Fundado nos meados do séc. XVI pelo fidalgo da Casa Real D. Gonçalo de Sousa passou, mais tarde, ao domínio dos Gonçalves Cogominhos, morgados da Torre de Coelheiros, ascendentes do marquezado de Monfalim. Alienado no século passado, nele se instalou o Hotel Eborense, actual Pensão do mesmo nome, no regime de enfiteuse particular. É propriedade de D. Glória Amos Gonzallez. Muito curiosa, a fachada principal, único corpo preservado das necessárias obras de adaptação ao seu novo destino, conserva a silhueta primitiva, com gracioso varandim de cinco arcos de volta inteira divididos por colunas toscanas, de granito, apoiados e defendidos por robustos botaréus de cantaria aparelhada de dois andares.
A porta actual, de vergas simples, de pedra, não é, seguramente, a antiga: está sobrepujada pelo armorial quinhentista, de calcário azul, de Alvito, esquartelado, com as armas de Portugal e os leões de púrpura, dos Sousas do Prado. A peça foi colocada neste sítio em 1942, proveniente do Museu Regional, segundo arranjo conjectural, mas pertencia ao imóvel. Bem proporcionada é a escadaria nobre, de dois lanços paralelos de 11 e 17 degraus, com patins, em vasta caixa de planta rectangular, separados por arco abatido carregado de duas colunas dórico-toscanas, de volumes desiguais, que lhe imprime certo pitoresco. As abóbadas, tanto da escada como do terraço, são de berço, sendo aquela reforçada com arcos formeiros, de alvenaria. O pavilhão contíguo, de empena reforçada com cunhal de cantaria trabalhada, tem frente para o pátio da carruagem, que é antecedido pelo portal de granito, chanfrado, da mesma época.
O corpo rasteiro, deste lado, está praticamente intacto: é constituído por série de salas de naves irregulares, abobadadas, onde subsistem arcos góticos, de volta plena e abatidos, além de portas com gonzos e munhoneiras de pedra. A primeira dependência, a mais característica do quinhentismo, ancho salão de dois tramos, de planta rectangular e imenso arco abatido, de granito, suportado por grossa coluna toscana, do mesmo material, é antecedida por arco externo nascido em pilares de cantaria, hoje obstruídos. O edifício é, no todo arquitectónico, exemplar dos começos do Renascimento.
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