segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Comemoração do 23º Aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança





Programa

20 de Novembro
Praça do Giraldo

15h – Sessão de Abertura
15h15 – Eborae Mvsica - Coro dos alunos do 6º ano turma F, do ensino articulado da música da Escola da Malagueira, dirigido pelo Professor Pedro Nascimento
15h45 – Artisport, Fundação Salesianos – Aikido, Muay Thai, Hip Hop
16h30 – Associação Pédexumbo – Oficina de Dança

Exposição de trabalhos escolares da EB-2/3 de Santa Clara e jogo alusivo aos direitos da criança dinamizado por formandos do 3º Ano do Curso Profissional de Animador Sociocultural da Escola Secundária Severim de Faria

19 e 20 de Novembro
Loja Ponto Já (IPDJ)

Sessões de sensibilização sobre a Linha Ajuda Internet Segura
Hora: 14h00/18h00
Destinatários: crianças e jovens
Local: Loja Ponto Já (IPDJ), Rua da República 119, Évora
Organização: CPCJ
Apoio: Câmara Municipal de Évora
Parceiros: Agrupamento de Escolas da Malagueira, Agrupamento de Escolas de Santa Clara, Associação Pédexumbo, Direção Regional do Instituto Português do Desporto e Juventude, Eboare Mvsica, Escola Salesiana de Évora, Escola Secundária André de Gouveia, Escola Secundária Severim de Faria


domingo, 18 de novembro de 2012

Ainda a greve em Évora ...

Precisa-se Técnico de Ar Condicionado (M/F) para Évora


A Projesado Dois, Empresa de Trabalho Temporário, Lda, encontra-se a recrutar 

Técnicos de Ar Condicionado, para trabalho na zona de Évora. 


Procuramos Profissionais com o seguinte perfil: 
- Experiência na Função; 
- Com conhecimentos na área de AVAC; 
- Sentido de Responsabilidade; 
- Residência na zona de Évora; 
- Assiduidade. 



Resposta com curriculum vitae para:


ou dirija-se ao nosso escritório para formalizar a sua candidatura: 

R. Mouzinho de Albuquerque nº 3 – Loja 10 (Monte Belo Norte) 
2910-719 Setúbal 

sábado, 17 de novembro de 2012

Lendas sobre Geraldo sem Pavor - Parte 3



LENDA DE GERALDO SEM PAVOR SEGUNDO O FRADE BENTO
    Frade Bento diz que Geraldo era natural da vila de Ferreiros de Tendais ou do concelho e de uma família distinta de apelido Pestana. Jovem bravo e aventureiro, reuniu uns 100 homens, seus conterrâneos e apresentou-se com eles a D. Afonso Henriques e obrou prodígios de valor com a sua gente, pelo que era muito estimado do Rei, que lhe chamava o sem pavor. Porém, matando em desafio, um fidalgo de nome D. Nuno, grande valido de D. Afonso Henriques e temendo a cólera deste, fugiu com a sua gente.
    Como antes de ser um grande soldado, tinha sido um caçador intrépido, sabia que sobre a margem direita do Rio Festança (6 km a ESE do Douro), havia no alto de um monte, um sítio agreste e escabroso, formado um planalto quase inacessível, por estar cercada de altas penedias, tendo no centro um alcantilado rochedo. Sobre ele edificou Geraldo e os seus, um robusto castelo, tão inexpugnável por arte, como terrífico por natureza, e aqui fez o centro das suas operações, que eram, diga-se a verdade, roubar indistintamente, mouros, é cristãos, sendo o terror dos povos da província.                   
    A fama das grandes presas que jazia, atraiu tantos bandidos à sua bandeira, que chegou a ter 526 soldados de cavalaria e grande número de peões, de maneira que fazia a guerra como conquistador e não como salteador. Quem queria estar a salvo das suas rapinas, pagava-lhe anualmente um tributo estipulado. Mas Geraldo era um nobre cavaleiro, não se conformava com esta vida de rapinas e depravações e queria, a todo o custa, obter o perdão do Rei, que temia. Deixou os seus companheiros no castelo e foi só com 5 à cidade de Évora. Aí, falando com o alcaide-mor, disse muito mal de D. Afonso Henriques e prometeu ajudar os mouros a derrotá-lo.
 O alcaide ficou muito satisfeito e convidou Geraldo a passar dois dias consigo, o que este aproveitou para examinar a fortaleza e fazer namoro a filha do alcaide.
    Voltando ao seu castelo, disse aos seus soldados que se preparassem para uma grande façanha, ao serviço do Rei, de Deus e da Pátria, mas sem lhes dizer qual. Prometeu-lhes o perdão do Rei e ainda honras e terras.
 Todos concordaram e ele mandou armar e prover de mantimentos para vários dias.
    Ao anoitecer saíram do castelo, seguindo viagem a caminho de Évora.
    Caminhavam de noite e escondiam-se de dia. A dois quilómetros de Évora mandou cortar trancas, revelando-lhes então o seu intento.
    Dirigiu-se só à cidade, coberto de ramos verdes para não ser visto e assim se aproximou da Torre de Atalaia, onde estava de sentinela um mouro e sua filha.
    Como não tinha escada para subir, foi espetando ferros e lanças nas juntas das pedras, subiu até à janela onde estava a moura e lançou-a abaixo da torre, degolando em seguida o mouro que ainda dormia. Levou as cabeças dos dois vigias aos seus soldados em sinal de bom anúncio. Voltou depois com os seus homens a investir contra a cidade, lançou fogo à Torre de Atalaia, para atrair aí as forças mouriscas, que, na precipitação, deixaram as portas da cidade abertas.
    Geraldo entrou nelas com os seus homens e trancou as portas com as trancas que mandara cortar, tomando assim a cidade em seu poder.

