segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Nos trilhos da ecopista


Entre os muitos e bons percursos ambientais que a cidade e o seu termo nos propiciam, a ecopista marca já posição de relevância nacional e internacional, estando integrada na Rede Verde do Espaço Mediterrâneo Ocidental, a qual é constituída por vias não motorizadas que garantem uma ligação fácil entre as zonas urbanas e rurais, proporcionando um contacto directo com a natureza. A ecopista de Évora nasceu de um acordo celebrado entre a Refer e a Câmara de Évora, visando a reconversão do antigo ramal ferroviário de Mora como forma de contributo para o desenvolvimento integrado da região. No cumprimento desse desígnio, compete-lhe fazer a promoção de pontos de interesse histórico-cultural, do turismo, do recreio e do lazer ao ar livre e, em concomitância, proceder à recuperação do património em mau estado, assente numa ideia global de incentivo à conservação da natureza e valorização dos sistemas naturais existentes. 

O antigo ramal de Mora, de cerca de 60 quilómetros de extensão, ligava a cidade àquela vila, com passagem pelas estações e apeadeiros da Graça do Divor, Arraiolos, Pavia e Cabeção. Inaugurado a 11 de Julho de 1908, estava previsto no projecto inicial que se viria a alongar até Ponte de Sor, onde estabeleceria conexão com a Linha do Leste (Abrantes – Elvas). Tal ideia não veio porém a concretizar-se. No entanto, o principal objectivo que presidira à sua construção – necessidade de fazer escoar os produtos agrícolas da parte setentrional do distrito de Évora até à sua capital, onde eram armazenados nos respectivos silos, procedendo-se ulteriormente ao seu envio para Lisboa – foi de qualquer modo alcançado. Entretanto, a partir de 1916, ano da fundação da Sociedade Alentejana de Moagem, o ramal ganhou uma movimentação inusitada ao passar a efectuar o transporte dos produtos da famosíssima Fábrica dos Leões (massas alimentícias), que para o efeito ali instalou uma estação, mesmo junto à linha. 

Daqui não se infira, porém, que a linha só serviu para o transporte de mercadorias. Pelos seus carris passaram, durante muitos anos, milhares e milhares de passageiros. Só a partir de finais dos anos 60 a afluência aos seus préstimos começou a declinar. A expansão das empresas rodoviárias, a generalização da propriedade e uso do automóvel e o decréscimo de importância da actividade agrícola na economia regional foram factores que contribuíram para um acentuado afrouxamento na sua procura. Atendendo às circunstâncias, a CP decidiu-se pelo seu encerramento em 1990. No decurso de oitenta e dois anos de existência o ramal vira crescer, junto a si e no seu troço inicial (periferia de Évora), novos espaços habitacionais, bairros na sua grande maioria: os primeiros, clandestinos (Chafariz d’El Rei, Poço Entre-as Vinhas, Leões e Louredo) e os seguintes (Novo, Câmara e já mais tarde Nogueiras, Bacelo e Álamos) legais. Desactivada a linha e removidos os carris, os moradores começaram a utilizá-la como percurso de comunicação entre eles ou como forma de encurtar caminho nos deslocações à cidade. Sempre a pé ou de bicicleta. 

Com a transformação da CP em Refer enquanto entidade gestora e exploradora dos Caminhos de Ferro Portugueses, foi possível chegar rapidamente a um entendimento com a Câmara Municipal para a sua reconversão em ecopista. A nova estrutura foi inaugurada a 25 de Abril de 2005 com uma grande festa popular e teve numa primeira fase a extensão de 13 quilómetros, começando poucos metros adiante da estação de Évora e prolongando-se até ao antigo apeadeiro da Graça do Divor. No ano seguinte foram abertos mais 7 quilómetros até à antiga paragem na Herdade da Sempre Noiva, situada no limite do concelho. 

Sublinhe-se que na zona urbana da cidade a ecopista se desenvolve em tapete betuminoso, o que torna a sua utilização mais cómoda e segura para as pessoas de mobilidade reduzida. O sucesso desta infra-estrutura de desporto informal, recreio e lazer, destinada essencialmente ao passeio, à marcha, ao ciclo-turismo e aos praticantes de BTT foi imediato. Para isso muito contribuiu o percurso extremamente interessante do ponto de vista paisagístico e ecológico, onde a fauna e a flora características da região observam o utente a cada instante e cuja interpretação se encontra disseminada por diversos pontos do percurso. O mesmo acontece com a indicação da quilometragem, sempre presente ao longo do corredor ecológico. Em outros quadros se fornecem as regras e condições respeitantes ao seu uso, acompanhadas de um imprescindível mapa de apoio. 

