quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A nobre e monacal Pousada dos Lóios



A 27 de Março de 1965 a cidade embandeirava em arco com a inauguração da Pousada dos Lóios, instalada no antigo Convento do mesmo nome e erigido, este, sobre as ruínas do primitivo castelo medieval em finais do século XV. Quebrava-se, por fim, um hiato de duas décadas e meia durante o qual Évora não dispusera de uma unidade do género, que primasse pela alta qualidade e superior conforto. Preencher tal lacuna tornara-se urgente, porque entretanto, a cidade começava a concitar o interesse de turistas nacionais e estrangeiros, interessados em nela pernoitar ou prolongar a estadia para, a partir daqui, se lançarem à descoberta de outras terras espalhadas pelo distrito.

A construção desta unidade hoteleira de excelência integrou-se na segunda fase da rede “Pousadas de Portugal”, criada em 1940 pelo então Secretariado Nacional da Propaganda, dirigido por António Ferro, conhecido intelectual do Estado Novo. O objectivo inicial do projecto visava a promoção turística do país no estrangeiro, oferecendo um conjunto de alojamentos criados de raiz e disseminados pelo país, que se distinguisse pela prática de baixos preços, tendo por alicerce a qualidade dos serviços prestados, com especial atenção para a gastronomia, que devia aproximar-se o mais possível da tradição local. Assim nasceram as Pousadas Regionais, com um número reduzido de quartos e onde não era permitida a estadia por mais de três noites consecutivas, para garantir a rotatividade da ocupação.

António Ferro deixaria o cargo onde tão influente fora em 1949. Muitas coisas haveriam de mudar em relação aos propósitos inaugurais. A partir da década de 50 o conceito de Pousada alargou-se ao de “Pousadas Históricas”, como produto do desejo de salvar da ruína e do
esquecimento edifícios históricos (castelos, mosteiros e conventos), alguns deles Monumentos Nacionais, que vieram a ser recuperados com fundos do orçamento público e adaptados a funções hoteleiras. Foi neste contexto que se fez a reabilitação do Convento de S. João Evangelista, da Ordem secular dos Frades Lóios, de fundação portuguesa e cujos cónegos regrantes não faziam votos secretos. O edifício tinha sido mandado erguer em 1485 por D. Rodrigo Afonso de Melo, primeiro e único Conde de Olivença e governador de Tânger. Em finais do século XIX passou para a posse do Estado e veio a ser sucessivamente utilizado como estação telegráfica, escola, quartel, Direcção dos Monumentos do Sul (1937) e Arquivo Distrital de Évora (1947). Neste interim ganhou o estatuto de Monumento Nacional em 1922.

A intervenção efectuada, projectada a partir de 1957 pelo arquitecto Rui Ângelo do Couto, permitiu ao Convento, de grande valor artístico, recuperar a monacal atmosfera de antanho e restaurar os testemunhos pictóricos do nobre e esplendoroso tempo da sua fundação. Assim, a Pousada dos Lóios é actualmente uma unidade de grande requinte, estruturada durante os períodos gótico-manuelino-mudéjar e renascentista, em que tudo evoca de forma permanente a fase da lusa Idade de Ouro.

A Pousada dispõe de 31 quartos e 2 suites. Os quartos revelam-se um pouco acanhados, na opinião de alguns, dado que correspondem em dimensão às antigas celas dos monges, todas diferentes umas das outras, mas estão decorados a preceito e equipados com os requisitos da vida moderna: ar condicionado, mini bar, TV por cabo, secador de cabelo, cofre, roupões de banho e internet. Situam-se no primeiro andar e ainda suportam a presença de uma cama extra. A eles se ascende por uma monumental escadaria de mármore. Ali ficam igualmente as duas suites, mais espaçosas, mas que pouco ou nada divergem dos quartos em termos de conforto e equipamento.

Situam-se no piso térreo os compartimentos de maior valia arquitectónica. Neles decorria a vida diurna dos monges, mais terrena e menos contemplativa. Espectacular é o claustro - onde hoje são servidas as refeições em dias soalheiros - de arcadas geminadas e enobrecido pela porta da Sala do Capítulo (salão onde os cónegos se reuniam diariamente para ler um capítulo da Regra da Ordem e tratavam de todos os assuntos concernentes à existência da comunidade), de belos e adornados capitéis. Quando o clima o não permite as refeições, tal como os pequenos-almoços, realizam-se no antigo refeitório dos anacoretas. A antiga cozinha está transformada num bar especial onde se servem aperitivos e vinho da mais diversa qualidade e origem.

A oferta gastronómica perdeu a genuinidade de outros tempos, embora tenha qualidade e incorpore alguns elementos da região, tratados agora de forma mais sofisticada, provavelmente mais próxima do paladar internacional. A oferta vinícola é bastante boa mas desequilibrada nos preços, em certos casos francamente especulativos. Noutra perspectiva, a Pousada está também preparada para organizar coquetéis e banquetes. Para reuniões e conferências dispõe da Sala Império, antiga sala do D. Prior, revestida de pinturas murais e de retratos ovalados de grandes figuras da História de Portugal e em que cada mesa pode acolher 12 pessoas.

Também o restaurante pode receber outros eventos, pois tem capacidade para receber 50 pessoas em configuração de audiência.
De resto a Pousada tem uma pequena mas graciosa piscina e um jardim com esplanada. Nas suas imediações proporciona passeios de bicicleta, pedestres e de balão de ar quente, equitação, actividades de tiro e karting, entre outros. Para além do ambiente de luxo e requinte, a Pousada dos Lóios possui ainda uma localização privilegiada - ocupa posição central na chamada Acrópole
Eborense.

Texto: José Frota
Fotografias: Pousada dos Lóios

Évora Perdida no Tempo - Vista da Praça do Giraldo


Vista da Praça do Giraldo a partir da torre da Igreja de Santo Antão

Autor António Passaporte
Data Fotografia 1940 - 1950
Legenda Vista da Praça do Giraldo
Cota APS366 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Conheça as Piscinas Municipais de Évora

Évora Perdida no Tempo - Igreja do Salvador e correios


Igreja do Salvador e correios. Parte do Convento do salvador foi demolido para construção do edifício dos correios (1948) e para a abertura da Rua de Olivença (1951)


Autor António Passaporte
Data Fotografia 1951 -
Legenda Igreja do Salvador e correios
Cota APS0204 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Convento dos Remédios


O Convento de Nossa Senhora dos Remédios fica situado junto à Porta de Alconchel, freguesia de Horta das Figueiras, na cidade de Évora.
Esta casa religiosa foi fundada no ano de 1606, pelo Arcebispo de Évora D.Teotónio de Bragança, para os frades da Ordem dos Carmelitas Descalços. O convento, erguido extra-muros, caracteriza-se arquitectonicamente pelas linhas severas impostas pelo Concílio de Trento. Na fachada principal, ornada com o brasão eclesiástico do fundador, destaca-se a imagem de mármore de Nossa Senhora dos Remédios. O convento adoptou esta denominação porque os carmelitas descalços, ao chegarem a Évora (antes da edificação do convento) ocuparam a antiga ermida de Nossa Senhora dos Remédios (na Rua do Raimundo).
O interior da igreja apresenta um notável conjunto de talha dourada do estilo barroco-rococó, sendo uma das igrejas eborenses mais rica desta arte. Em 1792, deu-se neste convento o famoso caso da Beata de Évora.
Após 1834 (Extinção das Ordens Religiosas em Portugal), o edifício e cerca entraram em posse do estado, que em 30 de Maio de 1839 o cedeu à Câmara Municipal de Évora, para instalação do cemitério público. Para entrada do cemitério felizmente se aproveitou, do demolido Mosteiro de São Domingos, o grandioso portal de mármore (1537), atribuído ao escultor Nicolau de Chanterene.
Presentemente encontram-se instalados no antigo Convento o Conservatório Regional Eborae Musica, além de um núcleo museológico municipal.

Évora Perdida no Tempo - Claustro da Sé de Évora


Claustro da Sé Catedral de Évora

Autor António Passaporte
Data Fotografia 1940 - 1960
Legenda Claustro da Sé de Évora
Cota APS0223 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Moinho da Casinha


O Moinho da Casinha fica situado a Sul de Évora, a uma distância pouco mais de 4 Kms, a Este da linha de caminho de ferro que faz a ligação de Évora – Casa Branca, perto das instalações da EDIA. Está edificado numa pequena elevação com a cota de 241, é uma construção de dois andares, no interior ainda existe quase toda as engrenagens que fazia as mós trabalharem. A cobertura é a original, apesar de estar em degradação, o mastro encontra-se no seu lugar. É curioso o estado de conservação das madeiras ainda estarem em bom estado e não apresentarem deterioração nem podridão.
No cimo da porta encontra-se uma cruz em azulejo e no interior as mós encontram-se no seu local de origem. Na minha opinião é o moinho mais completo com o equipamento original existente em Évora.

Fonte: marcoseborenses.no.comunidades.net


Évora Perdida no Tempo - Caixa de Água da Rua Nova


Caixa de Água da Rua Nova

Autor António Passaporte
Data Fotografia 1940 - 1959
Legenda Caixa de Água da Rua Nova
Cota APS0030 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

domingo, 12 de agosto de 2012

Estágio para Empresa de Informática / Internet (M/F)

Empresa ligada à área da Informática/Internet oferece a possibilidade de estágio (não remunerado) com a duração de 1 a 3 meses.

Funções:
- Atendimento ao Público
- Trabalho Constante com um Software de Gestão de um Espaço de Internet
- Realização de Cópias, Impressões e Digitalizações
- Manutenção de Computadores
- Criação de Projectos para Dinamizar o Espaço
- Venda de Jornais e Revistas

Perfil do Candidato:
- Bons Conhecimentos de Informática
- Conhecimentos de Inglês
- Boa Capacidade de Comunicação
- Sentido de Responsabilidade
- Assiduidade e Pontualidade

Este estágio tem como objectivo dar ao candidato a possibilidade de entrar no mercado de trabalho, podendo prolongar-se a colaboração no final do mesmo, neste caso em condições contratuais diferentes.

Candidatura:
Os candidatos devem enviar o currículo para:



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A História da Fábrica de Massas «Leões»



A “SAM - Sociedade Alentejana de Moagem, Lda.” criada em 1916 por iniciativa de um grupo de proprietários e lavradores, inaugura em 1917 uma das mais importantes fábricas existentes na região do Alentejo a “Fábrica dos Leões”. Foi a maior empresa industrial eborense, e depois de ter sido adquirida pelos industriais espanhóis radicados em Lisboa, Eugénio Alvarez e Manuel Alvarez y Rivera aumenta o seu capital social de 120 contos para 800 contos. Nesta altura a “Fábrica dos Leões”, já dava emprego a 137 operários.

Este conjunto industrial constitui uma das primeiras centrais termoeléctricas da moagem alentejana, representando um primeiro passo, provavelmente tardio, da industrialização do Alentejo. Anterior à «Campanha do Trigo», a fábrica constitui uma importante referência na indústria moageira nacional e detém um papel de relevo na história da região. Em termos de dimensão tratava-se da maior unidade industrial do Distrito de Évora, seguindo-se-lhe a “Empresa Industrial de Cortiças Eborense” que empregava 80 trabalhadores.

A “Fábrica dos Leões” dispunha de uma central termoeléctrica privativa, instalada em 1942 com 40 kW de potência, em 1947 passa a receber energia da Câmara Municipal de Évora e a partir de 1949 é fornecida pela “UEP - União Eléctrica Portuguesa”. Dispunha igualmente do seu próprio cais de carga e descarga de comboios. Na década de 70 do século XX a “Fábrica dos Leões” passa a designar-se “Fábrica de Massas Leões”

A “Fábrica de Massas Leões” encerrou em 1993 tendo sido adquirida pela Universidade de Évora em 1998. Os edifícios em parte recuperados, e no restante erguido de raiz com o projecto de Inês Lobo e Carrilho da Graça acolhe o “Complexo de Arquitectura e Artes Visuais” desde 2 de Novembro de 2008. Neste complexo foram instalados os cursos do Departamento de Artes Visuais, Escultura, Multimédia, Pintura e Design e o Curso de Arquitectura da Universidade de Évora.

