Florival era o filho mais novo do casamento celebrado a 25 de Janeiro de 1864, em Beja, entre o militar de carreira Eduardo Augusto de Sanches de Sousa Miranda e Mariana Lúcia Guerreiro Montes, naturais daquela cidade alentejana. Coube a Aníbal Augusto, primeiro rebento do casal, seguir as pisadas do pai, começando por frequentar a Escola Militar. Com a patente de tenente de Cavalaria viria a ilustrar-se nas campanhas de África, em 1885, quando ajudou Mouzinho de Albuquerque a aprisionar o célebre régulo moçambicano Gungunhana na região de Chaimite.
Entre 1912 e 1914 foi Governador de Macau e no regresso comandou em Évora o Regimento de Cavalaria 5. Ao invés de seu irmão, a Florival sempre interessaram mais os negócios e a política que o ofício das armas. A sua presença em Évora só é detectada no derradeiro lustro da centúria de oitocentos, como solicitador encartado, profissão em que se requeria como habilitações a instrução pública obtida em estabelecimento público e a aprovação em exames perante o Juiz da Comarca, os quais recaíam sobre os conhecimentos da teoria do processo e da prática forense, com respeito às diferentes espécies de prazos e dilações.
Republicano assumido, depressa ganhou fama de grande habilidade nas questões de que tratava. Perspicaz e com sentido de futuro, meteu-se no ramo dos transportes urbanos, que passou a dominar. Em 1911 associou-se ao comerciante Brás Simões e ambos criaram a primeira empresa deste ramo, a “Aluguer de Automóveis a Sul do Tejo”. No ano seguinte tomou de trespasse a “Empresa de Transporte de Trens d’Aluguer”, tendo cedido a sua exploração a outros mediante o pagamento de uma renda bem alta. É em 1915 que se estreia em lugar de proa na política, sendo eleito Presidente da Direcção do Centro Republicano Democrático. Daí para diante será Administrador do concelho, Comissário da Polícia e vereador até à eclosão do golpe de direita (5 de Dezembro de 1917) que levará ao poder o major Sidónio Pais.
Entre 1912 e 1914 foi Governador de Macau e no regresso comandou em Évora o Regimento de Cavalaria 5. Ao invés de seu irmão, a Florival sempre interessaram mais os negócios e a política que o ofício das armas. A sua presença em Évora só é detectada no derradeiro lustro da centúria de oitocentos, como solicitador encartado, profissão em que se requeria como habilitações a instrução pública obtida em estabelecimento público e a aprovação em exames perante o Juiz da Comarca, os quais recaíam sobre os conhecimentos da teoria do processo e da prática forense, com respeito às diferentes espécies de prazos e dilações.
Republicano assumido, depressa ganhou fama de grande habilidade nas questões de que tratava. Perspicaz e com sentido de futuro, meteu-se no ramo dos transportes urbanos, que passou a dominar. Em 1911 associou-se ao comerciante Brás Simões e ambos criaram a primeira empresa deste ramo, a “Aluguer de Automóveis a Sul do Tejo”. No ano seguinte tomou de trespasse a “Empresa de Transporte de Trens d’Aluguer”, tendo cedido a sua exploração a outros mediante o pagamento de uma renda bem alta. É em 1915 que se estreia em lugar de proa na política, sendo eleito Presidente da Direcção do Centro Republicano Democrático. Daí para diante será Administrador do concelho, Comissário da Polícia e vereador até à eclosão do golpe de direita (5 de Dezembro de 1917) que levará ao poder o major Sidónio Pais.
A participação na I Guerra Mundial e a incapacidade de entendimento dos principais partidos de matriz republicana tinham lançado o descrédito sobre as novas instituições democráticas. Assumido o poder, Sidónio Pais enceta uma política ancorada no poder pessoal, repressão e perseguição pessoal, alterações na ordem administrativa e outras medidas avulsas, em suma, emitindo sinais inequívocos de preparar o regresso da monarquia. Acaba por cair igualmente no desagrado popular. Para 12 e 13 de Outubro de 1918 são marcados pronunciamentos militares em Lisboa, Porto, Lamego, Penafiel, Vila Real, Coimbra e Évora, para apear Sidónio Pais do poder.
Mas apenas nos dois últimos locais o movimento foi desencadeado. E mesmo assim o de Coimbra durou escassas horas. O de Évora levou três dias a ser sufocado. De Lisboa foi enviado um forte contigente militar, que fez com que o comité revolucionário e os civis que o apoiavam não oferecessem resistência, tendo mesmo alguns fugido. Implicado nos acontecimentos, Florival Sanches Miranda foi preso e enviado, em companhia de mais de uma centena de militares e civis, para o Forte da Graça, em Elvas, onde ficaram a aguardar julgamento.
Mas apenas nos dois últimos locais o movimento foi desencadeado. E mesmo assim o de Coimbra durou escassas horas. O de Évora levou três dias a ser sufocado. De Lisboa foi enviado um forte contigente militar, que fez com que o comité revolucionário e os civis que o apoiavam não oferecessem resistência, tendo mesmo alguns fugido. Implicado nos acontecimentos, Florival Sanches Miranda foi preso e enviado, em companhia de mais de uma centena de militares e civis, para o Forte da Graça, em Elvas, onde ficaram a aguardar julgamento.
Dois meses após, mais exactamente na noite de 14 de Dezembro de 1918, Sidónio era baleado mortalmente na estação do Rossio, tendo-se caído numa situação de impasse quanto à detenção do poder, uma vez que no Norte os fiéis à Monarquia se haviam reorganizado como força de resistência. Recolocado o Partido Republicano no poder, Florival Sanches de Miranda é nomeado Governador Civil de Évora, cargo que exerceu entre 8 de Julho de 1919 e 30 de Maio de 1921. Em 1920 pagado seu próprio bolso, e em nome de Grupo Pró-Évora, a quantia de 50 contos pela aquisição do Palácio do Amaral (hoje Governo Civil), para aí se poder instalar o Museu Regional de Évora. Anos mais tarde ambas as instituições permutaram de lugares, num processo que não cabe aqui desenvolver.
A partir de 1923 Florival Sanches de Miranda começa a afastar-se paulatinamente da política e cessa mesmo qualquer actividade nesse campo a partir do golpe militar do 28 de Maio. Em 1928 negocia com a rica terratenente D. Maria Antónia Vieira de Barahona a compra de terrenos junto ao Asilo, pelos quais desembolsa faseadamente 45 contos (5 contos de sinal e o restante de uma só assentada), e que oferece ao Juventude Sport Clube, colectividade desportiva de sua afeição, para que este instale ali o seu parque de jogos.
Tinha entretanto acumulado uma razoável fortuna que, além de outras coisas lhe permitiu ser o segundo maior accionista (sócio-gerente) da Tipografia Minerva Comercial, Lda., onde investiu seis contos de réis, só superados pelos onze contos do Banco do Alentejo; pertencer ao grupo dos maiores accionistas da Companhia de Seguros “A Pátria”; e ser sócio-gerente do Salão Central Eborense. Vítima de grave doença, veio a falecer em Évora a 29 de Setembro de 1935.
Texto: José Frota
Tinha entretanto acumulado uma razoável fortuna que, além de outras coisas lhe permitiu ser o segundo maior accionista (sócio-gerente) da Tipografia Minerva Comercial, Lda., onde investiu seis contos de réis, só superados pelos onze contos do Banco do Alentejo; pertencer ao grupo dos maiores accionistas da Companhia de Seguros “A Pátria”; e ser sócio-gerente do Salão Central Eborense. Vítima de grave doença, veio a falecer em Évora a 29 de Setembro de 1935.
Texto: José Frota
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