Abusos de utilização (caçadores e cavaleiros), depredação de materiais e alguns outros desmandos passaram a ser punidos com coimas entre os 50 e os 1000 euros, segundo o Regulamento de Utilização da Rede de Percursos Ambientais de Évora, em vigor desde 28 de Julho de 2007 e publicado em Diário da República. Fiscais camarários, PSP e GNR encarregam-se da vigilância à ecopista. O Grupo de Caminheiros de Évora também dá uma ajuda na preservação do espaço. Dada a sua frequência, a Câmara Municipal dotou, no ano passado, de iluminação o troço inicial de quatro quilómetros, correspondentes a toda a área urbana abrangida, entre os bairros de Chafariz d’El Rei e do Bacelo, alargando o seu período de utilização em condições de segurança. E, já em 2009, procedeu à colocação ao longo do percurso de mais de centena e meia de árvores, dando sequência ao projecto Portugal Verde, promovido pela Revista Visão. A ecopista de Évora é pois um percurso ambiental a não perder. Vá conhecê-la e conviva alegremente com a natureza.

ÉVORA MOSAICO nº 3 – Outubro, Novembro, Dezembro 09 | EDIÇÃO: CME/ Divisão de Assuntos Culturais/ Departamento de Comunicação e Relações Externas | DIRECTOR: 
José Ernesto d’Oliveira | PROJECTO GRÁFICO: Milideias, Évora | COLABORADORES: José Frota, Luís Ferreira, Teresa Molar e Maria Ludovina Grilo | FOTOGRAFIAS: Carlos Neves, 
Rosário Fernandes | IMPRESSÃO: Soctip – Sociedade Tipográfica S.A., Samora Correia | TIRAGEM: 5.000 exemplares | PERIODICIDADE: Trimestral | ISSN 1647-273X | Depósito Legal 
nº292450/09 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

A bela capela tumular de Garcia de Resende

Concebida e desenhada pelo próprio, como muitos especialistas admitem, a capela tumular de Garcia de Resende é um dos monumentos nacionais menos conhecidos da população e dos mais ignorados pelos turistas nacionais e estrangeiros, que não lhe encontram referência nos guias habitualmente colocados à sua disposição. O facto deste singular monumento funerário se situar a quatro quilómetros da cidade, esquecido e isolado na vasta cerca do Convento do Espinheiro – o qual foi adquirido após a extinção das Ordens Religiosas por particulares pouco sensíveis ao seu valor patrimonial e cultural – muito terá contribuído para o seu olvido por banda de todos, autoridades incluídas. 

Por isso foi vandalizado durante décadas até que uma oportuna intervenção do então IPPAR o salvou da ruína e recuperou, já nos alvores do novo século. A capela tumular foi planeada em 1520 (dezasseis antes da sua morte), tendo a obra arrancado no ano seguinte, em terrenos que terão sido facilitados por D. Manuel, em obediência à sua ideia de que as grandes figuras do Reino deveriam ser enterradas em casas monacais da Ordem dos Jerónimos. Ora Garcia de Resende não era nobre, embora tivesse sido criado no Paço Real. 

Nascera em Évora em 1470 e seus pais tinham morrido cedo, mas recebera educação esmerada por parte de seu tio, desembargador régio e figura de prestígio junto da corte. Por volta dos 20 anos, Garcia de Resende foi escolhido para moço de câmara de D. João II e pouco tempo depois era nomeado moço de escrivaninha, uma espécie de secretário particular, cargo que manteria até à morte do monarca em 1495. Continuou a exercer importantes funções na corte com a ascensão de D. Manuel ao trono, e integrou, em 1514, como secretário-tesoureiro e o título de fidalgo da casa do rei acumulado, a luxuosa embaixada ao Papa Leão X. No ano seguinte vê ser-lhe atribuída uma tença de 2000 réis, para em 1516 ser nomeado escrivão da fazenda do príncipe herdeiro, o futuro D. João III. 

Ao longo do tempo, este multifacetado talento de poeta, trovador, cronista e desenhador reúne avultados bens em Évora, traduzidos na posse de grandes e belas casas na cidade (recorde-se a casa que a tradição lhe atribui na Rua de S. Manços e cuja janela é monumento nacional) e de extensas propriedades rurais nas zonas em redor. É pois com 51 anos que manda edificar, sem quaisquer problemas financeiros, a sua bela capela tumular, exemplar típico do estilo manuelino-mudéjar, de planta rectangular e miniatural e composta por três corpos distintos: galilé, nave e capela-mor. No pavimento da primeira figura a campa de Jorge de Resende, irmão de Garcia de Resende. Na nave situa-se a sepultura do poeta e cronista, ali recolocada já em fase adiantada do século XX, depois de recuperadas a pedra tumular, que entretanto havia sido vendida, e as próprias ossadas, que se encontravam desaparecidas. 

O pavimento da nave e da ábside é forrado com azulejos andaluzes da época, apresentando-se as abóbodas nervuradas. Segue-se a capela-mor, cujo acesso é encimado por gracioso arco triunfal. Garcia de Resende viria a servir ainda durante mais alguns tempos, embora em funções menos importantes, o rei D. João III. Os últimos anos da sua vida passou-os tratando das suas terras em Évora, vindo a falecer em 1536. Recolheu serenamente à bela capela que mandara edificar sem nunca sequer suspeitado dos tratos de polé a que a mesma iria estar sujeita. Hoje felizmente recuperada, até para recolha e abrigo de gado chegou a ser utilizada. 
Fotografias 


ÉVORA MOSAICO nº 3 – Outubro, Novembro, Dezembro 09 | EDIÇÃO: CME/ Divisão de Assuntos Culturais/ Departamento de Comunicação e Relações Externas | DIRECTOR: 
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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Conhecer a Arte Pública

A arte pública contemporânea começou a instalar-se em Évora no decurso dos últimos anos, como resposta à necessidade de valorizar esteticamente o espaço circular interno gerado pelas rotundas, enquanto ponto de convergência urbanístico de ruas e avenidas. Por parte de muitos, pouco ou nada familiarizados com os caminhos percorridos pela arte moderna, a reacção foi e continua a ser profundamente negativa. Mas é obrigação de uma cidade, que se pretende afirmar como pólo cultural de referência, acrescentar mais património ao excepcional legado histórico recebido e fomentar nos seus habitantes o interesse pelas modernas formas de expressão artística. E não há melhor forma para o fazer que utilizar os lugares disponíveis no espaço público. Na opinião de numerosos historiadores, analistas e críticos, o conceito de arte pública moderna surgiu na primeira metade dos anos 60 com o objectivo de destacar um novo tipo de intervenção artística no espaço público, distinto do tradicional monumento comemorativo, filho do naturalismo clássico. Este deveria celebrar um acontecimento ímpar na vida de um país ou de um povo, ou homenagear um membro de uma cidade ou de uma comunidade que o deseja gravar na memória colectiva. No primeiro caso optava-se pelo erguer de uma construção grandiosa; no segundo a escolha era de natureza escultórica. 

Este era o conceito tradicional de arte pública. Em Portugal as construções imponentes foram poucas e traduziram-se, regra geral, em grandes obras de arquitectura. Mas as esculturas impuseram-se, de alguma forma, durante o século XIX e meados do século passado, tendo como espaço de eleição as praças, os largos e os jardins. Assim veio a acontecer com o busto de José Cinatti, a primeira obra de arte pública a ser erguida em Évora em 1864 e localizada no Jardim Público, de cuja construção e planeamento ele se havia encarregado. No pedestal – elemento característico da estatuária pública clássica – lá se encontra escrito: «À memória de José Cinatti / Évora agradecida/1844». 

O segundo busto erigido na cidade foi dedicado ao Dr. Francisco Eduardo Barahona Fragoso, opulento lavrador, Par do Reino, Oficial-mor da Casa Real, homem de arte e da cultura e grande benemérito da cidade. A obra de arte dedicada ao “Dr. Barahona” e executada «por subscripção pública» encontra-se no Jardim Diana desde 1908. Foi preciso chegar a 1949 para um novo busto passar a embelezar o espaço público citadino. A homenageada era pela primeira vez uma mulher, Florbela Espanca de seu nome. Acto que mereceu a desaprovação da Igreja diocesana, que considerava a notável poetisa, que frequentara o Liceu de Évora em 1911, onde concluíra o curso sete anos depois e se suicidara em 1930 em Matosinhos, como uma mulher dissoluta e imoral. Depois de muito porfiar, os admiradores e amigos conseguiram que o busto, da autoria do escultor Diogo de Macedo, obtivesse autorização para colocação num local discreto do Jardim. 