Fonte: marcoseborenses.no.comunidades.net

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cinema no Auditório Soror Mariana



“4:44 Último Dia na Terra”, de Abel Ferrara
2011 | Suíça/EUA/França | | 85 min. | M/16 | Drama/Ficção Científica. Com: Willem Dafoe, Shanyn Leigh e Natasha Lyonne
21 de novembro
Auditório Soror Mariana (Rua Diogo Cão, 8)
Sessões às 18:00 e 21:30
 
Cisco e Skye são um apaixonado casal nova-iorquino, com mil e um projetos pela frente. Hoje vivem ambos o penúltimo dia das suas vidas, pois às 4h44 da próxima madrugada todo o planeta Terra vai colapsar. O que eles - e os outros sete mil milhões de seres humanos - estão à espera durante as próximas horas é a extinção total da vida no planeta. Com o peso desta informação e conscientes de que nada há que possam fazer para o evitar, terão de viver o pouco tempo que lhes resta e encontrar uma maneira de lidar com o significado de tudo isso...

Organização: Cineclube da Universidade de Évora | Pátio do Cinema - SOIR Joaquim António d’Aguiar
Apoios: Câmara Municipal de Évora | Universidade de Évora | INATEL | ICA-Instituto do Cinema e do Audiovisual | Secretaria de Estado da Cultura | Federação Portuguesa de Cineclubes | Associação Académica da Universidade de Évora | Rede Alternativa de Exibição Cinematográfica

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Évora Perdida no Tempo - Igreja de São Francisco


Igreja de São Francisco, vendo-se, ainda, parte do antigo convento (em demolição)

Autor Desconhecido/ não identificado
Data Fotografia 1895 dep. - 1940 ant.
Legenda Igreja de São Francisco
Cota CME0277 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Crónicas reunidas em Livro - The New York Times “visita” Évora



Crónicas reunidas em Livro
The New York Times “visita” Évora


Alguns dos mais emblemáticos locais históricos de Évora bem como unidades hoteleiras, de restauração ou comerciais, foram alvo da visita do “The New York Times” que através de uma coluna publicada semanalmente e que visa dar a conhecer locais do mundo de visita obrigatória, promove a nossa cidade bem como empresas, instituições e/ou estabelecimentos.

No artigo sobre Évora, da autoria de Andrew Ferren, para além de uma superficial apresentação histórica da cidade, o articulista faz referências à Tasquinha D’Oliveira, D. Joaquim, Adega da Cartuxa, Herdade Coelheiros, Mont’sobro, Loja Atelier 73 Évora INN – Chiado Design e Convento do Espinheiro.

