quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O Museu das Carruagens de Évora


Situado atrás da Catedral e afastado dos principais arruamentos da urbe fica o Museu das Carruagens, provavelmente o menos conhecido edifício do género existente na cidade, apesar de ter um número anual de visitantes na ordem das duas dezenas de milhar, normalmente constituído por turistas e grupos de estudantes interessados em conhecer um dos meios de transporte mais característicos dos séculos XVIII e XIX. Instalado nas antigas cavalariças do Palácio de S. Miguel, o Museu foi inaugurado em 1995 por iniciativa do Instituto de Cultura Vasco Vill’Alva (ICVV), pretendendo corresponder à necessidade, então urgente, de preservar este tipo de património cultural.

A colecção de carruagens resultou de um acordo de cooperação celebrado entre o ICVV e vários proprietários das mesmas, que tornou possível reunir uma dezena de exemplares deste meio de transporte que teve como antepassados o coche e a diligência, igualmente puxados por duas parelhas de cavalos e marcas distintivas de nobreza e poder. O coche, especialmente destinado à realização de grandes viagens, aparece no século XIV como marca distintiva de nobreza e poder, oferecendo grande conforto e protecção contra as inclemências do tempo.

A diligência surge um pouco mais tarde e visa já o transporte colectivo e regular de passageiros e mercadorias com estações e locais de paragem definidos, alguns ofertando lugares de pernoita e de descanso.

A introdução do caminho-de-ferro em meados do século XIX e a rápida expansão da respectiva rede fizeram perder importância aos coches e carruagens colectivas enquanto meios de transporte terrestre de longa distância. Passam a predominar as carruagens mais ligeiras e elegantes, destinadas a pequenos passeios de parque, de campo ou de cidade, puxadas apenas por uma parelha de equídeos – e às vezes por um única besta – e utilizadas normalmente por burgueses ricos para as suas deslocações diárias de negócios ou outras em que necessário se tornava fazer gala de riqueza e de diletantismo, frequentando os saraus, a ópera, as “soirées” e os clubes de muita distinção.

No caso vertente, José Maria Eugénio d’Almeida (1811-1872) tinha sido um plebeu que se impôs no mundo dos negócios enquanto comerciante, contratador, especulador, financeiro, industrial e grande proprietário urbano (em Lisboa) e rural (nomeadamente em Évora). Começou por se afirmar como bacharel em Direito e
depois foi consecutivamente à condição de magistrado, deputado, par do Reino e conselheiro de Estado. Quando morreu o seu património estava avaliado em 1700 contos, uma soma impressionante para a época, ao que parece a terceira maior do país. Seu filho Carlos Maria (1846-1914) e posteriormente o neto, herdeiro por inteiro do nome do avô (1873-1937), limitaram-se a gerir a fortuna e a viver à larga, que o dinheiro chegava.

Foi este último José Maria que viu D. Carlos em 1908 atribuir-lhe o título de Conde de Vill’Alva, o qual foi legado por descendência a seu filho Vasco. D. Vasco Maria Eugénio d’Almeida (1913-1975) viria a ligar-se muito a Évora ao recuperar imenso património a ameaçar ruína e mostrar para com a cidade e seu termo uma generosidade sem limites. A sua viúva, Maria Teresa Ortigão Burnay Belo, se ficou devendo a fundação do Instituto de Cultura que reúne agora a bela colecção de viaturas do tempo e que um “Tonneau”, um “Brougham” (vulgo “Coupé”), uma “Victoria” e um “Break” pertenceram à Casa Vill’Alva, e uma “Calèche”, um “Landau”, um “Tillbury” e outro de modelo mais pequeno, uma “Ladies Phaeton” e um “Buggy”, são pertença de outros mas que ali estão ao abrigo do referido acordo. Uma cadeirinha do Século XVIII de um só lugar e transportada por dois a quatro lacaios, utilizada entre nós para transporte de doentes, de damas da corte e eclesiásticos, e uma teliz – peça de pano bordado para cobrir as selas dos cavalos, quando apresentados à mão em cerimónias diversas – da mesma época, completam o acervo


Texto: José Frota


3 comentários:

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