A Associação Portuguesa Doentes da Próstata tem estado a fazer um périplo pelo país com uma campanha de sensibilização para a prevenção do cancro da próstata. Em Évora, a acção assentou em três momentos: um rastreio por via de análise ao sangue, a apresentação da associação e a realização de uma palestra pelo director do Serviço de Urologia do Hospital do Espírito Santo, Cardoso Oliveira.
A iniciativa realizou-se na passada quarta-feira, no Palácio D. Manuel, tendo feito o teste do Antígeno Prostático Específico ou PSA - uma enzima com algumas características de marcador tumoral ideal – 54 homens, dos quais sete vieram a revelar-se positivos, ou seja, pessoas que têm este marcador acima dos quatro valores, sendo que este é o limite assumido pela comunidade médica.
De acordo com Joaquim Domingos, vice-presidente desta associação, o resultado do rastreio efectuado na cidade eborense "ficou acima da média, uma vez que por norma não ultrapassa os dez por cento. Portanto, esta foi efectivamente uma média alta, sendo se salientar que alguns não desconfiavam de nada, tendo sido estes homens aconselhados a consultar um urologista o mais rapidamente possível". Embora esta associa
ção seja muito recente, tendo sido constituída há apenas três anos, bem como pequena "porque depende de ajudas exteriores, não é possível chegar a todas as cidades com a celeridade que se ambiciona, mas vamos cumprindo um calendário e chegou agora a vez de Évora", explicitou o mesmo dirigente.
Em seu entender, o grande objectivo destas acções é alertar os homens para fazerem os exames de rastreio, "sobretudo porque o cancro da próstata é um dos mais comum de poder ser tratado, se detectado cedo, pois se for detectado tarde, é tão mau como todos os outros". O vice-presidente desta associa
ção chamou a atenção para o facto do cancro da próstata ter de ser tratado de início, daí ter considerado a prevenção como um dado muito importante e determinante. "Em Portugal morrem por ano 1800 homens com esta doença e surgem, em geral, em estádio avançado, quatro mil novos casos de cancro da próstata", recordou. Neste sentido, alertou que a partir dos 45 anos, os homens peçam ajuda ao seu médico, solicitando-lhe o rastreio, "se bem que quem tenha antecedentes na família deverá começar mais cedo do que essa idade".
Para Manuel Mendes, de 70 anos, esta foi "uma boa iniciativa desta associação", porque embora afirme que faz o rastreio das farmácias e ecografias, "fico mais descansado se hoje também o resultado for negativo", confessou, acrescentando que assim que viu o anúncio no "Diário do Sul" telefonou logo a marcar o rastreio. Tamb
ém José Mariano Clímaco, 64 anos, garantiu que costuma fazer os exames normais, "mas mesmo assim tive curiosidade em saber mais alguma coisa". "A última vez que fiz exames, em Maio, o médico de família disse-me que estava tudo bem, por isso, mas como já passaram seis meses decidi vir confirmar", salientou.
Principais sintomas de que algo não está bem
O homem deve procurar o médico quando surjam sintomas como:- jacto urinário gradualmente mais fraco;- dificuldade ou demora no início da micção;
. necessidade frequente de urinar;
- acordar à noite para urinar;- interrupção involuntária do jacto urinário;
- presença de sangue na urina;- dor ou sensação de ardor durante a micção;
- sensação de que não pode segurar a urina;- sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.
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"Tudo é possível vencer, mesmo um cancro!"
Luís Corte-Real teve um cancro há sete anos atrás. Hoje, diz-se curado e dá o seu testemunho como exemplo de coragem, de força de vontade e como forma de declinar preconceitos que ainda existem actualmente na nossa sociedade.
"Tive um cancro na próstata, a doença "maldita" dos homens. Tomei conhecimento dos problemas que a próstata podia provocar, pois felizmente na empresa onde trabalhei, a partir dos 45 anos, anualmente fazíamos um exame completo, incluindo o toque rectal", contou. Considerou-se sempre um homem saudável, mas nunca descurou os seus exames à próstata que o deixavam tranquilo, até que um dia... quando num exame de PSA foi-lhe detectado um valor de 5,2, quando o valor máximo seria de quatro.
"Esta situação levou-me de imediato ao meu médico urologista que me aconselhou a fazer o exame do PSA todos os seis meses, o que cumpri. Lentamente ao longo do tempo, os valores do PSA foram aumentando até chegar aos 16 e aí os médicos do Hospital de Santa Maria, onde estava a ser acompanhado, recomendaram-me fazer uma biopsia", recordou.
Luís Corte-Real afiançou que nunca se esquecerá do dia, quando acompanhado da sua esposa, recebeu a notícia que tinha cancro. "A minha primeira pergunta: porquê eu?", lembrou, adiantando que assim entendeu que o cancro, e devemos deixar de ter medo do nome, é uma doença silenciosa que pode atacar todos". Foi operado aos 67 anos, com êxito, "pois não tive necessidade de fazer radioterapia nem fiquei incontinente". "Hoje, já se passaram sete anos e continuo bem, permanecendo a fazer os meus PSA anuais", afiançou.
Com este seu testemunho, este homem quer deixar uma palavra de esperança a todos, nomeadamente "que tudo é possível vencer, mesmo um cancro. Cuidem-se!".
Diário do Sul
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