Textos: José Leite

Évora Perdida no Tempo - Palácio de Dom Manuel


Palácio de Dom Manuel

Autor António Passaporte
Data Fotografia 1940 - 1950
Legenda Palácio de Dom Manuel
Cota APS353 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Convento de São Bento de Cástris


O Convento de São Bento de Cástris é um monumento nacional situado na freguesia da Malagueira, no concelho de Évora, a cerca de 2 km das Portas da Lagoa, na direcção de Arraiolos.

O Mosteiro de São Bento de Cástris, da Ordem de Cister, é o mais antigo mosteiro feminino a sul do Tejo, tendo sido fundado em 1274, por D.Urraca Ximenes. Esta vasta casa religiosa, erguida no sopé do Alto de São Bento (miradouro da cidade de Évora), ficou na história da crise dinástica de 1383-1385. À época era abadessa do Mosteiro D.Joana Peres Ferreirim, dama da família da Rainha Leonor Teles, a quem o povo chamava a Aleivosa. Segundo a crónica de Fernão Lopes, a pobre abadessa, que se escondera na Catedral, durante os tumultos da revolução do Mestre de Avis, foi depois arrastada pela multidão, sendo tristemente morta na Praça do Giraldo.

Do ponto de vista arquitectónico o convento é muito valioso, maracado pelo manuelino, especialmente nas abóbadas manuelinas da igreja, no vasto claustro, sala do capítulo e refeitório. No exterior, a sobreposição dos vários telhados, pavilhões e campanários dão ao conjunto um aspecto muito pitoresco.
Após seis séculos de existência, a vida monástica no convento terminou em 18 de Abril de 1890, com a morte da última freira, Soror Maria Joana Isabel Baptista. Entrando na posse do estado serviu de Escola Agrícola durante alguns anos. 

Entre a década de 1960 e 2005 albergou a secção masculina da Casa Pia de Évora. Presentemente encontra-se desocupado e devoluto, encontrando-se a sua integridade arquitectónica em perigo. Um dos sinos do Mosteiro foi roubado na madrugada de 6 de Março de 2011, tendo o imóvel, classificado Monumento Nacional, sido vandalizado.

O secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, anunciou em Beja, em maio de 2010, que o Museu Nacional da Música, a funcionar na estação do Alto dos Cucos do Metro de Lisboa, será transferido para o Mosteiro de São Bento de Cástris.

Évora Perdida no Tempo - Aqueduto da Água da Prata


Aqueduto da Água da Prata

Autor António Passaporte
Data Fotografia 1940 - 1960
Legenda Aqueduto da Água da Prata
Cota APS0193 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A História do "Banco do Alemtejo"


O "Banco do Alemtejo" foi fundado em 6 de Fevereiro de 1875, com sede na Praça do Giraldo na cidade de Évora, com um capital social inicial de 1.200 contos de réis (1.200.000$000 réis) distribuído por 24.000 acções de 50 reis cada. A sua actividade tinha por objectivo «as operações de um banco de circulação, descontos e depósitos e todas as demais que forem próprias da sua natureza». Entre outras das mais destacadas teve a da emissão de notas. Foi um dos nove bancos nacionais que teve autorização para o fazer até à concessão da exclusividade ao Banco de Portugal.

A iniciativa da criação deste Banco partiu iniciativa dos negociantes locais: João Lopes Marçal, Eduardo de Oliveira Soares, José António Soares Pinheiro, António Lopes Horta e António Simões Paquete; os proprietários e lavradores José Sebastião Torres Vaz Freire, José Carlos Gouveia, e Joaquim de Matos Peres; os médicos José Lopes Marçal e Joaquim Henriques da Fonseca e os professores liceais José da Fonseca e Costa e João Augusto Calça e Pina. Os nortenhos eram cinco com ligações ao "Banco Comercial de Viana do Castelo" fundado em 1873.

Nesta cidade ficaram a existir, duas entidades bancárias: o "Banco Eborense" e o "Banco do Alentejo", ambos fundados em 1875, ainda que o primeiro tenha funcionado no ano anterior com a designação de "Caixa de Crédito Eborense". Segundo Hélder Adegar da Fonseca, «em meados do século destacavam-se em Évora duas instituições como importantes fornecedoras de dinheiro a crédito: a velha Misericórdia local e a Casa Pia». A necessidade da criação de bancos era entendida, nomeadamente pelos grandes lavradores, como uma necessidade de extrema urgência visando o empréstimo de dinheiro a prazo.