Ao Parque Infantil foi parar uma estátua em granito do cronista e prosador Garcia de Resende, cinzelada por António de Paiva e oferecida à Câmara de Évora pelo Ministério das Obras Públicas na Primavera de 1974. Cerca de duas décadas depois, o grande mestre Lagoa Henriques criava o busto do grande filantropo eborense D. Vasco Maria Eugénio d’ Almeida (Conde de Vilalva), no qual já era notória a transfiguração das formas clássicas (menor rigidez e monumentalidade) e que foi colocado no relvado fronteiro ao Palácio da Inquisição, em plena Acrópole. A série de homenagens individuais em pedra e ao ar livre teve no busto de André de Resende, o grande humanista eborense do século XVI, a sua última realização. A escultura de João Cutileiro encontra-se desde 2000 no Jardim de S. Mamede, em local discreto, mas foi produzida em meados dos anos 80, semelhando-se em muito na sua concepção e linhas estéticas à estátua de D.Sebastião, também de sua autoria e implantada em Lagos em 1973 e considerada pelo crítico José Augusto França como «a primeira escultura pública moderna nacional». Fora deste contexto fica o Monumento aos Mortos da Grande Guerra, que foram muitos os criados por todo o país. 

O de Évora foi erguido em pleno Rossio, em 1933, ainda que em princípio estivesse destinado à Praça Joaquim António de Aguiar. A iniciativa partiu de um grupo de militares e civis e a inauguração contou com a presença do Presidente da República de então, General Óscar Carmona. Tem 11 metros de altura e do conjunto fazem parte diversas inscrições explicativas em placa de bronze, material de que também são compostos dois obuses, colocados a cada um dos lados do monumento. Diferente, pela sua menor dimensão e discrição, não isento porém de expressiva dignidade, é o obelisco (peça típica do Antigo Egipto, formada por um pilar de forma quadrangular e alongada, que se afunila ligeiramente à medida que vai subindo) em memória de todos «os que lutaram e morreram por Portugal no Ultramar», levantado no Largo dos Castelos, frente ao Quartel General da cidade.Entretanto a Arte Pública moderna fazia a sua entrada em Évora com a realização em 1981 do Simpósio Internacional da Pedra, orientado por João Cutileiro. 

O catálogo assinalou a presença de 26 peças de 15 artistas. A maioria das peças está distribuída por jardins e praças. Só no jardim Diana foram colocadas 4 delas (de Pedro Fazenda, Luísa Perienes ), outra de João Sotero repousa no Parque de estacionamento da Porta da Lagoa. Destaque extra merece a peça “Sarcófago”, burilada por José Pedro Croft, ainda no relvado do Palácio da Inquisição. A presença de obras de arte em rotundas começou em meados dos anos 60 com a instauração de um pouco imaginativo padrão dos descobrimentos na rotunda da Praceta Infante D. Henrique. Só em 1991, por iniciativa municipal, em homenagem aos voluntários eborenses, surgiu a Rotunda do Bombeiro, da autoria do professor de Belas Artes Armindo Alípio Pinto, que já gerou alguma controvérsia. 

Foram contudo as derradeiras, colocadas nos últimos quatro anos, que mais celeuma criaram, naturalmente por imbuídas de concepções estéticas diferentes da ideia corrente de monumento. Inserem-se neste âmbito as duas em que a água é um elemento de referência: a fonte cibernética, da autoria do arquitecto paisagista Caldeira Cabral (Rotunda do Raimundo), e a escultura de António Charrua denominada de “Diálogo de Ícaro com o Sol” (Rotunda dos Colegiais), envolvida por engenhosa fonte ornamental. Para além dos monumentos de homenagem à Associação dos Dadores Benévolos de Sangue e ao ciclismo eborense, resta a polémica réplica do Arco do Triunfo que terá existido na Praça do Giraldo, de João Cutileiro, cujo mérito artístico não cabe aqui avaliar. Na estatuária portuguesa contemporânea, porém, Mestre Cutileiro já demonstrou estar à frente do seu tempo. Curiosamente o filósofo contemporâneo Gilles Lipovetsky dirá, em “A Era do Vazio”: «O modernismo é de essência democrática: desliga a arte da tradição e da imitação e simultaneamente inicia um processo de legitimação de todos os temas».