A proposta de visita a Évora, que pode ser lida neste endereço da internet http://travel.nytimes.com/2011/06/26/travel/from-lisbon-a-visit-to-evora-overnighter.html?pagewanted=all&_r=1& faz, entretanto, parte do livro “36 Hours – 125 Weekends in Europe”, que convida à descoberta de uma nova Europa, destacando a cultura, história, gastronomia, arte, estilo e arquitetura de cada local, editado pela TASCHEN. O livro foi posto á venda no passado dia 1 de Novembro.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Évora Perdida no Tempo - Claustro do Seminário Maior


Autor Desconhecido/ não identificado
Data Fotografia 1940 - 1960
Legenda Claustro do Seminário Maior
Cota CME0007 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

"Os Caricas" na Arena d'Évora




És fã da Clarinha, da Pipa, do Matias e do Pedro? Então, não vais querer faltar ao espetáculo "Panda e os Caricas, o Musical".
Vamos desvendar um pouco o que se vai passar. Em palco, será recriado o Bairro do Panda - um espaço incrível onde tudo acontece e onde as histórias serão contadas através de canções coloridas, mágicas e divertidas. Só há uma palavra de ordem no Bairro do Panda. Consegues adivinhar qual é? Brincar!

Da "Dança do Arco" ao "Baile Olímpico", imitar a "Taça" ou saltar com o "Elefante", tudo é possível no Bairro do Panda".

Évora: 22 de dezembro - 11:00 e 15:00
Os bilhetes já estão à venda nos locais habituais. 

Vou ou não vou esta noite ao Teatro?



A dramaturgia de Karl Valentin integrou um movimento anti-racional claramente contra a guerra e os padrões estabelecidos para a sua época.
 Um teatro que se opõe a qualquer tipo de equilíbrio que combina o pessimismo irónico e a ingenuidade radical. Um teatro que enfatiza o ilógico e o absurdo e que apesar da sua aparente falta de sentido tem como estratégia principal denunciar e escandalizar.
 Uma aposta numa dramaturgia que continua a fazer todo o sentido nesta Europa, também hoje caótica, em que a insistência na falta de lógica e na gratuitidade dos acontecimentos deixa de ser um absurdo e passa a funcionar como um espelho crítico de uma realidade incomoda.
 Um jogo em redor das palavras com um humor verdadeiramente desconcertante.  
  
Autor: Karl Valentin
Encenação: José Russo
Cenografia e Figurinos: Inês de Carvalho assistida por Helena Calvet
Interpretação: José Russo, Maria Marrafa e Rui Nuno
Música: André Penas
Desenho de Luz e Direcção Técnica: António Rebocho
Construção e Montagem de Cenário: Tomé Baixinho, Tomé Antas e Paulo Carocho
Confecção de Guarda-Roupa: Vicência Moreira
Produção: Miguel Cintra
Secretariado: Ana Dominguinhos
Fotografia: Paulo Nuno Silva
Design Gráfico: Milideias Comunicação Visual Ldª

Estreia em Évora, dia 15 de Novembro, no Teatro Garcia de Resende
Em cena até 9 de Dezembro, de quarta a sábado às 21h30, domingo às 16h00




domingo, 11 de novembro de 2012

Precisa-se Professor(a) Para Explicolândia Évora


O Centro de Estudos A EXPLICOLANDIA está a recrutar colaboradores para o seu serviço de Apoio Pedagógico para o ano lectivo 2012/2013. 

Area de Ensino: 
- Inglês (Nível B1) 

Local de Trabalho 
- Évora (Explicolândia - Centro de Estudos) 

Perfil do candidato: 
- Professores ou licenciados na área 
- Forte sentido de responsabilidade 
- Capacidade de comunicação e motivação dos alunos 
- Conhecimento dos actuais programas escolares 
- Acompanhamento dos alunos até final do ano lectivo 
- Regime de prestação de serviços 

Inicio: 
- Novembro de 2012 

Oferecemos: 
- Colaboração num projecto educativo ambicioso e em expansão contínua 
- Remuneração de acordo com a experiência e objectivos alcançados 
- Excelente ambiente de trabalho 

Os candidatos deverão enviar o Currículo Vitae (com foto) e Carta de Apresentação para o email


 indicando: 
- Local de Trabalho 
- Disponibilidade de horário 
- Preço/hora 

Oferecemos: 
- Colaboração num projecto educativo ambicioso e em expansão 
- Remuneração de acordo com a experiência e grau de profissionalismo 

Para mais informações poderá consultar o site em www.explicolandia.com 

Procura-se formador com especialização em Igualdade de Género


Procura-se formador com experiência (factor preferencial) em formação em Igualdade de Género. 