É assim, que surge a citada "Caixa de Crédito Eborense", em 1874 com sede na Praça de Sertório em Évora, dotada do capital social de 33 contos de réis dividido em 660 acções (50 mil réis cada) e destinada a receber depósitos sem juro, à ordem, e com juro, a prazo fixo, fazer empréstimos a corporações do distrito e realizar descontos de letras. Os resultados obtidos levam os homens fortes da sociedade – o referido investigador identifica os quatro principais como sendo o visconde da Esperança, os lavradores José Maria Ramalho Perdigão e José Joaquim de Moura Amaral e o negociante Manuel Eduardo de Oliveira Soares – a proceder ao aumento de capital que se irá fixar nos 1000 contos.

Na área da banca, finanças e seguros houve 5 registos, todos anteriores ao 28 de Maio de 1926. Para além do "Banco Eborense" (1875), do "Banco do Alentejo" (1875), foi registada a "Caixa de Crédito Agrícola Mútuo das Alcaçarias", a "Anselmo & Guerreiro" (1892) e, em 1916 a companhia seguradora “A Pátria”. A partir deste momento, não não se constituíram novas casas que negociassem com o dinheiro, embora o número de operadores na cidade de Évora não deixasse de aumentar até ao início dos nos 20 do século XX.

Em 1875 havia em Portugal 51 bancos, 21 do quais regionais, isto é, com sede fora de Lisboa e do Porto. Relativamente a esta “euforia” bancária : «Em 1875 chegou a Portugal a prática malsã da pletora bancária. Num curto período, exactamente de um ano, os estabelecimentos de crédito subiram de 26 para 51. Dir-se-ia que o dinheiro, seduzido por miragens de prosperidade fácil, corria, em marcha alucinada, apenas embrulhado numa única e suprema aspiração: fundar bancos sobre bancos»

Por sua vez, em 1889, o número de bancos havia baixado para 41, sobretudo os sediados em Lisboa e no Porto, dado que o número dos regionais só tinha descido para 18.

Em 1922 e 1923 existiam em Portugal 31 bancos, número que, em 1925, já havia diminuído para 24. Mesmo assim, tratava-se de um número exagerado, face ao evidente atraso do mecanismo económico e à defeituosa máquina bancária. Ainda nos anos 20 do século XX, certas casas bancárias transformaram-se em bancos, alguns dos quais, a partir de então, vieram a desempenhar um papel relevante na história bancária portuguesa, designadamente: Espírito Santos Silva & C.ª (1920); Pinto & Sotto Mayor (1925); Henry Burnay & C.ª (1926).

Não obstante se ter verificado um controle estatal mais rígido, com a Ditadura Militar (1926-1932) e com o Estado Novo (1933-1974), nos anos 30 do século XX o número de casas bancárias e banqueiros ainda ascendia a cerca de meia centena. Porém, pelos meados de 1950, já só havia, em Portugal continental, 18 bancos e 14 casas bancárias.

A 4 de Abril de 1972 o "Banco do Alentejo" incorpora a casa bancária "Almeida Basto & Piombino & Cª" estabelecida a 2 de Junho de 1881 na Rua do Ouro em Lisboa, a partir da casa bancária "Basto & Piombino".

O "Banco do Alentejo" foi absorvido em 10 de Dezembro de 1976, em virtude da vaga de nacionalizações da banca portuguesa decretada em Março de 1975, pelo "Banco Fonsecas & Burnay" (este resultado da fusão em 1967 do "Banco Burnay", ex-casa bancária Henry Burnay de 1875, e do "Banco Fonsecas, Santos e Vianna", ex-casa bancária fundada em 1861 por Francisco Isidoro Viana, tendo sido o último banco regional que sucumbiu à constituição dos grandes grupos económicos nacionais que entretanto se tinham criado em Portugal.

O "Banco Fonsecas & Burnay" foi adquirido em 1991 pelo BPI - "Banco Português de Investimento" fundado em 1981.

Textos: José Leite