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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

As ruínas romanas da Villa da Tourega

As ruínas da villa romana da Tourega, pouco conhecidas dos eborenses, ficam situadas a cerca de 12 quilómetros da cidade, num desvio de terra batida existente na estrada de ligação às Alcáçovas, perto da ribeira de Valverde. O local terá sido ocupado entre o século I e o Século IV, tendo a villa chegado a estender-se por uma área de cerca de 500 metros quadrados, dotada de termas duplas, para homens e mulheres, e tanques de banhos frios e quentes. Em termos gerais, dir-se-á que uma villa romana era uma propriedade rural romana, semelhante aos actuais montes alentejanos, constituída por um conjunto de habitações para residência dos proprietários e dos seus trabalhadores e equipadas de banhos privativos, dado que os romanos sempre deram significativa importância à higiene e cuidados de saúde. Segundo os estudos conhecidos, a villa da Tourega funcionou como um importante ponto de apoio na via XII, que estabelecia a ligação entre Lisboa (Olissipo) e Emerita (Mérida). André Carneiro, docente da Universidade de Évora, na sua obra “Itinerários Romanos de Alentejo, Uma releitura de As Grandes Vias da Lusitânia – O Itinerário de Antonino Pio” de Mário de Saa, cinquenta anos depois considera, na esteira de outros investigadores, que a villa da Tourega teria uma localização predominantemente estratégica, determinada por várias possibilidades de acessibilidade. 

A mesma estaria muito perto da estrada (cerca de quinhentos a mil metros) que vinha de Alcácer do Sal (Salatia) com duas variantes (uma por Montemor, outra pelo Torrão e Alcáçovas) – mas próxima também de um cruzamento de vários itinerários. A ligação Ebora – Pax Julia (Beja) distaria apenas uma légua. Referências a este sítio são conhecidas desde o século XVI, quando o humanista André Resende encontrou uma lápide funerária dedicada por Calpúrnia Sabina a seu marido Quinto Júlio Máximo, questor da Sicília, tribuno da plebe, legado da província Narbonense e nomeado pretor da região. Depois da submetida a interpretação paleográfica, a placa acabou por ser datada do século III, fazendo actualmente parte do espólio do Museu de Évora. Segundo Mário Saa, «Quinto Júlio Máximo e seu filho eram quadrumvirus (membros de uma Junta de Quatro) da intendência das vias públicas», o que demonstra a importância que a estação assumiu nesses tempos. 

Pouco mais se soube da villa da Tourega até 1985, altura em tiveram início naqueles terrenos intervenções arqueológicas aprofundadas. De 1988 até 1996 foi elaborado o “Projecto de Investigação da Villa Romana da Tourega”, no âmbito de uma parceria entre a Universidade Lusíada e a Fundação Calouste Gulbenkian. Os trabalhos efectuados incidiram especialmente sobre a zona termal. A descoberto foi posto um corredor que conduzia a um edifício, tido como principal, com salas para banhos quentes ou frios, e um outro de dimensões mais amplas que serviria para o armazenamento da água. Já este ano, por iniciativa da Câmara Municipal, foi dado início ao processo preliminar burocrático de classificação do local, que subirá depois até ao IGESPAR para decisão final por parte deste.


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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Évora Urban Village


Évora Urban Village:
Uma cidade histórica que dança com o futuro!

No próximo mês de Setembro, entre os dias 18 e 21, a histórica cidade de Évora e Património Mundial há mais de três décadas, será palco do Évora Urban Village, novo evento que pretende agitar o fim do Verão deste importante centro cultural do Alentejo e do país.

Não há Música sem Dança!

Com um foco especial na Música e nas Danças Urbanas, o Évora Urban Village ocupará um espaço nobre da cidade com uma ambiciosa programação - entre espetáculos, workshops, debates, etc - colocando em evidência alguns dos mais importantes talentos nacionais e internacionais do género, com enérgicas apresentações pensadas especialmente para este contexto.


Um programa com destaque para toda a Arte Urbana!

O Évora Urban Village acolherá igualmente concertos com artistas de projeção nacional, DJ sets, projeção de documentários de música e dança, talks, uma exposição de fotografia, artista convidado de arte urbana e outras iniciativas que procurarão sintonizar o público com a mais profunda vibração das novas danças e ritmos, que vão agitando cidades em todo o mundo. O enfoque será na qualidade e na atualidade de criação de todas as propostas.