A formação será no distrito de Évora. 

As candidaturas deverão ser acompanhadas de C.V., digitalização do Cartão do Cidadão/BI, certificado de habilitações e do curso especialização em Igualdade de Género. 

Preferencialmente por via electrónica para o email

bruno.castela@partnerhotel.net

sábado, 10 de novembro de 2012

Lendas sobre Geraldo sem Pavor - Parte 2



A CONQUISTA DE ÉVORA 
   Geraldo Sem Pavor escolheu cinco dos seus companheiros mais íntimos e mais fiéis, e com eles partiu para Évora, que, nessa data, se encontrava bem segura nas mãos dos Mouros.
   Apresentando-se às portas da cidade e revelando provavelmente quem era, Sem Pavor declarou precisar de falar em particular com o alcaide mouro. Passo temerário o seu, porque Geraldes, se era execrado pêlos cristãos, vítimas das suas tropelias sangrentas e das suas pilhagens audaciosas não o era menos pelos Sarracenos, em quem as suas investidas de surpresa, os seus saques vorazes e as suas cruentas chacinas haviam criado uma ânsia de represália que nunca puderam saciar-se, porque ele forte e matreiro, sempre pudera repelir ou furtar-se aos seus golpes vingadores. Óptimo ensejo aquele o que se oferecia ao alcaide islamita para se desforrar de tão odiado inimigo, cortando-lhe cerce a cabeça.
E Geraldo Geraldes bem sabia o risco que corria mas não o receava, justificando bem o seu apodo de Sem Pavor.
   Homem prudente e não menos ardiloso, o alcaide teria pensado que, antes de aprisioná-lo e provavelmente matá-lo, conviria ouvi-lo. Recebeu-o com a peculiar cortesia árabe, à qual a cortesia europeia muito ma ficar devendo. Geraldes apresentava-se como amigo, e como amigo o acolheu o chefe sarraceno. Em jeito de confidência, queixou-se o Português amargamente das arrelias e transtornos que lhe causava o ódio de Ibn-Errik, o monarca lusitano, que não desejava senão prende-lo e puni-lo com a morte; enumerou-lhe as forças que dispunha, talvez exagerando-as, e acenou-lhe com a possibilidade de essas forças entrarem como aliadas ao serviço dos Sarracenos, se ele, alcaide, o ajudasse a vigar-se do odioso rei Cristão. Geraldo afirmou, sem que o Mouro o duvidasse, que só poderia viver tranquilo depois de D. Afonso ter desaparecido deste Mundo.
       O muçulmano arrebitou a orelha muito interessado. A declaração parecia-lhe aliciante e convincente. Ele não ignorava que a numerosa tropa do proscrito fazia falta a Afonso Henriques para guerrear os muçulmanos. Poderia aprisionar o chefe que tão imprudente viera se meter na boca do lobo; mas, que proveito iria tirar dessa traiçãozinha? Pouco ou nenhum. Lá longe, no seu castelo, ficara um aguerrido exército de desesperados que matavam e pilhavam para sobreviver. Se lhes matasse o chefe, esses homens só teriam dois caminhos a seguir: ou nomear novo cabecilha e prosseguir em seus desmanchos ou submeter-se ao rei, que lhes concedia magnânimo perdão e com eles engrossaria as suas fileiras já tão poderosas. De qualquer das formas, o prejuízo seria dos Mouros. Não, a politica inteligente era captar as simpatias de Geraldo, tão temido como admirado entre os povos árabes, e, robustecido com esse valioso reforço, atacar e talvez exterminar o rei Afonso.
       Cercado de todas as honras, alvo das maiores deferências, Geraldo Sem Pavor permaneceu dois dias em Évora, como hóspede do alcaide. Percorrendo a cidade e o castelo na amável companhia do anfitrião árabe, o manhoso cavaleiro não deixou de observar minuciosamente as obras de defesa da robusta praça. Não lhe custou muito convencer o Mouro de, com o seu auxílio, atrair Afonso Henriques a uma cilada e mata-lo. Os olhos do alcaide luziram ante o sedutor projecto, que não lhe parecia inviável, se fosse executado por aquele aventureiro tão poderoso que ate lograra construir um castelo e manter a sua independência no território de um rei tão sanhudo e aguerrido que conseguira arremessar os Mouros para alem o Tejo e já ameaçava vastas regiões do sul.
