É um dos “ex-libris” da cidade de Évora e tem 1098 anos. Trata-se da histórica oliveira do Convento do Espinheiro, que, através de um método de datação único no mundo desenvolvido pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), ficou a conhecer a sua idade exacta.
Esta técnica, já anunciada pelo "Ciência Hoje" em 2009, foi idealizada por José Luís Lousada e Pacheco Marques, investigadores do Departamento Florestal, e permite datar árvores até aos três mil anos, de uma forma “não-destrutiva”.
No caso da oliveira de Évora, o processo de datação foi facilitado pelo seu “bom estado de conservação e por não conter quase nenhuma zona morta”, explicou ao “CH” José Luís Lousada. O investigador acredita que, “por estar num jardim e encostada a um mosteiro, alguém deve ter cuidado dela e podado, o que não acontece em muitas árvores que se encontram em estado selvagem”.
Processo de datação
Este método está a ser desenvolvido na UTAD desde 2007, depois do desafio da empresa "Oliveiras Milenares", que pretendia um sistema para datar árvores antigas. Embora este processo seja geralmente facilitado em árvores jovens, podendo ser realizado através de métodos ópticos que contam os anéis de crescimento, no caso das mais antigas e ocas tornava-se impraticável.
De acordo com o investigador, esta nova metodologia supera esse entrave e “permite estimar a idade de árvores idosas, particularmente nos casos em que estas já não têm todo o material lenhoso acumulado ao longo dos anos”.
O método desenvolvido na UTAD consiste num cálculo feito através de um modelo matemático que relaciona a idade com uma característica dendrométrica do tronco (raio, diâmetro ou perímetro). Além disso, recorre-se ao estudo de outras árvores com características idênticas para, de forma comparativa, se ir preenchendo a parte interior “como se fosse um puzzle”.
Este modelo “eficaz e credível” não provoca a destruição da árvore, pois não obriga ao seu abate, nem provoca lesões que comprometam a sua sanidade. Contudo, apresenta uma margem de erro de dois por cento, o que num milénio pode significar uma variação de 20 anos.
A cerimónia de entrega da certificação da oliveira agora datada, que é anterior ao próprio convento (construído no século XV), decorre a 19 de Fevereiro em Évora, numa iniciativa promovida pela empresa “Oliveiras Milenares”.
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