No espaço pensado para o evento o público irá encontrar ainda uma oferta cuidada de street food, bem como outros serviços e ofertas que pretendem elevar a experiência do Évora Urban Village a um nível superior.

Trata-se de um evento original que virá ocupar um espaço novo no panorama dos festivais portugueses, sendo mais um contributo para a oferta de uma cidade que formalizou recentemente uma candidatura a Capital Europeia da Cultura, que tem uma população jovem e estudantil em crescimento e que oferece uma qualidade de vida aos seus munícipes muito acima da média.


Uma produção Artistica da AMG Music.

Um Festival Jovem, para o Futuro, promovido pela Câmara Municipal de Évora.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

DingDuMarAn


Horário: 22h00
Evento: 29 agosto
Localização: Praça do Giraldo

Da música arcaica à eletrónica, num recorrido que dá a volta ao mundo, este é um espetáculo que harmoniza sons e imagens, trazido ao palco da Praça, do Giraldo do “Artes à Rua – Festival de Artes Públicas”, a 29 de agosto, pelas 22h00.
O projeto DingDuMarAn é uma das estreias do festival em 2019 e, segundo os seus criadores, “nasce de um conceito híbrido de fusão musical sem limites de temporalidade e espacialidade”. Instrumentos e géneros musicais das mais variadas origens geográficas são resgatados, do passado e do presente, deixando antever o futuro da música.
O corpo musical do projeto é composto por dois pianos, vozes, bateria e baixo, em que, através de uma abordagem experimental, juntando elementos como gongos e taças de som, sintetizadores, foleys e samples, o público é transportado para uma navegação pelo poderes sensoriais e galvanizadores da música.

Ficha Artística | Artistic Datasheet
Ulf Ding - Piano, gongos, taças de som, shruti box, voz e sintetizadores
Duarte Reis - Piano, sintetizadores, pads, keytar, vocoder, electric melódica, FX e foley
Felícia Mar - Voz e kalimba
André Neves - Bateria, samples, synths, turn-table e FX
Pedro Silva - Contrabaixo e baixo eléctrico
Mike The Axe - Imagem
Laura Nobrega - VJ

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Festival de Xadrez em Évora

Está a decorrer em Évora, desde o dia 13 até ao próximo dia 21 de julho de 2019, o Festival de Xadrez, organizado pela Federação Portuguesa de Xadrez em parceria com o Município de Évora e o Agrupamento de Escolas Gabriel Pereira.

Este Festival conta com várias iniciativas ligadas à modalidade, como a realização da Final Four da Taça de Portugal, da 59ª edição da 1ª Divisão Nacional por equipas, ambas a decorrer no Évora Hotel, de torneios e simultâneas na Praça do Giraldo e de um torneio de partidas semirrápidas, na Escola Gabriel Pereira.


A Final Four da Taça de Portugal realizou-se nos dias 13 e 14 de julho entre as equipas de GD Cavadas (Seixal) – A.XAT Montemor-o-Novo e AX Portugal/Atlantidiagonal “A” (Lisboa) – Associação Académica de Coimbra, tendo ficado vencedor a A.XAT Montemor-o-Novo.

Até ao próximo domingo está a realizar-se a 59ª edição da 1ª Divisão Nacional por equipas onde o destaque vai para a equipa alentejana da A.XAT- Montemor-o-Novo, que participa pela 1ª vez na prova rainha do xadrez nacional.

O evento conta com a participação de dez equipas vindas de vários pontos do país:
Grupo Desportivo Dias Ferreira (Porto)
Academia de Xadrez de Gaia,
Escola de Xadrez do Porto,
O Amanhã da Criança (Maia),
Grupo de Xadrez Porto,
Associação Académica de Coimbra
Assembleia Figueirense (Figueira da Foz),
Amadora Xadrez,
Academia Xadrez Portugal/AtlantiDiagonal (Lisboa), e
A.XAT- Montemor-o-Novo.

O Xadrez invadiu Évora com atividades em espaço público na Praça do Giraldo e Piscinas Municipais. 

Para ver a programação completa, consulte o evento no site do Évora Desporto.
Mais Fotos em FB Évora Desporto.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Torneio Semirrápido de Xadrez


A Escola Secundária Gabriel Pereira (ESGP), no âmbito da comemoração dos seus 100º Aniversário, vai organizar, em parceria com a Federação Portuguesa de Xadrez (FPX), o «Torneio Semirrápido do Centenário da Escola Gabriel Pereira».
O evento que terá lugar na ESGP no próximo dia 14 de julho, a partir das 14.30H, está inserido no programa do Festival de Xadrez, organizado pela FPX, que terá lugar em Évora entre 13 e 21 de julho. O Festival inclui no seu programa as finais por equipas da Taça de Portugal e as Fases Finais dos Campeonatos Nacionais por equipas das I, II e III Divisões de clássicas.
As inscrições para o Torneio do Centenário, que se dirige a toda a população, independentemente da idade ou nível de prática do xadrez, devem ser feitas através do endereço fpx@fpx.pt.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Exposição "Arquitetura do Vazio", de Rob Monaghan


Inauguração: 6 de Junho às 18h
Fim do Evento: 12 agosto
Localização: Palácio do Barrocal INATEL

Exposição de Rob Monaghan com Phyllis Akinyi (performance de vídeo) e Miguel Noya (paisagem sonora) 
De 6 de  Junho a 12 de Agosto 2019
Inauguração: 6 de Junho às 18h
18h30: espetáculo/performance de dança com flamenco de Nyar Kakan com Stefan Jarl
Rob Monaghan (Irlanda) veio a Portugal para estudar o impacto ambiental na paisagem pelas indústrias de pedreiras de mármore na região de Estremoz, mas foi imediatamente seduzido pelos sítios abandonados e pela recuperação lenta da natureza nesses espaços. Ajudar Rob Monaghan a criar a sua narrativa nas pedreiras foi o video, fotografia e a recuperação dos objetos encontrados.
Um destaque desta exposição é o vídeo da bailarina Phyllis Akinyi (Dinamarca) dançando num lago de pedreira. Miguel Noya (Venezuela) compôs a paisagem sonora para este vídeo e define um tom sensorial para a exposição.
No âmbito da inauguração desta exposição vai decorrer um espetáculo/performance de dança com flamenco (6 de junho - 18h30) de Nyar Kakan com Stefan Jarl.
I CONTAIN MULTITUDES é um espetáculo​ em que o flamenco é combinado com mistérios da África Oriental, rituais ancestrais e paisagens sonoras eletrónicas escandinavas. É um tributo às identidades multiculturais. É coreografado por Phyllis Akinyi e interpretado por Akinyi ao lado do percussionista Stephan Jarl. Com raízes quenianas e dinamarquesas, Akinyi investiga a sua própria vida, e busca uma expressão autónoma na qual a tradição encontra o contemporâneo.

sábado, 29 de junho de 2019

Mundo Segundo / Sam the Kid


Horário: 22h
Evento: 29 junho
Palco Principal da Feira de S. João 2019

A parceria vem de longe e moldou-se em palco. O norte e o sul. O Alfa e o Omega. O homem do segundo piso e o miúdo do sétimo céu. Um de Gaia e outro de Chelas.
No meio dos dois, uma história longa de dedicação à causa das rimas e das batidas ao ponto de ambos serem sinónimos de hip hop. Talvez um seja hip e outro hop, um yin e outro yang. Irmãos de sangue, irmãos de armas. Irmãos no rap, certamente.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Encontro Coral


Horário: 17h30
Inicio do Evento: 08 junho
Fim do Evento: 08 junho
Localização: Igreja do Convento de S. Bento de Castris

​No âmbito de intercâmbio com coros das vizinhas região de Extremadura​ e da Andaluzia, o Coral Évora recebe o Coral Padre José Mirabent, de Isla Cristina

EvoraWIne 2019


Horário: 17h-22h | 1 e 2 de junho
Inicio do Evento: 01 junho
Fim do Evento: 02 junho
Localização: Praça do Giraldo

​EvoraWine é considerado o evento do Alentejo, onde se promove o vinho, o Enoturismo, a gastronomia e a cultura da nossa região. Após o grande sucesso dos anos anteriores, decidiu a organização manter o local de exposição, um dos locais mais bonitos da nossa cidade, a Praça do Geraldo! Estamos confiantes em mais um sucesso nesta edição. Contamos com um maior número de expositores (cerca de 45) e mais animação e atividades​ complementares.