às respectivas actividades. A que veio a acrescentar mais tarde outros produtos regionais como louças, cobres e estanhos, as peles e, claro está, os tradicionais capotes alentejanos.

Praticamente deixou a lavoura, embora possua uma pequena quinta nos arredores da cidade que continua a cultivar, e enveredou a tempo inteiro pela profissão de comerciante, dentro dos parâmetros já enunciados. «À beira dos 70 anos tive, talvez por intuição, a melhor ideia da minha vida ao pensar abrir uma loja na rua da Selaria só vocacionada para objectos de cortiça.

Os meus amigos e a família tentaram dissuadir-me deste propósito mas não lhes dei ouvidos e envolvi-me a fundo neste aliciante projecto de cariz ecológico», contou entusiasmado José Azeda.  «Só quem não conhece a fundo a maleabilidade da cortiça, na verdade quase impensável em termos de matéria bruta, poderá duvidar da sua aptidão para se transformar, depois de transformada em pele, naquilo que se quiser», acrescenta o comerciante. Assim se fazem também peças de vestuário que se moldam perfeita e suavemente ao corpo. Por outro lado, a impermeabilidade da cortiça confere a qualquer peça extrema durabilidade, pelo que basta um pano humedecido em água tépida e sabão azul e branco no local afectado para que a sua limpeza e conservação se processe em excelentes condições.

Azeda contactou então com um amigo da vila de Terrugem, próxima de Elvas, especialista no tratamento de pele de cortiça, para o interessar na produção de peças sofisticadas e elegantes, assentes em novos e atraentes modelos. Obtida a sua anuência, lançou-se no negócio e criou a empresa Mont’Sobro - Objectos de Matéria Viva, na dita Rua da Selaria. «O sucesso foi imediato» - enfatizou entusiasmado. Noventa por cento dos seus clientes são estrangeiros, avultando entre eles os japoneses, os russos, os italianos e os brasileiros. «Têm grande poder de compra e isso é o que mais interessa neste comércio».

E se as mulheres preferem a bijuteria, as malas, os sacos, as pulseiras e os artigos de vestuário, os homens centram a sua atenção nos chapéus normais (30 €), à Indiana Jones (59 €) e nos chapéus de chuva (69 €). Ultimamente, Azeda mandou fazer um capote alentejano em pele de cortiça, para uso próprio, mas o êxito foi tão grande que está a pensar em criar uma linha especial de comercialização deste tão tradicional produto alentejano.

Na verdade, a criação inovadora de objectos de decoração e de moda, a partir do aproveitamento da cortiça, vem revelando um dinamismo muito interessante nas áreas dos montados suberícolas. E em Évora a Mont’Sobro não descura esta fileira comercial, contribuindo para o desenvolvimento da economia regional.

Texto: José Frota