quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Freguesia de S. Bento do Mato (Azaruja) - 3

VALORES ARTÍSTICOS E ARQUITECTÓNICOS

MEGALITISMO
        A freguesia possui alguns monumentos megalíticos, de entre os quais se chama a atenção, pela sua particularidade, para dois esteios de uma Anta, incorporados na parede do altar-mor da Igreja de S. Bento do Mato. Outras antas estão localizadas na freguesia, nomeadamente na Herdade da Fonte-Boa do Álamo e da Azarujinha.
ROMANIZAÇÃO
        Existem vestígios na Herdade da Machoqueira (inscrição funerária e “dolium”), na Herdade da Venda (inscrição funerária erigida pela mãe aos seus três filhos), tendo ainda sido encontradas inscrições dedicadas a “salus” divindade da saúde.
        Se bem que de origem não muito remota existem na freguesia alguns imóveis com grande interesse cultural, de entre os quais se destacam o Pelourinho, a Igreja Paroquial, o conjunto  do “Palácio” do Conde da Azarujinha, a  “Sala”, a ermida de Nossa Senhora do Monte do Carmo, o Monte da Barroseira e respectiva ermida, o solar do Castelo Ventoso, e o portão da Quinta de St.º António.
        O interesse cultural destes edifícios deverá merecer por parte de toda a população, dos seus proprietários, ou das entidades responsáveis, a maior protecção.
PELOURINHO (SÉC. XVIII)
        Símbolo senhorial dos extintos coutos das Bruceiras, terras isentas de justiça real e patrimoniais dos fidalgos Lobo Saldanha e depois dos Condes das Galveias.
CONJUNTO DO “PALÁCIO DO CONDE DE AZARUJINHA”
        Construção do séc. XIX, mandada edificar pelo Conde de Azarujinha, o qual nos finais do séc. XIX aforou uma das suas propriedades em pequenas courelas – 200 – das quais 90 ficaram na Freguesia de S. Bento do Mato e as restantes na de S. Miguel de Machede (Courelas da Azaruja e Courelas da Toura, respectivamente).
"A Sala"
        Construção modesta de um só piso, à frente da qual se realizavam as feiras francas.
        Tradicionalmente, diz-se que foi neste edifício, em Maio de 1834, que foi redigido e assinado o documento de rendição imposta a D. Miguel, pelo general Duque da Terceira e pelo Marechal Saldanha, após a tomada de Arraiolos e Vimieiro, e encontrando-se a “Sala” ocupada pelo Quartel General do Exército de D. Pedro IV. Daqui terão partido os dois cabos de guerra para o Castelo de Évoramonte, onde se firmou a Convenção que pôs termo às lutas liberais.
CASTELO VENTOSO
        A herdade de Castelo Ventoso foi doada à Mitra Eborense em 1430, e sabe-se que em 1572 pertencia à Fábrica da Sé de Évora e era habitado pelo lavrador Fernando Dias Batalha. O Cardeal D. Henrique integrou  a herdade nos bens da Companhia de Jesus, na propriedade da qual permaneceu até à sua extinção (1759).
        Em finais do séc. XIX o solar foi ampliado por José Paulo de Mira, que nalgumas salas reconstitui alguns monumentais retábulos de azulejos do segundo quartel do séc. XVIII, atribuídos a Policarpo de Oliveira Bernardes.
         Possui no seu interior uma capela seiscentista com altar  de talha de estilo rococó de início do séc. XVIII, e algumas pinturas de Maria de Lurdes Braancamp, artista prematuramente falecida.
PRAÇA DE TOUROS
        Segundo informação do actual proprietário da Praça de Touros, e com base na escritura do edifício, a Praça de Touros da Azaruja terá sido construída por um Sr. Evaristo, empresário tauromáquico, com o objectivo de a explorar durante 99 anos. Naquele local havia anteriormente um curral de bois pertencente à Casa de Filipe de Vilhena. Assim, com o falecimento prematuro do empresário tauromáquico, a exploração da Praça passou para aquela família.
        Em 1910, a Praça foi comprada pelo pde. Silvestre António da Silva e Vicente Sureda por mil e duzentos réis. Cerca de 1920, o Sr. Sureda comprou a outra parte, fazendo dela uma fábrica dela de cortiça. Mais tarde, face à necessidade de destruir a galeria de cima, esta foi retirada, e o seu material utilizado na construção do Monte do Goulão.
    Segundo a tradição terá sido a primeira Praça do País e terá servido de modelo ao Campo Pequeno. Desconhecendo-se a data certa da sua construção, há de qualquer forma registo de 1861 em documentos do Governo Civil (Estatística Março 1158. BPE) que testemunham a sua existência já naquela data, sabendo-se igualmente que em 1873, sofreu grandes melhoramentos, passando então a dispor de mais de 1 500 lugares numerados.
IGREJA PAROQUIAL
        A actual igreja substitui o templo do séc. XVI, do qual sibsiste a capela – mor, sacristia e arcobotante que serve de escada para o campanário. As paredes da capela – mor apoiam-se numa anta desmantela.
        A igreja encontra-se actualmente, desprovida de imagens religiosas e nalguns pontos encontra-se bastante arruinada.
ERMIDA DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO (SÉC. XVIII)
        Construção típica da época áurea das peregrinações religiosas dos reinados de D. José e de D. Maria I, situada a cerca de 2 Km de Azaruja.
        A ermida terá tido origem num modesto nicho erguido em barro amassado por cenobitas solitários filiados na Ordem do Monte Carmelo, que  habitaram o local até 1754.
        Reza a tradição que “(…) descobriu-se uma mulher que chegando ao tal monte casinha (o oratório abandonado pelos ermitas), sem saber o que nela havia, assim que viu a imagem da senhora a venerou e lhe pediu remédio duma enfermidade que padecia e sentido-se logo melhor, e daí a poucos dias, inteiramente sã, publicou o sucesso que divulgado fez concorrer várias pessoas àquele lugar solicitando remédio para os seus males.”
        Em 1757 iniciou-se a construção da ermida, que um ano depois foi sagrada ao culto com afluência de muitas esmolas pelas graças concedidas.

Sem comentários: