domingo, 1 de abril de 2018

Paço dos Morgados de Manedos


Está situado na banda meridional da Praça Joaquim António de Aguiar, ao lado do extinto beatério-reformatório de Santa Marta e a par da igreja da Confraria das Almas, do clero secular. Edifício dos meados do séc. XVII, na sua traça actual, sofreu importantes benefícios no ano de 1745 e obras de valorização artística interior e exteriormente na década de 1950. Naquele período era pertença do visconde de Trancoso Bartolomeu da Costa Geraldes Barba de Meneses; no ano de 1785 do licenciado Estevão Mendes da Silveira Sarria de Cobelos e em 1850 habitava nele D. Mariana de Macedo, senhora da família dos Macedo Sequeira Reimão, gente de algo da cidade. Foi, também, do Seminário de Évora e actualmente pertence ao Governador Civil do Distrito, José Félix Mira, como residência privativa. A fachada axial é desenhada no espírito barroco tradicional da região, com seis amplas janelas de sacada, graníticas, de cornijas bem proporcionadas, defendidas por grades de ferro de balaústres cilíndricos e esferas transfuradas. 

Sensivelmente, no eixo, balcão de quatro tramos de arcos redondos apoiados em pilares calcários, com terraço e escadaria de cómodo lançamento, forrada recentemente por azulejos polícromos do tipo de tapete. No primeiro tramo da frontaria, para a banda ocidental, ao nível do cornijamento, vê-se escudo esquartelado, de mármore, dos morgados de Manedos, fundadores do paço, réplica do primitivo existente no Museu Regional de Évora. No centro da construção rasga-se um passadiço público sobre a Travessa de André Cavalo, ficando encravada sobre o extradorço, ao nível do andar nobre, uma janela geminada, de arcos de ferradura com jambas de granito, antigas, e coluneis de mármore, modernos, que veio do transformado Palácio de Francisco de Mendanha, da fachada ocidental, que deitava para o arco dos Penedos. A mudança não foi das mais felizes porquanto, além do imóvel ser de uma época posterior e de arquitectura diferente, os volumes do balcão destinado a empena mais alta, atraiçoaram o conjunto seiscentista. Do recheio interior, que é interessante em objectos mobiliários e decorativos portugueses, destacam-se os seguintes: Apresentação de Jesus no Templo e S. Tiago combatendo os moiros, pinturas a óleo sobre tábua, do último terço do séc. XVI e do ciclo oficinal eborense do estilo maneirista, procedentes da Igreja de N.ª S.ª da Purificação, sita na Herdade da Repreza (termo de Montemor-o-Novo). 

Foram beneficiadas na oficina de restauro do Museu Nacional de Arte Antiga, de Lisboa, pelo mestre Fernando Mardel. Medem, cada: alt. 1,80 x larg. 0,37 m. Cómoda, de pau-santo, com alçado e avental esculpidos, ornados de palmetas e vieiras estilizadas. Linhas recurvas e tampo de mármore escuro, com ângulos boleados. Pés de garra recobertos de plumagem entalhada. Belo trabalho de marcenaria artística do estilo D. João V. Alt. 0,90 m.; larg. 0,70 m.; comp. 1,30 m. Ucha, de espinheiro e pau-santo, lisa, com gavetas e rebordo muito saliente. Séc. XVII. Alt. 0,72 m.; comp. 1,37 m.; fundo 0,70 m. Dois leitos, de pau-santo, com bilros, colunelos torsos e cabeceiras de talha ornamental, naturalista. Peças dos meados do séc. XVII - Época de D. Afonso VI ou D. Pedro II. O menor, de pessoa-só, tem ornatos faciais flordelizados. Dimensões do maior: comp. 1,90 x larg. 1,25 m. Par de cadeiras, de nogueira, com braços e espaldar forrados de couro liso, guarnecidos por pregaria miúda. Tabelas axiais, esculpidas, com ornatos de volutas e vieiras estilizadas. 2a metade do séc. XVII. Espelho, com alçado de madeira dourada e esverdeada, esculpido no estilo rocócó. De grandes dimensões pertenceu, seguramente, a um tremó da época de D. José. Meados do séc. XVIII. 

Sem comentários: