segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Évora: Cruzeiros e Alminhas


Batalhas contra os Espanhois (1663) e os Franceses (1808) em Évora

     Cidade profundamente cristã, Évora, foi das primeiras terras de Portugal a levantar cruzes de pedra, cenutáfios rudes na braveza da giesta,na solidão da campina, em voto de piedade, de tragédia, de gloria ou de devoção. Na segunda metade do século XVI, Francisco de Holanda, o iluminador, miniaturista e esteta eminente, escrevia ao rei D. Sebastião lembrando-lhe a conveniência de perpétuar em mármore ou  granito, os cruzeiros de madeira que existiam em Lisboa e arredores, como já fizera o Senado de Évora.

    Não há memória porém, de susbsistirem esses primitivos emblemas: memórias e alminhas em registos de azulejos, são posteriores cerca de dois séculos, e chegaram aos nossos dias tristemente velipendiadas pelo insulto mais do homem que do tempo.
    Tentaremos arquivar em sumariado inventário os pequenos monumentos em que o povo e o Municipio como unçaõ de piedosa homenagem, consagraram algumas das grandes páginas da história local ora gloriosas ora transparentes de dolorosa angústia.

    Padrão de imperecivel recordação é o Cruzeiro do Degebe, erguido pela Câmara no terceioro quartel do século XVII, após memorável triunfo dos exércitos portugueses do comando de D. Sancho Manuel, conde de Vila Flor sobre o General castelhano D. João de Austria que ocupava a cidade. em fins de Maio de 1663 um poderoso exército de invasão tomava Évora e prometia atacar a  capital do reino.
     Conjugado o perigo ameaçado de cerco pelas nossas forças, o inimigo pretende romper as linhas portuguesas e é fortemente batido no combate do Degebe, em 5 de Junho, com perdas elevadas. Nessa noite, pelos plainos das Salvadas, rompe em impetuosa marcha para a fronteira o famoso exército onde vinha a flor das milícias espanholas, alemãs e italianas para sofrer o desbarato total nos campos do Ameixal (17 de Junho).
      Com as Comemorações Nacionais do Duplo Centenário, a Comissão Distrital do Alto Alentejo mandou reparar e desafrontar o histórico e marmóreo padrão, isolando-o da herdade da Fonte Boa, gradeando a face que deita para a estrada, e afixando três lápides com os seguintes dísticos:

"PORTUGAL,
NAÇÃO CIVILIZADORA,
NÃO FINDOU E CONTINUA,
PELO CONTRÁRIO,
A SUA ALTA MISSÃO NO MUNDO."
Salazar

"O RECONTRO  DO DEGEBE
EM 5 DE JUNHO DE 1663
INICIA AS VITORIAS FINAIS
DAS
LUTAS DA RESTAURAÇÃO."

"AOS PORTUGUESES
QUE NESTE CAMPO
SE BATERAM,
OS ALENTEJANOS EM 1940"




    A 16 de Junho de 1940, foi no local evocado o esforço dos batalhadores obreiros da sagrada independência, celebrando-se com a comparência do General Magalhães Correia uma imponente parada militar da guarnição de Évora com o concurso da Mocidade Legião Portuguesa.

    O cruzeiro da Chainha,(na tradição popular a Cruz das Almas) situado na bifurcação das estradas daquele nome e do Penêdo do Ouro(Louredo), o do Espinheiro (sobrancheiro à quinta do Freixo, junto ao Cemitério com o mesmo nome) e o da Piedade, muito mutilados, a partir dos primórios do século, tombaram inglorios até principios de 1942, época em que o Presidente da Comissão Municipal de Turismo, Dr. António Bartolomeu Gromicho em nobilitante atitude, os salvou do abandono e olvido, mandando-os reparar.
     



 

     Pelo ciclone de 15 de Fevereiro de 1941, o mais artistico cruzeiro dos arredores, e o mais velhinho talvez, o de S. Bento de Castris, defronte do pitoresco (e abandonado) mosteiro de cirtercienses da ordem de S. Bernardo,(mansão acolhedora onde, a par da maioria beleza e estilos arquitetos se evoca a morte cruel da abadessa Soror Joana Peres) veio por terra, sendo logo reerguido e robustecido o da Picada ou Escurinho(localizado dentro dos limites do Evorahotel). No calamitoso ano de 1808 e dia 29 de Julho, neste local e vizinhanças, travou-se forte refrega entre a artilharia e esquadrões da cavalaria portuguesa e espanhola, contra um exército francês do comando dos generais Loison, Madragon e Solignac. Tendo-se Évora, e parte do Alentejo revoltado contra os dominadores de Naploão, Andoche Junot, governador geral de Portugal organiza um exército de cerca de 10.000 veteranos na pilhagem e arremesa tal hoste contra a velha capital transtagana.
       


    A defesa da cidade fora entregue aos generais Francisco Paula Leite e Morethi, oficial italiano ao serviço de Espanha, com 1.770 soldados regulares e voluntários portugueses e espanhois. No Alto de S. bento estavam 4 peças de artilharia guarnecidas por 413 homens, no vizinho monte de S. Caetano, dois obuses armados e no Alto dos Cucos uma peça com 280 homeens, estando na frente desta linha, apenas 260 cavalos na sua maior parte do regimento estrangeiro da Maria Luiza, que aos primeiros tiros, em desordenado pânico abandonavam os artilheiros e infataria. Das onze horas até ás catorze e meia os bravos defensores aguentaram as investidas, cobrindo-se de glória o batalhão de voluntários de Estremoz e a companhia de miqueletes de Vila Viçosa.
    A população, ante a iminência do saque e seus consequentes horrores, tenta abandonar a cidade e romper o cordão da cavalos franceses que apertavam o cerco, após o desparato dos defensores. Dão-se então cenas de horrivel crueldade e violência inaudita. Dessa atribulada data dos anais eborenses, surgem, na soledade dos campos as alminhas e memórias aos infelizes que pereceram às mãos dos inimigos da Pátria.
    A maior mortandade, além dos inumeros mártires que, saltando das muralhas para fugir aos franceses que de dentro fuzilavam à queima roupa os populares e acabaram acutilados pelos cavaleiros, deu-se nas imediações do Xarrama.
    A atestar a tragédia dessas horas de saguinoleta hecatombe, o povo, levantou piedosamente, os registos de azulejo que, ainda hoje inspiram respeito, contrição e reliosidade. Pôs termo a tamanha barbaridade o grande e respeitabilissimo arcebispo Cenáculo, a quem Évora deve memória e gratidão eterna.
     Existem, embora mutiladas e algumas de aulejos policromos, as alminhas da ponte primitiva do Xarrama, sobre o muro da Quinta do Sande, vulgarmente chamado do Menino D`ouro e na face voltada para a estrada do Redondo, no portão da quinta do Bacelo, estrada vizinhal da chainha e na quinta do Andrade, traseiras, em memória singela de alvenaria, com porta chapeada. Em paralelipipedo azul, rendado e florido, as almas no Purgatório com a cruz resplandecente, numa nuvem, e por baixo o dístico:

"PEDE-SE HUM P.N.A.M.
PELAS ALMAS DE NOSSOS I.r
QUE AQUI PERECERÃO AS MÃOS
DOS FRANCEZES NO ANNO 1808"


     No arruinado aqueduto que abastecia antigamente a fonte do Largo de Alconchel e, na rotunda que em época imprecisa lhe fizeram para ligação da estrada que hoje serve as oficinas de S. João Bosco, subsiste dependurado o fragmento de plinto dum modesto conotáfio de mármore, rematado por uma cruz de ferro. Ignoramos a sua idade e a memória de quem perpetua, mas assinalava a morte violenta de qualquer cristão. Só escapou ao vandalismo o resto da inscrição que reza:

"QVI  FA          

 SEO"



         

Perdeu-se inteiramente, crêmos durante as obras de beneficiação, e sem o respeito pelas antigualhas do passado, o registo de azulejo do muro da antinga quinta dis Meninos Orfãos, remoto fôro do colégio da mesma crismação, de fundamentos do chantre da Sé, Manuel de Faria Severim, pelos anos de 1649. Quantas e quantas curiosas peças do genero se perderiam, e hoje nem a sua recordação persiste. Mas como as simbólicas cruzes de pedra são eloquentes na solidão imensa dos velhos caminhos; como nos falam ao coração quando as topamos ao crepusculo do dia, de braços hirtos, místicas, em oração eterna, revestidas de musgo ou plantas silvestres


Coordenadas

Cruzeiros
Piedade: -  38°35'28.34"N   7°53'18.70"W
Espinheiro: -  38°35'27.98"N    7°53'41.63"W
Degebe: -  38°35'39.82"N    7°51'4.71"W
Chainha: -  38°35'2.19"N    7°54'43.86"W
S. Bento: -  38°35'1.80"N    7°55'57.93"W

Alminhas
Quinta do Sande/Estrada do Redondo: -  38°34'49.46"N    7°53'4.12"W
Quinta do Sande/Ponte do Xarrama: -  38°34'59.54"N    7°53'33.26"W
Quinta do Andrade/Bº das Nogueiras: -  38°34'38.47"N    7°53'49.23"W



Fonte: http://marcoseborenses.no.comunidades.net

2 comentários:

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