terça-feira, 5 de junho de 2012

Exposição de Fotografia “Mata-Velhos”, de António Carrapato


A Câmara Municipal de Évora inaugura no Palácio de D. Manuel, no próximo dia 2 de junho, sábado, pelas 17 horas, uma exposição de fotografia de António Carrapato, intitulada "Mata-Velhos".
Primeiro foi a curiosidade, depois a estupefação e por fim a admiração. António Carrapato, fotógrafo, alentejano, de um metro e noventa de altura, moldado às velocidades das redações de fotografia dos diários nacionais, vê nos “Mata-velhos” (nome por que são conhecidos no Alentejo os veículos de dois lugares que não requerem dos condutores carta de condução) um enigma: “Pequeno e lento, quem quer?”.
A sua fixação por este meio de transporte transformou-se em “puro e doce” – expressão muito comum no discurso do fotógrafo – afeto. Hoje, mais do que a fisionomia e o desembaraço dos “Mata-Velhos”, António Carrapato deslumbra-se com as capotas, os apetrechos escolhidos para a decoração dos seus interiores e, especialmente, com a relação que os donos nutrem pelo carro.
Sobre esta “experiência”, como prefere designar esta exposição, o autor afirma que é “a primeira [do género] a valer”. Apresentada ao público em 2010, na galeria Ermida de N.ª S.ª da Conceição, em Lisboa, o fotógrafo diz ainda que esta representa uma travessia, em que ele passa da margem da fotografia jornalística para a margem da fotografia que considera “mais livre”, porque, explica, lhe permite “uma busca mais séria da ironia”, porque a ironia é o que ele diz perseguir na fotografia e é um elemento distintivo do seu trabalho. Nas suas fotografias a imagem resgatada é espontânea, humanística e humorística, anedótica, se for preciso, mas, não menos, próxima, atenta e crítica dos detalhes da realidade.
Nesta exposição António Carrapato partilha com o público 16 fotografias e um vídeo, intitulado “Eu e o meu Mata-velhos”, filmado no percurso Évora-Lisboa, até à porta da Ermida de N. ª S.ª da Conceição, em Belém. O vídeo prova como o fotógrafo cabe num “Mata-Velhos”, algo de que ele próprio duvidava, mas que apesar da economia em combustível, mostra como os utilizadores dos “Mata-velhos” encontram nas suas viagens duras provações. Nesta experiência o fotógrafo descobriu a sensação de autonomia conferida por este “carro-brinquedo”, o que explica porque se torna, apesar de tudo, tão cobiçado e tão estimado por aqueles que, ou pela idade, ou por outra qualquer condição, não conseguem obter a carta de condução.
Esta exposição pode ser visitada até ao dia 23 de junho, de segunda a sexta-feira, das 10:00 às 12:00 e das 14:00 às 18:00, e sábados só no período da tarde, encerrando ao domingo.

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