      Ao cabo de dois dias de conversações, os planos achavam-se concluídos e firmado um pacto entre o cristão e o maometano. Ia dar-se começo à execução desses grandes projectos. Geraldo Geraldes retirava-se como importante potentado, solenemente acompanhado pelo alcaide ate fora das portas da cidade. O Mouro já antegozava o dia em que pudesse haver às mãos Ibn- Errik, o monarca português. Ala era grande, Maomé o seu profeta e ele, alcaide, servindo-os com tanta argúcia, bem podia ir contando com um lugar privilegiado nos deliciosos jardins do Paraíso muçulmano, onde não lhe faltariam odaliscas Formosas, tangendo brandamente seus pandeiros de ouro.
      Geraldo Sem Pavor regressou ao seu castelo e falou de novo à sua tropa. Reprimindo o seu contentamento, revelou, insistindo, que iam entrar numa acção tão grandiosa que o soberano não hesitaria em conceder-lhes generoso perdão, cumulando-os de honrarias e doando-lhes terras.
      Com seu intrépido chefe na vanguarda, armados e municiados para dois dias, saíram os réprobos do castelo, ao cair das primeiras sombras nocturnas. Era em fins de Novembro de 1166. Caminharam à socapa durante toda a noite; ocultaram-se, ao amanhecer, para prosseguirem na noite imediata. E só se detiveram, em plena escuridão, a uns dois quilómetros de Évora.
      Depois de lhes revelar as suas intenções, aí os deixou Geraldes dissimulados nas treva, recomendando-lhes o máximo silêncio. E dirigindo-se sozinho para a cidade. Pelo trajecto. Colheu uns ramos de árvore, com os quais se encobriu, e foi avançando cautelosamente, para que as sentinelas sarracenas não se apercebessem da sua aproximação. Era, porém, escusada tanta prudência, porque os vigias, iludidos por uma aparente e ociosa paz, dormiam a sono solto. Assim, pôde Geraldo abeirar-se da torre da atalaia, sem ser pressentido.
      Mas essa torre era construída de maneira muito especial, que tornava por assim dizer impossível a sua tomada. Não possuía porta; apenas lá no alto se abria uma janela, que constituía simultaneamente a entrada e o mirante, de onde se podia esquadrinhar com o olhar toda a planura em redor. Subia-se a essa alta entrada por uma escada de corda, que se recolhia, logo que a sentinela se instalava, cortando a ligação com o exterior.
      A falta da porta não representava dificuldade insuperável para Geraldo Geraldes. Contara com ela e estudara a maneira de vencê-la. Usou então o expediente de entalar o couto da sua lança e um ramo de árvore nos interstícios do muro, formando assim degraus, que ia retirando e colocando mais altos, consoante acabava de os utilizar. Trepou sorrateira e lentamente, até atingir a janela de acesso ao aposento do guarda.
      Apenas se encontravam ali o soldado mouro e uma sua filha, que dormiam regaladamente. Deslizando sem rumor, Geraldes agarrou a rapariga e, antes que ela tivesse tempo de soltar um ai, arremessou-a pela janela, vindo o frágil corpo despedaçar-se em baixo, no duro lajedo. E, com rapidez fulminante, decepou a cabeça da sentinela. Sempre silencioso, desceu pelo mesmo processo por que subira e foi juntar-se aos companheiros, levando-lhes, como troféu, a cabeça das suas vítimas. Aqueles sinistros despojos provavam com terrível eloquência que o caminho estava desimpedido. Évora dormia sem cuidados e sem sentinelas. Mas ainda havia as sólidas portas bem fechadas e trancadas. Era preciso abri-las.
     Então, dentre a sua gente, escolheu Sem Pavor cento e vinte cavaleiros e mandou-os esperar no local onde hoje se encontra o convento do Espinheiro com ordem de por ali se conservarem até ouvirem alvoroço e gritos na cidade. E, desta vez mais afoito de novo subiu o audaz cavaleiro à torre da fortificação, onde acendeu uma fogueira, que ele sabia ser o sinal convencionado pelos Árabes para os advertir de que os cristãos estavam a atacar a cidade naquele ponto. Antes, porém, de o alarme se generalizar entre os habitantes, já o aventureiro se tinha retirado apressadamente da torre e ocultado nas vizinhanças, protegido pela noite.
      Caindo na esparrela e reunindo precipitadamente todos os homens de armas disponíveis, saiu o alcaide em ruidoso tropel da cidade, dirigindo-se a galope para a torre da atalaia que supunha atacada. Na sua boa fé nem sequer achou necessário fechar as portas à sua retaguarda. Foi então que Geraldo Geraldes à frente do seu bando e protegido pelas trevas, entrou de escantilhão pela cidade, matou quantos ainda tiveram a veleidade de se lhes opor e trancou logo as portas deixando fora das muralhas o alcaide mouro e os seus homens desamparados, burlados, depois de perderem infantilmente a grande fortaleza que barrava aos Portugueses o caminho do sul.
    Senhor da cidade, bem protegido pêlos altos muros Sem Pavor concedeu logo aos seus companheiros, em adiantamento dos chorudos prémios prometidos a liberdade de saque. A cidade era uma das mais ricas da Península. Nunca aqueles homens rudes tiveram ao seu alcance povoação tão vasta e bem abastecida para e bem abastecida para pilhar. Caíram sobre as riquezas como bando de vorazes gafanhotos sobre uma seara e limparam tudo.
     Sempre habilidoso, Sem Pavor, uma vez de posse do formidável ponto estratégico há tanto tempo cobiçado pelo monarca, remetia-lhe humildemente um quinto do valor do saque, como era de uso naqueles tempos, seus homens, e suplicando-lhe que mandasse ocupar a cidade que conquistara para oferecer.
      Facilmente se calcula a satisfação do soberano. Perdoou de boa mente a Geraldo Sem Pavor e aos proscritos que fielmente o acompanhavam. Fez-lhe muitas mercês e nomeou-o alcaide-mor de Évora, porque ninguém melhor do que o aventureiro, que tão ardilosamente a tomara, a poderia agora defender, em nome de el-rei de Portugal.
       O facto teve grande importância, porque permitiu ao rei de Portugal lançar-se mais afoitamente para o sul, alargando os seus domínios, como tanto ambicionava. E as circunstancias da política interna de Marrocos também lhe favoreceram os intentos. Abd-el-Mumen o terrível emir, que lhe infligira a mais pesada derrota da sua fulgurante carreira de batalhador, falecera em Salé, em 1163. Como de costume em regimes feudais tanto entre muçulmanos como entre cristãos, sempre que um monarca desaparecia, as paixões e rivalidades latentes reacendiam-se entre os pretendentes ao mando supremo. Iussof-Abu-Iacub, que sucedera a Abd-el-Mumen, encontrando-se na Península, teve de partir a toda a pressa para a África, a fim de reprimir violentas revoltas dos irmãos e outros magnatas que lhe queriam ocupar o trono. Excelente oportunidade essa para D. Afonso Henriques se desforrar dos desaires sofridos e levar o seu domínio o mais longe possível.
       Com o ímpeto e a rapidez peculiares dos seus movimentos guerreiros, o monarca penetrou com suas poderosas hostes mais profundamente no território sarraceno. Ainda em 1166, Moura, Serpa e Alconchel como castelos de cartas sob um brusco sopro, caíram em seu poder e, posteriormente, Truxilo e Cáceres sofrem o mesmo destino. Em dois anos o rei de Portugal apodera-se do melhor bocado do Al-Gharb muçulmano. O império islamita do ocidente da Península desmoronava-se irresistivelmente. A gente de Mafoma sentia-se incapaz de deter o avanço português.
     Embriagado por estas vitórias, D. Afonso já não pode dominar a força cega das suas ambições e quis também apoderar-se de Badajoz, cidade que, pela sua riqueza, o fascinava tanto como o seduzira Évora anteriormente. Cometeu então um erro político que por pouco, lhe não foi fatal. Mas, esse passo precipitado que, visto na perspectiva do tempo, nos mostra o remate da sua carreira de guerreiro extraordinário marca simultaneamente o início da última fase da sua existência que merece ser detidamente narrada.

Fonte: marcoseborenses.no.comunidades.net

Évora Perdida no Tempo - Fachada da Igreja da Cartuxa


Autor Desconhecido/ não identificado
Data Fotografia 1910 - 1940
Legenda Fachada da Igreja da Cartuxa
Cota CME0297 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME